Fundamentalismo é o nome dado a movimentos, cujos adeptos mantém estrita aderência aos princípios fundamentais.
No estudo comparativo das religiões, fundamentalismo pode se referir a movimentos anti-modernistas em várias religiões.
Em muitos casos, o fundamentalismo religioso é um fenômeno moderno, caracterizado pelo senso de esvaziamento do meio cultural, até mesmo onde a cultura pode nominalmente ser influenciada pela religião dos partidários. O termo pode também se referir especificamente à crença ou convicção de que algum texto ou preceito religioso seja infalível e historicamente preciso ainda que contrários ao entendimento de estudiosos modernos.
Peter Duff escreveu no International Journal on World Peace:
"De acordo com Antoun, os fundamentalistas no Judaismo, Cristianismo, e Islamismo, a despeito de suas diferenças de doutrina e prática religiosas, estão unidos por uma visão comum do mundo que ancora toda a vida na autoridade do sagrado e num ‘’ethos’’ compartilhado que se expressa através da afronta ao compasso e extensão da secularização.[1]
Entretanto, grupos que se auto-intitulam fundamentalistas ou que se descrevem nestas condições, freqüentemente rejeitam o termo por causa das suas conotações negativas ou porque insinua semelhança entre eles e outros grupos cujos procedimentos acham censuráveis .
Isto ocorreu entre os fundamentalistas cristãos que foram os criadores do termo e o assumiram com exclusividade até sua redefinição popular pela mídia na década de 1980 quando reportagens jornalísticas começaram a descrever o Hezbollah e outras facções islâmicas como fundamentalistas, durante os conflitos do Líbano. A partir daí a conotação negativa ficou prevalecendo.
O uso do termo
Fundamentalistas Cristãos que geralmente consideram o termo positivo quando referente a eles próprios, freqüente e fortemente objetam em se colocar numa mesma e única categoria com os fundamentalistas islâmicos e os agrupam em outra categoria. E até mesmo os que aceitam o termo de fundamentalistas islâmicos objetam quando são amplamente rotulados junto com facções que usam seqüestro, assassinato, e atos terroristas para alcançar os seus fins.
Entretanto não há nenhuma objeção para o uso do termo fundamentalista quando usado descrever só grupos Cristãos, e também nenhuma objeções para o uso do termo fundamentalista muçulmano.
Muitos muçulmanos também protestam contra o uso do termo ao se referir grupos Islâmicos, porque o termo ‘’islâmico’’ abrangeria todos os religiosos inerentes ao Corão, e os escritores ocidentais tem usado o termo só para se referir a grupos extremistas.
Além disso, a maioria dos grupos muçulmanos que também foram fortemente rotulados de fundamentalistas objeta ser colocada na mesma categoria com fundamentalistas Cristãos o que eles vêem como religiosamente incorreto, pois não vem distinção teológica entre cristãos fundamentalista e não fundamentalistas. Distintos grupos de fundamentalistas cristãos ou islâmicos não usam o termo fundamentalista para referirem-se a eles próprios ou reciprocamente.
O Livro de Estilos da Associated Press recomenda que o termo fundamentalista não seja usado para qualquer grupo que não aplica o termo a si mesmo. Isto incluiria grupos fundamentalistas cristãos mas excluiria grupos islâmicos, porém alguns redatores e editores de notícias ignoram esta recomendação.
O fundamentalismo na visão midiática
Segundo notícia veiculada pela editora Abril:
O que é fundamentalismo?*
Por Adriana Küchler
É o termo usado para se referir à crença na interpretação literal dos livros sagrados. Fundamentalistas são encontrados entre religiosos diversos e pregam que os dogmas de seus livros sagrados sejam seguidos à risca.
O termo surgiu no começo do século 20 nos EUA, quando protestantes determinaram que a fé cristã exigia acreditar em tudo que está escrito na Bíblia. Mas o fundamentalismo só começou a preocupar o mundo em 1979, quando a Revolução Islâmica transformou o Irã num Estado teocrático e obrigou o país a um retrocesso aos olhos do Ocidente: mulheres foram obrigadas a cobrir o rosto e festas, proibidas. "Para quem aprecia as conquistas da modernidade, não é fácil entender a angústia que elas causam nos fundamentalistas religiosos", escreveu Karen Armstrong no livro Em Nome de Deus: o Fundamentalismo no Judaísmo, no Cristianismo e no Islamismo.
Os ataques de 11 de setembro, organizados pelo grupo Al Qaeda, reacenderam a preocupação contra fundamentalistas e criaram 2 mitos freqüentes: o de que todo fundamentalista é muçulmano e terrorista. "Poucos grupos apelam para a violência", diz o antropólogo Richard Antoun, autor de Understanding Fundamentalism: Christian, Islamic and Jewish Movements ("Entendendo o Fundamentalismo: Movimentos Cristãos, Islâmicos e Judaicos", inédito no Brasil). Conheça, abaixo, alguns grupos fundamentalistas espalhados pelo mundo.
