Claro.
Existem centenas de reportagens a esse respeito.
Seria uma forma de incentivar o tratamento quando ainda criança para não trazer tanto transtorno ao adulto do futuro.
[TESE DE DOUTORADO - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO/EPM]
FISBERG, M. ATUALIZAÃÃO EM OBESIDADE INFANTIL E
ADOLESCENTE. EDITORA ATHENEU, SÃO PAULO, 2004.
TANNER, JM - Growth and maturation during adolescence.
Nutr. Rev., 39(2): 43-55, 1981.
Nutricionista, Professora Adjunta e Coordenadora do Ambulatório de Obesidade do Centro de Atendimento e Apoio ao Adolescente da UNIFESP/EPM.
2- Médico pediatria e nutrólogo, Professor Adjunto e Chefe do Centro de Atendimento e Apoio ao Adolescente da UNIFESP/EPM - Coordenador Núcleo de Qualidade de Vida da Universidade São Marcos - Coordenador CientÃfico da Força Tarefa Controle de Peso e Atividade FÃsica Ilsi Brasil.
Nas duas últimas décadas, a obesidade tem se tornado um dos principais problemas de saúde pública entre crianças e adolescentes
No Brasil, alguns estudos pontuais têm demonstrado esse problema (Von Der Heyde, 1996;Ribeiro et al., 1998; Castro et al., 1999; Salles et al., 1999; Balaban & Silva, 2001), sendo que, em trabalhos realizados por nosso grupo nas cidades de São Paulo, Santos e Cotia, tem sido verificado que o excesso de peso está presente em 30% a 40% das crianças e em mais de 20% dos adolescentes.
Esse é um fato preocupante, uma vez que a obesidade normalmente está associada a algumas alterações metabólicas, tais como a hipertensão, a dislipidemia, a hiperinsulinemia e, mais recentemente, a diabete tipo II.
Embora muitos profissionais julguem conhecer os critérios antropométricos que estão sendo adotados para a avaliação da população jovem, tem sido observado um certo desconhecimento na interpretação dos resultados encontrados para essa população, sendo necessário, portanto, muita cautela, pois essa avaliação dependerá de vários fatores, como: idade, sexo, maturação sexual e gravidade da obesidade.
Atualmenteconsidera-sequecriançaseadolescentesestão com sobrepeso quando o Ãndice de massa corporal (IMC) for > P85 e < P95, e com obesidade quando o IMC > P95, devendo sempre ser levado em consideração o sexo e a idade.
De acordo com Barlow e Dietz (1998), um Comitê de “Experts”,composto por médicos, enfermeiros e nutricionistas, propõe que crianças com IMC > P85 com complicações da obesidade (dislipidemia, hipertensão ou outra alteração) ou ainda aquelas com IMC>P95 com ou sem complicações devem ser submetidas à avaliação e tratamento.
Para a avaliação do IMC, tem-se utilizado as curvas propostas pelo Center Disease of Control (CDC, 2001), que compreendem a faixa etária dos 2 aos 20 anos de idade (Figura 1). No entanto, é importante destacar alguns pontos que devem ser observados na prática clÃnica:
a) Considerando as recomendações internacionais, deve-se ter muito cuidado ao avaliar as crianças menores de 7 anos, pois, como estão em fase de crescimento, não é recomendada uma grande redução do peso corporal, tanto que o Comitê somente recomenda perda de peso para aquelas que apresentem alguma complicação associada à obesidade.Para aquela criança que precisa de um tratamento, a perda de peso não precisa ser tão rÃgida; pode-se dizer que, se esta criança mantiver o peso atual por um determinado perÃodo e apresentar ganho em estatura, já terá algum benefÃcio, mas uma perda leve de 1 kg a 2 kg, para aquelas com o peso muito elevado para a estatura, ou com complicações mais graves, pode ser recomendado. Deve ser destacado que essa criança está em fase de crescimento, e, por isso, a dieta deve ser equilibrada e sempre reajustada à s necessidades do paciente, evitando, dessa forma, qualquer comprometimento em seu desenvolvimento. Cuidado para não propor dieta hipolipÃdica para essas crianças. Como a dieta das crianças e adolescentes obesos normalmente é hiperlipÃdica, uma pequena restrição já será benéfica.
b) Para as crianças acima de 7 anos, deve ser lembrado que pode haver um intervalo muito grande, desde as que possuem 7 anos até aquelas com 19 anos, que é considerada a fase final da adolescência. Esse é um perÃodo em que deve ser tomado um cuidado todo especial na avaliação da obesidade, pois envolve diversas modificações fÃsicas, hormonais e psicológicas, que podem culminar com alterações do peso corporal. Em relação ao excesso de peso, o que tem sido observado é que, por falta de conhecimento, muitos profissionais não estão adotando a conduta correta. A maioria não observa o estágio de maturação sexual, sendo que esse resultado será a base da conduta a ser adotada.
