Hepatite C
INTRODUÇÃO E EPIDEMIOLOGIA
Hepatite C é a inflamação do fígado causada pela infecção pelo vírus da hepatite C (HCV), transmitido através do contato com sangue contaminado. Essa inflamação ocorre na maioria das pessoas que adquire o vírus e, dependendo da intensidade e tempo de duração, pode levar a cirrose e câncer do fígado.
HCV
Estima-se que cerca de 3% da população mundial, 170 milhões de pessoas, sejam portadores de hepatite C crônica. É atualmente a principal causa de transplante hepático em países desenvolvidos e responsável por 60% das hepatopatias crônicas. No Brasil, em doadores de sangue, a incidência da hepatite C é de cerca de 1,2%, com diferenças regionais, como mostra os dados abaixo:
Prevalência da hepatite C
Estados Unidos
1,4%
França
3,0%
Egito / África do Sul
30,0%
Canadá / Norte da Europa
0,3%
Brasil
1,2-2,0%
- Norte 2,1%
- Nordeste 1%
- Centro-Oeste 1,2%
- Sudeste 1,4%
- Sul
0,7%
Apesar do altíssimo número de contaminados, alguns fatores de risco são considerados mais importantes e todas as pessoas com eles devem ser devem ser testadas, pelo alto risco da doença:
Fatores de maior risco para hepatite C
Usuários de drogas endovenosas risco 80%
Receptores de fatores de coagulação antes de 1987 risco 90%
Receptores de transfusão sangüínea ou transplante de órgãos antes de 1992 risco 6%
Hemodiálise risco 20%
Filhos de mães positivas risco 5%
Parceiros de portadores do HIV -
Crianças com 12 meses de idade com mãe portadora do HCV -
Profissionais da área da saúde vítimas de acidente com sangue contaminado -
SINTOMAS
Diferentemente das hepatites A e B, a maioria das pessoas que adquirem a hepatite C desenvolvem doença crônica e lenta, sendo que a maioria (90%) é assintomática ou apresenta sintomas muito inespecíficos, como letargia, dores musculares e articulares, cansaço, náuseas ou desconforto no hipocôndrio direito. Assim, o diagnóstico só costuma ser realizado através de exames para doação de sangue, exames de rotina ou quando sintomas de doença hepática surgem, já na fase avançada de cirrose.
Além dos sintomas relacionados diretamente à hepatite, o vírus pode desencadear o aparecimento de outras doenças através de estimulação do sistema imunológico:
Manifestações extra-hepáticas do HCV
Crioglobulinemia mista Tireoidite autoimune
Porfiria cutânea tarda Líquen plano
Glomerulonefrite membranoproliferativa Sialoadenite
Poliarterite nodosa Úlcera de córnea
Linfoma de células B Síndrome de sicca
Fibrose pulmonar idiopática Fenômeno de Reynaud
TRANSMISSÃO
A transmissão da hepatite C ocorre após o contato com sangue contaminado. Apesar de relatos recentes mostrando a presença do vírus em outras secreções ( leite, saliva, urina e esperma ), a quantidade do vírus parece ser pequena demais para causar infecção e não há dados que sugiram transmissão por essas vias. Grupos de maior risco incluem receptores de sangue, usuários de drogas endovenosas, pacientes em hemodiálise ( cerca de 15-45% são infectados nos EUA ) e trabalhadores da área de saúde.
Com o surgimento de exames para detecção da hepatite C, a incidência anual vem caindo. Isso é mais significativo em receptores de transfusões, pois essa era a principal via de transmissão e atualmente o risco de adquirir hepatite C por transfusão sangüínea está entre 0,01 e 0,001%. Atualmente, o maior risco é dos usuários de drogas, que nos EUA tem 72-90% de prevalência de infecção. Estima-se que após 6 a 12 meses de uso de drogas endovenosas, 80% dos indivíduos estão infectados.
Em trabalhadores de saúde que se acidentam com agulhas contaminadas, há o risco de transmissão, mas ele é menor que 4% ( menos que a hepatite B, mais que o HIV ) e isso é responsável por menos de 1% dos casos de infecções.
