Resposta: Letra c) África
ORIGEM DO CAFÉ
O café, bebida saborosa e aromática, com propriedades tonificantes, sempre provocou paixões e controvérsias.
O café é uma planta nativa da Etiópia, país do leste da África – antiga Absínia. Estima-se que seja conhecido há mil anos no Oriente Médio, especialmente na região de Kafa, daí, certamente, o nome “Café”. Contudo, o primeiro registro comprovado que se tem, data do século XV. Por essa época, foi “descoberto” - casualmente, por pastores de cabras, onde perceberam que ao comerem daquela pequena cereja (o fruto do café), os animais tornavam-se mais espertos e resistentes. É claro que Kaldi, o nome atribuído a um destes pastores, passou a colher as cerejas do café e preparar, para consumo próprio, uma tonificante pasta feita com as cerejas esmagadas e manteiga. Os vizinhos árabes, no Oriente Médio, foram os primeiros a “cultivar” o café (daí Coffea arabica – nome científico de uma das mais importantes espécies de café).
Os árabes foram também os primeiros a beber café – em vez de comer ou mascar, como os pioneiros. Chegou à Europa levado por navegantes e aventureiros holandeses, alemães e italianos. No Oriente motivou guerras. No Ocidente, perseguições e censura. Houve época de ser considerada bebida demoníaca e seu consumo proibido pela igreja, mas o Papa Aurélio, apreciador de um bom café, o absolveu de qualquer culpa, liberando o consumo para os fiéis católicos. A partir do século XVII, o café tornou-se uma das bebidas mais consumidas no velho continente, passando a fazer parte definitiva dos hábitos dos europeus, apreciado por todos e consagrado por gente importante como J. Sebastian Bach, Voltaire, Rousseau, reis e nobres e muitas outras celebridades.
Do velho ao novo foi um pulo. Primeiro os holandeses, depois os franceses o trouxeram para as colônias que possuíam nas Américas, para aproveitar o clima apropriado ao cultivo.
O café começou, desta maneira, a florescer em nosso continente. Mas, segundo um velho costume, desde a época dos turcos, não se vendia café em grão para que não fosse plantado. Por isso, o café demorou mais um pouco a chegar no Brasil. Entretanto, o governador do Pará, em 1727, incumbiu Francisco Mello Palheta, um oficial aventureiro luso-brasileiro, de, a pretexto de resolver, oficialmente, questões de fronteiras com os franceses da vizinha Guiana, trazer, extra-oficialmente, algumas sementes do precioso arbusto. Palheta cumpriu a risca sua missão: tornou-se amigo íntimo da esposa do governador da Guiana francesa, Mme. Dorveliers e, com a cumplicidade da primeira dama, contrabandeou nossas primeiras sementes.
Em pouco tempo o café tornou-se o mais importante produto brasileiro, vindo a ser cultivado no sudeste e sul do país, estimulado pelo Vice-Rei Marquês do Lavradio que convenceu muitos fazendeiros a investir no produto. Iniciou-se, assim, um dos principais ciclos econômicos da nossa história: o Ciclo do café.
2006-09-20 06:47:12
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answer #2
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answered by Carol 4
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A LENDA DO CAF�
N�o h� evid�ncia real sobre a descoberta do caf�, mas h� muitas lendas que relatam sua poss�vel origem.
Uma das mais aceitas e divulgadas � a do pastor Kaldi, que viveu na Abs�nia, hoje Eti�pia, h� cerca de mil anos. Ela conta que Kaldi, observando suas cabras, notou que elas ficavam alegres e saltitantes e que esta energia extra se evidenciava sempre que mastigavam os frutos de colora��o amarelo-avermelhada dos arbustos existentes em alguns campos de pastoreio.
O pastor notou que as frutas eram fonte de alegria e motiva��o, e somente com a ajuda delas o rebanho conseguia caminhar por v�rios quil�metros por subidas infind�veis.
gravura - pastor Kaldi e suas cabras
Pastor Kaldi e suas cabras
Kaldi comentou sobre o comportamento dos animais a um monge da regi�o, que decidiu experimentar o poder dos frutos. O monge apanhou um pouco das frutas e levou consigo at� o monast�rio. Ele come�ou a utilizar os frutos na forma de infus�o, percebendo que a bebida o ajudava a resistir ao sono enquanto orava ou em suas longas horas de leitura do brevi�rio. Esta descoberta se espalhou rapidamente entre os monast�rios, criando uma demanda pela bebida. As evid�ncias mostram que o caf� foi cultivado pela primeira vez em monast�rios isl�micos no Yemen.
