Bíblia é a fusão dos livros sagrados judaicos, a Torah, a Mishnah e o Talmud, com os livros considerados o Novo Testamento, advindos da Vulgata, uma tradução para o latim da Bíblia escrita em meados do Século IV por São Jerónimo, a pedido do Papa Dâmaso I, que foi usada pela Igreja Católica e ainda é muito respeitada.
Nos seus primeiros séculos, a Igreja serviu-se sobretudo da língua grega. Foi nesta língua que foi escrito todo o Novo Testamento, incluindo a Carta aos Romanos, de São Paulo, bem como muitos escritos cristãos de séculos seguintes.
No século IV, a situação mudara e é então que o importante biblista São Jerónimo traduz pelo menos o Antigo Testamento para latim e revê a Vetus Latina. A Vulgata foi produzida para ser mais exata e mais fácil de compreender do que suas predecessoras. Foi a primeira, e por séculos a única, versão da Bíblia que verteu o Velho Testamento diretamente do hebraico e não da tradução grega conhecido como Septuaginta. No Novo Testamento, São Jerônimo selecionou e revisou textos. Ele inicialmente não considerou canônicos os livros sete livros, chamados por católicos e ortodoxos de deuterocanônicos. Porém, trabalhos seus posteriores mostram sua mudança de conceito, pelo menos a respeito dos livros de Judite, Sabedoria de Salomão e o Eclesiástico (ou Sabedoria de Sirac), conforme atestamos em suas últimas cartas a Rufino. Chama-se Vulgata a esta versão latina da Bíblia, que foi usada pela Igreja Católica Romana durante muitos séculos, e ainda hoje é fonte para diversas traduções.
Os livros sagrados judaicos foram escritos a partir do ano 1000 ac, por determinação do rei David. A Septuaginta é o nome de uma tradução da Torá para o idioma grego, feita no século III a.C.. Ela foi encomendada por Ptolomeu II (287 a.C.-247 a.C.), rei do Egito, para ilustrar a recém inaugurada Biblioteca de Alexandria. A tradução ficou conhecida como os Setenta (ou Septuaginta, palavra latina que significa setenta, ou ainda LXX), pois setenta e dois rabinos trabalharam nela, e segundo a lenda a teriam acabado a tradução em setenta e dois dias. A Septuaginta foi usada como base para diversas traduções da Bíblia.
Os livros do Antigo Testamento são 45 (depende um pouco da divisão que se faça), reconhecidos autênticos pela Igreja católica. Estes livros foram quase todos escritos em hebraico; e uns em língua caldaica e em grego.
Convém fazer algumas distinções primeiras quanto aos nomes:
Cânon, do grego Kanón = regra, medida e catálogo;
2) Canônico = livro catalogado - o que significa que também é inspirado por Deus;
3) Protocanônico = livro catalogado próton, isto é, em primeiro lugar ou sempre catalogado;
4) Deuterocanônico = livro catalogado, déuteron ou em segunda instância, posteriormente (após ter sido controvertido);
5) Apócrifo, do grego apókryphon = livro oculto, isto é, não lido nas assembléias públicas de culto, reservado à leitura particular. Em conseqüência, livro não canônico, não catalogado, embora tenha aparência de livro canônico (Evangelho segundo Tomé, Evangelho da Infância, Assunção de Moisés...)
As passagens bíblicas começaram a ser escritas esporadicamente desde os tempos anteriores a Moisés. Todavia, Moisés foi o primeiro codificador das tradições orais e escritas de Israel, no século XIII A. C. A essas tradições (leis, narrativas, peças litúrgicas) foram sendo acrescidos, aos poucos, outros escritos no decorrer dos séculos, sem que os judeus se preocupassem com a catalogação dos mesmos.
Já no século I da era Cristã, como os apóstolos começaram a escrever os primeiros livros cristãos (cartas de S. Paulo, Evangelhos...), que se apresentavam como a continuação dos livros sagrados dos judeus, estes reuniram-se no Sínodo de Jâmnia, ao sul da palestina, por volta do ano 100 d.C., a fim de estabelecer as regras que caracterizariam os livros sagrados (inspirados por Deus). Foram estipulados os seguintes critérios:
1 - O livro sagrado não pode ter sido escrito fora da terra de Israel,
2 - ... não em língua aramaica ou grega, mas somente em hebraico,
3 - ... não depois de Esdras (458-428 a.C.),
4 - ... não em contradição com a Torá ou Lei de Moisés.
