CIÊNCIA E TECNOLOGIA NO BRASIL
1.0 - CIÊNCIA E TECNOLOGIA
1.1 – Conceito
Centrando diretamente nossa atenção para a questão da ciência e tecnologia, cabe esclarecer o seguinte. Ciência pode ser identificada como sendo um conjunto de conhecimento que a sociedade produz, adquire e acumula ao longo do tempo, e que vão servir para o desenvolvimento mais adequado da própria sociedade. Por sua vez tecnologia vem a ser o conjunto de experiência, de processos utilidade prática voltada para o desenvolvimento de uma de uma área produtiva específica.
1.1.2 Competência
O ministério da Ciência e Tecnologia é responsável pela formulação e implementação da Política Nacional de Ciência e Tecnologia, segundo o artigo 218 da CF. O Ministério da Ciência e Tecnologia tem suas ações pautadas nas disposições do Capítulo IV da Constituição Federal de 1988 e foi criado em 15 de março de 1985, pelo Decreto nº 91.146 , como órgão central do sistema federal de Ciência e Tecnologia.
O surgimento do novo ministério, além de expressar a importância política desse segmento, atendeu a um antigo anseio da comunidade científica e tecnológica nacional. Sua área de competência abriga: o patrimônio científico e tecnológico e seu desenvolvimento; a política de cooperação e intercâmbio concernente a esse patrimônio; a definição da Política Nacional de Ciência e Tecnologia; a coordenação de políticas setoriais; a política nacional de pesquisa, desenvolvimento, produção e aplicação de novos materiais.
1.1.3 - A Importância da Ciência e da Tecnologia
A ciência é importante para o desenvolvimento de um país, porém não é fácil caracterizar essa importância. A dificuldade começa pelo fato da maioria das pessoas identificar a ciência com os artefatos e procedimentos que ela possibilita, vale dizer com a tecnologia e as diversas maneiras em que ela torna a nossa vida mais segura, saudável, produtiva ou prazerosa. As vacinas e os remédios, os computadores e a internet, as máquinas agrícolas e industriais, os aviões e a televisão, parecem representar a ciência, quando esta última consiste, na verdade, na atividade de pesquisa orientada à obtenção de conhecimentos, seja para resolver problemas práticos (ciência aplicada), como no caso da busca da cura do câncer, seja para ampliar o saber em determinada área, embora não se possa determinar de imediato as suas aplicações (ciência pura). Além do mais, a ciência é também geralmente identificada com as ciências exatas ou naturais, ignorando-se as investigações que nos permitem compreender melhor o mundo humano. Precisamos da Sociologia, da Economia e da Antropologia não menos que da Física, da Química ou da Biologia.
Cabe acrescentar que a ciência e a tecnologia são entidades ambíguas. A elas devemos, junto com os benefícios acima mencionados, as armas que nos ameaçam, os meios de comunicação que nos manipulam, os potentes aparelhos e as substâncias com que o meio ambiente é agredido, e as descobertas que assustam e provocam discussões éticas( como no caso da clonagem).
A pesquisa científica e as suas aplicações nem sempre beneficiam a todos os setores da comunidade, nem respondem necessariamente às suas necessidades e desejos.
As dificuldades mencionadas são acentuadas pela circunstância de que a produção do conhecimento é idealizada e executada geralmente de forma fragmentada e isolada, apesar de que tanto a complexidade dos problemas assim como as demandas sociais reclamam uma atividade inter e transdiciplinar.
Igualmente prejudicial é a noção simplista da inovação tecnológica que a reduz a resultado do engenho ignorando o quanto ela depende da ciência e da reflexão crítica. Por outra parte, o conceito de desenvolvimento não é menos problemático. Geralmente se associa a ele o crescimento econômico, estatisticamente apreciado, de um país. No entanto, sabemos muito bem que esse crescimento nem sempre vem acompanhado de uma justa distribuição da riqueza, e que pode coexistir com o atraso ou a miséria em outras dimensões da vida humana. Um correto conceito de desenvolvimento deve incluir, além do aspecto econômico, os aspectos físico, social, político e cultural das populações. E isso dificilmente pode resultar da visão e da decisão de apenas uma pessoa ou grupo, exigindo a participação da comunidade na determinação das metas a serem alcançadas.
Por essas razões, o fomento e planejamento da ciência e da tecnologia, é uma função da qual o Estado moderno, de acordo com a Constituição Federal no seu "art.218, § 3º. O Estado apoiará a formação de recursos humanos nas áreas de ciência, pesquisa e tecnologia, e concederá aos que delas se ocupem meios e condições especiais de trabalho", não pode abdicar, é uma tarefa delicada, em que devem ser evitadas, tanto uma visão reducionista das atividades a serem promovidas (fomentando, por exemplo, a tecnologia e não a ciência básica, ou as ciências naturais, porém não as humanas), quanto medidas que respondam a interesses apenas setoriais da sociedade em vez de beneficiar, de algum modo, a toda a população. E nessa tarefa o Estado deve ter como interlocutores permanentes, pela sua experiência, os pesquisadores e associações responsáveis pela geração da ciência e da tecnologia, ao mesmo tempo em que atende aos interesses empresariais e ausculta a opinião pública. É assim que poderá gerenciar o progresso de um modo rigoroso, realista e democrático.
