A escola é um cenário em ebulição. Em pleno sábado de sol, membros da comunidade, alunos e professores de sete escolas da região de Pirituba ocupam as salas e o pátio da EMEF Monteiro Lobato para assistir palestras sobre multiculturalismo, trocar idéias e produzir um programa de rádio com o tema "A Rádio que Queremos". Trata-se do último dia de aula da sexta fase do projeto Educom.rádio, encerrada no dia 19 de junho, quando 123 escolas e quase 3 mil participantes se reuniram em diferentes escolas da cidade, denominadas pólos, para o encerramento das atividades do semestre.
O Educom.rádio, parceria entre a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo e o Núcleo de Comunicação e Educação (NCE-ECA) da USPcompreende sete fases, uma por semestre, que vão incorporando novas escolas às instituições que já participam. Ao final do projeto, previsto para o segundo semestre de 2004, espera-se atingir 455 Escolas Municipais de Ensino Fundamental (EMEF) e cerca de 11.245 participantes. Quando a Secretaria abre vagas para o projeto, cada escola tem o direito de inscrever 25 cursistas: 10 professores, 10 estudantes e cinco membros da comunidade.
Durante o semestre, todos os sábados, os participantes incorporam ao cotidiano escolar os conceitos de educomunicação: assistem a palestras sobre temas variados, participam de workshops e realizam oficinas de produção radiofônica. O objetivo é melhorar a comunicação no ambiente escolar e ampliar a possibilidade de expressão de alunos e professores, contribuindo para o resgate da cidadania. Ao final do curso, as escolas participantes recebem da prefeitura os equipamentos para a montagem de uma rádio para veiculação de conteúdos dentro dos limites da escola. Os alunos e professores participantes do Educom.rádio agem então como multiplicadores da metodologia em sua escola.
O projeto já está modificando a visão do mundo e as relações pessoais - e para melhor. Nessa arena de saberes, professores e alunos produzem rádio a partir do conhecimento de cada um - quebra-se a hierarquia monolítica do professor sabe-tudo, entra em cena um interessante intercâmbio de valores e experiências de vida. A visão crítica da mídia em geral passa a fazer parte do cotidiano. Segundo a coordenadora Márcia Perigolo, do NCE, o Educom.rádio vem gerando grande impacto nas comunidades escolares onde atua. "Um exemplo é a forma como o projeto modificou a relação de alguns alunos com esta escola, a Monteiro Lobato. Havia um grupo de alunos que são grafiteiros e não tinham nenhum espaço para mostrar seu trabalho. Agora, eles conseguiram se aproximar da direção e ganharam um muro para fazer os grafites, ou seja, eles aprenderam a se apropriar dos espaços. O projeto aumentou a liberdade para a troca do conhecimento. As fronteiras da escola são ampliadas na dimensão das relações, que antes eram muito cristalizadas".
As histórias contadas pelos jovens produtores de rádio do Educom revelam que as políticas públicas focalizadas na produção de mídia e leitura crítica dos meios de comunicação não devem ser subestimadas em sua capacidade de operar transformações significativas - na escola e em casa. Acaba também interferindo em uma realidade muitas vezes árida e sem perspectivas, e desdobrando novos horizontes para os estudantes. Nascidos e criados em comunidades carentes, quatro adolescentes protagonistas do Educom.Rádio da região de Pirituba falam sobre as boas coisas da vida nas ondas do rádio.
2007-11-05 05:32:51
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answer #1
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answered by sarah2007karoline 1
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