Em conseqüência, os judeus da palestina fecharam seu cânon sagrado sem reconhecer livros e escritos que não obedeciam a tais critérios. Acontece, porém, que em Alexandria, no Egito, havia uma próspera colônia judaica que, vivendo em terra estrangeira e falando língua estrangeira (o grego), não adotou os critérios nacionalistas estipulados pelos judeus de Jâmnia. Os judeus de Alexandria chegaram a traduzir os livros sagrados hebraicos para o grego entre 250 e 100 a.C., dando assim origem à versão grega dita "Alexandrina" ou "dos setenta intérpretes".
Essa edição bíblica contém livros que os judeus de Jâmnia não aceitaram, mas que os de Alexandria liam como "Palavra de Deus"; assim são os livros de Tobias, Judite, Sabedoria, Baruque, Eclesiástico ou Sirácida, 1o e 2o dos Macabeus, além de Ester 10,4 - 16,24 e Daniel 3,24-90; 13ss).
Podemos, pois, dizer que havia dos cânones entre os judeus no início da era cristão: o restrito, da Palestina, e o amplo, de Alexandria.
Ora, acontece que os apóstolos e evangelistas, ao escreverem o Novo Testamento em grego, citavam o Antigo Testamento, usando a tradução grega de Alexandria, mesmo quando esta diferia do texto hebraico (ver Mt 1,23 quando cita Is 7,14; e Hb 10,5 (cita Sl 40,6). Esta tornou-se a forma comum entre os cristãos; em conseqüência, o cânon amplo, incluindo os sete livros já citados, passou para o uso dos cristãos.
No começo do cristianismo, como conseqüência da existência desses dois cânones, o de Alexandria e o da Palestina, havia uma certa confusão sobre quais deveriam ser seguidos.
O papa S. Dâmaso, no ano 374, confiou a S. Jerônimo o cuidado de coligir e traduzir os livros santos, sujo conjunto forma o atual cânon ou catálogo da Igreja.
O Catolicismo reconheceu sempre, e o Concílio Tridentino confirmou a lista de S. Dâmaso.
É unicamente através da Igreja que se reconhecem os livros sagrados dos apócrifos. Os protestantes, ao negarem o papel da tradição, acabam caindo em erros muito graves, visto que não têm como escolher os livros de sua Bíblia. Sem a tradição, como escolher os livros inspirados ou não? E mais, sem a autoridade infalível da Igreja, não há Bíblia que possa ter valor, pois quem confere autenticidade ao papel?
Não é razoável a interpretação protestante, visto que esta acaba dizendo que a bíblia se prova pela bíblia. Ora, isso é uma temeridade. A Bíblia se prova pela Igreja que a compôs!
A Igreja Católica adotou o cânon grego.
Os protestantes adotaram o cânon farisaico.
Durante 15 séculos, a Igreja universal, tanto a latina como a grega, usou a bíblia grega.
Os escritores do século II só conheciam o antigo testamento pela recensão grega, dita dos setenta, e portanto, não distinguiam entre os livros que dizemos protocanônicos e os deutêrocanonicos. Citam tanto estes como aqueles, com igual confiança, como sendo a palavra de Deus revelada.
Comparação entre a Bíblia Católica e a Protestante.
Católica - (Protestante): 1. Gênesis (idem) ; 2. Êxodo (id); 3. Levítico (id); 4. Números (id); 5. Deuteronômio (id); 6. Josué (id); 7.Juízes (id); 8. Rute (id); 9. Reis I (Samuel I); 10. Reis II (Samuel II); 11. Reis III (Reis I); 12. Reis IV (Reis II); 13. Paralipômenos I (Crônicas I); 14. Paralipômenos II (Crônicas II); 15. Esdras I (id.); 16. Esdras II (Neemias); 17. Macabeus I (- falta -); 18. Macabeus II (- falta -); 19. Tobias (- falta -); 20. Judite (- falta -); 21. Ester (incompleto); 22. Job (id.); 23. Salmos (id.); 24. Provérbios (id.); 25. Eclesiastes (id.); 26. Cântico (id.); 27. Sabedoria (- falta -); 28. Eclesiástico (- falta -); 29. Isaias (id.); 30. Jeremias - profecia e lamentação (id.); 31. Baruc (- falta -); 32. Ezequiel (id.); 33. Daniel (incompleto); 34. Oseias (id.); 35. Joel (id.); 36. Amós (id.); 37. Jonas (id.); 38. Miqueias (id.); 40. Naum (id.); 41. Habacuc (id.); 42. Sofonias (id.); 43. Ageu (id.); 44. Zacarias (id.); 45. Malaquias (id.)
O cânon protestante conta apenas 38 livros, faltando, como se pode verificar, os seguintes livros: 1 e 2 dos Macabeus, Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico e Baruc. Faltam no livro de Ester uns 6 capítulos (10,4 - 16, 24) e no livro de Daniel falta a oração de Azarias, o cântico dos mancebos, o episódio de Susana e a história de Bel e do Dragão.
2006-11-24 00:19:16
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