Tudo bem, Humano. Como errar é Humano, vou esclarecer o seu erro, que é baseado na falta de interpretação da palavra "ressurreição" que significa ressurgir e não do sentido que os homens fanatizados deram a palavra ressurreição.
E a propósito, os espíritas nunca afirmam mentiras e nunca afirmariam coisas do tipo: Eva saindo da costela de Adão; Caim depois de matar Abel casar-se com uma mulher (filha de quem, se Adão, Eva e Caim eram os únicos humanos e Eva ainda não tinha filhas) e outras passagens. Crer nisso vá lá, é direito de cada um acreditar no que quiser, mas impor absurdos como esses, é que, isso sim, é mentira.
Nas escrituras, ressuscitar implica tornar a viver, no sentido de ressurgir, quer para o plano espiritual, mediante o processo de desencarnação, quer para o plano físico, por meio do processo de reencarnação. Embora essa crença, vulgarmente, incidisse às vezes na volta da alma ou espírito ao corpo atingido pela morte, quem ressuscita de fato é o ser imortal, não o organismo perecível. E tanto assim é que as escrituras falam em ressurreição "dos mortos" (anástasis ek tõn nekrõn), não propriamente em ressurreição "dos corpos" ou "da carne".
Quando Jesus afirma aos materialistas saduceus que "na ressurreição nem se casam nem se dão em casamento, mas são como os anjos no céu", refere-se à passagem da alma para a vida espiritual, tanto que ele chega a citar os próprios patriarcas como exemplo, dizendo: "Quanto à ressurreição dos mortos, não lestes o dito: " Eu sou o Deus de Abraão, e o Deus de Isaac, e o Deus de Jacó? Não é o Deus de mortos, mas de vivos". (Mateus, 22:31-33.)
Por outro lado, o povo entendia que Jesus podia ser "um dos antigos profetas, que ressurgiu", ou "que ressuscitou", como preferem outras versões. Trata-se aí de ressurgimento na carne de um novo corpo (reencarnação), porque Jesus fora visto criança e conhecida era sua origem, de Nazaré, na Galiléia. Se criam que ele podia ser um dos antigos profetas ressurgido, somente pelo espírito ele o poderia, não pelo corpo (Lucas, 9:18-19.)
Neste mesmo sentido, instruiu-nos o autor da epístola aos hebreus: "Mulheres receberam os seus mortos pela ressurreição; alguns foram torturados, porque não queriam aceitar o seu livramento por meio de algum resgate, a fim de que pudessem alcançar uma ressurreição melhor; " outros, por sua vez, passaram a sua provação por mofas e por açoites, deveras, mais do que isso, por laços e prisões". (11:35-36.)
Não só vemos neste passo que ressurreição era, muitas vezes, reencarnação, como resta claríssimo o conceito de provas e expiações, para que se obtenha, segundo o autor, uma "ressurreição melhor". No seu pensamento deve isso significar uma estada mais feliz no plano espiritual, depois da purificação obtida pela vinda à Terra em expiação, porque "carne e sangue não podem herdar o reino de Deus". (1.ª aos Coríntios, 15:50.)
Aliás, fica assim patente que quando o mesmo autor escreve que "ao homem está destinado morrer uma só vez, depois disto vindo o juízo" (Hebreus, 9:27), não pode ter em mente negar a reencarnação, sob pena de contradizer-se. Referia-se, portanto, ao corpo, não ao espírito que o anima, até porque este último não morre sequer uma vez.
