Porque se tornam vegetarianas sem estarem devidamente informadas sobre como ter uma dieta vegetariana equilibrada. Deve procurar-se esta informação junto de um dietista ou nutricionista que conheça os diversos aspectos da nutrição vegetariana e que procure compreender as suas motivações pessoais para esta mudança e recomendar-lhe uma dieta adequada a si e às suas necessidades. As pessoas não são todas iguais e, apesar das necessidades nutricionais serem basicamente as mesmas entre todos os humanos, estas variam, ainda assim, de indivíduo para indivíduo. Contudo, seguir uma dieta vegetariana é mais simples do que possa pensar – como este site pretende demonstrar.
A melhoria na saúde que advém de uma dieta vegetariana está dependente de uma alimentação variada, equilibrada e adequada, rica em alimentos de origem vegetal enriquecidos em ferro, cálcio, zinco, vitamina B12 e Omega-3, e também da prática regular de actividade física – de preferência ao ar livre, para sintetizar a tão importante vitamina D. Não hesite em contactar-nos, através de SejaVegetariano@animal.org.pt, para obter um acompanhamento nosso mais personalizado.
A proteína animal não faz mesmo falta?
Não, pelo contrário. O nosso organismo sintetiza proteínas através de aminoácidos, que, por sua vez, têm origem nas proteínas que ingerimos através da alimentação. Uma dieta vegetariana com bastante variedade, incluindo feijões, lentilhas, grãos e vegetais em geral, fornece-nos todos os aminoácidos necessários. Os regimes vegetarianos podem contribuir com todos os aminoácidos essenciais, desde que o regime seja abundante e variado. A quantidade total de proteína necessária está, portanto, relacionada com a constituição das diferentes fracções ingeridas. Ao contrário do que se pensava, para que seja aproveitado todo o potencial proteico destes alimentos, não é obrigatória uma combinação destes na mesma refeição, mas sim a sua ingestão ao longo do dia. Não se deve, no entanto, esquecer que a dose energética diária (quilocalorias ingeridas diariamente) deve ser adequada, para que o nosso organismo possa aproveitar todo o potencial proteico deste tipo de alimentos. A alimentação livre de proteína animal é, por tudo isto, considerada eficiente do ponto de vista proteico, sendo perfeitamente dispensáveis todos os alimentos de origem animal.
E o cálcio? Existe só no leite?
Não. Poderá encontrar cálcio em alimentos como os citrinos, o pão, a couve e outros vegetais de folhas verde-escuras, os figos, as amêndoas, e todos os alimentos enriquecidos com cálcio, como o leite e os iogurtes de soja e os comuns cereais de pequeno-almoço. Para potencializar a absorção do cálcio fornecido pelos alimentos de origem vegetal, basta ingerir, numa mesma refeição, alimentos de origem vegetal ricos em ferro e vitamina C e alimentos vegetais fornecedores de cálcio. Esta combinação torna mais eficaz a assimilação do cálcio. O cálcio é um dos principais constituintes da estrutura óssea e do esmalte dos dentes. Tem um papel importante na interacção com várias hormonas, responsáveis pelo controlo da absorção e da excreção deste mineral, bem como no metabolismo ósseo. Sabe-se que a presença de proteínas animais na alimentação contribui para a modificação da concentração de cálcio no sangue, ou seja, o consumo deste tipo de proteínas, por terem um teor em enxofre mais elevado do que a proteína vegetal, conduz ao aumento da produção de ácidos metabólicos que acidificam o sangue. Para o neutralizar, ocorre a perda de cálcio ósseo. Na maior parte dos casos, quem ingere mais cálcio é também quem ingere mais proteínas de origem animal (nomeadamente através do leite), e, por isso, apresenta valores tão elevados de perda de cálcio.
E o ferro? Está presente nas dietas vegetarianas?
