HOJE ESTARÁS COMIGO NO PARAÍSO
Voltamos às comumente chamadas as sete palavras. Domingo passado tivemos a primeira, pai perdoa-lhes porque não sabem o que fazem, uma palavra de perdão. Hoje nós temos uma palavra de promessa. No mesmo capítulo de Domingo passado, Lucas 23:39-43, por favor abram a sua Bíblia neste texto.
Um dos malfeitores crucificados blasfemava contra ele dizendo: não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós também. Respondendo-lhe porém o outro repreendeu-o dizendo: nem ao menos temes a Deus estando sobre igual sentença? Nós na verdade com justiça, porque recebemos o castigo que nossos atos merecem, mas este nenhum mal fez. E acrescentou, Jesus, lembra-te de mim que vieres no teu reino. Jesus respondeu-lhe: em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso.
Esta é a Segunda expressão pronunciada por Jesus na cruz. Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso. A primeira palavra, que nós vimos Domingo passado, foi uma palavra de perdão, a segundo, que vemos hoje, é uma palavra de segurança pessoal. Quando começa o relato Jesus ouve uma estranha proposta, salva-te a ti mesmo. Na cabeça de quem lhe fez a proposta salve-se a si mesmo significaria descer da cruz, mas desde o momento que os discípulos o haviam confessado como o Messias, diz o texto, ele pôs na cabeça que tinha que ir para Jerusalém ser crucificado, morto e ressuscitado. Sabia o que estava fazendo, conscientemente procurou a cruz, a cruz não foi um acidente, não foi uma simples querela judicial que teve um mau desfecho, foi algo que conscientemente ele buscou, disse inclusive aos discípulos, há um batismo com que devo ser batizado e como me angustia até que ele se cumpra. Na realidade a proposta também não fazia sentido porque todo o ensino de Jesus é que a vida tem significado não quando se foge mas quando se dá um significado a vida e ele estava fazendo isso, ele estava dando um sentido à sua vida. A proposta também não fazia sentido porque para este ladrão seu conceito de salvação era a salvação corporal, era de salvação do sofrimento e Jesus estava ensinando não salvação do sofrimento nem também pelo sofrimento, mas salvação no sofrimento. O sofrimento faz parte integrante da vida cristã. Aquela pregação que diz, siga a Jesus e seus problemas desaparecerão ou, pare de sofrer, tem um notável descompasso com o ensino bíblico. "Se alguém quer vir após mim negue-se a si mesmo, tome dada dia a sua cruz e siga-me", ele não só tinha uma cruz no fim do seu caminho mas colocou uma cruz no caminho de cada seguidor seu. Por isso que o teólogo alemão Dietrich Boenhoff disse que o Cristo crucificado só pode ter seguidores crucificados, não há como descer da cruz e não há como evitar a cruz. Muito da pregação contemporânea é auto-ajuda e não evangelho, é Lair Ribeiro e não Jesus Cristo, ela ensina e anuncia o trono sem anunciar a cruz, ela promete um mar de rosas e camufla todo o sofrimento. Mas não é isso que está no ensino do evangelho e nem no exemplo de Jesus. Salva-te a ti mesmo. Curioso. Era isto exatamente o que ele estava fazendo ali na cruz. Ao morrer na cruz ele estava salvando o significado da sua vida, "salva-te a ti mesmo e a nós também", e também oferecendo salvação para os outros. Se não houvesse cruz não haveria salvação. Se a primeira palavra que ouvimos no Domingo passado foi uma palavra de perdão esta é uma promessa, e uma promessa feita exatamente porque existe a cruz. Não existe cristianismo sem cruz.
Um grupo esotérico de Brasília propôs num programa de televisão da Rádio Globo a substituição da cruz por uma elipse, a cruz para eles era símbolo de vergonha e a elipse era um símbolo perfeito, falava de perfeição, de harmonia, de pacificação do indivíduo com o cosmos. A cruz fala de vergonha, de dor e de sofrimento e ela é o melhor símbolo do cristianismo porque nela nós vemos aonde chega a maldade do homem e nós vemos aonde chega a graça de Deus. Ela é necessária e nela está uma das mais profundas promessas que o coração humano pode ouvir, "Em verdade, em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso".