A transmissão vertical ( mãe para filho ) ocorre em 0 a 35,5% dos partos de mães infectadas, dependendo principalmente da quantidade de vírus circulante no momento do parto e coinfecção com HIV. A taxa de transmissão vertical em geral está entre 4,3 a 5,0%. Há risco maior no parto normal que na cesariana e o aleitamento materno parece ser seguro, mas os estudos em ambos os casos são conflitantes.
A transmissão sexual é muito debatida. É verdadeiro que a hepatite C é muito menos transmitida sexualmente que a hepatite B. Em parceiros fixos de pessoas contaminadas, a prevalência de infecção é de apenas 0,4 a 3%, sendo que nesse muitas vezes encontramos outros fatores de risco que podem ser a causa da infecção. Por outro lado, entre pessoas sem nenhum outro fator de risco, encontramos 2 a 12% de sexualmente promíscuos. Atualmente, não há dados que indiquem a necessidade de uso de preservativo em parceiros estáveis pela hepatite C.
Modos de Transmissão da hepatite C
Comuns e Incomuns
Uso de drogas endovenosas
Cocaína intranasal
Transfusões de sangue antes de '92
Piercing
Acidentes com agulhas
Tatuagens
Transmissão perinatal
Transmissão sexual
Outros fatores de risco menores são o uso de cocaína intranasal, piercing e tatuagens. Mesmo excluídas todos os fatores de risco anteriores, a transmissão esporádica, ou sem modo conhecido, é responsável por pelo menos 12% dos casos.
Naturalmente, como tem os mesmos modos de transmissão, os portadores de hepatite C têm também um risco maior de outras doenças, particularmente a hepatite B a AIDS e outras doenças sexualmente transmissíveis, devendo realizar exames de sangue para diagnóstico. De particular interesse são a co-infecção hepatite B e C e hepatite C e HIV, com evoluções muito piores e tratamento mais difícil.
Fatores de risco para o contágio da hepatite C
Transfusão de sangue ou derivados
Uso de drogas ilícitas
Hemodiálise
Exposição a sangue por profissionais da área de saúde
Receptores de órgãos ou tecidos transplantados
Recém-nascidos de mães portadoras
Contatos sexuais promíscuos ou com parceiros sabidamente portadores
Exposição a sangue por material cortante ou perfurante de uso coletivo sem esterilização adequada:
procedimentos médico-odontológicos
tatuagem
acupuntura
manicure / pedicure
body piercing
contato social ou familiar com material de uso pessoal ( barbeadores, escovas dentais, etc )
"medicina" folclórica ( inclui "cirurgias espíritas" )
barbeiros e cabelereiros
FISIOPATOLOGIA
A hepatite C é causada por um vírus tipo RNA ( as informações genéticas são codificadas em RNA - no hospedeiro, este RNA precisa ser "traduzido" em DNA para produzir novos vírus ). Ele é muito diferente dos vírus que causam as outras hepatites mais comuns, a A e a B. O vírus da hepatite C é membro da família Flaviviridae, a mesma da dengue e da febre amarela. Há vários genótipos ( variações ) deste vírus, sendo 6 as mais importantes ( 1 a 6 ), sendo que estes estão subdivididos em mais de 50 subtipos ( 1a, 1b, 2a, etc ). Os genótipos chegam a apresentar 30 a 50% de diferença no seu RNA. Esta divisão é importante porque cada subtipo tem características próprias de agressividade e resposta ao tratamento. Genótipos 1 e 4 tem maior resistência ao tratamento com interferon que os 2 e 3. Variações podem "enganar" o sistema imunológico e dificultar muito a produção de vacinas, entre outras complicações.
A quantidade de vírus C no sangue infectado é menor que os de vírus B na hepatite B. Também não se observa antígenos no sangue, ao contrário da hepatite B. Suspeita-se que, como na hepatite B, o principal mecanismo de destruição de células do fígado seja pelo sistema imunológico do próprio hospedeiro, mas é provável que também haja destruição pelo vírus.
