A lavagem de mãos deve ser um hábito entre todos os profissionais de saúde e a adesão a esta prática é um desafio para a equipe de controle de infecção de cada hospital. A recomendação da lavagem de mãos é antiga e sua importância foi demonstrada desde 1847 por Ignaz Semmelweis, médico húngaro, que introduziu este procedimento nas enfermarias de um hospital em Viena, na prevenção da febre puerperal, conseguindo reduzir as taxas de infecção nas mulheres de 18% para 2% depois que os médicos passaram a lavar devidamente as mãos, antes de examinarem suas pacientes (DAL BEM e MOURA,1996; BLOM e LIMA, 1999; CARRARO, 1999; LENTZ, 2000).
A higienização básica das mãos com água e sabão visa remover a maioria dos microrganismos da flora transitória, células descamativas, suor, sujidade, oleosidades e outros fluidos, prevenindo assim o aumento dos índices de infecções transmitidas por contato manual direto entre pacientes no ambiente hospitalar.
Com relação a antissepsia das mãos, alguns autores vêm manifestando dúvidas concernentes a esta prática no sentido de definir como e quando deve ser usado um produto antisséptico, qual o mais adequado para tal procedimento (CERQUEIRA, 1997).
Um ponto importante a ser observado na eficácia da prática de lavagem das mãos é o tempo gasto e a técnica utilizada no decorrer do horário de trabalho assistencial com o paciente. Outro aspecto significativo que merece ser destacado é a freqüência e o produto usado na lavagem, que podem conduzir ao ressecamento, rachaduras, dermatites e outras lesões, aumentando a probabilidade de colonização das mãos por patógenos potenciais e elevando, por conseqüência, o risco de infecção cruzada no ambiente hospitalar.
1- Profa. Departamento de Enfermagem Médico Cirúrgica e Administração e Doutoranda em Ciências da Saúde. CCS/UFPB.
2- Prof. Departamento de Farmácia do CCS/UFPB.
3- Discente do Curso de Farmácia e Bolsista do PIBIC/CNPq.
Considerando estes aspectos a simples lavagem de mãos reduz temporariamente a contagem de microrganismos da flora residente e transitória. BLOM e LIMA (1999), no entanto afirmam que, tratando-se da flora transitória, a mesma pode ser eliminada se a lavagem das mãos for feita com o tempo certo entre 30 e 60 segundos, utilizando um produto para tal finalidade e com uma técnica adequada, esta conduta é mais importante do que o agente ou o período de tempo utilizado no procedimento. Estudos têm mostrado, que o risco potencial das mãos para disseminar infecção no hospital é em torno de 1-10%, durante a realização de procedimentos invasivos e outras atividades como manipulação de materiais esterilizados, manuseio com pacientes graves ou não e manipulação de roupas de cama contaminadas ou outros procedimentos.
É difícil estabelecer regras absolutas quanto à necessidade da lavagem simples das mãos, e os profissionais de saúde devem avaliar individualmente as circunstâncias vivenciadas a cada momento. Contudo, a literatura recomenda a lavagem de mãos para os profissionais que trabalham em hospitais de acordo com as circunstâncias como: antes de qualquer atendimento, ao deixar a enfermaria, antes de manusear recém nascidos, assim como outras atividades de rotina no decorrer do horário de plantão. Em algumas ocasiões o uso de luvas não estéreis podem ser utilizadas para proteger o profissional, nos casos em que a lavagem das mãos for difícil ou inconveniente, para impedir que as mãos fiquem colonizadas ou contaminadas as luvas também estão indicadas durante manuseio de objetos contaminados, antes de manusear fluidos corporais e outras situações considerada de risco (AYLIFFE et al., 1998).
Para se atingir a meta de redução da infecção no hospital não basta apenas lavar as mãos, é necessária uma ação conjunta de todos profissionais de saúde na mudança de hábitos, conscientizando-se de que este ato simples é de grande relevância no controle de infecções. Além disso, a motivação e orientação dos profissionais sobre os métodos e produtos eficazes para tal procedimento são prioritários. Os sabões não degermantes são os mais comuns em uso no hospital, os quais se apresentam na forma de barra (tablete), em pó e líquidos (ONLINE,2001).
