Neutralidade das Testemunhas de Jeová
As Testemunhas de Jeová são conhecidas por manterem neutralidade em relação à s nações da Terra e à s suas instituições governamentais e militares. Divulgam mundialmente uma mensagem que alegam estar baseada na BÃblia, anunciando que o Reino de Deus é o único meio pelo qual os que amam a justiça podem obter paz, prosperidade e felicidade. Devido a essa crença, mantêm-se estritamente neutras no que diz respeito aos conflitos entre as nações, rejeitando o racismo e a xenofobia.
Fundamento bÃblico
As Testemunhas de Jeová argumentam que a sua posição de neutralidade, tal como em outras práticas e doutrinas, tem uma base bÃblica. Definem neutralidade como a posição assumida por aqueles que não se colocam do lado de nenhum de dois ou mais partidos em disputa nem lhes dão apoio. Para elas, neutralidade significa a não interferência no que outros fazem no que diz respeito a participarem em cerimónias patrióticas, servirem nas forças armadas, unirem-se a partidos polÃticos, buscarem um cargo polÃtico ou votarem num candidadto partidário ou polÃtico. Afirmam que isso não é compatÃvel com a adoração que prestam unicamente a Jeová, a quem dedicaram a vida sem reservas, nem com o apoio que dão ao Seu Reino ou Teocracia que entendem como única solução para o governo global da Terra, afirmando que todos os restantes governos polÃticos, mesmo que possuam boas intenções, estão condenados ao fracasso com o aproximar do fim do actual sistema de coisas, no Armagedom.
Para fundamentar esta posição costumam referir o próprio exemplo de Jesus Cristo, de quem se afirmam seguidores, usando os seguintes versÃculos bÃblicos, conforme apresentados na Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas (NM):
* João 17:16
"Não fazem parte do mundo, assim como eu não faço parte do mundo."
Palavras de Jesus, em oração ao Pai, com referência aos seus discÃpulos na ocasião, bem como aos futuros.
* João 6:15
"Jesus, portanto, sabendo que estavam para vir e apoderar-se dele para o fazerem rei, retirou-se novamente para o monte, sozinho."
Recusa de Jesus Cristo em aceitar um cargo polÃtico.
* João 18:36
"Meu reino não faz parte deste mundo. Se o meu reino fizesse parte deste mundo, meus assistentes teriam lutado para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas, assim como é, o meu reino não é desta fonte."
Palavras dirigidas por Jesus ao governador romano Pôncio Pilatos que o recebia em audiência de julgamento.
Mundo controlado por Satanás
As Testemunhas de Jeová crêem que o actual mundo, com a sua sociedade e instituições governamentais, militares, comerciais e religiosas, estão sob o controlo de Satanás a quem Jesus se referiu como "o governante do mundo" (João 14:30). Só assim, dizem, se pode explicar a oferta que o Diabo fez a Jesus e que ele prontamente rejeitou:
* Lucas 4:5-8
"Ele o levou assim para cima e lhe mostrou todos os reinos da terra habitada, num instante de tempo; e o Diabo disse-lhe: Eu te darei toda esta autoridade e a glória deles, porque me foi entregue e a dou a quem eu quiser. Se tu, pois, fizeres um ato de adoração diante de mim, tudo será teu. Em resposta, Jesus disse-lhe: Está escrito: à a Jeová, teu Deus, que tens de adorar e é somente a ele que tens de prestar serviço sagrado."
Entendem que o governo do mundo foi concedido a Satanás pelo próprio Deus por um tempo, que se estende por milénios, após o desafio que aquele anterior anjo fiel lançou sobre a Soberania de Jeová. Portanto, argumentam que qualquer que seja a facção que alguém apóie na actualidade, estará sempre a apoiar o inimigo de Deus. Usam os versÃculos alistados abaixo para provar que o actual mundo é governado por Satanás e pelos seus demónios:
* Efésios 6:11-12
"Revesti-vos da armadura completa de Deus, para que vos possais manter firmes contra as maquinações do Diabo; porque temos uma pugna, não contra sangue e carne, mas contra os governos, contra as autoridades, contra os governantes mundiais desta escuridão, contra as forças espirituais inÃquas nos lugares celestiais."
* 2 CorÃntios 4:3-4
"Se as boas novas que declaramos estão de fato veladas, estão veladas entre os que perecem, entre os quais o deus deste sistema de coisas tem cegado as mentes dos incrédulos, para que não penetre o brilho da iluminação das gloriosas boas novas a respeito do Cristo, que é a imagem de Deus."
