A ELEIÇÃO DE BENTO XVI
Há uma curiosa semelhança entre a eleição do papa Bento XVI e a do presidente americano George W. Bush. Ambos realizaram uma campanha centrada no mesmo motivo: o medo. Antes do conclave, Josepf Card. Ratzinger fez contundentes e assustadoras declarações, ao seu estilo pessoal ameaçador talhado ao longo de décadas. No sermão de abertura do conclave, enfatizou sobre os perigos que rondam a Igreja nos dias atuais. Dele vieram prognósticos sobre como a Igreja deveria ser conduzida pelo novo papa. "Ele entrou para o conclave com bastante apoio, após ter causado boa impressão a muitos ao fazer uma homilia durante o funeral do antigo papa". (1)
O cardeal mais cotado ao pontificado, apoiado pela ultra-conservadora organização católica Opus Dei, pelos cardeais conservadores e pela Cúria Romana (conjunto de órgãos que governam a Igreja), alertava sobre os "perigos do relativismo e das novas ideologias e doutrinas", receios que expressos no sermão de início do conclave convenceram os eleitores de que ele era o homem certo para dirigir a Igreja Católica depois de João Paulo II. Essas doutrinas, dizia, "representam uma ameaça à fé. É da mesma opinião o analista Giovanni Avena. Ele disse à BBC Brasil que Ratzinger assustou o colégio cardinalício. Em sua opinião, o atual pontífice passou a idéia de que sem ele e sem o poder doutrinal, a Igreja poderia correr riscos de extinção." (2)
Está ocorrendo uma evasão de fiéis e de sacerdotes. Fiéis saem para outras igrejas e seitas, ou para simplesmente tornarem-se indiferentes com a fé, ou até mesmo ateus. Sacerdotes abandonam a batina para casarem-se ou para regularizarem sua situação conjugal. Dias antes do conclave "um documento sobre má conduta de padres no mundo circulou entre cardeais antes do conclave e pode ter favorecido o cardeal Joseph Ratzinger a se tornar papa, segundo artigo publicado nesta sexta-feira [22/04/2005] no jornal italiano La Stampa. O documento, de mais de dez páginas, menciona os principais problemas enfrentados pela Igreja especialmente na Europa, na África e na América do Norte, como a "falta de coerência" de muitos sacerdotes com a violação do celibato e do confessionário, segundo a publicação." (3) Esse texto desencadeou receios quanto ao futuro da Igreja entre a sua alta liderança, imprimindo-a a pensar em um líder forte para enfrentar a grave situação.
Enquanto João Paulo II começou seu pontificado dizendo "não tenham medo" Bento XVI começou assustando, diz Giovanni. "Para alguns analistas, o próprio papa João Paulo II poderia ter indicado seu colaborador mais próximo como a pessoa mais apropriada para continuar seu pontificado. A decisão de ter confiado a Ratzinger a leitura da mensagem da via sacra durante a Páscoa, pouco antes de morrer, é vista como uma espécie de sinal nesse sentido. Naquela ocasião, o atual papa Bento XVI alertou para a "sujeira" que existiria no interior da Igreja, que chegou a definir como "um barco que está prestes a afundar"." (2) Para o especialista em assuntos do Vaticano, Andrea Tornielli, os cardeais contrários a Ratzinger decidiram apoiá-lo "em vez de criar uma situação de impasse ou tentar um compromisso com candidatos de mediação". É algo como uma única via, sem outra alternativa diante de tendências assustadoras.
Há um paralelo de identidade impressionante entre Bush e Bento XVI: é o poder. Ambos o desejam e foram eleitos para exercer poder, pois receberam, de forma inequívoca, grande autoridade dos eleitores. Bush foi eleito com larga margem em todas as instâncias democráticas dos Estados Unidos e Bento XVI foi eleito, segundo as notícias, com um total entre 95 a 107 votos, dos 115 cardeais eleitores. Disso resultou um poder legal incontestável, ambos podem agir com grande liberdade, tem direito para isso.
A primeira eleição de Bush foi fraca, assim como a de João Paulo II, que se tornou papa em meio a rumores comprometedores da morte misteriosa de seu antecessor. Mas durante o mandato de um e de outro, ambos tornaram-se muito fortes. Um foi reeleito, o outro fez seu sucessor, receberam a autoridade e o poder máximos.
Os dois também vêem-se a si mesmos como tendo uma missão para a humanidade. Bush, ele mesmo diz ter uma responsabilidade moral para com os Estados Unidos e o mundo, Bento XVI diz que tem a responsabilidade de defender os dogmas da fé católica. Há uma incrível coincidência nesses pontos: os dois referem-se a uma questão de doutrinas relacionadas à adoração. Assim também pensavam os religiosos e imperadores de tempos passados.
Bush diz que vai limpar o mundo dos malfeitores terroristas, Bento XVI indica que vai livrar a Igreja dos ameaçadores ventos de doutrinas e ideologias não católicas. Há um indicativo de exclusivismo quanto ao modo de pensar e de agir. Foi assim na Idade Média, até mesmo com relação à ciência.
