Vamos falar sobre doação e transplantes de órgãos, um assunto delicado, do qual as pessoas evitam falar, às vezes por medo
Roberto Alves
Vamos falar sobre doação e transplantes de órgãos, um assunto delicado, do qual as pessoas evitam falar, às vezes por medo, às vezes por ignorância sobre o assunto. A morte é algo inevitável, atinge a todos, independente da classe social, da raça ou crença religiosa, trazendo dor e saudade aos que ficam. É neste momento delicado que os familiares, no mais das vezes, inconformados diante de sua impotência, têm o poder divino sobre a continuidade ou não da vida de outra pessoa, que sequer conhecem.
Tal circunstância enobrece ainda mais a decisão de doar os órgãos do ente querido que se foi, principalmente levando-se em conta que, com tal ato pode-se devolver a vida a um ser humano e aliviar o sofrimento de seus familiares, demonstrando desprendimento e amor ao próximo.
É importante ter em mente como ser doador de órgãos. A legislação não interfere mais, o que está valendo, hoje, é avisar os familiares que você é a favor, nada mais.
Muitas pessoas imaginam que o corpo do doador falecido é mutilado, tendo seus órgãos extraídos de qualquer maneira. Tal idéia é equivocada. É necessário que todos saibam que a retirada do órgão é uma operação como outra qualquer, mesmo porque o órgão doado deve ser manipulado com todo o cuidado, para que não se danifique e torne-se imprestável.
Outro aspecto importante é o temor de que o doador ainda esteja vivo. Vale ressaltar que o médico dispõe de todos os meios para garantir que, em hipótese nenhuma, sejam retirados órgãos da pessoa ainda viva, pois é necessário que seja atestada a morte cerebral do doador, de onde não há retorno.
Só as pessoas que necessitam de um transplante e seus familiares têm conhecimento da dura rotina que é viver à espera de um órgão, espera esta que pode se arrastar por anos, sendo que muitas pessoas morrem.
É duro pensar que tantos órgãos sadios são consumidos pela terra, putrefazendo-se, sendo que, numa decisão simples e extremamente humanitária, poderiam dar vida nova a várias pessoas que deles necessitam. Contudo, há pessoas que optam por não serem doadores de órgãos, esquecendo-se que, no futuro, talvez, venham a ser receptores, ou ainda venham a acompanhar o sofrimento de um ente querido que necessite de um transplante. Então, como fica? Ao que parece, a solução mais justa seria negar-lhes o transplante, visto que não dispuseram a ser doadores, mas isso, obviamente, não acontece. Portanto, essa é uma via de duas mãos, você não sabe em que lado está. Ppense nisso!
O Brasil é, hoje, o segundo país que mais realiza transplante no mundo. Somente os Estados Unidos efetuam um número superior ao nosso.
Uma coisa é preciso dizer: o sistema de transplante é muito estruturado, existe uma coordenação no sistema nacional de transplante em Brasília e cada Estado possui uma central de notificação de doação e localização de órgãos. Além disso, em sua maioria, as equipes brasileiras que realizam transplantes são lideradas por competentes profissionais, que foram graduados no País e que completaram sua pós-graduação internacionalmente.
Ao contrário do que acontece muitas vezes no sistema de saúde pública do Brasil, a área de transplante está muito bem organizada e desenvolvida, situação semelhante à cirurgia cardíaca e da Aids, em que somos reconhecidos internacionalmente.
A população precisa se conscientizar: temos um sistema bom de transplante, mas falta aderir para doação. Os números de espera da fila de transplante é dramática, próximo de 60 mil pessoas no Brasil. Contando todos os órgãos que esperam doação, temos 23 mil córneas, 5 mil fígados, 30 mil rins, 100 pulmões, 150 pâncreas, 300 corações etc.
Pense nisso!
2006-08-01 05:53:32
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answer #1
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answered by vagnervieitas 4
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