Na biópsia hepática de portadores de hepatite C, observa-se esteatose micro ou macrovesicular (50%), dano em ductos biliares (60%) e agregados ou folículos linfóides (60%).
DIAGNÓSTICO
O principal método diagnóstico para a hepatite C continua sendo a sorologia para anti-HCV pelo método ELISA, sendo que a terceira geração deste exame, o ELISA III, tem sensibilidade e especificidades superiores a 95% ( com valor preditivo positivo superior a 95% ). Após a infecção, o exame torna-se positivo entre 20 e 150 dias ( média 50 dias ). Pela alta confiança do exame, o uso de sorologia por outro método ( RIBA ) só deve ser utilizado em suspeitas de ELISA falso positivo ( pessoas sem nenhum fator de risco ). O resultado falso positivo é mais comum em portadores de doenças autoimunes com auto-anticorpos circulantes, além de indivíduos que tiveram hepatite C aguda, que curaram espontaneamente mas que mantêm a sorologia positiva por várias semanas. Por outro lado, o exame também pode ser falso negativo em pacientes com sistema imunológico comprometido.
Anti-HCV Elisa 3a. geração
Falsos-negativos Falsos-positivos
Hepatite C aguda Alcoólatras
Imunodepressão ( transplante, SIDA ) Doenças autoimunes
Populações de baixa prevalência
O segundo método de escolha é a detecção do RNA do vírus no sangue, que já é encontrado em 7 a 21 dias após a infecção. Há vários métodos, sendo que o PCR qualitativo é o mais sensível ( detecta até quantidades mínimas como 50 cópias/mL ) e o PCR quantitativo é menos sensível ( apenas acima de 1.000 cópias/mL ), mas informa uma estimativa da quantidade do vírus circulante. Pelas definições da Organização Mundial de Saúde, pessoas com mais de 800.000 UI/mL ( cópias/mL ) são consideradas como portadoras de título alto e, as com menos, portadores de título baixo.
O genótipo é desnecessário para o diagnóstico da infecção, mas é extremamente importante na tomada de decisões quanto ao tratamento. Para os genótipos 2 e 3, por exemplo, a dose da medicação e o tempo de tratamento são menores do que os recomendados para o genótipo 1.
Distribuição dos genótipos do HCV no Brasil
Genótipo Incidência
1 70%
2 2,5%
3 28%
A elevação de transaminases não é necessária para o diagnóstico. Até 30% dos pacientes mantém dosagem de ALT normal, mas mesmo assim 50% apresentam à biópsia hepática alterações significativas.
Como a severidade da doença não pode ser determinada com precisão por métodos menos agressivos, a biópsia continua sendo necessária para avaliar o grau de inflamação e fibrose ( formação de cicatrizes ). O consenso mundial é de que a biópsia é necessária em todos os pacientes antes do início do tratamento.
Papel da biópsia hepática na hepatite C
Confirma o diagnóstico clínico
Avalia o grau de fibrose e inflamação
Avalia a presença de outras doenças concomitantes
Ajuda a definir a melhor opção terapêutica
HISTÓRIA NATURAL
A história natural precisa da hepatite C é difícil de avaliar pela falta de dados prospectivos, dificuldade de definir a data da transmissão e associações com outros fatores que alteram o curso da doença, como co-infecções e uso de álcool.
A hepatite C aguda é assintomática em 84% dos casos, o que dificulta o diagnóstico. O tempo de incubação ( entre o contato com o vírus até o desenvolvimento da hepatite aguda ) é de 15 a 60 dias ( média de 45 a 55 dias ), mas a pessoa já pode transmitir a doença mesmo antes disso. Os sintomas mais comuns são icterícia, fadiga, febre, náusea, vômitos e desconforto em hipocôndrio direito, geralmente 2-12 semanas após a exposição e dura de 2 a 12 semanas. O diagnóstico da fase aguda requer a realização de PCR, uma vez que infecções agudas podem ser soronegativas.