Grupos judaicos
Kach Kahane Chai Objetivo: Restabelecer os territórios judaicos como determina a Torá e expulsar os palestinos da região. Modo de agir: Atentados terroristas em Israel. Em 1994, Baruch Goldstein, seguidor do Kach, matou 29 palestinos que rezavam na Caverna dos Patriarcas, em Hebron.
Neturei Karta Objetivo: Oposição ao sionismo. O grupo acredita que Israel é obra de Satã e que judeus não devem se envolver em política ou luta armada, só em assuntos espirituais. Modo de agir: Boicote. Em 1948, quando o Estado de Israel foi criado, o grupo proibiu todos os seus membros de participarem de eleições, recusou subsídios governamentais para suas escolas e jurou que não entraria em nenhuma instituição governamental. No ano passado, quando o líder da Autoridade Palestina Iasser Arafat morreu, membros do Naturei Karta visitaram o túmulo dele. Muitos membros do grupo apóiam a criação de um Estado palestino.
Satmar Objetivo: Oposição ao sionismo. É um dos maiores grupos ultra-ortodoxos existentes hoje. Surgido na Romênia, vê o Estado de Israel como profanação. Acredita que o povo eleito deve sofrer a punição do exílio e não tomar iniciativas para se salvar, confiando na vontade de Deus. Modo de agir: Encoraja os seguidores a criarem comunidades fora de Israel. O líder do grupo, rabino Joel Teitelbaum, culpa os sionistas pelo Holocausto, pois "atraíram a maioria dos judeus para uma hedionda heresia, como nunca se viu desde a criação do mundo".
Grupos islâmicos
Partido Frente Islâmica de Salvação Objetivo: Fundar uma república islâmica regida pelas leis do Alcorão na Argélia. Modo de agir: Política. Em 1991, o partido iria ganhar as eleições, mas o governo interrompeu o processo eleitoral. A medida gerou revolta entre os muçulmanos e uma guerra civil durante toda a década de 1990. Deste conflito, surgiram os grupos fundamentalistas Exército Islâmico da Salvação e Grupo Armado Islâmico.
Al-Gama'a al-Islamiyya Objetivo: Pela guerra santa, fazer do Egito um Estado islâmico. Modo de agir: Ataques terroristas, em especial contra turistas. "O turismo é uma praga. As mulheres vêm vestidas em roupas provocativas para despertar o desejo dos fiéis", disse o líder Omar Abdel Rahman a um jornal israelense em 1993. Em 1997, o grupo matou 58 pessoas que visitavam o templo de Hatshepsut, um dos principais pontos turísticos do país. Também já cometeu um ataque contra o presidente egípcio Hosni Mubarak, em 1995.
Abu Sayyaf Objetivo: O grupo, ligado à Al Qaeda, quer criar um Estado islâmico nas Filipinas. Modo de agir: Ataques terroristas. É acusado de ter matado 100 pessoas no ataque a um barco, em fevereiro de 2004. No dia 14 de fevereiro deste ano, dia dos namorados nas Filipinas, 3 atentados à bomba mataram 11 pessoas. Os ataques seriam um presentinho para a presidente Gloria Arroyo.
Grupos cristãos
Pró-vida de Anápolis Objetivo: Combater o aborto em qualquer caso, o homossexualismo e o uso de preservativos. Modo de agir: Campanhas e lobbies junto a vereadores e deputados. O grupo luta contra ações judiciais que permitem certos tipos de aborto e é reconhecido como entidade de utilidade pública por uma lei municipal de Anápolis.
Christian Voice (Voz Cristã) Objetivo: Analisar os acontecimentos atuais sobre a ótica da Bíblia, unir Igreja e Estado na Inglaterra. "Abençoada é a nação em que Deus é o senhor", informa o site do grupo. Modo de agir: Manifestações de oposição à União Européia e ao divórcio, ataques a clínicas de aborto e promoção da cura de homossexuais. No começo do ano, o grupo fez uma manifestação contra a tevê britânica BBC por ter apresentado o musical Jerry Springer - The Opera em que Jesus, Maria e Deus são convidados de um programa de entrevistas no inferno e Jesus diz que é gay. Telefones de funcionários da BBC foram divulgados no site do grupo para quem quisesse reclamar pessoalmente.
Universidade Bob Jones Objetivo: Formar profissionais preparados para seguir Cristo, independentemente da carreira. Modo de agir: Os estudantes são obrigados a participar de um curso bíblico por semestre. Proíbe namoros entre estudantes de raças diferentes e expulsa alunos homossexuais.
* Esta matéria foi publicada originalmente na edição de julho de 2005 da revista Superinteressante.
OW ME DA 10 PONTOS ?
2006-08-11 09:54:33
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answer #1
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answered by Anonymous
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