Os dois são ultra-conservadores, fundamentalistas e dogmáticos, que buscam expedientes como o medo e as ameaças para obter o que desejam, que é o poder.
Mas há uma diferença importante entre eles: Bush e sua família ajoelharam-se perante o papa morto. Isso é sinal de submissão perante a autoridade moral de Roma, indica que o atual papa, que sucede o falecido, é superior ao atual presidente mais poderoso do mundo. Já estão abertas as portas para outra vez a Igreja ditar os passos da maior nação do mundo, nação que quer ser Império Global; Igreja que por meio desse império quer exercer poder sobre o planeta, no que lhe interessar. E o que interessa a Bento XVI? Evidentemente a defesa dos dogmas da Igreja Católica pelo combate aos ventos de doutrinas que proliferam, e que enfraquecem a Igreja e o poder da Cúria de Roma. Por meio das doutrinas é que o papa e a cúria adquirem poder sobre os povos, como nos ensina a história dos últimos dois mil anos. É um dos maiores teólogos da Igreja, Hans Küng, que afirma em seu livro "A Igreja Católica" que a cúria sempre teve sede de poder global. " Ou seja, papa pressiona por tratar devidamente as igrejas que ele mesmo disse não serem irmãs, mas filhas. Sobre essa declaração há uma expressão impressionante no livro de Apocalipse 17:5, que anuncia a Igreja Católica como a mãe das demais igrejas que não pertencem a CRISTO!
É cedo para uma questão importante que pode também ser preocupante, mas há indicativos suficientes para ao menos um ensaio de especulação sobre o que podemos esperar de Bento XVI. Arrisquemos algo que parece bem provável: de imediato, a intensificação do diálogo religioso entre a Igreja Católica e as demais igrejas. Mas certamente sem muita tolerância, não deverá ser um diálogo de igual para igual, com concessões bilaterais. É de se esperar uma diplomacia de imposição, e se não for assim então Bento XVI não é mais Ratzinger. Sem dúvida, inicialmente uma certa diplomacia permeará os debates pois ainda é grande o valor da palavra democracia em nossos dias, assim como a palavra liberdade. Mas não serão negociações num mesmo nível, e sim, de mãe tutora para filhas pródigas, num contexto de necessidade de humilde retorno de onde saíram, retorno de igrejas que não são verdadeiras e não tem toda a capacidade de salvação, segundo Ratzinger declarou em "Dominus Iesus", no ano 2000, pleno Ano Jubileu destinado a unir as igrejas. É de se esperar, por algum tempo, alguma polida diplomacia pois não a cúria não poderia dar uma guinada repentina rumo à Idade Média como se faz meia-volta numa caminhada atlética. Não daria certo. Porém, a mudança de rumo do diálogo, com Bento XVI, que também é Ratzinger, parece que está determinada: retornaremos para os padrões de tempos passados. E isto é profecia, há de se cumprir em algum dia.
Na medida em que houver aceleração na deterioração dos grandes problemas que o mundo já vem enfrentando, essa guinada se justificará. Dois focos particulares de problemas, além de outros, devem ser destacados pois podem contribuir para a justificativa de uma reviravolta na diplomacia do planeta: a deterioração da economia americana e a deterioração da assiduidade dos fiéis católicos. Para que uma guinada radical de retrocesso ocorra, poder já não falta mais, e essas duas condições estão em avançado estado de andamento. Para agir com força os dois líderes contam com apoio do que de mais radical existe em termos de conservadorismo. Bush tem o apoio das ONGs protestantes americanas, bem como dos grandes grupos empresariais, e Bento XVI conta com o apoio dos Cardeais que comandam os organismos da Cúria Romana, tanto que decidiu manter os mesmos cardeais que dirigiam os órgãos de estado do Vaticano escolhidos por seu antecessor.
Esses são agora os dois pólos de poder no mundo, não mais poder apenas político como preponderante, mas também poder moral. Não temos mais a bipolarização entre EUA e URSS, mas a formação de uma aliança de poder entre Bush e Bento XVI, dois homens. Só dois homens, e com o mundo a seus pés. Bush um homem intelectualmente fraco, Ratzinger um homem intelectualmente forte, muito forte. Bush recebeu nas urnas colossal poder, Ratzinger também o recebeu dos cardeais, mas o mandatário de Washington é inferior ao de Roma. Ratzinger, de Roma, tem Bush em suas mãos, e o mundo também. Vejamos o que fará, pois não tem muito tempo de vida para pensar. Já deve ter seu plano elaborado. Grandes profecias para os nossos dias pode estar prestes a se cumprir. Se elas sinalizarem o seu desencadeamento, então quem crê na Bíblia como a inteira Palavra de DEUS saiba que JESUS irá voltar muito logo.
2006-09-22 03:02:58
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answer #3
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answered by Mark2 3
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