OS PRIMEIROS CULTIVOS DE CAF�
A planta de caf� � origin�ria da Eti�pia, centro da �frica, onde ainda hoje faz parte da vegeta��o natural. Foi a Ar�bia a respons�vel pela propaga��o da cultura do caf�. O nome caf� n�o � origin�rio da Kaffa, local de origem da planta, e sim da palavra �rabe qahwa, que significa vinho. Por esse motivo, o caf� era conhecido como "vinho da Ar�bia" quando chegou � Europa no s�culo XIV.
Os manuscritos mais antigos mencionando a cultura do caf� datam de 575 no Y�men, onde, consumido como fruto in natura, passa a ser cultivado. Somente no s�culo XVI, na P�rsia, os primeiros gr�os de caf� foram torrados para se transformar na bebida que hoje conhecemos.
gravura - degusta��o de caf� na Et�pia
Degusta��o de caf� na Et�pia
O caf� tornou-se de grande import�ncia para os �rabes, que tinham completo controle sobre o cultivo e prepara��o da bebida. Na �poca, o caf� era um produto guardado a sete chaves pelos �rabes. Era proibido que estrangeiros se aproximassem das planta��es, e os �rabes protegiam as mudas com a pr�pria vida. A semente de caf� fora do pergaminho n�o brota, portanto, somente nessas condi��es as sementes podiam deixar o pa�s.
antigos instrumentos �rabes para preparo de caf�
Antigos instrumentos �rabes para preparo de caf� gravura - sult�o
Sult�o em Meca, bebendo caf�
A partir de 1615 o caf� come�ou a ser saboreado no Continente Europeu, trazido por viajantes em suas frequentes viagens ao oriente. At� o s�culo XVII, somente os �rabes produziam caf�. Alem�es, franceses e italianos procuravam desesperadamente uma maneira de desenvolver o plantio em suas col�nias.
Mas foram os holandeses que conseguiram as primeiras mudas e as cultivaram nas estufas do jardim bot�nico de Amsterd�, fato que tornou a bebida uma das mais consumidas no velho continente, passando a fazer parte definitiva dos h�bitos dos europeus.
gravura - muda de caf� cultivada no Jardim Bot�nico de Amsterd�
Muda de caf� cultivada no Jardim Bot�nico de Amsterd�
A partir destas plantas, os holandeses iniciaram em 1699, plantios experimentais em Java. Essa experi�ncia de sucesso trouxe lucro, encorajando outros pa�ses a tentar o mesmo. A Europa maravilhava-se com o cafeeiro como planta decorativa, enquanto os holandeses ampliavam o cultivo para Sumatra, e os franceses, presenteados com um p� de caf� pelo burgomestre de Amsterd�, iniciavam testes nas ilhas de Sandwich e Bourbon.
Com as experi�ncias holandesa e francesa, o cultivo de caf� foi levado para outras col�nias europ�ias. O crescente mercado consumidor europeu propiciou a expans�o do plantio de caf� em pa�ses africanos e a sua chegada ao Novo Mundo. Pelas m�os dos colonizadores europeus, o caf� chegou ao Suriname, S�o Domingos, Cuba, Porto Rico e Guianas. Foi por meio das Guianas que chegou ao norte do Brasil. Desta maneira, o segredo dos �rabes se espalhou por todos os cantos do mundo.
gravura - mercadores de caf�
Mercadores de caf� - s�culo XVI quadro de Debret - colheita de caf� nas col�nias
Colheita de caf� nas col�nias - quadro de Debret
A CULTURA DA BEBIDA CAF�
Segure uma x�cara exalando o aroma de um bom caf� e voc� estar� com a hist�ria em suas m�os.
Apenas um pequena gole dessa saborosa bebida far� com que voc� possa fazer parte de uma enorme cadeia de produ��o, romantismo e lances de muito arrojo, iniciada h� mais de mil anos na Eti�pia.
O h�bito de tomar caf� foi desenvolvido na cultura �rabe. No in�cio, o caf� era conhecido apenas por suas propriedades estimulantes e a fruta era consumida fresca, sendo utilizada para alimentar e estimular os rebanhos durante viagens. Com o tempo, o caf� come�ou a ser macerado e misturado com gordura animal para facilitar seu consumo durante as viagens.