Sim, o ferro encontra-se numa dieta vegetariana. O ferro encontrado nos alimentos pode existir sob duas formas: hémico e não-hémico. O primeiro encontra-se em produtos animais, como as vísceras (fígado), a carne, incluindo a carne de peixe (e marisco), e os ovos, e o segundo encontra-se nos legumes de folha verde, nos damascos, ervilhas, feijões, frutos secos e cereais enriquecidos. A grande diferença entre estes dois tipos de ferro está na forma como cada um deles é absorvido: o ferro hémico é absorvido em cerca de 15 a 35%; o ferro não-hémico é absorvido numa proporção de cerca de 2% a 20%. A absorção é influenciada por factores nutricionais, uma vez que alguns alimentos e bebidas bloqueiam a sua absorção quando consumidos nas mesmas refeições. Assim, os componentes de uma refeição podem ter efeito tanto no aumento como na diminuição da absorção do ferro não-hémico. Ingerir alimentos ricos em vitamina C facilita e aumenta a absorção do ferro não-hémico. Quanto aos factores que diminuem a absorção do ferro não-hémico, são:
- A ingestão de bebidas que contêm taninos, como os chás preto e verde e o café. Devem-se evitar à refeição ou juntamente com alimentos ricos em ferro, uma vez que o tanino, combinado com o ferro, forma um composto insolúvel, não sendo absorvido.
- A ingestão de alimentos ricos em oxalatos, como é o caso do chocolate e dos espinafres.
E a vitamina B12? Está só presente em produtos de origem animal, certo?
Errado. Embora sintetizada por bactérias, a vitamina B12 encontra-se maioritariamente em tecidos animais. No entanto, pode ser também encontrada em pequenas quantidades nos produtos vegetais fermentados onde é produzida por bactérias do tipo lactobacilos e coliformes. Alguns mamíferos herbívoros têm microrganismos no seu intestino que produzem esta vitamina. No caso dos humanos, através de um certo tipo de bactérias (colibacilos) existentes no intestino, faz-se a síntese de uma parte importante desta vitamina, mas, por razões de absorção insuficiente, as necessidades humanas só são completamente satisfeitas pela vitamina B12 que se encontra incluída nos alimentos. A ausência de vitamina B12 activa na alimentação diária conduz a estados de carência graves, caracterizados por sintomas relacionados com a anemia e problemas do sistema nervoso, nomeadamente perda de energia, redução da sensibilidade à dor ou ao toque, dormência, visão desfocada, perda de memória, confusão mental, alucinações e alterações de personalidade. Estes sintomas desenvolvem-se ao longo de vários meses, podendo durar anos até que seja diagnosticada a carência desta vitamina. Para ter a certeza de que consome a Dose Diária Recomendada (DDR) de 3 microgramas (Xg) por dia desta vitamina, basta consultar as tabelas de informação nutricional apresentadas nos rótulos dos alimentos consumidos. De forma a controlar os níveis de vitamina B12 no organismo, os vegetarianos devem fazer testes anuais referentes a esta vitamina, tendo sempre o cuidado de referir o tipo de dieta praticada, pois os testes relativos aos níveis sanguíneos de B12 não são adequados para vegetarianos, visto que estes podem ser facilmente mal interpretados devido não só ao consumo de moléculas análogas (semelhantes) e inactivas desta vitamina, mas também devido à ingestão elevada de folatos (característica da dieta vegetariana), camuflando os sintomas de anemia provocada pela deficiência de B12. Alguns alimentos que são fontes de B12 são a levedura de cerveja (se for enriquecida) e alguns alimentos enriquecidos, como o leite de soja ou os cereais de pequeno almoço (apenas se forem de facto enriquecidos).
E quanto à vitamina D?
Os vegetarianos podem conseguir uma boa dose de vitamina D através da exposição diária ao sol, durante a Primavera, Verão e Outono; no Inverno, através do consumo de alimentos enriquecidos, como os cereais de pequeno-almoço e o leite de soja, entre outros. A vitamina D é uma vitamina solúvel em gordura (lipossolúvel) que pode actuar como uma hormona regulando a formação do tecido ósseo e a absorção de cálcio e fósforo através do intestino. Pode ser facilmente conseguida a partir da exposição da pele ao sol diariamente. Sabe-se que cerca de 80% a 100% da vitamina D utilizada pelo organismo é sintetizada através da incidência do sol na pele. Pessoas com pele escura ou que vivam em latitudes elevadas, ou cuja tradição e cultura obriguem a que o corpo esteja completamente tapado por roupas (países islâmicos), têm mais dificuldade na síntese desta vitamina, pelo que, nestes casos, é aconselhável o consumo de alimentos enriquecidos com vitamina D. Estes produtos devem também fazer parte da dieta diária de indivíduos vegetarianos que habitem em elevadas latitudes e mulheres vegetarianas grávidas ou que estejam a amamentar.
E a vitamina A?