Muita Paz,
Jorge
2006-11-04 09:56:02
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answer #1
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answered by Jorge Murta 6
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Ressurreição e Reencarnação
4. A reencarnação fazia parte dos dogmas judeus, sob o nome de ressurreição. Somente os saduceus, que pensavam que tudo acabava com a morte, não acreditavam nela. As idéias dos judeus sobre essa questão, como sobre muitas outras, não estavam claramente definidas, porque só tinham noções vagas e incompletas sobre a alma e sua ligação com o corpo. Eles acreditavam que um homem podia reviver, sem terem uma idéia precisa da maneira porque isso se daria, e designavam pela palavra ressurreição o que o Espiritismo chama, mais justamente, de reencarnação. Com efeito, a ressurreição supõe o retorno à vida do próprio cadáver, o que a Ciência demonstra ser materialmente impossível, sobretudo quando os elementos desse corpo já estão há muito dispersos e consumidos. A reencarnação é a volta da alma ou Espírito à vida corpórea, mas num outro corpo, novamente constituído, e que nada tem a ver com o antigo. A palavra ressurreição podia, assim, aplicar-se a Lázaro, mas não a Elias,nem aos demais profetas. Se, portanto, segundo sua crença, João Batista era Elias, o corpo de João não podia ser o de Elias, pois que João tinha sido visto criança e seus pais eram conhecidos. João podia ser, pois, Elias reencarnado, mas não ressuscitado.
5. "E havia um homem dentre os Fariseus, por nome Nicodemos, senador dos Judeus. Este, uma noite, veio buscar a Jesus, e disse-lhe: Rabi, sabemos que és mestre, vindo da parte de Deus, porque ninguém pode fazer estes milagres, que tu fazes, se Deus não estiver com ele. Jesus respondeu e lhe disse: Na verdade, na verdade te digo que não pode ver o Reino de Deus, senão aquele que renascer de novo. Nicodemos lhe disse: Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura pode entrar no ventre de sua mãe e nascer outra vez? Respondeu-lhe Jesus: Em verdade, em verdade te digo que quem não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é Espírito. Não te maravilhes de eu te dizer que importa-vos nascer de novo. O Espírito sopra onde quer, e tu ouves a sua voz, mas não sabes de onde ele vem, nem para onde vai. Assim é todo aquele que é nascido do Espírito. Perguntou Nicodemos: Como se pode fazer isto? Respondeu Jesus: Tu és mestre em Israel, e não sabes estas coisas? Em verdade, em verdade te digo, que nós dizemos o que sabemos, e damos testemunho do que vimos, e vós, com tudo isso, não recebeis o nosso testemunho. Se quando eu vos tenho falado das coisas terrenas, ainda assim não me credes, como creríeis, se eu vos falasse das celestiais?" (João, III: 1-12)
6. A idéia de que João Batista era Elias, e de que os profetas podiam reviver na Terra, encontra-se em muitas passagens dos Evangelhos, notadamente nas acima reproduzidas (nºs 1, 2 e 3). Se essa crença fosse um erro, Jesus não deixaria de combatê-la, como fez com tantas outras. Longe disso, porém, ele a sancionou com toda a sua autoridade, e a transformou num princípio, fazendo-a condição necessária, quando disse: Ninguém pode ver o Reino dos Céus, se não nascer de novo. E insistiu, acrescentando: Não te maravilhes de eu ter dito que é necessário nascer de novo.
7. Estas palavras: Se não renascer da água e do Espírito, foram interpretadas no sentido da regeneração pela água do batismo. Mas o texto primitivo diz simplesmente: Não renascer da água e do Espírito, enquanto que, em algumas traduções, a expressão do Espírito foi substituída por a do Espírito Santo, o que não corresponde ao mesmo pensamento. Esse ponto capital ressalta dos primeiros comentários feitos sobre o Evangelho, assim como um dia será constatado sem equívoco(1).
(1) A tradução de Osterwald está conforme o texto primitivo, e traz: não renascer da água e do Espírito. A de Sacy diz: do Espírito Santo. A de Lamennais também diz: Espírito Santo.