Em 1000 d.C., os �rabes come�aram a preparar uma infus�o com as cerejas, fervendo-as em �gua. Somente no s�culo XIV, o processo de torrefa��o foi desenvolvido, e finalmente a bebida adquiriu um aspecto mais parecido com o dos dias de hoje. A difus�o da bebida no mundo �rabe foi bastante r�pida. O caf� passou a fazer parte do dia-a-dia dos �rabes sendo que, em 1475, at� foi promulgada uma lei permitindo � mulher pedir o div�rcio, se o marido fosse incapaz de lhe prover uma quantidade di�ria da bebida. A admira��o pelo caf� chegou mais tarde � Europa durante a expans�o do Imp�rio Otomano.
gravura - preparo da bebida caf�
Preparo da bebida caf� gravura - transporte de caf�
Transporte de caf� entre cidades �rabes
AS CAFETERIAS
Foi em Meca que surgiram as primeiras cafeterias, conhecidas como Kaveh Kanes. Cidades como Meca, eram centros religiosos para reza e medita��o e a religi�o mu�ulmana proibia o consumo de qualquer tipo de bebida alco�lica. Desta forma, os Kaveh Kanes se transformaram em casas onde era poss�vel se passar � tarde conversando, ouvindo m�sica e bebendo caf�. A bebida conquistou Constantinopla, S�ria e demais regi�es pr�ximas. As cafeterias tornaram-se famosas no Oriente pelo seu luxo e suntuosidade e pelos encontros entre comerciantes, para a discuss�o de neg�cios ou reuni�es de lazer.
casa de caf� em Constantinopla
Casa de caf� em Constantinopla casa de caf� na Turquia
Casa de caf� na Turquia - in�cio do s�culo XVIII
O caf� conquistou definitivamente a Europa a partir de 1615, trazido dos pa�ses �rabes por comerciantes italianos. O h�bito de tomar o caf�, principalmente em Veneza, estava associado aos encontros sociais e � m�sica que ocorriam nas alegres Botteghe Del Caff�. Em 1687 os turcos abandonaram v�rias sacas de caf� �s portas de Viena, ap�s uma tentativa frustrada de conquista, e estas foram usadas como pr�mio pela vit�ria. Assim � aberta a primeira coffee house de Viena e difundido o h�bito de coar a bebida e beb�-la ado�ada com leite - o famoso caf� vienense.
As cafeterias desenvolveram-se na Europa durante o s�culo XVII, enquanto florescia o Iluminismo e se planejava a Revolu��o Francesa. Durante tardes inteiras, jovens reuniam-se em torno de v�rias x�caras de caf�, discutindo o destino das na��es, declamando poemas, lendo livros ou simplesmente passando o tempo. Atualmente, algumas casas famosas como o Caf� Procope, em Paris, e o Caf� Florian, em Veneza, ainda preservam o glamour dessa �poca.
com�rcio de caf� - 1690 consumo na Europa - 1730 cafeteria - Europa s�c. XVIII
Com�rcio de caf� entre
�rabes e europeus - 1690 H�bito de consumo de caf� se
espalha pela Europa - 1730 Cafeteria - Europa, s�culo XVIII
cafeteria - Europa, s�c. XIX caf� em Veneza caf� em Veneza
Cafeteria - Europa, s�culo XIX Caf� em Veneza Caf� em Veneza
At� hoje os caf�s s�o locais onde pessoas se re�nem para discutir assunto importantes ou simplesmente passar o tempo, sendo o ritual do cafezinho uma tradi��o que sobreviveu a todas as transforma��es.
Nos �ltimos anos, houve uma onda provocada pelas modernas m�quinas de caf� expresso, que revolucionaram o h�bito do cafezinho, permitindo um crescimento vertiginoso das cadeias de lojas de caf�.
A t�cnica de gerenciamento por meio do sistema de licen�a da marca tamb�m permitiu um r�pido desenvolvimento dessas lojas especiais, voltadas para um mercado mais exigente, o de caf� Gourmet.
m�quina de expresso
Antiga m�quina de expresso
O CAF� NO BRASIL
O caf� chegou ao norte do Brasil, mais precisamente em Bel�m, em 1727, trazido da Guiana Francesa para o Brasil pelo Sargento-Mor Francisco de Mello Palheta a pedido do governador do Maranh�o e Gr�o Par�, que o enviara �s Guianas com essa miss�o. J� naquela �poca o caf� possu�a grande valor comercial.
Palheta aproximou-se da esposa do governador de Caiena, capital da Guiana Francesa, conseguindo conquistar sua confian�a. Assim, uma pequena muda de caf� Ar�bica foi oferecida clandestinamente e trazida escondida na bagagem desse brasileiro.
gravura - Francisco de Mello Palheta
Francisco de Mello Palheta
Devido �s nossas condi��es clim�ticas, o cultivo de caf� se espalhou rapidamente, com produ��o voltada para o mercado dom�stico. Em sua trajet�ria pelo Brasil o caf� passou pelo Maranh�o, Bahia, Rio de Janeiro, S�o Paulo, Paran� e Minas Gerais. Num espa�o de tempo relativamente curto, o caf� passou de uma posi��o relativamente secund�ria para a de produto-base da economia brasileira. Desenvolveu-se com total independ�ncia, ou seja, apenas com recursos nacionais, sendo, afinal, a primeira realiza��o exclusivamente brasileira que visou a produ��o de riquezas.