O principal fator que leva à grande importância da hepatite C é a sua alta cronicidade. Apenas 15 a 30% das pessoas infectadas pelo vírus da hepatite C curam espontaneamente, enquanto 70 a 85% ficam com hepatite crônica. Persistindo a viremia, a progressão do dano hepático é de um estágio de atividade ou fibrose a cada 7-10 anos. Aproximadamente 20 a 30% dos portadores de hepatite C crônica desenvolvem cirrose após 10 a 20 anos de infecção.
Observe que, apesar de ser uma doença que pode levar a um grande número de cirroses e cânceres por estarmos em uma epidemia, a maioria das pessoas que adquire a hepatite C, a maioria das pessoas infectadas não apresentará complicações relacionadas a essa doença durante a sua vida ! Assim, uma das principais questões em estudo na hepatite C é como prever quem desenvolverá complicações da hepatite e quem permanecerá com doença leve ou inativa. Por enquanto, só sabemos que portadores que adquiriram a infecção mais novos, os com elevados níveis de ALT ( que indicam doença com maior atividade ) e naqueles que já tem um grau moderado de fibrose ( cicatrizes ) ou progressão na fibrose em biópsias com intervalo de 3 a 5 anos têm maior propensão a evolução para cirrose. A presença de outros fatores, como sexo masculino, hemocromatose, consumo de álcool, co-infecções pelo HBV ou HIV, imunossupressão ( após transplante ) e, possivelmente, a esteato-hepatite não alcoólica, aceleram a progressão da doença.
GRUPOS ESPECIAIS
Crianças
Crianças infectadas com hepatite C parecem ter evolução mais benigna do que aquelas com hepatite B. Em um estudo com crianças infectadas com hepatite C genótipo 1, 45% curaram espontaneamente. A progressão da doença também parece ser mais lenta do que nos adultos que adquiriram a doença.
Coinfecção HCV-HIV
A coinfecção é comum. Em um estudo europeu de 3000 portadores de HIV, 33% eram anti-HCV positivos ( 75% nos usuários de drogas endovenosas ). A progressão para a cirrose é muito mais rápida nesses pacientes, chegando a 25% em 15 anos em um estudo.
Coinfecção HBV-HCV
A coinfecção aumenta a velocidade do desenvolvimento de cirrose e hepatocarcinoma.
TRATAMENTO
São consideradas indicações ao tratamento da hepatite C:
VHC RNA detectável, ALT persistentemente elevada e biópsia hepática demonstrando fibrose portal, independente da atividade inflamatória;
portadores de cirrose compensada;
usuários de álcool ou drogas que tenham condições de aderir ao tratamento;
portadores de doença mais leve, transplantados ( exceto fígado ) e aqueles com manifestações extra-hepáticas do VHC têm indicação discutível de tratamento;
no caso de pacientes com transaminases normais, não há consenso, mas o tratamento é recomendável se houver fibrose moderada/severa;
portadores de co-infecção HCV-HIV, se a infecção pelo último estiver controlada;
Interferon alfa e ribavirina
Interferons são glicoproteínas produzidas por células infectadas por vírus. Até agora foram identificados três tipos: o alfa, produzido por linfócitos B e monócitos, o beta, por fibroblastos e o gama, por linfócitos T-helper e NK. O IFN-alfa age diretamente contra o vírus e também aumenta a resposta imune. No entanto, o tratamento apenas com o IFN-alfa apresenta apenas 10-19% de resposta sustentada.
A ribavirina é uma análogo sintético da guanosina que tem ação direta contra vírus RNA e DNA, por provável mecanismo de inibição da DNA polimerase vírus-dependente. A ribavirina sozinha, no entanto, não tem qualquer efeito sobre a hepatite C.
A combinação do interferon-alfa com a ribavirina melhora a resposta virológica sustentada para 38-43%, com correspondente melhora na análise histológica ( biópsia ) e, possivelmente, nas complicações a longo prazo da hepatite ( mas para esse último faltam estudos prospectivos a longo prazo ).
