DOR ABDOMINAL - ou dor de barriga ou dor no ventre -
O abdómen ou abdome é a parte do corpo humano que fica entre o tórax e a bacia. Também se emprega a palavra ventre para designar esta parte do corpo. Dizemos prisão de ventre para designar a obstipação. Também empregamos a palavra ventre referindo-nos ao útero: " bendito é o fruto do vosso ventre ". Barriga é um termo mais popular. Para algumas pessoas, barriga é apenas a porção do abdómen abaixo do umbigo. Também se emprega barriga com o sentido de proeminência de abdómen: "ter barriga", e ainda com significado de gravidez: " andar de barriga".
A palavra abdómen deriva do latim abdere que significa escondido, encerrado. Felizmente, a endoscopia, a ecografia e a TAC vieram, nos últimos anos, "abrir" esta cavidade escondida, inacessível do nosso corpo. Ainda há poucos anos o cirurgião abria, com frequência, a parede abdominal com o bisturi ( laparotomia exploradora ), para tentar fazer o diagnóstico de muitas situações: o diagnóstico só era possível abrindo e vendo. Hoje, felizmente, esse meio de diagnóstico raramente se utiliza. Os órgãos que estão dentro do abdómen deixaram de estar tão escondidos. As novas técnicas de imagem ( endoscopia, ecografia, TAC, etc. ) permitem-nos agora, observar directa ou indirectamente, os órgãos intra-abdominais, sem haver necessidade de abrir a parede abdominal.
Dentro do abdómen, dentro da cavidade abdominal, encontra-se grande parte do Aparelho Digestivo ( estômago, intestino delgado, intestino grosso ou cólon, fígado, vesícula e vias biliares e o pâncreas ), o Aparelho Urinário ( rins, ureteres, bexiga e próstata ) e no sexo feminino os ovários, as trompas, e o útero. Há no abdómen, outras estruturas, como o baço, vasos linfáticos, nervos, vasos sanguíneos além do peritoneu que é uma membrana que envolve os órgãos que acabamos de enumerar. A dor abdominal pode ter origem em qualquer destas estruturas anatómicas mas, também noutras que ficam fora da cavidade abdominal. Com frequência referimos ao médico o órgão que nos parece ser a causa da dor devido à sua localização e dizemos: tenho dor de estômago, dói-me o fígado, a minha dor é nos intestinos etc. esta referência nem sempre corresponde à realidade.
A natureza subjectiva da dor, e a influência dos factores emocionais e físicos pode dificultar e, dificulta muitas vezes, o diagnóstico. No entanto, o tipo de dor, a intensidade, a localização, a irradiação, a duração temporal e os sintomas acompanhantes permitem, ao médico, suspeitar com alguma certeza, qual o órgão que causa a dor e até qual a doença que está na origem da dor. Com a descrição da dor, com a observação, a palpação do abdómen e, servindo-se de algumas técnicas de diagnóstico ( imagiológicas, endoscópicas, análises ao sangue etc. ), o médico procura confirmar a sua suspeita, procura chegar a uma certeza mas, por vezes, persiste a dúvida e nunca se encontra uma causa evidente. É frequente a " dor abdominal de causa desconhecida ". A descrição que nós fazemos ao nosso médico, das características da nossa dor, pode ser mais importante do que qualquer exame e, com frequência os exames são todos normais, ou a "alteração" que é descrita no relatório do exame não justifica a existência da dor. Como veremos a seguir, nas doenças que mais frequentemente causam dor abdominal crónica todos os exames são normais. Estas doenças do Aparelho Digestivo, com sintomas por vezes incomodativos, mas que escapam aos exames actuais, deixam muitas vezes os doentes confundidos, baralhados, porque pensam que todas as doenças têm uma alteração estrutural ou bioquímica que não escapa à sofisticada tecnologia que hoje possuímos. Isso não é de maneira nenhuma verdade.
DOR ABDOMINAL AGUDA:
A dor abdominal aguda tem aparecimento repentino e exige actuação médica ou cirúrgica rápida. Pode ser causada por inflamação, por perfuração, obstrução ou enfarto de um dos órgão da cavidade abdominal. A inflamação do apêndice, ( Apendicite ), a inflamação da vesícula com cálculos ( Colecistite ), a inflamação do pâncreas ( Pancreatite ), a perfuração duma Úlcera do Duodeno ou do Estômago, uma pedra que obstrui as vias urinárias ( cólica renal ), uma pedra que obstrui a via biliar ( cólica biliar ) a gravidez fora do útero ( Gravidez Ectópica ), a inflamação dos divertículos do cólon ( Diverticulite Aguda ), a Isquemia Aguda do Intestino, a Rotura dum Aneurisma, a Obstrução do Intestino Delgado... são as causas mais frequentes de dor abdominal aguda e, exigem uma intervenção médica ou cirúrgica rápida. A vida está em perigo.