Em condi��es favor�veis a cultura se estabeleceu inicialmente no Vale do Rio Para�ba, iniciando em 1825 um novo ciclo econ�mico no pa�s. No final do s�culo XVIII, a produ��o cafeeira do Haiti -- at� ent�o o principal exportador mundial do produto -- entrou em crise devido � longa guerra de independ�ncia que o pa�s manteve contra a Fran�a. Aproveitando-se desse quadro, o Brasil aumentou significativamente a sua produ��o e, embora ainda em pequena escala, passou a exportar o produto com maior regularidade. Os embarques foram realizados pela primeira vez em1779, com a insignificante quantia de 79 arrobas. Somente em 1806 as exporta��es atingiram um volume mais significativo, de 80 mil arrobas.
fazenda de caf� - Brasil, final do s�c. XVIII
Fazenda de caf� - Brasil, final do s�culo XVIII armazenagem de caf� - Brasil, s�c. XIX
Armazenagem de caf� - Brasil, s�culo XIX
Por quase um s�culo, o caf� foi a grande riqueza brasileira, e as divisas geradas pela economia cafeeira aceleraram o desenvolvimento do Brasil e o inseriram nas rela��es internacionais de com�rcio. A cultura do caf� ocupou vales e montanhas, possibilitando o surgimento de cidades e dinamiza��o de importantes centros urbanos por todo o interior do Estado de S�o Paulo, sul de Minas Gerais e norte do Paran�. Ferrovias foram constru�das para permitir o escoamento da produ��o, substituindo o transporte animal e impulsionando o com�rcio inter-regional de outras importantes mercadorias. O caf� trouxe grandes contingentes de imigrantes, consolidou a expans�o da classe m�dia, a diversifica��o de investimentos e at� mesmo intensificou movimentos culturais. A partir de ent�o o caf� e o povo brasileiro passam a ser indissoci�veis.
A riqueza flu�a pelos cafezais, evidenciada nas elegantes mans�es dos fazendeiros, que traziam a cultura europ�ia aos teatros erguidos nas novas cidades do interior paulista. Durante dez d�cadas o Brasil cresceu, movido pelo h�bito do cafezinho, servido nas refei��es de meio mundo, interiorizando nossa cultura, construindo f�bricas, promovendo a miscigena��o racial, dominando partidos pol�ticos, derrubando a monarquia e abolindo a escravid�o.
Al�m de ter sido fonte de muitas das nossas riquezas, o caf� permitiu alguns feitos extraordin�rios. Durante muito tempo, o caf� brasileiro mais conhecido em todo o mundo era o tipo Santos.
A maioria das pessoas acredita ser a cidade de Santos, porto exportador de caf�, a origem do nome. Na realidade, a marca Santos deriva de Alberto Santos Dumont, que al�m de ter sido um pioneiro da avia��o, foi tamb�m "o rei do caf�".
Santos Dumont
Santos Dumont em seu avi�o, 14 Bis
Implantado com o m�nimo de conhecimento da cultura, em regi�es que mais tarde se tornaram inadequadas para seu cultivo, a cafeicultura no centro-sul do Brasil come�ou a ter problemas em 1870, quando uma grande geada atingiu as planta��es do oeste paulista provocando preju�zos incalcul�veis.
Depois de uma longa crise, a cafeicultura nacional se reorganizou e os produtores, industriais e exportadores voltaram a alimentar esperan�as de um futuro melhor. A busca pela regi�o ideal para a cultura do caf� se estendeu por todo o pa�s, se firmando hoje em regi�es do Estado de S�o Paulo, Minas Gerais, Paran�, Esp�rito Santo, Bahia e Rond�nia. O caf� continua hoje, a ser um dos produtos mais importantes para o Brasil e �, sem d�vida, o mais brasileiro de todos. Hoje o pa�s � o primeiro produtor e o segundo consumidor mundial do produto.
O TRAJETO DO CULTIVO DO CAF� NO BRASIL
O primeiro plantio ocorreu em 1727, no Par�. Devido �s nossas condi��es clim�ticas, o cultivo de caf� se espalhou rapidamente.