Quero chamar a atenção para dois aspectos do nosso texto. O primeiro é o pedido do ladrão e o segundo a resposta de Jesus. São dois ladrões. A tradição deu nome aos dois, não sei de onde, Jescas e o outro Dimas, o bom ladrão. Ora, não existe bom ladrão. Quem já foi assaltado sabe que não existe ladrão bom , todo ladrão é ruim. E por incrível que pareça, não estou brincando, Dimas se tornou o padroeiro dos ladrões. Precisamos de um padroeiro dos assaltados que existem muitos. Mas lá tem dois e, no início, os dois estão zombando, está se cumprindo o que fora dito oito séculos antes em Isaías 53:12, "entre os malfeitores foi contado", tanto a cruz não é acidente que seus detalhes estão particularizados lá atrás, oito séculos antes, mas de repente, um desses ladrões caiu em si, compreende o que está acontecendo, por obra da graça de Deus, ação do Espírito Santo, ele entende que algo de diferente acontece naquele momento, e o que faz? Primeiro, ele censura o amigo, "tu, nem ao menos temes a Deus, estando na mesma condenação?" No texto grego, em que o Novo Testamento foi escrito, há uma ênfase no tu, mas tu, logo tu, tu não temes a Deus? Quem és tu? Que autoridade tu tens? Porque estás zombando? Quem és tu para dizer alguma coisa deste homem? Tu não tens o menor temor de Deus? Primeiro ele para de compartilhar com o amigo da zombaria, depois ele se vê como pecador e aqui começa a grande mudança, nós merecemos, é o que ele diz, "nós na verdade com justiça porque recebemos o castigo que nossos atos merecem", nós estamos aqui justamente, não somos inocentes mas somos culpados. Como é difícil achar gente culpada. Eu fiz trabalho de capelania, trabalhei com presos e a coisa mais difícil é achar um preso, eu sou culpado. Quando trabalhava no Rio como seminarista a igreja da qual eu era membro também fazia trabalho em penitenciária, só tinha gente boa. Por que você está aqui? Ah! Foi o meu sócio. Foi a minha mulher. Alguém fez uma armadilha. Nunca alguém era culpado, como havia santos ali, mas este homem diz, nós merecemos isto, nós somos culpados. E depois ele inocenta Jesus, mas este nenhum mal fez. Também cabe uma explicação, no texto grego literalmente está assim, este não fez nada fora do lugar, ele pôs todas as coisas certinhas, a vida dele foi toda certinha, ele não tem nenhum ato colocado fora do lugar. "Tu não tens o menor temor de Deus está blasfemando deste homem?". Mas não cessa aí, ele rompe com o amigo, censura o amigo, inocenta Jesus e de repente volta-se para Jesus e faz-lhe um pedido, e que pedido, "Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino". Analisemos um pouquinho o seu pedido. Primeiro: lembra-te de mim. Só isto. A única coisa que ele pede. Ele não pede salve-me, livra a minha barra, muda a minha situação. Lembra-te de mim. Houve um pedido razoavelmente semelhante, foi uma mãe que fez pelos seus filhos, lembra-te lá no teu reino de dar o primeiro lugar para o filho mais velho e o segundo lugar para o outro filho, queria pouco, segundo e primeiro lugares. Este aqui não quer nem primeiro nem segundo lugar, ele não quer lugar algum, ele só pede lembrança, lembra-te de mim, ele reconhece que não tem direito a nada e este homem se torna um grande exemplo, ele não tem mérito, ele não tem virtudes, ele se vê como pecador, e tudo o que ele pede é que Jesus se lembre dele. Mas não é apenas isto, porque a expressão traz uma palavra muito significativa, teu reino, ele viu Jesus como um rei, e, se havia alguma coisa que Jesus não parecia era um rei, depois de uma noite de torturas, de espancamento, de ser chicoteado, de carregar a sua cruz subindo um monte de 900m e chegar lá para a crucificação, ensangüentado, machucado, não tinha nenhuma aparência de rei. Também 8 séculos antes o profeta Isaías disse isso, "Olhando nós para ele nenhuma beleza víamos para que o desejássemos". Aquilo que os judeus não viram este homem viu, ele é rei, o que os próprios discípulos estavam neste momento em crise para admitir este homem viu. Que fé fantástica, ele reconheceu que Jesus era rei, ele creu nisto, mas ainda há uma outra expressão que empresa um significado muito maior à sua palavra, "quando vieres". Quando vierres no teu reino. Ele reconhece que Jesus é inocente, reconhece que Jesus é Rei, sabe que ele vai morrer como ele, mas sabe que ele vai voltar. "Quando vieres no teu reino". É a primeira declaração de fé na ressurreição, na volta de Cristo, e ela não é feita por nenhum discípulo, ela é feita por um ladrão que até pouco tempo atrás estava também blasfemando. Ele creu na ressurreição de Jesus Cristo e na sua volta. Que visão tem este homem, e quanto sentimento, quanta fé vai no seu pedido, nada para agora, não pede que seus sofrimentos físicos sejam atenuados, ele crê na ressurreição, crê na sua volta e pede tão somente que Jesus se lembre dele um dia. Que sermão este homem nos prega, o reconhecimento de que Jesus é rei, de que triunfou sobre a morte, no dizer de Paulo foi feito as primícias dos que dormem, que virá um dia, e que poderá, na concepção do homem, para nós não poderá, se lembrará, poderá se lembrar dos que creram nele. Aqui está a fé deste homem.