* Tiago 4:4
"Não sabeis que a amizade com o mundo é inimizade com Deus? Portanto, todo aquele que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus."
* 1 João 5:19
"O mundo inteiro jaz no poder do inÃquo"
Sujeição relativa às autoridades governamentais
Apesar de considerarem que todos os governos humanos estão sob o controlo de Satanás, reconhecem que isso só acontece por permissão divina e por um determinado perÃodo. Entendem ainda que os governos nacionais também exercem autoridade por permissão divina até que Ele finalmente os remova. Assim, usam a BÃblia para esclarecer a sua posição de sujeição obediente aos governos e à s suas leis. No entanto, tal obediência é encarada por elas como relativa visto que apenas reconhecem a autoridade absoluta de Jeová, cuja vontade, afirmam, se encontra expressa na BÃblia. Para esclarecer esta sujeição relativa à s autoridades superiores humanas, costumam usar versÃculos bÃblicos tais como:
* Romanos 13:1-2, 7
"Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores, pois não há autoridade exceto por Deus; as autoridades existentes acham-se colocadas por Deus nas suas posições relativas. Portanto, quem se opõe à autoridade, tem tomado posição contra o arranjo de Deus; os que têm tomado posição contra este receberão um julgamento para si mesmos. Rendei a todos o que lhes é devido, a quem exigir imposto, o imposto; a quem exigir tributo, o tributo; a quem exigir temor, tal temor; a quem exigir honra, tal honra."
* Mateus 5:41
"Se alguém sob autoridade te obrigar a prestar serviço por mil passos, vai com ele dois mil."
* Tito 3:1
"Continua a lembrar-lhes que estejam sujeitos e sejam obedientes a governos e autoridades como governantes."
* 1 Pedro 2:13, 14
"Pela causa do Senhor, sujeitai-vos a toda criação humana: quer a um rei, como sendo superior, quer a governadores, como enviados por ele para infligir punição a malfeitores, mas para louvar os que fazem o bem."
Inferem que tal obediência às autoridades é relativa através das palavras de Jesus:
* Marcos 12:17
"Jesus disse então: Pagai de volta a César as coisas de César, mas a Deus as coisas de Deus."
Similarmente, quando as autoridades judaicas ordenaram que os apóstolos Pedro e João parassem de pregar a respeito de Jesus, eles responderam:
* Atos 4:19, 20
"Se é justo, à vista de Deus, escutar antes a vós do que a Deus, julgai-o vós mesmos. Mas, quanto a nós, não podemos parar de falar das coisas que vimos e ouvimos."
Ao serem presos por reincidirem na desobediência à ordem do Tribunal, os apóstolos afirmaram:
* Atos 5:27-29
"E o sumo sacerdote interrogou-os, dizendo: Nós vos ordenamos positivamente que não ensinásseis à base deste nome, e, ainda assim, eis que enchestes Jerusalém com o vosso ensino, e estais resolvidos a trazer sobre nós o sangue deste homem. Em resposta, Pedro e os outros apóstolos disseram: Temos de obedecer a Deus como governante antes que aos homens."
Esta última frase: Temos de obedecer a Deus como governante antes que aos homens, foi inclusivamente escolhida para estar exposta, como texto anual de 2006, em todos os Salões do Reino das Testemunhas de Jeová ao redor do mundo.
Posição dos primeiros cristãos
Visto que as Testemunhas de Jeová afirmam ter reconstituÃdo o cristianismo à sua forma original, tal como instituÃdo por Jesus e pelos apóstolos, citam o comportamento dos primitivos cristãos para reafirmarem a sua posição de neutralidade. Para isso, recorrem a algumas obras de referência que analisam a história inicial do cristianismo.
