O homem também pode sofrer com a diminuição do número de motilidade dos espermatozóides, ou oligoastenospermia.. Ela pode ser causada por distúrbios hormonais, alterações testiculares ( como a varicocele), alterações inflamatórias e alterações gerais, que são aquelas relacionadas aos aspectos profissionais, psÃquicos, infecções em geral, medicamentos, tabagismo, alcoolismo, stress e outros fatores. Os espermatozóides capazes de fertilização devem ter o formato perfeito. Qualquer alteração em sua morfologia é chamada de teratozoospermia. Os principais responsáveis por este problema são as inflamações, algumas drogas, origem congênita e, novamente, a varicocele.
Tratamento com anti-estrogénios
Uma das terapêuticas inespecÃficas mais utilizadas é a administração de anti-estrogénios. Estes medicamentos actuam por bloqueio do efeito de retrocontrolo negativo sobre o hipotálamo e a hipófise por parte dos esteróides endógenos, o que faz aumentar os androgénios e as gonadotrofinas (FSH e LH) endógenas. Estas, por sua vez, vão aumentar a produção de testosterona, com a consequente provável melhoria da espermatogénese.
Os fármacos mais utilizados são o citrato de clomifeno (por via oral, com uma dose variável entre 25 e 50 mg por dia) e o citrato de tamoxifeno (via oral, entre 10 e 30 mg por dia). Apesar de um estudo randomizado, controlado e multicêntrico realizado pela OMS em 1994 ter revelado uma completa ausência de eficácia destes medicamentos, existem inúmeros trabalhos publicados que referem taxas de melhoria espermática de 20 a 50% e taxas de gestações entre 15 e 40%. Os efeitos secundários são mÃnimos, embora estejam descritos casos de hipertensão, aumento de peso e perturbações visuais. Aos 3 e 6 meses faz-se um espermograma e doseia-se o FSH e a testosterona. Se ao 6º mês o espermograma não registar melhoria, suspende-se o tratamento.
Tratamento com gonadotrofinas
A gonadotrofina coriónica humana (HCG) estimula as células de Leydig, aumentando a produção de testosterona e de estrogénios. O efeito é duplo: a testosterona vai melhorar a espermatogénese e os estrogénios diminuem o FSH. Como já vimos, é uma terapêutica especialmente indicada na terapêutica especÃfica do hipogonadismo hipogonadotrófico. Contudo, a sua utilização empÃrica também tem sido tentada, com sucesso largamente publicado, especialmente se associada à administração de gonadotrofina menopausica humana (HMG). A dose utilizada é de 150-450 UI de HMG associada a 3.000-6.000 UI de HCG, duas vezes por semana, durante 12-16 semanas. Na verdade, a associação da HCG com a HMG parece provocar uma taxa de melhoria dos padrões espermáticos em cerca de 60% dos casos, com cerca de 35-40% de taxa de gravidez.
A FSH é indispensável para a manutenção de uma espermatogénese normal. Vários estudos parecem confirmar que ela interfere não só sobre as células de Sertoli, como directamente sobre a qualidade dos espermatozóides, nomeadamente produzindo melhorias estruturais da zona acrosómica e uma interacção ovocito/espermatozóide mais facilitada. Essa constatação teórica fez pensar numa possÃvel utilização da FSH pura nos homens com maus padrões espermáticos, na presença de gonadotrofinas (FSH e LH) normais. O objectivo seria, assim e sobretudo, uma melhoria da capacidade fecundante espermática, independentemente de eventual melhoria de padrões quantitativos. Precisamente por esse motivo, a FSH pura é especialmente utilizada como tratamento coadjuvante das técnicas de reprodução assistida, incluindo a própria ICSI. A dose habitualmente utilizada é de 75-150 UI, 3 vezes por semana, durante 3-4 meses. Têm sido publicadas taxas de gravidez de cerca de 40-45%, o que é bastante elevado. O principal obstáculo a uma maior utilização da terapêutica tem sido o elevado custo da FSH, embora o aparecimento de formas sintéticas tenha tornado menos dispendiosas a sua aplicação.
Tratamento com androgénios
A utilização directa de androgénios leva a uma hiperestimulação de todas as células testiculares, nomeadamente do epitélio germinativo, das células de Leydig e das células de Sertoli. à nesse princÃpio que se justifica a utilização dos androgénios na oligozoospermia idiopática.
A testosterona deve ser utilizada intramuscularmente numa dose baixa, no máximo 25 mg por semana, durante 3-4 meses. Utilizando valores maiores, a testosterona pode inibir produção de gonadotrofinas, determinando um agravamento da oligospermia. Contudo, após uma primeira fase de supressão da espermatogénese, a espermatogénese ressurge mais activa, cerca de 3-4 meses após a paragem da administração da testosterona. à esse efeito rebound que pode ser aproveitado. Esse tipo de terapêutica utiliza então doses maiores de testosterona, administrando-se geralmente 250 mg IM por semana, durante cerca de 10-12 semanas.
A utilização da mesterolona tem também sido tentada na oligozoospermia idiopática, administrada oralmente na dose de 50-75 mg por dia, durante 3 a 6 meses, com resultados muito semelhantes aos da testosterona intramuscular. Está especialmente indicada quando existe algum grau de insuficiência hepática que contra-indique o uso da testosterona, que é moderadamente hepatotóxica.
