Em um arborizado, florido e bem cuidado parque europeu, alguns escorregadores, balanços e minúsculas casas de brinquedo se espalham vazios pela grama sedosa, enquanto um envelhecido casal cochila, sentado a um banco. Ele, mãos postas sobre elegante bengala, na qual também escora a ponta do queixo; ela, cabeça curvada, oscilante ora pra esquerda, ora pra direita, quando toca de leve o ombro do seu companheiro de solidão, que abre ligeiramente um olho, mas logo o fecha. Repetem o gesto muitas vezes. Corre um vento frio, úmido; flores se desprendem de um flamboyant; nenhum barulho de criança.
Cena real. Comum em muitas cidades européias, cujas populações estão envelhecendo a uma velocidade espantosa. E quando não houver mais crianças? E quando as mulheres estiverem irremediavelmente infecundas? Hoje elas querem ter apenas um filho; amanhã não poderão ter mais. Então como ficará?
2006-11-19
13:16:24
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perguntado por
Literatura
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