Neutralidade quanto a cargos polÃticos
A neutralidade dos professos cristãos dos primeiros séculos da nossa Era pode ser atestada em algumas obras, tais como:
"Os cristãos mantinham-se alheios e separados do estado, como raça sacerdotal e espiritual, e o cristianismo parecia capaz de influenciar a vida civil apenas desse modo, sendo este, é preciso confessar, o mais puro, por praticamente se esforçarem a incutir mais e mais o sentimento sagrado nos cidadãos do estado." (The History of the Christian Religion and Church, During the Three First Centuries, Nova Iorque, 1848, de Augusto Neander, traduzido do alemão por H. J. Rose, pág. 168)
"Ao passo que eles inculcavam as máximas da obediência passiva, recusavam-se a tomar qualquer parte ativa na administração civil ou na defesa militar do império. (...) Era impossÃvel que os cristãos, sem renunciarem a um dever mais sagrado, pudessem assumir o caráter de soldados, de magistrados ou de prÃncipes." (History of Christianity, de Edward Gibbon, 1891, pág. 162-3)
"Os cristãos (...) evitavam cargos públicos e o serviço militar." (The Great Events by Famous Historians, de F. P. G. Guizot, editado por R. Johnson, 1905, Vol. III, pág. 246)
"O primitivo cristianismo foi pouco entendido e foi considerado com pouco favor pelos que governavam o mundo pagão. Os cristãos recusavam-se a participar em certos deveres dos cidadãos romanos. Os cristãos (...) achavam que era uma violação da sua fé entrar no serviço militar. Não queriam ocupar cargos polÃticos. Não adoravam o imperador." (On the Road to Civilization, A World History, Filadélfia, EUA, 1937, de A. K. Heckel e J. G. Sigman, pág. 237, 238)
Neutralidade quanto ao serviço militar
Os primitivos cristãos professos negavam-se a servir no exército romano, tanto nas legiões como em serviços auxiliares, considerando tal serviço totalmente incompatÃvel com os ensinos do cristianismo. Diz Justino, o Mártir, do Século II EC, no seu "Diálogo com o Judeu TrÃfon":
"Nós, que estávamos cheios de guerra, e de matança mútua, e de toda a iniquidade, transformamos cada um de nós, em toda a terra, as nossas armas guerreiras, as nossas espadas em relhas de arado, e as nossas lanças em implementos de lavoura." (The Ante-Nicene Fathers, Vol. I, pág. 254)
No seu tratado "A Grinalda, ou De Corona", ao considerar "se a guerra é mesmo apropriada para os cristãos", Tertuliano (c. 200 EC) argumentou à base das Escrituras a ilegalidade até mesmo da própria vida militar, concluindo:
"Proscrevo para nós a vida militar." (The Ante-Nicene Fathers, 1957, Vol. III, pág. 99, 100)
Maximiliano, mártir do Século III EC ao ser ameaçado de morte pelo tribunal romano por recusar alistar-se nas forças militares, disse:
"Não servirei. Vós podeis decapitar-me, mas eu não servirei aos poderes Deste Mundo; servirei, sim, a meu Deus."' (An Historian’s Approach to Religion, de Arnold Toynbee)
Referem ainda algumas outras obras:
"No segundo século, o cristianismo (...) tinha afirmado a incompatibilidade do serviço militar com o cristianismo." (A Short History of Rome, de G. Ferrero e C. Barbagallo, 1919, pág. 382)
"Os primitivos cristãos pensavam ser errado lutar, e não serviam no exército mesmo quando o Império precisava de soldados." (The New World’s Foundations in the Old, de R. e W. M. West, 1929, pág. 131)
"Uma cuidadosa análise de toda a informação disponÃvel mostra que, até o tempo de Marco Aurélio [121-180 EC], nenhum cristão tornou-se soldado; e nenhum soldado, depois de tornar-se cristão, permanecia no serviço militar." (The Rise of Christianity, de E. W. Barnes, 1947, pág. 333)
"Ver-se-á logo que a evidência da existência de um único soldado cristão entre 60 e cerca de 165 EC é extremamente insignificante;(...) até o reinado de Marco Aurélio, pelo menos, nenhum cristão se tornava soldado após seu batismo." (The Early Church and the World, de C. J. Cadoux, 1955, pág. 275, 276)
"O comportamento dos cristãos era muito diferente daquele dos romanos. (...) Visto que Cristo havia pregado a paz, recusavam-se a tornar-se soldados." (Our World Through the Ages, de N. Platt e M. J. Drummond, 1961, pág 125)
"Os bem primitivos cristãos não serviam nas forças armadas, (...) desde o fim do perÃodo do Novo Testamento até a década de 170-180 A.D. não há evidência alguma de cristãos no exército." (Christian Attitudes Toward War and Peace, Abingdon, 1960, pág. 67-8)
Explicando o que acabou por conduzir os que se diziam cristãos a envolverem-se no exército, certa obra afirma:
