Acho que não importa o que eu responda, você vai me chamar de fanático. Pois é muito mais fácil chamar de fanático sem ver a evidência contrária ao que acredita do que analisá-la de modo imparcial. É mais fácil dizer que a Bíblia se contradiz, porque está na moda dizer isso, e você terá o apoio de multidões.
O problema é que a Bíblia contem uma menasgem que para muitos é impopular. Não importa o quanto torçam ela, sua condenação das atitudes egoístas deste mundo atual permanecem. E ela deixa bem claro a punição que sobrevirá a este mundo que não respeita o que Deus diz.
Mas acho que isso é difícil para pessoas como você admitirem. Eu entendo, pensar diferente das pessoas que o rodeiam, ser portador de uma mensagem impopular é difícil. Você não vai querer ser ridicularizado por seus colegas, não quer ser chamado de fanático, prefere ser considerado 'racional', 'intelectual'. É normal esse desejo de ser aceito. Mas isso não muda o que Deus pensa!
Bem, mas vou tentar argumentar um pouco. Se eu fosse responder cada pormenor citado por você, não haveria espaço suficiente. Então serei um pouco mais genérico:
Algumas “contradições” surgem quando temos dois ou mais relatos sobre o mesmo incidente. Por exemplo, em Mateus 8:5 lemos que, quando Jesus entrou em Cafarnaum, “veio a ele um oficial do exército, suplicando-lhe” que Jesus curasse o servo dele. Mas em Lucas 7:3 lemos que este oficial do exército “enviou-lhe anciãos dos judeus para lhe pedirem [i.e., a Jesus] que viesse e fizesse seu escravo passar por isso a salvo”. Foi o oficial do exército quem falou com Jesus ou enviou ele anciãos?
A resposta, obviamente, é que o homem enviou anciãos dos judeus. Então, por que diz Mateus que o próprio homem suplicou a Jesus? Porque, na realidade, o homem pediu isso a Jesus por meio dos anciãos judeus. Os anciãos serviram de porta-vozes dele.
Para ilustrar isso, lemos em 2 Crônicas 3:1: “Por fim, Salomão principiou a construir a casa de Jeová em Jerusalém.” Mais adiante, lemos: “Assim Salomão acabou a casa de Jeová.” (2 Crônicas 7:11) Será que Salomão pessoalmente construiu o templo do começo ao fim? Claro que não. A construção propriamente dita foi feita por uma multidão de artífices e trabalhadores. Mas Salomão foi o organizador da obra, o responsável por ela. Por isso, a Bíblia diz que foi ele quem construiu a casa. Do mesmo modo, o Evangelho de Mateus nos diz que o comandante militar se dirigiu a Jesus. Mas Lucas acrescenta o pormenor de que ele se dirigiu a Jesus por meio dos anciãos judeus.
O seguinte é um exemplo similar. Em Mateus 20:20, 21, lemos: “Aproximou-se [de Jesus] a mãe dos filhos de Zebedeu com os seus filhos, prestando homenagem e pedindo-lhe algo.” Ela pediu que seus filhos obtivessem a posição mais favorecida quando Jesus entrasse no seu Reino. No relato de Marcos sobre este mesmo evento lemos: “Tiago e João, os dois filhos de Zebedeu, aproximaram-se [de Jesus] e disseram-lhe: ‘Instrutor, queremos que faças para nós o que for que te peçamos.’” (Marcos 10:35-37) Foram os dois filhos de Zebedeu, ou foi a mãe deles, quem fez o pedido a Jesus?
É evidente que foram os dois filhos de Zebedeu que fizeram o pedido, conforme Marcos declara. Mas, fizeram-no por meio da sua mãe, conforme Mateus diz. Ela era porta-voz deles. Isto é apoiado pelo relato de Mateus, de que, quando os outros apóstolos souberam o que a mãe dos filhos de Zebedeu tinha feito, ficaram indignados, não com a mãe, mas “com os dois irmãos”. — Mateus 20:24.
Escutou alguma vez duas pessoas descrever um acontecimento presenciado por ambas? Em caso afirmativo, notou que cada pessoa enfatizou os pormenores que mais a impressionaram? Uma delas talvez deixasse fora coisas que a outra incluiu. Ambas, porém, falaram a verdade. O mesmo se dá com os quatro relatos evangélicos sobre o ministério de Jesus, assim como se dá com outros eventos históricos relatados por mais de um escritor bíblico. Cada escritor escreveu informações exatas, mesmo que um relatasse pormenores que outro omitiu. Por se considerarem todos os relatos, pode-se obter um entendimento mais pleno do que aconteceu. Estas variações provam que os relatos bíblicos são independentes. E sua harmonia básica prova que são verídicos.
