No tempo de Jesus, ainda se usava o hebraico na Palestina. Mas era o coiné que dominava ali e no restante das províncias longínquas do mundo romano. Por isso, os escritores cristãos da Bíblia usavam esta forma comum do grego para contatar o maior número possível de pessoas das nações. Citavam também liberalmente a Septuaginta e usavam muitos dos seus termos.
Visto que os primeiros cristãos eram missionários zelosos, eles logo se tornaram hábeis em usar a Septuaginta para provar que Jesus era o muito esperado Messias. Isto agitou os judeus e os incitou a produzir certas traduções novas em grego, destinadas a privar os cristãos dos seus argumentos por revisarem os textos de prova favoritos deles. Por exemplo, em Isaías 7:14, a Septuaginta usa uma palavra grega que significa “virgem”, referindo-se profeticamente à mãe do Messias. As novas traduções usavam uma palavra grega diferente, que significa “moça”. Os cristãos terem continuado a usar a Septuaginta, por fim, induziu os judeus a abandonar totalmente sua tática e a promover o retorno ao hebraico. Por fim, esta ação acabou sendo uma vantagem para as posteriores traduções da Bíblia porque ajudou a manter viva a língua hebraica.
Os primeiros editores cristãos
Os primeiros cristãos, zelosos, decidiram produzir o máximo número de Bíblias que podiam, todas copiadas à mão. Eles originaram também o uso do códice, que tinha páginas assim como um livro moderno, em vez de continuarem a usar rolos. O códice, além de ser mais conveniente para se encontrar rapidamente os textos, podia conter mais num único volume do que se podia registrar num único rolo — por exemplo, todas as Escrituras Gregas ou mesmo a Bíblia inteira.
O cânon das Escrituras Gregas Cristãs foi completado por volta de 98 EC, com os livros do último apóstolo sobrevivente, João. Existe um fragmento duma cópia do Evangelho de João, chamado de Papiro Rylands 457 (P52), que não é posterior ao ano 125 EC. Já entre 150 e 170 EC, Taciano, estudante de Justino, o Mártir, pode ter produzido o seu Diatessaron, um relato composto sobre a vida de Jesus, compilado dos mesmos quatro Evangelhos encontrados hoje na nossa Bíblia. Isto indica que ele considerava como autênticos apenas esses Evangelhos e que eles já estavam em circulação. Por volta de 170 EC, produziu-se o primeiro catálogo conhecido dos livros do “Novo Testamento”, chamado de Fragmento Muratoriano. Este alista a maior parte dos livros das Escrituras Gregas Cristãs.
Útil no primeiro século
A Septuaginta foi usada extensamente pelos judeus de língua grega antes e durante o tempo de Jesus Cristo e seus apóstolos. Muitos dos judeus e dos prosélitos reunidos em Jerusalém no dia de Pentecostes de 33 EC eram do distrito da Ásia, do Egito, da Líbia, de Roma e de Creta — regiões em que se falava grego. Sem dúvida, eles costumavam ler a Septuaginta. (Atos 2:9-11) De modo que essa versão influiu na divulgação das boas novas no primeiro século.
Por exemplo, ao conversar com homens de Cirene, Alexandria, Cilícia e Ásia, o discípulo Estêvão disse: “José enviou e chamou a Jacó, seu pai, e todos os seus parentes daquele lugar [Canaã], no número de setenta e cinco almas.” (Atos 6:8-10; 7:12-14) O texto hebraico de Gênesis, capítulo 46, diz que o número dos parentes de José era setenta. Mas a Septuaginta usa o número setenta e cinco. Pelo visto, Estêvão citou a Septuaginta. — Gênesis 46:20, 26, 27, nota, NM com Referências.
Ao viajar pela Ásia Menor e pela Grécia na segunda e na terceira viagem missionária, o apóstolo Paulo pregava a muitos gentios que temiam a Deus e a “gregos que adoravam a Deus”. (Atos 13:16, 26; 17:4) Essas pessoas haviam chegado a temer a Deus ou a adorá-lo por terem obtido conhecimento dele pela Septuaginta. Ao pregar a tais que falavam grego, Paulo muitas vezes citava ou parafraseava partes dessa tradução. — Gênesis 22:18, nota; Gálatas 3:8.
As Escrituras Gregas Cristãs contêm umas 320 citações diretas e o total conjunto de talvez 890 citações e referências das Escrituras Hebraicas. A maioria delas se baseia na Septuaginta. Em resultado disso, as citações tiradas desta tradução, e não dos manuscritos hebraicos, tornaram-se parte das inspiradas Escrituras Gregas Cristãs. Como isso é significativo! Jesus havia predito que as boas novas do Reino seriam pregadas em toda a terra habitada. (Mateus 24:14) Para realizar isso, Jeová permitiria que sua Palavra inspirada fosse traduzida para os diversos idiomas lidos por pessoas em todo o mundo.
É útil hoje
A Septuaginta continua valiosa hoje e é usada para ajudar a identificar erros de copistas que talvez tenham sido introduzidos em manuscritos hebraicos, copiados numa data posterior.
2006-08-30 08:56:48
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answer #1
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answered by David 4
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