Tratamento com hormona do crescimento
A utilização de factores de crescimento tem sido utilizada nos últimos anos, com resultados animadores. Algumas publicações apontam para taxas de melhoria dos padrões espermáticos na ordem dos 30-40%. O elevado custo da terapêutica, tem sido o principal obstáculo a sua utilização prática.
Tratamento empÃrico não hormonal
Diversos tipos de medicação não hormonal foram tentados para melhorar os padrões espermáticos de uma oligozoospermia idiopática. Ao contrário das terapêuticas hormonais, a maioria nunca teve qualquer comprovada fundamentação para o seu uso. Actualmente estão praticamente todas abandonadas, já que os avanços das técnicas de reprodução assistida dificilmente permitem a sua tão empÃrica e, principalmente, tão falÃvel utilização.
Foram utilizados, por exemplo, o ácido folÃnico, a pentoxilina, a indometacina, a arginina, o zinco, a kalicreÃna, o glutatião, o captopril, as prostaglandinas, etc..
Tratamento cirúrgico da infertilidade masculina
A utilização de cirurgia no tratamento da infertilidade de causa masculina é bastante especÃfica, já que é apenas utilizada correntemente em três situações distintas: a) criptorquidia; b) varicocele; c) azoospermia obstrutiva.
A presença de criptorquidia uni ou bilateral exige sempre cirurgia, idealmente realizada antes dos dois ou três anos de idade. Numa idade em que não é possÃvel realizar um espermograma, a cirurgia impõe-se pela enorme probabilidade de lesão progressiva das células germinativas testiculares. O objectivo da cirurgia é a colocação do testÃculo no interior da sua bolsa escrotal, garantindo-lhe as condições térmicas indispensáveis para a espermatogénese. O problema consiste em que muitos desses testÃculos criptorquÃdicos são displásicos, impedindo o restabelecimento da normal capacidade espermatogénica, apesar da cirurgia precoce.
No caso do varicocele, como a patologia se evidencia quase sempre na adolescência ou na jovem adultÃcea, é possÃvel realizar um espermograma e ter a confirmação da eventual presença de uma alteração espermática. Isso é especialmente importante porque nem todos os varicoceles determinam subfertilidade, nem sequer existe uma relação directa entre o grau de varicocele e o grau de oligoastenospermia. Quando existem alterações, a cirurgia deve ser realizada. à importante que ela seja feita a mais cedo possÃvel, pois os resultados são melhores quanto mais jovem é o homem.
A azoospermia obstrutiva é uma indicação muito especial para cirurgia. A obstrução é quase sempre bilateral, pois quando é unilateral geralmente não existe azoospermia. A sua causa pode ser variada: genética, embrionária, infecciosa ou traumática. O nÃvel da obstrução é também variado, podendo residir na rete testis, nos cones eferentes, no epidÃdimo, nos canais deferentes ou nos canais ejaculadores. A cirurgia pretende reconstruir a continuidade da via espermática, resolvendo ou ultrapassando os locais de obstrução.
Basicamente as duas cirurgias reconstrutivas mais utilizadas e com maior taxa de sucesso são a epididimo-vasostomia e a deferento-deferentostomia. à indispensável o recurso a lupa ou a microscópio. As cirurgias, demoradas e minuciosas, têm um pós-operatório simples, com complicações muito raras. A taxa de sucesso da permeabilização atinge 60 a 75%, embora a taxa de gravidezes raramente ultrapasse os 40%. A grande vantagem da cirurgia de repermeabilização da via espermática é ser fácil, relativamente inóqua e, principalmente, poupar a mulher a uma série de manipulações, intervenções e tratamentos, permitindo-lhe ter uma fertilização e gravidez normais.
A injecção intracitoplasmática de espermatozóide
A permanente questão que, hoje em dia, se coloca a todos os tratamentos não etiológicos da infertilidade de causa masculina, sejam eles médicos ou cirúrgicos, é se eles serão mesmo necessários. Na verdade, a ICSI pode ser uma alternativa muito eficaz à s terapêuticas empÃricas da oligoastenoespermia e à repermeabilização cirúrgica.
A ICSI é uma técnica de reprodução assistida que se destina essencialmente a resolver causas masculinas de infertilidade. Em teoria, a sua única limitação é a inexistência de espermatozóides com capacidade fecundante. Se existirem alguns, mesmo com baixa vitalidade e em pequena quantidade, é possÃvel injectá-los directamente no interior do citoplasma de um óvulo e conseguir o inÃcio do desenvolvimento embrionário. Ou seja, em teoria, é o tratamento “definitivo” da oligoastenoespermia grave.
Infelizmente a prática não é tão optimista. As mais elevadas taxa de sucesso não ultrapassam 30 a 45%. à também uma técnica dispendiosa, de difÃcil aprendizagem, que induz sofrimento e morbilidade na mulher, que leva frequentemente a gravidezes múltiplas. Mas indubitavelmente é uma técnica que permite obter resultados onde antes não existia qualquer solução.
A ICSI obriga à prévia recuperação dos espermatozóides. Essa manobra pode ser feita por diversas técnicas: a) percutaneamente, por aspiração testicular (TESA); b) percutaneamente, por aspiração epididimária (PESA); c) através de cirurgia, por extracção testicular de espermatozóides (TESE); d) através de cirurgia, por micro-aspiração espermática epididimária (MESA). Em todas as técnicas as complicações são mÃnimas havendo, nas azoospermias obstrutivas, uma taxa de recuperação de espermatozóides entre 60 a 90%.
2006-11-22 15:07:56
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answer #2
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answered by Natach R 2
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