Leia o Contexto
Muitas vezes, aparentes incoerências podem ser solucionadas por se examinar o contexto. Por exemplo, considere o muitas vezes levantado problema da esposa de Caim. Lemos em Gênesis 4:1, 2: “A seu tempo, [Eva] deu à luz Caim e disse: ‘Produzi um homem com o auxílio de Jeová.’ Mais tarde deu novamente à luz, seu irmão Abel.” Conforme é bem conhecido, Caim matou Abel; mas, depois, lemos sobre Caim ter uma esposa e filhos. (Gênesis 4:17) Se Adão e Eva tiveram apenas dois filhos, onde encontrou Caim a sua esposa?
A solução está no fato de que Adão e Eva tiveram mais do que dois filhos. De acordo com o contexto, tiveram uma grande família. Em Gênesis 5:3 lemos que Adão tornou-se pai de outro filho, chamado Sete, e então, no versículo seguinte, lemos: “Ele se tornou pai de filhos e de filhas.” (Gênesis 5:4) De modo que Caim pode ter-se casado com uma das suas irmãs ou mesmo com uma das suas sobrinhas. Naquele estágio inicial da história humana, quando a humanidade estava ainda tão perto da perfeição, tal casamento evidentemente não apresentava os riscos para os filhos da união como apresentaria hoje em dia.
Considerarmos o contexto ajuda-nos também a entender o que alguns afirmam ser uma discordância entre o apóstolo Paulo e Tiago. Em Efésios 2:8, 9, Paulo diz que os cristãos são salvos pela fé, não por obras. Ele diz: “Fostes salvos por intermédio da fé . . . não se deve a obras.” Tiago, porém, insiste na importância das obras. Ele escreve: “Assim como o corpo sem espírito está morto, assim também a fé sem obras está morta.” (Tiago 2:26) Como podem estas duas declarações ser reconciliadas?
Ao considerar o contexto das palavras de Paulo, verificamos que uma declaração complementa a outra. O apóstolo Paulo refere-se aos esforços dos judeus de guardar a Lei mosaica. Eles acreditavam que, se guardassem a Lei em todos os seus pormenores, seriam justos. Paulo salientou que isso era impossível. Nunca podemos tornar-nos justos — e assim merecer a salvação — por nossas próprias obras, porque somos inerentemente pecaminosos. Podemos ser salvos apenas pela fé no sacrifício resgatador de Jesus. — Romanos 5:18.
Tiago, porém, acrescenta o ponto vital de que a fé, por si só, não tem valor, se não é apoiada por obras. Quem afirma ter fé em Jesus deve provar isso por aquilo que faz. A fé inativa é uma fé morta, e não resulta em salvação.
O apóstolo Paulo estava de pleno acordo com isso, e ele freqüentemente menciona as espécies de obras em que os cristãos devem empenhar-se para demonstrar sua fé. Por exemplo, ele escreveu aos romanos: “Com o coração se exerce fé para a justiça, mas com a boca se faz declaração pública para a salvação.” Fazermos uma “declaração pública” — compartilhar nossa fé com outros — é vital para a salvação. (Romanos 10:10; veja também 1 Coríntios 15:58; Efésios 5:15, 21-33; 6:15; 1 Timóteo 4:16; 2 Timóteo 4:5; Hebreus 10:23-25.) No entanto, nenhuma obra que o cristão possa fazer, e certamente nenhum esforço de cumprir a Lei de Moisés, lhe granjeará o direito de ter vida eterna. Esta é “o dom dado por Deus” aos que exercem fé. — Romanos 6:23; João 3:16.
Pontos de Vista Diferentes
Às vezes, os escritores bíblicos escreveram de pontos de vista diferentes sobre o mesmo acontecimento, ou apresentaram seus relatos de modos diferentes. Quando estas diferenças são tomadas em consideração, é fácil solucionar outras aparentes contradições. Um exemplo disso encontra-se em Números 35:14, onde Moisés fala a respeito do território a leste do Jordão como “deste lado do Jordão”. Josué, porém, falando sobre a terra a leste do Jordão, chamou-a de o “outro lado do Jordão”. (Josué 22:4) O que é certo?
Na realidade, ambos estão certos. Segundo o relato em Números, os israelitas ainda não haviam atravessado o rio Jordão para a Terra da Promessa, de modo que o leste do Jordão era ‘este lado’. Mas Josué já atravessara o Jordão. Ele se encontrava então literalmente ao oeste do rio, na terra de Canaã. De modo que o leste do Jordão, para ele, era o “outro lado”.
Além disso, a maneira em que uma narrativa é composta pode levar a uma aparente contradição. Em Gênesis 1:24-26, a Bíblia indica que os animais foram criados antes do homem. Mas, Gênesis 2:7, 19, 20, parece dizer que o homem foi criado antes dos animais. Por que esta discrepância? Porque os dois relatos da criação consideram-na de dois pontos de vista diferentes. O primeiro descreve a criação dos céus e da terra, e de tudo o que há neles. (Gênesis 1:1–2:4) O segundo concentra-se na criação da raça humana e na sua queda no pecado. — Gênesis 2:5–4:26.
