Entre as décadas de 50 e 70 Pernambuco viveu dias de glória com a produção do chamado "ouro branco". Agora, com uma retomada significativa, a produção de algodão pode voltar a figurar entre as principais culturas do estado. Isso porque o Governo do Estado, através da Secretaria de Produção Rural e Reforma Agrária, começou a desenvolver ações para estimular a cultura do algodão. O programa já beneficia, inicialmente, cerca de 1.200 produtores em todo estado, além de reaquecer a economia e gerar mais empregos no campo.
De acordo com o coordenador estadual do programa, o engenheiro agrônomo Fernando Lins, a estratégia de produção está sendo semelhante à que vem sendo desenvolvida no estado de Sergipe, na cultura de feijão, usando o crédito rural como fundo de aval. Através do fundo, os parceiros contribuem com uma pequena parcela representando 20% do custo de produção para garantia de financiamento e que será devolvida com capitalização de juros e correção. Na primeira fase, que foi experimental, foram implatados dois pólos para o plantio: Surubim, no agreste do estado e em Serra Talhada, no sertão, abrangendo 20 municípios adjacentes.
A empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária (IPA) e Empresa de Abastecimento e Fomento Agrícola (Ebape), ambas vinculadas à Secretaria de Produção Rural e Reforma Agrária, estão responsáveis pela assistência técnica e capacitação dos agricultores nos municípios. Foram oferecidos conhecimentos sobre o projeto, mercado, cultivo e prevenção de pragas. A Federação dos Trabalhadores em Agricultura (Fetape) também está incentivando produtores a trabalharem em conjunto e o Banco do Brasil está entrando com o financiamento.
O trabalho realizado pela Ebape teve início em junho deste ano com o cultivo em dez hectares da fazenda Escuro, em Limoeiro, o que acarretou em uma produção de 1.500 kg do produto por hectare. No município, 30 hectares foram plantados com algodão.
Vantagem - No Brasil, os estados do Nordeste se destacam pela qualidade do algodão, por contar com fatores naturais adequados como a umidade relativa baixa, a luminosidade e o solo rico em potássio. Segundo o secretário de Produção Rural e Reforma Agrária, André de Paula, se os produtores passarem a adotar práticas corretas na colheita e ensacamento do algodão, o que elimina as impurezas que depreciam o produto, isto garantirá maior competitividade no mercado. "Na década de 80, a produtividade de algodão em todo Nordeste era de 300kg de algodão em caroço por hectare", contemplou o secretário, demonstrando a importância da adoção de tecnologia pelos produtores.
Atualmente, a maior parte do algodão utilizado em Pernambuco vem do Sul do país e de outros países como Argentina, Paraguai, Estados Unidos e parte da Europa. Das 28 usinas existentes no estado, somente quatro estão em condições de funcionamento.
O secretário André de Paula lembra a importância da agricultura no desenvolvimento da economia do país, prevendo que a atividade cresceu este ano cerca de 17%. Ele acrescenta, ainda, tratar-se de um setor onde o custo do emprego representa parcela ínfima de outras atividades - mil reais contra cento e oitenta mil na indústria automobilística, por exemplo.
Tipos de algodão - Conforme dados da Secretaria e Produção Rural, existem dois tipos de algodão em Pernambuco, o herbáceo, plantado em 2 mil hectares, e o arbóreo encontrado em 600 hectares de terras do estado. Os maiores produtores pernambucanos do herbáceo são os municípios de Surubim, Limoeiro, Riacho da Almas, Caruaru e Passira. O arbóreo é mais encontrado em Mirandiba, Carnaíba e Serra Talhada. No Brasil, a produção de algodão é de 450 mil toneladas, enquanto a demanda é de 800 mil toneladas, ou seja, 50% do consumo é importado.
De acordo com o engenheiro agrônomo da Ebape, Clóvis de Freitas, o algodão herbáceo é a melhor opção para Pernambuco. "O Plantio do herbáceo deve ser feito entre os meses de abril e maio. Quando todos os produtores da região plantam o algodão na mesma época, fica mais fácil controlar o bicudo - praga temida pelos produtores", explica.
Cotonicultura é tradição em Limoeiro
Quando Pernambuco estava no seu período áureo da produção de algodão entre as décadas de 50 a 70, o município de Limoeiro era responsável por 80% da produção do estado. O produtor Francisco Heráclito Neto reside em Limoeiro desde a infância e acompanhou, de perto, as plantações de algodão que tomavam conta da economia do município. Hoje, com a retomada do plantio e incentivo do Governo do Estado, Heráclito mostra com entusiasmo sua colheita. Ele plantou dez hectares de terra e conseguiu colher 1.500 kg de algodão bruto.
A venda do produto foi feita para a Usina Infio, também em Limoeiro. "O que poucas pessoas sabem é que do algodão se aproveita, além da pluma - que serve para fabricação de tecidos - a semente de onde é extraído um óleo vegetal de excelente qualidade e que, quando moída, vira um farelo que é uma ótima ração para gado", diz o produtor. Um saco de 50 kg de farelo custa em média R$ 13,00.
"Quando meu marido chegou com essa novidade de plantar algodão achei que não iria dar certo e fiquei temerosa. Hoje, já estou apoiando a plantação para o ano que vem", confessou a esposa de Francisco, Virgínia Heráclito. Em abril do próximo ano, ele vai mais além. Vai dar um salto para 40 hectares plantados. "Já tive a confirmação de que o retorno é garantido", disse o produtor.
Para o engenheiro agrônomo, Clóvis Soares de Freitas, que acompanhou o plantio de Heráclito, a plantação de algodão é fonte de renda segura para o pequeno agricultor. "É um trabalho que pode ser realizado com menos mão-de-obra. É importante tanto economicamente para o estado como socialmente, evitando o êxodo rural", completa Clóvis
Dados/Cotonicultura em Pernambuco:
Demanda em 99 - 30 mil toneladas de algodão em plumas por ano
Produção atual/ano - 2 mil toneladas de algodão em caroço
(representam cerca de 600 toneladas de algodão em pluma)
Preço do algodão no mercado - R$ 0,70 o quilo em caroço e R$ 2,00 o quilo da pluma
Custo de produção por hectare - R$ 650,00
2006-09-10 18:08:22
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answer #3
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answered by O MESMO 4
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Tipos de algodão - Conforme dados da Secretaria e Produção Rural, existem dois tipos de algodão em Pernambuco, o herbáceo, plantado em 2 mil hectares, e o arbóreo encontrado em 600 hectares de terras do estado. Os maiores produtores pernambucanos do herbáceo são os municípios de Surubim, Limoeiro, Riacho da Almas, Caruaru e Passira. O arbóreo é mais encontrado em Mirandiba, Carnaíba e Serra Talhada. No Brasil, a produção de algodão é de 450 mil toneladas, enquanto a demanda é de 800 mil toneladas, ou seja, 50% do consumo é importado.
De acordo com o engenheiro agrônomo da Ebape, Clóvis de Freitas, o algodão herbáceo é a melhor opção para Pernambuco. "O Plantio do herbáceo deve ser feito entre os meses de abril e maio. Quando todos os produtores da região plantam o algodão na mesma época, fica mais fácil controlar o bicudo - praga temida pelos produtores"
2006-09-10 18:02:57
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answer #4
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answered by Gabi 5
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