O ponto de partida das grandes planta��es foi o Rio de Janeiro, com as matas da Tijuca tornando-se grandes cafezais. O caf� estende-se para Angra dos Reis, Parati e chegou a S�o Paulo por Ubatuba. Em pouco tempo, o vale do rio Para�ba se tornou a grande regi�o produtora da lavoura cafeeira no Brasil. Esta regi�o com altitude e clima excelentes para o cultivo, possibilitou o surgimento de uma �rea centralizadora de culturas e popula��o. Subindo pelo rio, o caf� invadiu a parte oriental da prov�ncia de S�o Paulo e a regi�o da fronteira de Minas Gerais. Na �poca o Rio de Janeiro era o porto de escoamento do produto e centro financeiro.
Entretanto, a cultura do caf� em �reas com declive acentuado e o total descuido quanto � preserva��o do solo gerou uma eros�o intensa. Por este motivo, as terras se esgotaram rapidamente e a cultura cafeeira migrou para um outro local, o oeste da prov�ncia de S�o Paulo, centralizando-se em Campinas e estendendo-se at� Ribeir�o Preto.
Campinas passou a ser ent�o o grande p�lo produtor do pa�s. As culturas estendiam-se em largas superf�cies uniformes, cobrindo a paisagem a perder de vista, formando os famosos "mares de caf�". Na regi�o, os cafezais sofriam menos com esgotamento dos solos pela superf�cie plana da regi�o, que facilitava ainda a comunica��o e o transporte e proporcionava uma concentra��o da riqueza. Enquanto no Vale do Para�ba foi estabelecido um sistema complexo de estradas f�rreas, nessa nova regi�o foi implantada uma boa rede de estradas rodovi�rias e ferrovi�rias. Com este novo p�lo produtor, o caf� mudou seu centro de escoamento, sendo toda a produ��o do oeste paulista a enviada a S�o Paulo e depois exportada a partir do porto de Santos.
ferrovia Santos-Jundia� - 1860 embarque Porto de Santos - 1908 Bolsa do Caf� - Santos
Transporte de caf� pela
ferrovia Santos-Jundia� - 1860 Embarque de caf� no
Porto de Santos - 1908 Preg�o na Bolsa do Caf�, em
Santos (atual Museu do Caf�)
A cafeicultura no centro-sul do Brasil enfrentou problemas em 1870, quando uma grande geada atingiu as planta��es do oeste paulista provocando grandes preju�zos, e, mais tarde, durante a crise de 1929. No entanto, ap�s se recuperar das crises, a regi�o se manteve como importante centro produtor. Nela se destacam quatro estados produtores: Minas Gerais, S�o Paulo, Esp�rito Santo e Paran�. Como a busca pela regi�o ideal para a cultura do caf� cobriu todo o pa�s, a Bahia se firmou como p�lo produtor no Nordeste e a Rond�nia na regi�o Norte.
AS GRANDES FAZENDAS DE CAF�
As planta��es de caf� foram fundadas em grandes propriedades monoculturais trabalhadas por escravos, substitu�dos mais tarde por trabalhadores assalariados: as grandes fazendas de caf�.
Estas fazendas ficaram famosas por sua arquitetura t�pica e seus equipamentos. Tanques em que o gr�o � lavado logo depois da colheita, terreiros para secagem, m�quinas de sele��o e beneficiamento fazem parte desse ambiente. A senzala dos escravos ou col�nias de trabalhadores livres finalizam a caracteriza��o das fazendas cafeeiras. A fazenda de caf�, desde a semente at� a x�cara, era um pequeno mundo, quase isolado.
fazenda de caf�
Sede de antiga fazenda de caf� fazenda de caf�
Terreiro de antiga fazenda de caf�
O desenvolvimento da produ��o cafeeira esteve intimamente relacionado com a quantidade de m�o-de-obra dispon�vel. Para incentivar a produ��o de caf�, a administra��o do Estado de S�o Paulo fez da quest�o imigrat�ria o projeto central de suas atividades, estabelecendo um sistema que oferecia aux�lio formal � imigra��o europ�ia, principalmente � italiana. Por meio de um programa que cuidava da propaganda em seu pa�s de origem, os imigrantes eram trazidos desde seu domic�lio na Europa at� a fazenda de caf�. A imigra��o ajudou na conquista de �reas ainda n�o exploradas, permitindo r�pido desenvolvimento do Estado de S�o Paulo.
Com a m�o-de-obra imigrante a cultura ganhou impulso e durante tr�s quartos de s�culo, quase toda riqueza do pa�s se concentrou na agricultura cafeeira. O Brasil dominava 70% da produ��o mundial e ditava as regras do mercado. Nessa �poca os fazendeiros de caf� se tornaram a elite social e pol�tica, formando umas das �ltimas aristocracias brasileiras. A opul�ncia dos plantadores de caf� permitiu a constru��o dos grandes e bonitos casar�es das fazendas e de mans�es na cidade de S�o Paulo e financiou a industrializa��o no sudeste do pa�s.