O primeiro relato é composto cronologicamente, dividido em seis “dias” consecutivos. O segundo se acha escrito em ordem da importância dos assuntos. Depois de um curto prólogo, passa diretamente, de forma lógica, para a criação de Adão, visto que ele e sua família são o assunto daquilo que segue. (Gênesis 2:7) Outras informações são então acrescentadas conforme necessárias. Ficamos sabendo que Adão, depois da sua criação, devia viver num jardim no Éden. De modo que se menciona então o estabelecimento do jardim do Éden. (Gênesis 2:8, 9, 15) Jeová mandou que Adão desse nome a “todo animal selvático do campo e toda criatura voadora dos céus”. Era então tempo de mencionar que “Jeová Deus estava formando do solo” todas essas criaturas, embora a criação delas começasse muito antes de Adão aparecer no cenário. — Gênesis 2:19; 1:20, 24, 26.
Leia o Relato com Cuidado
Às vezes, para resolver aparentes contradições, só é preciso ler o relato com cuidado e raciocinar sobre as informações providas. Isto se dá quando consideramos a conquista de Jerusalém pelos israelitas. Jerusalém estava alistada como parte da herança de Benjamim, mas lemos que a tribo de Benjamim não conseguiu conquistá-la. (Josué 18:28; Juízes 1:21) Lemos também que Judá não conseguiu conquistar Jerusalém — como se fizesse parte da herança desta tribo. Por fim, Judá capturou Jerusalém, incendiando-a. (Josué 15:63; Juízes 1:8) Todavia, registra-se também que Davi, centenas de anos depois, conquistou Jerusalém. — 2 Samuel 5:5-9.
À primeira vista, tudo isso pode parecer confuso, mas realmente não há contradições. De fato, a fronteira entre a herança de Benjamim e a de Judá estendia-se ao longo do vale de Hinom, atravessando a antiga cidade de Jerusalém. A parte que mais tarde passou a ser chamada de Cidade de Davi estava realmente no território de Benjamim, assim como Josué 18:28 diz. Mas, é provável que a cidade jebuséia de Jerusalém se estendesse para o outro lado do vale de Hinom e assim passasse para o território de Judá, de modo que também Judá tinha de guerrear contra os seus habitantes cananeus.
Benjamim não conseguiu tomar a cidade. Em certa ocasião, Judá tomou Jerusalém e incendiou-a. (Juízes 1:8, 9) Mas as forças de Judá evidentemente, passaram adiante, e alguns dos habitantes originais recuperaram a posse da cidade. Mais tarde, constituíam um bolsão de resistência que nem Judá nem Benjamim conseguiram remover. De modo que os jebuseus continuaram em Jerusalém até Davi conquistar a cidade centenas de anos mais tarde.
Encontramos um segundo exemplo nos Evangelhos. Lemos no Evangelho de João a respeito de Jesus ser levado para ser morto: “Levando ele mesmo a estaca de tortura, saiu.” (João 19:17) No entanto, lemos em Lucas: “Então, quando o levaram embora, pegaram Simão, certo nativo de Cirene, que vinha do campo, e puseram nele a estaca de tortura para a levar atrás de Jesus.” (Lucas 23:26) Foi Jesus quem carregou o instrumento da sua morte ou foi Simão quem o carregou para este?
De começo, Jesus evidentemente carregou a sua própria estaca de tortura, assim como João indica. Mais tarde, porém, conforme atestam Mateus, Marcos e Lucas, Simão de Cirene foi recrutado para carregá-la por ele o restante do caminho até o lugar da execução.
Prova de Independência
É verdade que há na Bíblia algumas aparentes incoerências difíceis de reconciliar. Mas não devemos presumir que se trata definitivamente de contradições. Muitas vezes se trata apenas dum caso de falta de informações completas. A Bíblia fornece suficiente conhecimento para satisfazer nossas necessidades espirituais. Mas, se ela nos fornecesse todos os pormenores sobre cada evento mencionado, ela seria uma enorme biblioteca, difícil de manejar, em vez de ser o livro jeitoso, fácil de carregar, que temos hoje.
Falando sobre o ministério de Jesus, o apóstolo João escreveu com justificável exagero: “Há, de fato, também muitas outras coisas que Jesus fez, as quais, se alguma vez fossem escritas em todos os pormenores, suponho que o próprio mundo não poderia conter os rolos escritos.” (João 21:25) Mais impossível ainda seria registrar todos os pormenores da longa história do povo de Deus, desde os patriarcas até a congregação cristã do primeiro século!
Na realidade, a Bíblia é um milagre de condensação. Contém informações suficientes para habilitar-nos a reconhecê-la como mais do que mera obra humana. Quaisquer variações que contém provam que os escritores deveras eram testemunhas independentes. Por outro lado, a notável unidade da Bíblia — que consideraremos em maiores detalhes num capítulo mais adiante — demonstra sem qualquer dúvida a sua origem divina. Ela é a palavra de Deus, não de homem.
2006-11-12 12:20:53
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