Mas o último, e segundo aspecto, é a resposta de Jesus, começa com uma palavra que é um idiomatismo na língua grega, "em verdade", é como se estivesse dizendo, olha, o que eu vou dizer é certo, é líquido, é verídico, vai suceder, não estou jogando palavras fora o que estou dizendo é real. Em verdade, é certo, e que resposta. Primeiro, hoje. Esta é a primeira palavra. "Hoje estarás comigo no paraíso", mas hoje, não é depois de algumas encarnações porque afinal de contas tu foste um ladrão, e até alguns minutos atrás tu estavas blasfemando de mim, então meu amigo, tu tens muitas coisas para pagar, precisarás vir repetidas vezes, e, um dia estarás comigo no paraíso. É hoje, não é, olha, depois de algumas cerimônias religiosas que serão feitas então tu estarás em condição de entrar no paraíso. Não. Não é olha, depois de algumas velas acesas, depois de algumas orações ditas por ti, depois de várias intercessões tu poderás entrar no paraíso. É Hoje, sem purgatório, sem reencarnação, sem cerimônias religiosas, sem velas, sem sono da alma. Não é a tua alma vai dormir alguns milênios até que eu volte. É Hoje. Este é o tempo de Deus. Por isso o autor de Hebreus dirá alguns anos depois "hoje, se ouvires a sua voz não endureçais os vossos corações", porque a proposta de Deus é o dia de hoje. Este homem se arrependeu e teve fé e por isso recebe esta promessa, "hoje estará comigo no paraíso". Quem se arrepende e crê tem direito a esta promessa. Dentro da resposta de Jesus a outra expressão é "comigo", "hoje estará comigo no paraíso".
Para os judeus o mundo dos mortos, chamado de sheol, era um mundo de sombras, de penumbra, um mundo incerto, chamado de mundo da incerteza ou mundo das sombras. O salmista pergunta: no sheol quem te livrará? Era um mundo de indefinição, mas para o cristão a vida no além é um reino, e um reino com Cristo. Não é um lugar nevoento e não é um lugar com um preposto, com um secundário. Olha, fica aqui com os anjos, ou, fica aqui com alguns mais iluminados até que terminando a tua caminhada tu chegues a minha presença. "Hoje estará comigo". A salvação não é outra coisa a não ser para estar com Cristo e é hoje.