A CRISE DE 29
A quebra na bolsa de Nova York em outubro de 29 foi um golpe para a estabilidade da economia cafeeira.
O caf� n�o resistiu ao abalo sofrido no mundo financeiro e o seu pre�o caiu bruscamente. As lavouras de caf� enfrentaram a verdadeira dimens�o do mercado.
Nesse processo, milh�es de sacas de caf� estocadas foram queimadas e milh�es de p�s de caf� foram erradicados, na tentativa de estancar a queda cont�nua de pre�os provocada pelos excedentes de produ��o.
quadro de pre�os - Bolsa Oficial de Caf�
Quadro de pre�os - Bolsa Oficial de Caf�
Quando a economia mundial conseguiu se recuperar do golpe de 1929, o Sudeste do pa�s voltou a crescer, desta vez com perspectivas lastreadas na cafeicultura e na ind�stria, que assumia parcelas maiores da economia. O caf� retomou sua importante posi��o nas exporta��es brasileiras e, mesmo perdendo mercado para outros pa�ses produtores, o pa�s ainda se mant�m como maior produtor de caf� do mundo.
Das suas �pocas �ureas, ainda nos restam as belas sedes das fazendas coloniais, um extenso material t�cnico-cient�fico, planta��es centen�rias e o h�bito nacional do cafezinho.
O CAF� BRASILEIRO NA ATUALIDADE
Atualmente o Brasil � o maior produtor mundial de caf�, sendo respons�vel por 30% do mercado internacional de caf�, volume equivalente � soma da produ��o dos outros seis maiores pa�ses produtores. � tamb�m o segundo mercado consumidor, atr�s somente dos Estados Unidos.
As �reas cafeeiras est�o concentradas no centro-sul do pa�s, onde se destacam quatro estados produtores: Minas Gerais, S�o Paulo, Esp�rito Santo e Paran�. A regi�o Nordeste tamb�m tem planta��es na Bahia, e da regi�o Norte pode-se destacar Rond�nia.
A produ��o de caf� ar�bica se concentra em S�o Paulo, Minas Gerais, Paran�, Bahia e parte do Esp�rito Santo, enquanto o caf� robusta � plantado principalmente no Esp�rito Santo e Rond�nia.
cafezal cafezal cafezal
Cafezal - detalhe de linha de plantio Cafezal - sistema de irriga��o Cafezal - vista a�rea
As principais regi�es produtoras no Estado de S�o Paulo s�o a Mogiana, Alta Paulista Regi�o de Piraj�. Uma das mais tradicionais regi�es produtoras de caf�, a Mogiana est� localizada ao norte do estado, com cafezais a uma altitude que varia entre 900 e 1.000 metros. A regi�o produz somente caf� da esp�cie ar�bica, sendo que as variedades mais cultivadas s�o o Catua� e o Mundo Novo. Localizada na regi�o oeste do estado, a Alta Paulista tem uma altitude m�dia de 600 metros. A regi�o � produtora de caf� ar�bica, sendo que a variedade mais cultivada � a Mundo Novo. A regi�o de Piraju, a uma altitude m�dia de 700 metros, produz caf� ar�bica, com cerca de 75% sendo da variedade Catua�, 15% da variedade Mundo Novo e 10% de novas variedades, como Obat�, Icatu, entre outras.
Em Minas Gerais, as principais regi�es produtoras s�o: Cerrado Mineiro, Sul de Minas, Matas de Minas e Jequitinhonha. A altitude m�dia do Cerrado Mineiro � de 800 metros e dentre o caf� ar�bica cultivado, a predomin�ncia � de plantas das variedades Mundo Novo e Catua�. O Sul de Minas tamb�m produz apenas caf� ar�bica e a altitude m�dia � de aproximadamente 950 metros. As variedades mais cultivadas s�o o Catua� e o Mundo Novo, mas tamb�m h� lavouras das variedades Icatu, Obat� e Catua� Rubi. A regi�o das Matas de Minas e Jequitinhonha est� a uma altitude m�dia de 650 metros e possui lavouras de ar�bica das variedades Catua� (80%), Mundo Novo, entre outras.