Hoje recomenda-se a terapia combinada na seguinte dosagem:
interferon alfa 3.000.000 unidades por via subcutânea 3 vezes por semana
ribavirina 1.000 mg ao dia por via oral em < 75 kg e 1.200 mg em > 75 kg
Infelizmente, os melhores resultados do tratamento são naqueles pacientes com doença que naturalmente seria mais benigna:
genótipo do vírus que não seja o 1
baixa viremia ( quantidade de vírus no sangue )
ausência de fibrose ou cirrose ao início do tratamento
Mesmo na ausência de fatores benéficos ao tratamento, ele deve ser realizado, mas recomenda-se que dure 48 semanas, ao contrário das normais 24 semanas ( nos pacientes acima, não há melhora significativa da resposta dobrando-se o tempo de tratamento, mas nos casos mais severos sim ).
Efeitos colaterais do tratamento com interferon alfa e ribavirina na hepatite C
Leucopenia
Neutropenia
Trombocitopenia
Anemia hemolítica
Fadiga
Depressão e outros transtornos psiquiátricos
Sintomas "gripais": febre e dores musculares
Sintomas gastrointestinais: náuseas e perda do apetite
Sintomas respiratórios: tosse e falta de ar
Dificuldade no controle de diabetes
Disfunção na tireóide: hiper ou hipotireoidismo
Sintomas dermatológicos: descamações (rash) e perda de cabelos
Risco aumentado de defeitos de nascença em grávidas
As pessoas em tratamento deve ser acompanhadas freqüentemente. Exames laboratoriais são necessários a cada 1-2 semanas durante os primeiros 2 meses e depois a cada 4-8 semanas. Dosagens periódicas de hormônios tireoidianos são necessários. Não é recomendada a dosagem do vírus antes de 24 semanas de tratamento.
São consideradas contra-indicações ao tratamento com interferon e ribavirina:
anemia ( hemoglobina < 12 g/dL em mulheres e < 13 g/dL em homens )
leucopenia ( leucócitos < 1.500 / mm3 )
plaquetopenia ( plaquetas < 100.000 / mm3 )
hepáticas ( transaminases normais; cirrose descompensada )
cardiovascular ( coronariopatia )
endocrinológica ( diabetes descompensado )
doenças autoimunes
neuropsiquiátricas ( vertigens; doença psiquiátrica severa )
obstétrica ( gestação ou incapacidade de anticoncepção )
Interferon peguilado ( ou peginterferon )
Associando a molécula polietilenoglicol ao interferon, conseguiu-se produzir uma nova modalidade de interferon com absorção e eliminação mais lentas. Graças a isso, o interferon peguilado pode ser administrado por via subcutânea apenas uma vez por semana e ainda manter um nível no sangue contínuo, mais adequado que as três administrações semanais do interferon comum - o resultado são melhores resultados e uma discreta menor incidência de efeitos colaterais. Em monoterapia ( apenas o interferon alfa peguilado ), a taxa de resposta virológica sustentada é de 39%, com resultados ainda maiores com a associação peginterferon + ribavirina:
Resposta ao tratamento (%)
Resposta virológica sustentada IFN 3 MU 3x/sem IFN 3 MU 3x/sem + ribavirina 1,0-1,2 g/d PEG IFN 1,5 mcg/kg/sem PEG IFN 1,5 mcg/kg/sem + ribavirina 800 mg/d
Laboratório Manns* Laboratório Manns*
Geral 19
46 47 39 52 54
Genótipo 1 - 33 33 - 41 42
Genótipos 2-3 - 73 79 - 75 82
Genótipos 4-6 - - 38 - - 50
* Manns MP et al and the International Hepatitis Therapy Group: Peginterferon alfa-2b plus ribavirin compared with interferon alfa-2b for initial treatment of chronic hepatitis C: a randomized trial. Lancet 2001; 358:958
Hoje, considera-se como tratamento mais eficaz a associação do peginterferon com a ribavirina. Nos pacientes com vírus genótipos 2 e 3 , que têm resposta muito melhor, recomenda-se o tratamento por 24 semanas ( 6 meses ). Nos pacientes com VHC genótipo 1, recomenda-se por 48 semanas.