Uma terceira expressão na palavra de Jesus. Estarás comigo no paraíso. Quando o Antigo Testamento foi traduzido para o grego, que era uma língua universal, como o inglês hoje, e havia mais judeus fora da Palestina do que na Palestina, esta versão chamou-se septuaginta, a tradução do Antigo Testamento para o grego. Os tradutores do Antigo Testamento para o grego ao falarem do Jardim do Éden, lá no início, em Gênesis, usaram a palavra paraíso, é esta a palavra que está registrada por Lucas. A promessa de Jesus ao homem é de que ele estará no paraíso. O homem estará no Éden, ele estará restituído a sua situação original, este homem é o nosso primeiro cristão autêntico. Ele é o nosso ancestral na fé. É o primeiro homem salvo pela cruz. É o primeiro em cuja vida a cruz produz um impacto de transformação e mudança de destino, é o primeiro a ter a vida eterna assegurada por causa da cruz de Jesus Cristo, e agora cabe uma pergunta. Por quê? Primeiro pela misericórdia de Jesus, como vimos Domingo passado a primeira palavra é uma palavra de perdão e não há nos lábios de Jesus uma queixa, uma blasfêmia, uma maldição, há apenas expressões de misericórdia. Esta é a razão fundamental. Nosso salvador e nosso pai celestial é um Deus de misericórdia que se relaciona conosco não na base do que merecemos, não na base do que somos, mas relaciona-se conosco com base na sua misericórdia. Depois porque creu. Jesus, como disse, parecia tudo menos um rei e ele creu que Jesus era Rei, creu que tinha um reino, creu que ressuscitaria, creu que voltaria porque se arrependeu também. Entendeu que vinha procedendo erradamente. Muitas pessoas tem uma admissão de fé meramente intelectual, realmente eu acho que Jesus é um grande vulto da história, mas continua com a vida como antes, não tem nenhum impacto no seu viver. Este homem quando entendeu isto foi porque se arrependeu. Arrependimento e fé caminham juntos. Se da parte de Deus é a misericórdia da parte do homem é arrependimento e fé, e este homem se arrependeu e creu e não apenas isto, este homem se arrependeu, creu e pediu. "Lembra-te de mim". Salvação não se compra, não se paga, e também salvação não vem por e hereditariedade. Deus tem filhos mas não tem netos. Você pode ser filho de crente e estar perdido. É preciso pedir e ele pediu "lembra-te de mim quando entrares no teu reino", e a promessa fantástica "em verdade te digo que hoje estará comigo no paraíso".
Morrem os três. Um deles, tão perto da salvação, a mesma distância do outro, vendo as mesmas coisas que o outro viu, ouviu as mesmas coisas, viu o mesmo procedimento de Jesus mas manteve o coração adormecido. Morrem os três, um parte para ser o maior vulto da história, o maior homem de todos os tempos, aquele de quem diz Paulo "todo o joelho se dobrará nos céus e na terra", um parte para entrar no paraíso e o outro, que teve a mesma oportunidade, perdido estava, perdido morreu e perdido continua. Esta história e o desfecho particularmente para este homem que se salva desmente uma frase que ouvimos muitas vezes na boca do povo brasileiro, "Ninguém pode ter certeza da sua salvação, é muita arrogância uma pessoa dizer isso, quem são vocês para dizer que estão salvos?" Dizer que ninguém pode ter certeza é chamar a Cristo de mentiroso porque ele deu certeza, e deu certeza a um ladrão, "em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso". É possível ter certeza da salvação, é possível ser salvo, um ladrão teve esta certeza, um ladrão alcançou esta salvação.
Você não é um ladrão, você não é um malfeitor mas você precisa da salvação e você pode tê-la, e não precisa voltar centenas e centenas de vezes, e não precisa que cerimônias de corpo presente, de sétimo, trigésimo, de ano, sejam constantemente oferecidas por você. Basta crer. Este é o método de Jesus. Isto foi o que Jesus pregou. Quem crer será salvo, quem não crer já está condenado. Cristo oferece uma salvação por toda a eternidade e você pode ter esta salvação por toda a eternidade mas o trágico desta história é que estes dois homens estavam ao mesmo alcance de Jesus, tiveram a mesma oportunidade mas manifestaram atitudes diferentes para com Cristo e um partiu perdido para todo o sempre e o outro partiu com esta promessa, a mais profunda promessa que um ser humano já ouviu, "em verdade te digo que hoje estará comigo no paraíso". Esta é a promessa que diz respeito a cada um que crê. Você também pode ter direito a esta promessa e também pode ter esta certeza em sua vida. A certeza de que seus pecados foram perdoados. A certeza de foi aceito por Deus e a certeza da vida eterna com Cristo. Nesta noite eu quero convidá-lo a imitar este homem que compreendeu o seu pecado, rompeu com o passado, voltou-se para Cristo e num ato de fé lhe pediu a salvação. Se você quiser Cristo lhe dá. Se você não quiser você não a terá. O seu destino final será escrito por você. Um pedido ou a indiferença. O desejo ou a acomodação. A resposta é sua.
2006-09-29 12:00:39
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answer #1
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answered by Vanessa 4
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