O Paran� chegou a ter 1,8 milh�o de hectares dedicados ao cultivo de caf�. Hoje esse n�mero � de apenas 156 mil hectares, mas o caf� ainda est� presente em aproximadamente 210 munic�pios do estado e � respons�vel por 3,2% da renda agr�cola paranaense. O caf� � cultivado nas regi�es do Norte Pioneiro, Norte, Noroeste e Oeste do Estado. As �reas de cultivo s�o muito extensas, o que justifica a grande varia��o de altitudes. A altitude m�dia � de aproximadamente 650 metros, sendo que na regi�o do Arenito, pr�ximo ao rio Paran�, a altitude � de 350 metros e na regi�o de Apucarana chega a 900 metros. No Estado � cultivada a esp�cie ar�bica e as variedades predominantes s�o Mundo Novo e Catua�.
A cafeicultura na Bahia surgiu a partir da d�cada de 1970 e teve uma grande influ�ncia no desenvolvimento econ�mico de alguns munic�pios. H� atualmente tr�s regi�es produtoras consolidadas: a do Planalto, mais tradicional produtora de caf� ar�bica; a Regi�o Oeste, tamb�m produtora de caf� ar�bica, sendo uma regi�o de cerrado com irriga��o e a Litor�nea, com plantios predominantes do caf� robusta (variedade Conillon). Na Regi�o Oeste, um n�mero expressivo de empresas utilizando alta tecnologia para caf� irrigado vem se instalando, contribuindo, assim, para a expans�o da produ��o em �reas n�o tradicionais de cultivo e consolidando a posi��o do Estado como o quinto maior produtor com, aproximadamente, 5% da produ��o nacional. No parque cafeeiro estadual predomina a produ��o de caf� Ar�bica com 76% da produ��o (com 95% sendo da variedade Catua�) contra 24% de Caf� Robusta.
No Esp�rito Santo, os principais munic�pios produtores s�o Linhares, S�o Mateus, Nova Venecia, S�o Gabriel da Palha, Vila Val�rio e �guia Branca. O caf� foi o produto respons�vel pelo desenvolvimento de um grande n�mero de cidades no Estado. S�o cultivadas no estado as esp�cies ar�bica e robusta (Conillon), tendo sido marcante a produ��o desta �ltima, que se expandiu principalmente nas regi�es baixas, de temperaturas elevadas. Atualmente as lavouras de robusta ocupam mais de 73% do parque cafeeiro estadual e respondem por 64,8% da produ��o brasileira da variedade. O Estado coloca o Brasil como segundo maior produtor mundial de Conillon.
No Estado de Rond�nia a produ��o de caf� est� concentrada nas cidades de Vilhena, Cafel�ndia, Cacoal, Rolim de Moura e Ji-Paran�. No cen�rio nacional, Rond�nia representa o sexto maior estado produtor e o segundo maior estado produtor de caf� Robusta, com uma �rea de 165 mil hectares e uma produ��o de 2,1 milh�es de sacas, constitu�das exclusivamente pelo caf� robusta (variedade Conillon).
LINHA DO TEMPO DO CAF�
Lenda de Kaldi, um pastor de cabras que descobre o valor estimulante do caf�.
O caf�, utilizado como alimento cru, come�a a ser cultivado em grande quantidade no Y�men.
Tribos da Eti�pia consomem a fruta macerada, misturada com banha, como alimento.
Descobre-se a infus�o de caf�. A fruta � mergulhada em �gua fervida, e esta infus�o � usada com fins medicinais.
O h�bito de beber caf� torna-se popular em Constantinopla, levado pelo Imp�rio Otomano.
Primeiro caf� do mundo � aberto em Constantinopla, o Kiva Han. As leis turcas permitiam que a esposa pedisse o div�rcio caso o marido n�o fosse capaz de prover um cota de caf�.
A bebida � preparada da mesma forma que conhecemos nos dias de hoje. O caf� se torna popular na Ar�bia, e como o Alcor�o pro�be as bebidas alco�licas, passa a ser bastante utilizado em cerim�nias religiosas.
Khair Beg, governador de Meca, tenta proibir o consumo de caf�. O sult�o, sabendo do ocorrido, decreta uma lei torna o caf� uma bebida sagrada e condena o governador � morte.
O caf� � levado para Mokha, onde se inicia um grande cultivo.
Prospero Alpino descreve o cafeeiro no livro De Plantis Aegypti, publicado em Veneza.
A primeira importa��o de caf� para Europa � feita pelos Venezianos.
A pr�tica da torrefa��o e moagem de caf� espalha-se pela Europa. Um dos respons�veis por esta divulga��o foi a "Botteghe del Caff�". No Cairo, inicia-se o uso de a��car para ado�ar o caf�.
Abre-se o primeiro caf� de Londres, Pasquar Rose, que causou conflito religioso, j� que o caf� era considerado uma bebida impura por alguns religiosos da Inglaterra.