Dieta
Apesar de muitos pacientes solicitarem uma dieta, nenhuma provou qualquer benefício em portadores de hepatite C. No entanto, o uso do álcool pode piorar o curso da doença. Como não está claro se existe uma dose segura de álcool nesse caso, sugere-se evitar o seu uso.
PREVENÇÃO
A incidência de hepatite C pôde ser reduzida pelo rastreamento adequado de doadores de sangue nas últimas décadas. Hoje, apenas 5% dos novos casos são adquiridos dessa forma. Hoje, a melhor forma de prevenção reside no combate ao uso de drogas endovenosas. Protocolos de tratamento logo após infecção ( contato com sangue contaminado ) não apresentaram resultados favoráveis e não são recomendados. Ainda não há perspectiva a médio prazo de uma vacina eficiente.
Nos raros casos em que a hepatite C é descoberta na fase aguda, o tratamento está indicado por diminuir muito o risco de evolução para hepatite crônica, prevenindo assim o risco de cirrose e câncer. Usa-se para esses casos o tratamento somente com interferon por 6 meses.
O tratamento da Hepatite Crônica C vem alcançando resultados progressivamente melhores com o passar do tempo. Enquanto até há poucos anos alcançava-se sucesso em apenas 10 a 30% do casos tratados, atualmente, em casos selecionados, pode-se alcançar até 90% de eliminação do vírus (Resposta Viral Sustentada). Utiliza-se uma combinação de interferon (“convencional” ou peguilado) e ribavirima, por prazos que variam de 6 a 12 meses (24 a 48 semanas). O sucesso do tratamento varia principalmente conforme o genótipo do vírus, a carga viral e o estágio da doença determinado pela biópsia hepática.
Pacientes mais jovens, com infecção há menos tempo, sem cirrose, com infecção pelos genótipos 2 e 3 e com menor carga viral (abaixo de 800.000 Unidades/mL) tem as melhores chances de sucesso. O novo tipo de interferon, chamado interferon peguilado ou “peg-interferon” é uma alternativa que vem alcançando resultados algo superiores aos do interferon convencional especialmente para portadores do genótipo 1 e pacientes com estágios mais avançados de fibrose na biópsia.
Os efeitos indesejáveis (colaterais) dos remédios utilizados em geral são toleráveis e contornáveis, porém, raramente, são uma limitação à continuidade do tratamento. A decisão de tratar ou não, quando tratar, por quanto tempo e com que esquema tratar são difíceis e exigem uma avaliação individualizada, além de bom entendimento entre o paciente e seu especialista.
Novas alternativas terapêuticas vêm surgindo rapidamente na literatura médica. Além de novas medicações, a adequação do tempo do tratamento a grupos de pacientes com características diferentes poderá melhorar ainda mais os resultados alcançados com as medicações atualmente disponíveis. Estudos vêm mostrando que, para alguns pacientes, com características favoráveis, tempos mais curtos de tratamento possam ser suficientes, enquanto que pacientes com menor chance de resposta e, possivelmente, aqueles que não responderam a tratamentos anteriores, possam se beneficiar com tempos maiores de tratamento.
Como se previne?
A prevenção da hepatite C é feita pelo rigoroso controle de qualidade dos bancos de sangue, o que no Brasil, já ocorre, tornando pequeno o risco de adquirir a doença em transfusões. Seringas e agulhas para injeção de drogas não podem ser compartilhadas. Profissionais da área da saúde devem utilizar todas as medidas conhecidas de proteção contra acidentes com sangue e secreções de pacientes, como o uso de luvas, máscara e de óculos de proteção. O uso de preservativo nas relações sexuais com parceiro fixo não é indicado para prevenção da transmissão da hepatite C.
2006-08-16 10:33:18
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answer #1
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answered by Anonymous
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