8. Para compreender o verdadeiro sentido dessas palavras, é necessário reportar à significação da palavra água, que não foi empregada no seu sentido específico. Os antigos tinham conhecimentos imperfeitos sobre as ciências físicas, e acreditavam que a Terra havia saído das águas. Por isso, consideravam a água como o elemento gerador absoluto. É assim que encontramos no Gênesis: "O Espírito de Deus era levado sobre as águas", "flutuava sobre as águas", "que o firmamento seja feito no meio das águas", "que as águas que estão sob o céu se reúnam num só lugar, e que o elemento árido apareça", "que a água produza animais viventes, que nadem na água, e pássaros que voem sobre a terra e debaixo do firmamento".
Conforme essa crença, a água se transformara no símbolo da natureza material, como o Espírito o era da natureza inteligente. Essas palavras: "Se o homem não renascer da água e do Espírito", ou "na água e no Espírito", significam, pois: "Se o homem não renascer com o corpo e a alma". Neste sentido é que foram compreendidas no princípio.
Esta interpretação se justifica, aliás, por estas outras palavras: "O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é Espírito". Jesus faz aqui uma distinção positiva entre o Espírito e o corpo. "O que é nascido da carne é carne", indica claramente que o corpo procede apenas do corpo, e que o Espírito é independente dele.
9. "O Espírito sopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem nem para onde vai" , é uma passagem que se pode entender pelo Espírito de Deus que dá a vida a quem quer, ou pela alma do homem. Nesta última acepção, a seqüência: "mas não sabes de onde vem nem para onde vai", significa que não se sabe o que foi nem o que será o Espírito. Se, pelo contrário, o Espírito, ou alma, fosse criado com o corpo, saberíamos de onde ele vem, pois conheceríamos o seu começo. Em todo caso, esta passagem é a consagração do princípio da preexistência da alma, e por conseguinte da pluralidade das existências.
10. "Desde os tempos de João Batista até agora, o Reino dos Céus é tomado pela força, e os que fazem violência são os que o arrebatam. Porque todos os profetas e a lei, até João, profetizaram. E se vós o quereis bem compreender, ele mesmo é o Elias que há de vir. O que tem ouvidos de ouvir, ouça". (Mateus, XI: 12-15)
11. Se o princípio da reencarnação, expresso em São João, podia a rigor, ser interpretado num sentido puramente místico, já não aconteceria o mesmo nesta passagem de São Mateus, onde não há equívoco possível: "Ele mesmo é o Elias que há de vir". Aqui não existe figura, nem alegoria; trata-se de uma afirmação positiva. "Desde o tempo de João Batista até agora, o Reino dos Céus é tomado pela força", que significam estas palavras, pois João ainda vivia no momento em que foram ditas? Jesus as explica, ao dizer: "E se vós o quereis bem compreender, ele mesmo é o Elias que há de vir". Ora, João tendo sido Elias, Jesus alude ao tempo em que João vivia com o nome de Elias. "Até agora, o Reino dos Céus é tomado pela força", é outra alusão à violência da lei mosaica, que ordenava o extermínio dos infiéis, para a conquista da Terra Prometida, Paraíso dos Hebreus, enquanto que, segundo a nova lei, o céu é ganho pela carida de e pela brandura. A seguir, acrescenta: "O que tem ouvidos de ouvir, ouça". Essas palavras, tão freqüentemente repetidas por Jesus, exprimem claramente que nem todos estavam em condições de compreender certas verdades.
12. "Os teus mortos viverão. Os meus, a quem tiraram a vida, ressuscitarão. Despertai e cantai louvores, vós os que habitais no pó, porque o orvalho que cai sobre vós é orvalho de luz, e arruinareis a Terra e o reino dos gigantes". (Isaías, XXVI:19)
13. Esta passagem de Isaías é também bastante clara: "Os teus mortos viverão". Se o profeta tivesse querido falar da vida espiritual, se tivesse querido dizer que os mortos não estavam mortos em Espírito teria dito: "ainda vivem", e não: "viverão". Do ponto de vista espiritual, essas palavras seriam um contra-senso, pois implicariam uma interrupção na vida da alma. No sentido de regeneração moral, seriam a negação das penas eternas, pois estabelecem o princípio de que todos os mortos reviverão.