Esta vitamina é frequentemente encontrada em alimentos de origem animal. Contudo, existem alguns compostos relacionados com as vitaminas que podem ser convertidos em vitamina activa dentro do organismo. A estes compostos chamam-se próvitaminas, e o B-caroteno (beta-caroteno) é um exemplo destas. Quando em excesso, esta vitamina é armazenada no organismo, podendo vir a atingir níveis tóxicos. O consumo de B-caroteno é uma opção que previne a acumulação excessiva desta vitamina, pois pode ser consumido em doses elevadas sem que haja acumulação prejudicial ao organismo. O B-caroteno pode ser encontrado em alimentos como vegetais e legumes amarelos ou laranja, folhas de vegetais ou frutos como o pêssego e a manga. Para a eficaz absorção desta vitamina, basta acrescentar pequenas quantidades de gordura (preferencialmente, azeite, que é uma gordura vegetal e é uma das mais saudáveis) na confecção dos alimentos. Esta vitamina tem um papel muito importante na formação dos ossos, para manter em bom estado a visão, pele e cabelos e no processo de crescimento. A sua deficiência leva a visão deficiente à noite, sensibilidade à luz, redução do olfacto e do paladar e a pele e mucosas secas e com frequentes infecções.
E iodo?
A inclusão de alimentos como o feijão de soja, tapioca, batatas-doces, cereais como maize, millet e algas como nori e kombu, numa dieta vegetariana, é uma preciosa ajuda na obtenção das quantidades mínimas diárias de iodo. O iodo é essencial para o bom funcionamento da glândula da tiróide, responsável pela produção das hormonas tiroxina e triodotironina, que, por sua vez, actuam no crescimento físico e neurológico e na manutenção do fluxo normal de energia (metabolismo basal). São também muito importantes para o funcionamento do coração, fígado, rins e ovários.
E os ácidos gordos Omega-3 e Omega-6, estão presentes nas dietas vegetarianas?
De maneira geral, as dietas vegetarianas são ricas em ácidos gordos Omega-6, pois são facilmente encontrados em nozes, milho, sementes, soja e óleos vegetais, não sendo, por isso, frequente a carência deste tipo de gordura em vegetarianos. Os ácidos gordos Omega-6 podem ajudar a reduzir os níveis de colesterol LDL e do colesterol total. Os Omega-3 não são tão frequentemente encontrados numa dieta vegetariana. Sendo estas duas substâncias de uma importância fulcral em diversos processos do organismo, é essencial evitar a sua carência, ingerindo nozes, óleos vegetais, tofu, feijão de soja, algas e sementes de linhaça. Embora a maioria das pessoas ache que deve eliminar as gorduras da alimentação, a verdade é que nem todas as gorduras devem ser eliminadas. Alguns tipos de gordura, como os ácidos gordos polinsaturados Omega-6 e Omega-3, são essenciais para a saúde. Mulheres vegetarianas grávidas ou em período de amamentação devem aumentar o consumo de alimentos fornecedores de Omega-3.
O zinco também se encontra nas dietas vegetarianas?
Embora o zinco não exista em grandes quantidades em alimentos de origem vegetal, a maioria dos vegetarianos consegue manter os níveis de zinco dentro dos valores ideais, pois está presente em legumes, avelãs, milho, ervilhas, lentilhas, amendoins, manteiga de amendoim, sementes de abóbora e girassol e cereais de pequeno-almoço enriquecidos com zinco. Deve ingerir alimentos que sejam ricos em proteínas e simultaneamente em zinco, pois as primeiras contribuem para o aumento da absorção intestinal de zinco. Legumes, frutos oleoginosos, tempeh e miso são boas opções. O zinco é um mineral com importantes funções no crescimento e divisão celular, na síntese de proteínas e ADN, e no metabolismo dos hidratos de carbono, lípidos e proteínas. Tem um papel importante na cicatrização, na manutenção do bom estado da pele e do sistema imunológico, e é um componente vital de várias reacções enzimáticas. Os primeiros sintomas da carência de zinco incluem atraso no crescimento e na maturação sexual em crianças. Nos adultos, os sintomas de falta de zinco são: fraca cicatrização, queda de cabelo, problemas imunológicos e infecções cutâneas (especialmente à volta de orifícios corporais). Mulheres vegetarianas grávidas ou que estejam em período de amamentação devem incluir na sua alimentação maiores quantidades de alimentos ricos em zinco.
2006-09-03 05:25:43
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