Pego um poema emprestado do autor de múltiplas faces Fernando Pessoa.
DÓI-ME QUEM SOU. E EM MEIO DA EMOÇÃO...
Dói-me quem sou. E em meio da emoção
Ergue a fronte de torre um pensamento
É como se na imensa solidão
De uma alma a sós consigo, o coração
Tivesse cérebro e conhecimento.
Numa amargura artificial consisto,
Fiel a qualquer idéia que não sei,
Como um fingido cortesão me visto
Dos trajes majestosos em que existo
Para a presença artificial do rei.
Sim tudo é sonhar quanto sou e quero.
Tudo das mãos caídas se deixou.
Braços dispersos, desolado espero.
Mendigo pelo fim do desespero,
Que quis pedir esmola e não ousou.
2007-01-18
02:17:22
·
8 respostas
·
perguntado por
Flor - RS
3
em
Outras - Artes e Humanidades