"Os cristãos que viviam mais perto do tempo de nosso Salvador criam, com indubitável confiança, que ele havia inequivocamente proibido a guerra — que eles abertamente afirmavam esta crença e que, em apoio dela, estavam dispostos a sacrificar, e realmente sacrificaram, suas fortunas e suas vidas. Os cristãos, porém, mais tarde, tornaram-se soldados. E quando? Quando sua fidelidade geral ao cristianismo ficou relapsa, quando, em outros sentidos, violaram os princÃpios dele, (...) Em suma, tornaram-se soldados quando deixaram de ser cristãos." (Uma Investigação da Concordância da Guerra com os PrincÃpios do Cristianismo, de Jonathan Dymond pág. 60, 61, em inglês)
Nacionalismo, racismo e xenofobia
O nacionalismo é um sentimento de orgulho exacerbado que leva a pessoa a considerar a sua nação como superior à s demais. Tal como o nacionalismo, a exaltação excessiva de um grupo étnico ou de uma raça pode servir para fomentar o ódio de outros grupos. O tribalismo continua a atear a violência em muitos paÃses africanos enquanto que o racismo ainda é um flagelo mundial. O naciolismo e o racismo podem ser doentios, podendo resultar em xenofobia, quer dizer, uma aversão a outras raças e culturas, um medo intensivo, descontrolado e desmedido em relação a pessoas ou grupos diferentes. As Testemunhas de Jeová rejeitam liminarmente tais sentimentos que consideram anti-bÃblicos, visto que entendem que todas as raças humanas tiveram origem num único casal, o que as torna aparentadas. Costumam citar a BÃblia como justificativa para condenar qualquer tipo de barreiras que dividam os homens, sejam elas raciais, sociais, ou nacionais, usando versÃculos tais como os seguintes conforme vertidos pela Tradução do Novo Mundo:
* Atos 10:34-35
"Pedro abriu a boca e disse: Certamente percebo que Deus não é parcial, mas, em cada nação, o homem que o teme e que faz a justiça lhe é aceitável."
* Revelação ou Apocalipse 7:9, 10
"Eis uma grande multidão, que nenhum homem podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e lÃnguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro, trajados de compridas vestes brancas; e havia palmas nas suas mãos. E gritavam com voz alta, dizendo: Devemos a salvação ao nosso Deus, que está sentado no trono, e ao Cordeiro."
Devido à sua estrita neutralidade, as Testemunhas de Jeová têm tido êxito em reunir em união pacÃfica, tratando-se como irmãos, pessoas que antes estavam divididas por diferenças polÃticas, raciais e religiosas, tal como acontece entre israelitas e palestinianos, hutus e tutsis, cingaleses e tâmeis, etÃopes e eritreus, sérvios e croatas, entre outros casos. As Testemunhas crêem que, sob o Reino de Deus, a Terra deixará de ter fronteiras e as barreiras linguÃsticas também serão eliminadas, passando a ser falado um único idioma global.
Neutralidade polÃtica
Visto que advogam e proclamam apenas a Teocracia, o governo de Jeová, é esta forma de governo que defendem. Assim, recusam assumir cargos polÃticos, afiliar-se partidariamente ou envolver-se em questões de natureza polÃtica.
Como encaram o voto
As Testemunhas entendem que não existem princÃpios bÃblicos que condenem a prática do voto em si. Por exemplo, não há motivos para os directores de uma entidade não usarem o voto a fim de tomar decisões que afetem a entidade. Os membros das congregações das Testemunhas de Jeová muitas vezes votam, erguendo as mãos, para decidir sobre os horários das reuniões e o uso dos recursos da congregação.
Quanto ao votar em eleições polÃticas, as Testemunhas de Jeová não interferem no direito que outros têm de votar, nem fazem qualquer tipo de campanha contra eleições polÃticas. Elas respeitam e cooperam com as autoridades devidamente constituÃdas nessas eleições. Quanto a votar para um candidato numa eleição, cada Testemunha de Jeová decide o que fazer com base na sua consciência treinada pela BÃblia e no entendimento de sua responsabilidade para com Deus e o Estado. No entanto, a sua posição de neutralidade leva a maioria das Testemunhas de Jeová em diversos paÃses a decidirem não votar em eleições polÃticas. Nos casos em que a lei exige que os cidadãos votem, cada Testemunha de Jeová será responsável por tomar uma decisão em consciência, baseada na BÃblia, para lidar com essa situação. Se decidir comparecer à s urnas, essa é uma questão pessoal. O que ela faz na cabine de votação é entre ela e o seu Criador.