Os holandeses conseguem algumas mudas de caf� de Mokha.
O caf� invade a Am�rica do Norte, levado pelos holandeses.
Em Nova Amsterd� (Nova York) e Filad�lfia, s�o abertas as primeiras coffee shops.
Nova York inicia um grande mercado de gr�os de caf� em Wall Street, a Exchange Coffee House.
O ex�rcito otomano cerca Viena. Franz Georg Kolschitzky, um vienense, escapa do cerco turco e sai em busca de refor�o. Os turcos recuam, deixando para tr�s v�rias sacas de caf� que Franz declara suas como "recompensa" pela vit�ria. Assim � aberta a primeira coffee house de Viena e difundido o h�bito de coar a bebida e beb�-la ado�ada com leite.
� aberto o primeiro caf� de Paris, o Procope, que atualmente � um restaurante em que se pode sentir a tradi��o das primeiras cafeterias europ�ias.
Da estufa do jardim bot�nico de Amsterd�, saem alguns p�s de caf� e, em 1699, inicia-se plantio experimental em Java e posteriormente em Sumatra.
O rei franc�s Louis XIV � presenteado com plantas de caf� pelo burgomestre de Amsterd�. Estas s�o colocadas na estufa dos jardins de Versailles. Destas mudas, os franceses levam o caf� para as Ilhas de Sandwich e Bourbon.
Holandeses levam o caf� para o Suriname, regi�o nordeste da Am�rica do Sul, que se transforma em um grande centro produtor.
Floriano Francesconi inaugura o caf� Florian na Piazza San Marco, em Veneza, at� hoje uma tradi��o.
Gabriel Mathieu de Clieu, capit�o da marinha francesa, viaja para a Martinica levando mudas de caf�. A viagem � longa e algumas mudas morrem. O capit�o resolve dividir com elas a sua ra��o de �gua para que chegassem ao continente. As plantas sobrevivem � viagem e se adaptam muito bem ao clima local. Infelizmente o capit�o, que j� tinha 80 anos na �poca da viagem, n�o ficou vivo o suficiente para ver o resultado de seus esfor�os, que deram origem a grandes planta��es, que seriam as ancestrais da Am�rica.
Primeira planta��o de caf� em terras brasileiras. O caf� come�a a ser cultivado no Par�, a partir de uma muda trazida do Suriname, por Francisco de Melo Palheta.
Ingleses iniciam planta��es na Jamaica, dando origem ao famoso caf� Blue Mountain.
Johann Sebastian Bach comp�e a Contata do Caf�. As cafeterias j� haviam se tornado um local para aprecia��o da m�sica.
Mudas de Goa s�o trazidas para o Rio de Janeiro. O caf� � plantado na G�vea e na Tijuca por Jo�o Alberto Castello Branco.
O cientista alem�o Ferdinand Runge descobre a cafe�na a partir do caf�.
Depois de avan�ar pelo Vale do Para�ba, o caf� torna-se uma commodity importante para os brasileiros e chega a Campinas consagrando-a como a capital da cafeicultura paulista.
Brasil torna-se uma grande pot�ncia exportadora de caf� com 26 milh�es de p�s plantados.
Inaugurada a Estrada de Ferro Santos Jundia�, que unia o principal porto de exporta��o � regi�o produtora de caf�.
Ludwig Roselius coloca no mercado o primeiro caf� sem cafe�na.
Santos Dumont realiza seu primeiro v�o com o 14 Bis e refor�a sua imagem de maior cafeicultor do mundo, conhecido como o "rei do caf�", divulgando a sua marca "Santos" por toda Europa.
Com a crise de 29, decorrente da quebra na bolsa, h� uma desestabiliza��o do mercado. O financiamento junto aos bancos estrangeiros � interrompido, e os pre�os despencam, levando o setor para uma enorme crise.
Fim do dom�nio brasileiro no mercado de caf�.
Come�a nos EUA a populariza��o do caf� expresso, com a difus�o de redes de cafeterias.
As m�quinas de caf� expresso autom�ticas ganham presen�a no mundo todo.
Consumo mundial supera a barreira dos 100 milh�es de sacas.
Brasil atingiu recorde de quase 3 milh�es de d�lares na exporta��o de caf�, tendo a Alemanha superado os Estados Unidos como maior importador.
Comit� do Conselho da Bolsa de Nova York coloca na pauta o caf� despolpado brasileiro. A quantidade de lojas especiais para caf� na Am�rica do Norte supera a casa das 10 mil.
2006-09-20 07:02:53
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answer #5
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answered by anaufabetu 3
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