A história que o indivíduo ou os familiares contam, a observação e a palpação do abdómen feita pelas mãos do médico, as análises ao sangue, as técnicas de imagem ( Rx, Eco, TAC ) ajudam o médico, a estabelecer um diagnóstico correcto e a iniciar uma terapêutica médica ou cirúrgica no tempo oportuno. A dor abdominal aguda leva o doente ao Serviço de Urgência e exige decisões imediatas. O tratamento médico ou na maior parte dos casos cirúrgico é inevitável.
DOR ABDOMINAL CRÓNICA:
Quando a dor abdominal se arrasta durante meses, duma maneira contínua ou intermitente não impõe um tratamento imediato e a investigação, para esclarecer a causa da dor, não tem o carácter urgente da dor abdominal aguda. As causas mais frequentes da dor abdominal crónica são funcionais: Dispepsia Funcional e/ou Síndrome do Intestino Irritável. Calcula-se entre 15% a 25% da população do mundo ocidental sofre de Síndrome do Intestino Irritável e que, cerca de 50% dos doentes que consultam o gastrenterologista, têm Síndrome do Intestino Irritável ou Dispepsia Funcional. No Síndrome da Dor Abdominal Crónica Benigna (Síndrome da Dor Abdominal Funcional) sobretudo frequente na mulher, a dor persiste durante meses ou anos intermitente ou continua mas, sem relação ou só com esporádica relação com as refeições, com a defecação ou com a menstruação. Os exames complementares ( Rx, Eco, TAC, endoscopia ) nestas como em outras Doença Funcionais são todos normais. Durante as crises de dor, que se repetem, é frequente a ida à Urgência - "até me puseram a soro" - mas algumas horas depois a dor aliviou e, o médico da urgência, diz-nos que podemos ir para casa. Devemos procurar ajuda no nosso médico. Ele não nos irá curar porque não conhecemos a cura das doenças funcionais mas, irá explicar-nos a nossa doença e como devemos lidar com ela.
A Esofagite, a Úlcera do Estômago ou Duodeno, as Doenças Inflamatórias do Intestino ( Colite ulcerosa, Doença de Crohn ) ,os cálculos da vesícula, a Pancreatite Crónica, a Isquemia Crónica, a Diabetes, a Porfíria, as doenças musculares ou ósseas são outras possíveis causas de dor crónica localizada no abdómen.
A história contada pelo individuo sobre o aparecimento da dor, sobre a sua evolução, os outros sintomas que a acompanham e, ainda o exame laboratorial do sangue, os exames de imagem ( Rx, Eco, TAC etc. ) e exames endoscópicos permitem, quase sempre, ao médico, a curto prazo, fazer um diagnóstico correcto.
Se o individuo tem mais de 50 anos e existem sinais de alarme: emagrecimento, anemia, vómitos, alterações do transito; o médico redobra os cuidados na investigação para ter a certeza de que não se trata de nenhum cancro que exija tratamento mais rápido.
O tratamento da dor abdominal crónica é, o tratamento da causa que lhe deu origem.
Nas Doenças Funcionais que são as causas mais frequentes de dor abdominal crónica ( Dispepsia Funcional, Síndrome do Intestino Irritável, Síndrome da Dor Abdominal Crónica Benigna ) por vezes, muitas vezes, o alívio da dor não é fácil de conseguir e, as pessoas que dela sofrem, andam de médico em médico, de medicina alternativa em medicina alternativa à procura dum alívio para a sua dor que, por vezes, é só temporário. O médico tenta, no entanto, com alguns medicamentos obter o alívio da dor e, algumas vezes, consegue esse alívio. O medo de ter uma doença grave, a repetição inútil de exames, o dinheiro gasto desnecessariamente, a multiplicação de diagnósticos ( já fui a 4 médicos e cada um diz sua coisa! ), alguns desses diagnósticos são pouco lógicos e sem nenhum fundamento científico: colite seca e colite húmida, colite nervosa, vesícula preguiçosa, toque no fígado, gastrite nervosa, úlcera nervosa, estômago descaído etc. etc.; e, constituem, com frequência, o calvário, das pessoas com uma Doença Funcional - benigna, mas incomodativa e crónica. O nosso médico será o nosso melhor conselheiro, explicando-nos o carácter crónico, recorrente mas benigno da nossa doença que, muitas vezes melhora ou desaparece com o tempo, e nunca se transforma em nada de grave.
melhoras, valeu.
2006-11-23 15:50:27
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answer #4
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answered by M.M 7
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