Obediência às autoridades civis
Apesar de acreditarem que o arranjo governamental de Jeová tenha sido temporariamente interrompido com respeito ao governo terrestre, as Testemunhas reconhecem que precisa haver alguma forma de autoridade, até que se restabeleça plenamente a regência divina. Entendem que as autoridades civis ajudam a manter certa medida de ordem na sociedade, sem a qual haveria um caos resultante da anarquia e que, ao assim actuarem, as autoridades reflectem o que remanesce da consciência do homem, dada por Deus. Reconhecem que os governos nacionais ou regionais têm a necessária autoridade para manter certo grau de ordem nos serviços públicos tais como a saúde pública, o abastecimento de água, o correio, a construção de estradas, a educação, o combate ao crime e ao fogo, proteção judicial, promulgação de legislação relacionada com a construção, a prevenção de incêndios e poluição, salubridade de géneros alimentÃcios, remédios, trânsito, entre outras coisas. Em reconhecimento destes benefÃcios, entendem que o verdadeiro cristão deverá dar à s autoridades seculares a sua sujeição relativa e pagar os impostos exigidos por lei.
Reconhecem que é necessário estar em sujeição relativa à autoridade exercida pelos que ocupam várias posições na vida secular, tal como o professor, o patrão, o agente policial, o juiz, entre outros. Continuam a manter este conceito apesar dos aparentes abusos ou das faltas das actuais autoridades, sabendo que "alguém que é mais alto do que o alto está vigiando, e há os que estão alto por cima deles" (Eclesiastes 5:8 NM).
Apenas se recusam a obedecer a leis que visem propositadamente impedir o seu direito à adoração ao seu Deus, Jeová, ou que os proÃba de cumprir aquilo que consideram ser a Sua vontade, tal como o trabalho de evangelização ou a realizaçõa de reuniões para estudo da BÃblia. Além disso, negam-se terminantemente a realizar tarefas que, mesmo obrigatórias por lei, violem o que consideram ser os princÃpios bem estabelecidos da BÃblia, tal como cumprir o serviço militar, saudar uma bandeira ou cantar um hino nacional, filiar-se num partido polÃtico, entre outras coisas similares.
Pagamento de impostos
Se no paÃs onde vivem as religiões são isentas de impostos, as congregações podem aproveitar essa vantagem. E, como quaisquer outros cidadãos, tirarão benefÃcio de possÃveis dispositivos legais que lhes permitam reduzir os seus impostos. No entanto, nenhuma Testemunha deve ilegalmente esquivar-se de pagar impostos.
Mesmo que vivam sob um sistema polÃtico do qual pessoalmente não gostam, talvez por cercear a sua liberdade pessoal, as Testemunhas de Jeová são ensinadas a pagar impostos. Caso um determinado imposto pareça injusto ou se parte dele for usado para financiar algo com que discordam, tal como o aborto gratuito ou a compra de equipamento militar, ainda assim, continuam sob a obrigação bÃblica de pagar integralmente os impostos. Entendem que os governantes é que terão de assumir a responsabilidade pelo uso do dinheiro arrecadado, visto que elas não foram designadas para julgar as autoridades. Essa prestação de contas será efectuada perante o AltÃssimo. Mesmo quando as autoridades as perseguem, as Testemunhas sentem o dever de pagar impostos por causa dos serviços quotidianos que são prestados.
Serviço militar
Em face da sua neutralidade quanto aos assuntos e divergências entre nações ou facções militarizadas, as Testemunhas de Jeová negam-se a executar qualquer tipo de trabalho, obrigatório por lei ou não, que contribua para o esforço de guerra. Assim, rejeitam inclusivamente qualquer tipo de emprego, mesmo civil, que de alguma forma envolva a produção de armamento ou outros produtos directamente fabricados para fins militares. Não aceitam a incorporação militar, o uso de farda, nem mesmo a realização de tarefas civis mas que de alguma forma estejam sob a alçada de organizações militares. Entendem que tais trabalhos violariam prÃncipios bÃblicos (NM), tais como:
* IsaÃas 2:4
"E ele certamente fará julgamento entre as nações e resolverá as questões com respeito a muitos povos. E terão de forjar das suas espadas relhas de arado, e das suas lanças, podadeiras. Não levantará espada nação contra nação, nem aprenderão mais a guerra."