Para as crianças e adolescentes que ainda estão na fase pré-púbere ou púbere, a restrição energética também não deveria ser tão intensa, uma vez que eles se beneficiarão com o crescimento, mas devem receber uma orientação nutricional adequada, com o intuito de não continuar ganhando muito peso corporal.
Nesse caso, é melhor fazer apenas algumas orientações, no sentido de modificar o comportamento alimentar, do que fazer dietas pré-estabelecidas. Embora alguns profissionais achem que, para crianças e adolescentes obesos, o importante é mudar a qualidade da dieta sem reduzir a quantidade, não é o que recomendamos na prática, pois, se conseguirmos alterar o comportamento alimentar da criança e do adolescente, o resultado em torno da perda de peso geralmente é bem satisfatório, podendo,em um segundo momento, melhorarmos a qualidade da dieta, que geralmente é insatisfatória para essas faixasetárias. A criança e o adolescente são muito resistentes à s orientações nutricionais, principalmente quando imaginam que tudo aquilo que eles gostam passa a ser“proibido”, portanto, é preciso ganhar a confiança desse paciente para posteriormente propor alguma modificação qualitativa de sua dieta.
Para os adolescentes pós-púberes, em que o benefÃcio do crescimento poderá ser muito pequeno ou não mais existir,o tratamento será mais restritivo e pode-se dizer que é particularmente semelhante ao do indivÃduo adulto, no
qual poderão ser estabelecidas restrições de 1 a 3 kg por mês. Lembrar que restrições energéticas iguais ou acima de 4 kg estão associadas com a perda de massa magra, o que não é ideal para qualquer pessoa que esteja sendo submetida à dieta hipocalórica, principalmente em crianças e adolescentes em desenvolvimento.
c) Não basta somente fazer a avaliação do IMC e estabelecer que a criança ou o adolescente está acima do P95; é importante verificar o quanto esse paciente se encontra obeso, pois é a partir desse dado que se pode verificar a gravidade de sua obesidade (Figura 4). Sendo assim, é importante verificar o Percentual de Gravidade em Relação ao IMC no Percentil 95 (Cintra, IP; VÃtolo, M & Fisberg, M), por meio da seguinte fórmula:
% Gravidade do IMC P95 = (IMC atual/IMC P95) X 100
Esta avaliação é muito importante porque demonstra se houve ou não afastamento do grau da obesidade determinada pelo ponto de corte do IMC no percentil 95. Como para a criança e o adolescente não há critérios para estabelecer o grau da obesidade, propomos a adoção dos seguintes pontos de corte baseados na presença de alterações bioquÃmicas e metabólicas que temos observado em nossos pacientes:
Obesidade leve: valores do % de Gravidade do IMC P95 até 110%
Obesidade moderada: valores do % de Gravidade do IMC P95 de 111% a 120%
Obesidade grave: valores do % de Gravidade do IMC P95 acima de 120%
Estes pontos de corte estabelecem que, para a obesidade leve, moderada e grave, os valores percentuais estão até 10%, 11% a 20% e mais do que 20%, respectivamente, acima dos valores considerados para a classificação de obesidade.
Dessa forma,o nosso objetivo foi apresentar um pouco da nossa experiência vivenciada no Ambulatório de Obesidade, doCentrodeAtendimentoeApoioaoAdolescentedaUNIFESP, e assim poder oferecer um melhor direcionamento quanto à avaliação da criança e do adolescente obesos, para que medidas intervencionistas sejam adotadas cada vez mais precocemente e da forma mais adequada.
CINTRA, IP. Avaliação da composição corporal e do gasto energético basal em crianças pré-púberes, com obesidade grave, na vigência de programa de orientação nutricional. São Paulo, 1999.
[TESE DE DOUTORADO - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO/EPM]
FISBERG, M. ATUALIZAÃÃO EM OBESIDADE INFANTIL E
ADOLESCENTE. EDITORA ATHENEU, SÃO PAULO, 2004.
TANNER, JM - Growth and maturation during adolescence.
Nutr. Rev., 39(2): 43-55, 1981.
2006-10-02 19:47:47
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answer #7
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