Segundo FONSECA (1989), a cavidade oral é um sistema de crescimento aberto. Isto significa que a cavidade oral aloja uma grande variedade de microorganismos que são repetidamente introduzidos e removidos deste sistema, somente se estabelecem microorganismos que possuem capacidade de aderência às superfícies da cavidade oral ou que de alguma outra maneira, fiquem retidos.
A compatibilidade de coexistência dessa população microbiana com a saúde individual decorre do desenvolvimento, desde o nascimento, através de mecanismos imunológicos, de um processo de adaptação e readaptação contínuas, graças ao que se estabelece um vínculo biológico entre o organismo e os microorganismos que ele costuma abrigar. Tal vínculo garante a condição saprófita desses germes, em equilíbrio ecológico denominado anfibiose caracterizando uma situação entre simbiose e a antibiose (FONSECA, 1989).
Uma variedade de mecanismo de proteção age intraoralmente. O epitélio atua como uma barreira física e a renovação epitelial contribui para a defesa. Além disso, a mucosa oral é constantemente lubrificada pela saliva, que possui função diluente, enxaguatória e contem fatores antimicrobianos, incluindo lisosima, lactoferrin e lactoperoxidase, constitui uma barreira de proteção contra microorganismos que inclui vários fungos, entre eles a Candida. O sistema imune secretor é um sistema imunológico local que protege a mucosa e que pode ser estimulado independentemente da imunidade sistêmica (CHALLACOMBE, 1994).
O equilíbrio da microbiota bucal pode ser alterado facilitando o desenvolvimento de ação patogênica, por parte de microorganismo que a integram, entre eles destaca-se a Candida albicans em porcentagens que variam entre 30 a 60% e em menor número as C. tropicalis e pseudotropicalis, C. parapsilosis e C.stellatoidea entre outras (BURNETT et al., 1978). Desta forma, este fungo deixa a sua condição de saprófita e passa, ocasionalmente, a exercer a ação parasitária quando a virulência do fungo supera a resistência do hospedeiro (CHIMENOS, 1998).
Calcula-se que aproximadamente em 60% ou mais dos indivíduos sadios se pode isolar Candida. Todavia não está claro por que algumas pessoas podem ser portadoras e outras não, porém fatores nutricionais e interações com a flora bacteriana podem ser importantes (CHIMENOS, 1998).
A candidíase pode ser definida como uma infecção micótica causada pelo fungo do gênero Candida, sendo a espécie albicans a mais prevalente, porém outras espécies têm sido citadas, como C. tropicalis e pseudotropicalis, C. parapsilosis e C.stellatoidea, C. glabrata, C.guilhermondi, C. krusei, C. kefir e C. dubliniensis, descrita recentemente por SULLIVAN et al., (1995), associada à recorrência de candidíase oral em imunodeprimidos (PAULA, 1998, COLEMAN et al., 1998).
Na década de 30, eram raras as doenças associadas às espécies de Candida, e a candidíase sistêmica era praticamente desconhecida. Na atualidade, a candidíase superficial está entre as infecções mais comuns da pele e mucosas, e tanto a candidíase superficial como profunda são problemas de Saúde Pública. Isto se deve aos avanços tecnológicos na medicina, ao aumento de casos da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), de hospedeiros imunodeprimidos de modo geral, devido ao tratamento com antibacterianos contribuindo assim para o desequilíbrio da microflora. Desta forma, o indivíduo passa do estado de portador à doente (PAULA, 1998).
Vários fatores são citados como responsáveis pela ocorrência das candidíases, os mais citados relacionados ao hospedeiro são: crescimento do hospedeiro, perda de dentes, restaurações, aparelhos (ortodônticos e protéticos), mudanças de hábitos alimentares, higiene oral, doenças sistêmicas, alterações hormonais, certas drogas sistêmicas e locais, imunodepressão, radiação e quimioterapia. Dentre os fatores relacionados com a levedura, também denominado fator de virulência refere-se ao fenômeno de aderência (adesina), à forma miceliana, à variabilidade fenotípica, à produção de enzimas extracelulares (protease e fosfolipase) e às toxinas. Após a adesão da levedura às células do hospedeiro, inicia-se a pseudofilamentação da mesma, já que é uma característica da vida parasitária (BURNETT et al., 1978; TALHARI & NEVES, 1995 e PAULA, 1998).
2006-10-24 05:59:26
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answered by ☼♥estressada♥☼ 4
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