* Mateus 5:44
"No entanto, eu vos digo: Continuai a amar os vossos inimigos e a orar pelos que vos perseguem."
* Mateus 26:52
"Jesus disse-lhe então: Devolve a espada ao seu lugar, pois todos os que tomarem a espada perecerão pela espada."
Aguardam o tempo em que acreditam que serão cumpridas as seguintes promessas bÃblicas:
* Salmos 46:8-9
"Vinde, observai as atividades de Jeová, como ele tem posto eventos assombrosos na terra. Ele faz cessar as guerras até a extremidade da terra. Destroça o arco e retalha a lança, as carroças ele queima no fogo."
* Salmos 72:7-8
"Nos seus dias florescerá o justo e a abundância de paz até que não haja mais lua. E terá súditos de mar a mar e desde o Rio até os confins da terra."
* IsaÃas 32:17, 18
"E o trabalho da verdadeira justiça terá de tornar-se a paz; e o serviço da verdadeira justiça: sossego e segurança por tempo indefinido. E meu povo terá de morar num lugar de permanência pacÃfico, e em domicÃlios de plena confiança, e em lugares de descanso sem perturbação."
* IsaÃas 54:13
"E todos os teus filhos serão pessoas ensinadas por Jeová e a paz de teus filhos será abundante."
PacÃficas mas não pacifistas
Apesar de se considerarem pacÃficas, afirmam não se enquadrarem entre os que usualmente se definem como pacifistas. Isto acontece porque reconhecem o direito de Deus de travar guerra. Assim, nunca questionaram o direito de Deus de autorizar o antigo Israel a lutar por Ele quando aquela nação era seu único instrumento na Terra.
Segundo elas, Deus não só tem o direito, mas também a obrigação, com base na Sua justiça, de remover da Terra as pessoas perversas. Crêem que Deus só tolerará o mal até certo ponto e muitos dos que praticam o que é mau nunca atenderão aos pacientes apelos divinos para mudar a sua maneira de agir. Portanto, reconhecem que por fim Deus terá de eliminar a tais por trazer "o dia que arde como fornalha, e todos os presunçosos e todos os que praticam a iniquidade terão de tornar-se como restolho. E o dia que virá certamente os devorará, disse Jeová dos exércitos, de modo que não lhes deixará nem raiz nem galho" (Malaquias 4:1 NM).)
O último livro da BÃblia descreve esse conflito como "a guerra do grande dia de Deus, o Todo-poderoso", ou Armagedom. (Revelação ou Apocalipse 16:14, 16). Diz-se que Jesus Cristo toma a dianteira nela, e que ele "guerreia em justiça" (Revelação 19:11, 14, 15). Entendem que Jesus Cristo é correctamente chamado de "PrÃncipe da Paz" (IsaÃas 9:6), mas não é pacifista visto ele agirá "por ocasião da revelação do Senhor Jesus desde o céu, com os seus anjos poderosos, em fogo chamejante, ao trazer vingança sobre os que não conhecem a Deus e os que não obedecem à s boas novas acerca de nosso Senhor Jesus" (2 Tessalonicenses 1:6-9 NM).
As Testemunhas de Jeová, que se consideram cristãos verdadeiros, afirmam amar a paz. Permanecem completamente neutros nos conflitos militares, polÃticos e étnicos do mundo. Mas, no sentido estrito do termo, não são pacifistas porque aguardam com prazer a Guerra de Deus que finalmente fará com que se faça a vontade Dele na Terra, uma guerra que resolverá a grande questão da soberania universal e que livrará a Terra dos inimigos da paz de uma vez por todas.
Serviço cÃvico alternativo ao serviço militar
Durante muitos anos, a maioria dos governos não possuÃam qualquer alternativa a quem, por objecção de consciência, rejeitasse a incorporação militar. Muitos jovens entre as Testemunhas de Jeová, devido à sua neutralidade, foram presos devido à sua intransigência em participar em qualquer esforço militar. Com o passar dos anos após a Segunda Guerra Mundial, vários paÃses passaram a oferecer tarefas alternativas ao serviço militar obrigatório. No entanto, em muitos locais esses serviços alternativos, embora civis, continuavam sob a alçada de autoridades militares. Em outros casos, concedia-se isenção até do serviço cÃvico alternativo a membros de algumas religiões reconhecidas pelo Estado, mas tal tratamento era negado à s Testemunhas. Assim, as Testemunhas de Jeová continuavam a negar cumprir até mesmo esse serviço alternativo.