14. "Quando o homem morre uma vez, e seu corpo, separado do espírito, é consumido, em que se torna ele? Tendo o homem morrido uma vez, poderia ele reviver de novo? Nesta guerra em que me encontro, todos os dias de minha vida, estou esperando que chegue a minha mutação". (Job, XIV:10-14, segundo a tradução de Sacy).
"Quando o homem morre, perde toda a sua força e expira: depois, onde está ele? Se o homem morre, tornará a viver? Esperarei todos os dias de meu combate, até que chegue minha transformação" (Id. Tradução protestante de Osterwald).
"Quando o homem está morto, vive sempre; findando-se os dias da minha existência terrestre, esperarei, porque a ela voltarei novamente" (Id. Versão da Igreja Grega).
15. O princípio da pluralidade das existências está claramente expresso nessas três versões. Não se pode supor que Job quisesse falar da regeneração pela água do batismo, que ele certamente não conhecia. "Tendo o homem morrido uma vez, poderia ele reviver de novo?" A idéia de morrer uma vez e reviver implica a de morrer e reviver muitas vezes. A versão da Igreja Grega é ainda mais explícita, se possível: "Findando-se os dias da minha existência terrestre, esperarei, porque a ela voltarei novamente". Quer dizer: eu voltarei à existência terrena. Isto é tão claro como se alguém dissesse: "Saio de casa, mas a ela retornarei".
"Nesta guerra em que me encontro, todos os dias de minha vida, estou esperando que chegue a minha mutação". Job quer falar evidentemente, da luta que sustenta contra as misérias da vida. Ele espera a sua mutação, ou seja, ele se resigna. Na versão grega, a expressão "esperarei", parece antes aplicar-se à nova existência: "Findando-se os dias da minha existência terrestre, esperarei, porque a ela voltarei novamente", Job parece colocar-se, após a morte, num intervalo que separa uma existência de outra, e dizer que ali esperará o seu retorno.
16. Não é, pois, duvidoso, que sob o nome de ressurreição, o princípio da reencarnação fosse uma das crenças fundamentais dos judeus, e que ela foi confirmada por Jesus e pelos profetas, de maneira formal. Donde se segue que negar a reencarnação é renegar as palavras de Cristo. Suas palavras, um dia, constituirão autoridade sobre este ponto, como sobre muitos outros, quando forem meditadas sem partidarismo.
17. A essa autoridade, de natureza religiosa, virá juntar-se o plano filosófico, a das provas que resultam da observação dos fatos. Quando dos efeitos se quer remontar às causas, a reencarnação aparece como uma necessidade absoluta, uma condição inerente à humanidade, em uma palavra, como uma lei da natureza. Ela se revela, pelos seus resultados, de maneira por assim dizer material, como o motor oculto se revela pelo movimento que produz. Somente ela pode dizer ao homem de onde ele vem, para onde vai, porque se encontra na Terra, e justificar todas as anomalias e todas as injustiças aparentes da vida(1).
Sem o princípio da preexistência da alma e da pluralidade das existências, a maior parte das máximas do Evangelho são ininteligíveis, e por isso têm dado motivo a interpretações tão contraditórias. Esse princípio é a chave que deve restituir-lhes o verdadeiro sentido.
(1) Para o desenvolvimento do dogma da reencarnação, ver O Livro dos Espíritos, caps. IV e V; O que é Espiritismo, cap. II; ambos de Allan Kardec; e a Pluralidade das Existências, de Pezzani. (Nota do Tradutor: A palavra "dogma" figura aqui no sentido racional e não fideísta, como "princípio" e não como dogma de fé. O Espiritismo não é dogmático, no sentido religioso da palavra, mas tem princípios fundamentais, que filosoficamente são chamados dogmas).
2006-11-04 10:20:18
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answer #3
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answered by Antonio Vieira Sobrinho 7
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