O sabão comumente usado possui ação detergente, é tensoativo, permitindo que a água remova a sujidade, detritos, impurezas da pele e microrganismos viáveis não colonizadores, agindo mecanicamente e sem atividade bactericida (CARRARO,1999).
Os antissépticos são formulações germicidas que atuam na flora contaminante e colonizadora, com baixa causticidade, sendo utilizados para reduzir o número de micróbios sobre a superfície da pele e padronizados pelo Food and Drug Administration (FDA, 1978), quando foram definidas sete categorias de produtos. No Brasil, estes compostos devem atender às recomendações emanadas pela Portaria n0 2616 (BRASIL, PORTARIA 1998), que em seu anexo IV estabelece e prioriza a lavagem e antissepsia das mãos. Existe comercialmente uma diversidade de produtos para esta finalidade, como os álcoois que são considerados simultaneamente desinfetantes e antissépticos e possuem excelente atividade contra todos os grupos de microrganismos, exceto os esporos. Não se trata de um produto tóxico, embora sua utilização constante tenha tendência a ressecar a superfície da pele em virtude da remoção dos lipídios (MURRAY et al., 2000).
A concentração recomendada de etanol é de (70,0%), considerada ótima para destruir microrganismos, sendo mais eficaz do que o álcool absoluto. Quando se adiciona glicerina a 1% ou outros emolientes, este se torna um componente eficiente para limpeza rápida de mãos, precisando apenas esfregar entre 10-20 segundos na pele das mãos até secar, sendo vantajoso, principalmente, quando as pias estiverem inadequadas, distantes ou inacessíveis para uso imediato (AYLIFFE et al., 1998). A escolha de um antisséptico para usar nas mãos deve se basear na análise dos seguintes aspectos: modo de ação, espectro, rapidez de ação, persistência, segurança, toxicidade, inativação por matéria orgânica e rápida disponibilidade do produto (ON-LINE 2001).
As principais razões para estas mudanças em um hospital Suíço foram: observação da técnica imprópria da lavagem das mãos, que deveria levar de 30 a 60 segundos e na maioria das vezes não excedia sequer 10 segundos; difícil acesso à pia com água e sabão nos locais de atendimento aos pacientes; e incidência de dermatites ou outras lesões de pele em decorrência de freqüentes lavagens das mãos. A aplicação do gel alcoólico é mais rápida e fácil do que a própria lavagem simples das mãos e causa menor irritação cutânea, pode ser realizada em qualquer local do hospital, independente da existência de pias. Ressalta-se que as mãos devem ser lavadas se estiverem visivelmente sujas, após remoção de luvas, contato potencial com sangue e/ou fluídos corpóreos, após ir ao “toillete”, após assoar o nariz antes e após alimentação (JACOBSON, 2000, ON-LINE, 2001).
Os hospitais modernos têm internamente elaborado protocolos com a finalidade de padronizar o uso de desinfetantes para o procedimento de lavagem de mãos, mas, é possível encontrar desinfetantes inadequados, concentrações também inapropriadas, com repercussões negativas para os objetivos a que se propõem os protocolos. Nesse sentido, há necessidade de uma política consistente de nível interno local, regional ou nacional de padronização de substâncias desinfetantes para uso hospitalar, considerando os parâmetros de custo-efetividade do produto (AYLIFFE et al., 1998).
Levando-se em consideração os aspectos escritos cabe indagar: que medidas são adotadas para lavagem de mãos dos profissionais da saúde que trabalham nas instituições hospitalares? Os hospitais brasileiros estão preocupados em desenvolver programas de controle de infecção para estabelecer produtos que devam ser usados rotineiramente na lavagem de mãos? Desse modo, o presente artigo teoriza de maneira rápida a relevância do uso do álcool-gel, ou similar sobre a flora transitória das mãos dos profissionais de saúde, que executam suas funções de rotina nos diferentes setores do hospital, destacando sua importância como produto racional para antissepsia das mãos no ambiente hospitalar, sem deixar de chamar atenção para os benefícios do procedimento básico da lavagem simples das mãos .
2006-10-30 01:20:21
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answer #7
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answered by Anonymous
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