Mais recentemente, a maioria dos paÃses ditos democráticos passaram a modificar a sua perspectiva em relação ao serviço militar compulsório, reconhecendo o direito dos seres humanos à s suas convições morais e religiosas. Em face disto, o Corpo Governante das Testemunhas de Jeová publicou um artigo na revista A Sentinela, de 1 de Maio de 1996, intitulado "Pagamos a César as coisas de César". Este artigo referiu que em alguns paÃses já se concedia isenção do serviço militar aos ministros religiosos, o que as Testemunhas afirmam ser. Entre tais paÃses encontravam-se os Estados Unidos ou a Austrália, que concedem tal isenção mesmo em tempo de guerra. E em tempos de paz, em muitos paÃses que mantêm o serviço militar obrigatório, concede-se isenção à s Testemunhas de Jeová, por serem ministros religiosos, sendo que assim podem continuar a ajudar pessoas com o que o Estado reconhece ser um serviço público.
O artigo prossegue mencionando que há paÃses em que o Estado, embora não conceda isenção aos ministros religiosos, reconhece que algumas pessoas podem ter objeção ao serviço militar. Muitos destes paÃses têm providências para não obrigar essas pessoas conscienciosas a prestar serviço militar. Em alguns lugares, o serviço civil compulsório, tal como um trabalho útil na comunidade, é considerado como um serviço não-militar, nacional. Esse serviço cÃvico alternativo assume a forma de participação em diversos tipos de tarefas comunitárias, sob a alçada de organismos civis, tal como escavar poços ou construir vias rodoviárias, a participação semanal na limpeza de estradas, escolas ou hospitais. O artigo referia que, nestes casos, os jovens entre as Testemunhas de Jeová teriam de fazer as suas próprias decisões pessoais à base das suas consciências treinadas pela BÃblia. Muitos entre eles têm muitas vezes concordado em prestar tais serviços quando é para o bem da comunidade e não está ligado ao que consideram ser alguma forma de religião falsa, nem é de qualquer outra maneira objectável à sua consciência.
Nos casos em que alguém conclui que o serviço civil, nacional, é uma obra em que pode participar em obediência à s autoridades, sem violar princÃpios bÃblicos, tal decisão cabe a ele perante Deus. Os anciãos designados e outros devem respeitar plenamente a sua decisão em consciência e continuar a considerá-lo como um cristão de boa reputação. No entanto, se achar que não pode prestar este serviço civil, sua atitude também deve ser respeitada, mantendo a sua boa reputação.
Saudação à bandeira
à bem conhecido que alguns grupos religiosos têm apoiado a violência armada contra governos que desaprovam. Mas as Testemunhas de Jeová não se envolvem em subversão polÃtica de qualquer espécie. Quando se recusam a saudar um sÃmbolo nacional ou a cantar um hino patrótico, alegam que não o fazem por deslealdade ou traição, visto que não pretendem desrespeitar ou favorecer um paÃs em relação a outro. Elas adoptam uma posição idêntica em todos os paÃses em que vivem. A sua atitude não é de desrespeito mas sim de neutralidade. Não assobiam nem gritam para atrapalhar uma cerimónia patriótica, não cospem na bandeira, não a pisoteiam nem a queimam. A sua recusa em participar em cerimónias nacionalistas não é uma atitude contra o governo. A sua posição baseia-se na sua interpretação das palavras proferidas por Jesus Cristo:
* Mateus 4:10
"à a Jeová, teu Deus, que tens de adorar e é somente a ele que tens de prestar serviço sagrado." (NM)
Uma vez mais, as Testemunhas de Jeová afirmam que a sua posição é igual à dos primitivos cristãos nos dias do Império Romano. Sobre esses cristãos, Elmer W. K. Mould escreveu:
"O acto de adoração do imperador consistia em aspergir alguns grãos de incenso ou algumas gotas de vinho sobre um altar que havia diante duma imagem do imperador. Talvez, por estarmos tão afastados daquela situação, não vemos neste acto nada de diferente de (...) erguer a mão numa continência à bandeira ou diante dum famoso chefe de estado, uma expressão de cortesia, respeito e patriotismo. à possÃvel que muita gente, no primeiro século, pensasse a mesma coisa sobre isso, mas não os cristãos. Eles encaravam o assunto inteiro como adoração religiosa, reconhecendo o imperador como divindade, e, por isso, como deslealdade a Deus e a Cristo, e recusavam-se a fazer isso." (Essentials of Bible History, 1951, pág. 563)
