O arcebispo norte-americano Paul Marcinkus, conhecido pelo seu envolvimento num dos maiores escândalos financeiros do Vaticano, morreu na segunda-feira à noite na sua casa do Arizona, confirmou ontem a diocese de Phoenix à agência italiana Ansa. Tinha 84 anos.
O homem que ficou conhecido como "o banqueiro do Vaticano" vivia em Sun City desde 1990, quando regressou aos EUA. Marcinkus, que apesar de sofrer de problemas cardíacos não recusava um charuto, dirigiu o Instituto de Obras Religiosas (banco do Vaticano) entre 1971 e 1989. Viu-se obrigado a demitir-se após a falência fraudulenta do Banco Ambrosiano, em 1982, de que o IOR era o principal accionista.
Tudo começou quando Roberto Calvi, um simples trabalhador daquele banco, foi promovido a presidente da instituição com a ajuda de Monsenhor Marcinkus. Mas a gestão daquele que ficou conhecido como "o banqueiro de Deus", pelas suas ligações ao Vaticano, revelou-se danosa e deixou um buraco de 1,4 mil milhões de dólares nos cofres do Banco Ambrosiano e de 250 milhões de dólares nos do IOR.
O destino de todas estas somas, entre as quais havia alegadamente dinheiro que pertencia à Mafia, não é até hoje totalmente conhecido. Os peritos acreditam que possam ter ido para contas privadas, servido para apoiar a loja maçónica italiana Propaganda Due (P2), ou mesmo, para financiar o então ilegalizado sindicato polaco Solidariedade.
A P2 esteve ligada ao escândalo Irão-Contra e dava apoio à Gladio, uma espécie de exército secreto anti-comunista que protegia os neofascistas italianos que naquela época espalhavam o terror em Itália, usando, para tal, o que ficou conhecido como "estratégia de tensão".
Calvi, membro da P2, foi encontrado enforcado na ponte de Blackfriars em Londres, em 1982. O inquérito inicial à morte do banqueiro de 62 anos concluiu tratar-se de suicídio, mas o aparecimento de novos elementos conduziram à abertura de um inquérito por homicídio e cinco pessoas, algumas delas ligadas à Mafia siciliana, Cosa Nostra, estão a ser julgadas actualmente em Itália. A sua morte inspirou o controverso filme de Giuseppe Ferrara Banchiere di Dio (banqueiro de Deus).
A justiça italiana chegou mesmo a acusar o arcebispo Marcinkus no âmbito deste caso, mas o Papa João Paulo II intercedeu a seu favor, mantendo nele toda a confiança.
Paul Casimir Marcinkus, natural de Cicero, um bairro de Chicago, foi ordenado padre em 1947 e nomeado arcebispo em 1981. Mas nunca chegaria, porém, a ser cardeal.
O seu sucessor à frente do IOR, Angelo Caloia, um banqueiro natural de Milão, descreveu-o recentemente numa entrevista como "um tipo superficial, sem dúvida muito mal aconselhado, mas de uma honestidade pessoal absoluta".
E acrescentou: "Marcinkus, que como bom americano gostava de jogar umas partidas de golfe e de basebol, fazia questão de conhecer bem o mundo dos negócios, mas acabou por ser a sua primeira vítima."
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2006-10-16 09:09:01
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answer #3
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answered by neto 7
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