Um acto de adoração
Para as Testemunhas, a continência a um lÃder governamental, tal como a famosa expressão nazi Heil Hitler, a saudação à bandeira ou o cantar um hino nacional equivale a um acto de adoração. Vários autores apresentam o mesmo raciocÃnio:
"As primitivas bandeiras tinham carácter quase que puramente religioso. (...) A ajuda da religião parece sempre ter sido procurada para dar santidade às bandeiras nacionais." (Encyclopædia Britannica)
"A bandeira, tal como a cruz, é sagrada. (...) As normas e os regulamentos relativos à atitude humana para com os estandartes nacionais usam palavras fortes, expressivas, como: Culto à Bandeira, Reverência à Bandeira, Devoção à Bandeira." (The Encyclopedia Americana)
"Os cristãos negaram-se a (...) oferecer sacrifÃcios ao génio do imperador, o que hoje em dia equivale aproximadamente a negar-se a fazer continência à bandeira ou a repetir o juramento de lealdade." (Those About to Die, 1958, de Daniel P. Mannix, pág. 135)
Assim, visto que encaram a saudação à bandeira como acto de adoração, sendo que crêem que a adoração pertence somente a Deus, não podem conscienciosamente adorar outro alguém ou alguma coisa.
Também, o hino nacional é, na realidade, um cântico religioso ou uma oração a favor duma nação. Costuma pedir prosperidade material e longevidade para a nação. Naturalmente, nem todos os hinos nacionais incluem petições a Deus, mas muitos exaltam a sua nação acima de outras ou expressam louvor a determinados feitos militares. Algumas fontes reconhecidas expressam um conceito similar, como por exemplo:
"Os hinos nacionais são expressões de sentimentos patrióticos e muitas vezes incluem pedidos de orientação e proteção divinas para o povo ou seus governantes" (The Encyclopedia Americana)
"Os sentimentos dos hinos nacionais variam, desde orações a favor do monarca, alusões a batalhas e levantes de importância nacional (...) a expressões de sentimentos patrióticos" (Encyclopædia Britannica)
Perseguição devido à neutralidade
Devido à sua posição neutra e intransigente quanto ao apoio militar, ou à veneração de sÃmbolos nacionalistas, as Testemunhas de Jeová foram duramente perseguidas, espancadas, encarceradas e mortas em muitos paÃses da Terra, incluindo os usualmente conhecidos pela sua tolerância. Devido à expulsão em massa da escola de filhos de Testemunhas de Jeová, por algum tempo em fins dos anos 30 e inÃcio dos 40, no Século XX, foi necessário que elas operassem as suas próprias escolas nos Estados Unidos e no Canadá a fim de prover educação para os seus filhos. Eram chamadas de Escolas do Reino.
Onde há um forte espÃrito de nacionalismo, usualmente a tendência é esperar que todos falem e ajam da mesma maneira que a maioria, sem concessões à consciência religiosa. Isto é uma forma de controle do pensamento levado a extremos sob certos tipos de governo. Em vários destes paÃses, as actividades das Testemunhas de Jeová estão proscritas sendo que elas efectuam o seu trabalho de evangelização de uma forma clandestina. Já em pleno Século XXI, em vários paÃses, tal como na Eritréia, várias Testemunhas permanecem presas, algumas delas por mais de dez anos. Perseguições violentas têm ocorrido na República da Geórgia ou no Turcomenistão. Mesmo em paÃses como Grécia ou a Coreia do Sul, centenas de Testemunhas de Jeová são presas devido a negarem-se a prestar o serviço militar obrigatório, sendo-lhes negado o direito à objecção de consciência.
O usufruto imparcial da liberdade não é fácil, até mesmo em paÃses ditos democráticos. Usualmente, quem não anda no mesmo passo que a maioria em certas coisas terá de defender seus direitos constitucionais. As Testemunhas de Jeová, especialmente em anos passados, estabeleceram muitos precedentes legais em resultado da sua luta legal em defesa da liberdade, as liberdades das minorias que ainda não se acham absolutamente asseguradas.
Ver também
* Serviço voluntário das Testemunhas de Jeová
* Triângulos Roxos
* Objetor de consciência
* Leopold Engleitner
2006-10-03 23:37:01
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answer #3
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answered by Anonymous
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