2.0 - CIÊNCIA E DESENVOLVIMENTO NO BRASIL
No Brasil os investimentos em C&T não tem ultrapassado o valor de 1% de seu PIB (Produto Interno Bruto) nos últimos dez anos, enquanto que, nos países desenvolvidos do hemisfério norte, esses valores estão hoje na ordem de 3% do PIB. Entendendo a importância desses investimentos a Constituição de 1988 estabeleceu que "O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas."(art. 218). Para tanto possibilitou aos Estados a vinculação de "uma parcela de sua receita orçamentária a entidades públicas de fomento ao ensino e à pesquisa cientifica e tecnológica" ( parágrafo 5º da CF).
A Constituição estabeleceu o incentivo à pesquisa científica e tecnológica, entendendo que a tecnologia de hoje veio da ciência básica, ou seja aquela praticada sem um fim aplicativo imediato, em quaisquer áreas do conhecimento. De fato, negar o financiamento da ciência básica significa negar às futuras gerações uma posição de destaque no cenário internacional. Significa renunciar ao sonho de um país autônomo e aceitar, sebmissamente, a posição de parceiro subalterno.
Quando possibilitou a destinação da receita às entidades públicas de fomento à C&T, a Constituição criou o mecanismo para a aplicação dos recursos em cada Estado. Vários deles aproveitaram essa oportunidade e, através de Fundações de Amparo à Pesquisa - FAPs - implantaram programas estaduais de fomento à pesquisa através do qual são financiadas bolsas de iniciação à pesquisa, auxílios para a participação de alunos e pesquisadores em eventos científicos, auxílios para a fixação de novos pesquisadores, programas de pesquisa básica e aplicada estabelecidos através de editais públicos. Destacam-se os Estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Pernambuco que, destinando continuadamente um percentual da sua receita de impostos às suas respectivas Fundações de Amparo à Pesquisa, financiam um grande número de incentivos à ciência e tecnologia, cuja destinação é definida de uma forma transparente e autônoma do governo estadual, mediante uma grande participação dos pesquisadores.
2.1 – Ligação entre Ciência Tecnologia e a Educação
A partir da identificação da ciência e da tecnologia, podemos perceber que existe ligação direta entre ambas, e, por sua vez, destas duas com a questão educacional.
Vale dizer que os Senadores e Deputados Federais, no momento em que escreveram nossa Constituição Federal, dedicaram um capítulo ao tema, conscientes de que a ciência e a tecnologia (também identificada pela sigla C&T) está integrada à escola, ao setor produtivo e ao Estado. Conforme o teor da própria Constituição Federal, ciência e tecnologia são importantes para garantir competitividade e condições apropriadas para o desenvolvimento e transformação de nossa sociedade. Segundo Alexandre de Moraes, "compete, constitucionalmente, ao Estado promover e incentivar o desenvolvimento cientifico e da capacidade tecnológica" . Assim, ambas devem ser incentivadas e amparadas, através do desenvolvimento do ensino e da pesquisa, sempre mantendo atenção a todos os demais tópicos já mencionados anteriormente, porque os ideais de soberania, de dignidade da pessoa humana e dos direitos fundamentais existentes na Constituição Federal de 1988, só serão alcançados através de esforços concentrados no desenvolvimento da educação, da ciência e da tecnologia.
Nenhum país do mundo conseguiu se desenvolver corretamente sem antes ter empreendido um esforço em educação, ciência e tecnologia. Os países desenvolvidos assumiram a postura onde que a base da riqueza é uma população instruída. Educação, ciência e tecnologia caminham sempre juntas e devem estar presentes nos níveis infantil, fundamental e médio do ensino, nas escolas técnicas, na formação dos professores, bem como na de todos os cidadãos, de modo a assegurar sua prosperidade, segurança, qualidade de vida e participação social. A educação deve propiciar condições para o indivíduo obter conhecimentos, bem como desenvolver atitudes, hábitos e valores necessários para formá-lo como um indivíduo solidário e criativo, capaz de pensar por si próprio e de interagir com o mundo de maneira responsável. Enfim, a educação é responsável pela realização concreta do valor constitucional da dignidade humana.
2.1.2 - Ligação entre Ciência Tecnologia no Setor Produtivo e da Saúde
Ao lado da educação, a ciência e a tecnologia atrelam-se ao setor produtivo. A empresa é um importante segmento de transformação social, pois geram bens, empregos e propicia o desenvolvimento econômico. Daí, podemos notar ser imprescindível o investimento na ciência e na capacidade tecnológica das empresas brasileiras. O desenvolvimento de novas tecnologias é capaz de melhorar a competitividade e identificar oportunidades para obter maior eficiência econômica no sistema produtivo, e, consequentemente, aumentar os níveis de renda da economia nacional.
A indústria de aeronaves no Brasil é exemplo da alta intensidade tecnológica incorporada neste segmento, que faz do País o grande exportador destes produtos, gerando riquezas, empregos e dinamizando nossa economia. Ciência e Tecnologia no setor produtivo asseguram a realização da soberania e dos valores sociais do trabalho.
Pode parecer que pouco tem a ver direitos fundamentais elencados na Constituição com ciência e tecnologia. Entretanto, em uma sociedade moderna, ciência, tecnologia e direitos fundamentais são indissociáveis.
Vejamos o exemplo do direito à saúde. Sem o microscópio, não se saberia que são organismos invisíveis ao olho nu que causam um bom número de doenças. Sem a química, não haveria compreensão dos mecanismos de atuação desses organismos. Sem a biologia, não se saberia como se dá o relacionamento entre os vários organismos vivos e suas relações mutuamente benéficas ou maléficas para o ser humano, e a saúde das pessoas estaria ameaçada.
A ciência e a tecnologia também são instrumentos da construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Para isso conta com um aparato institucional.
O Brasil possui um complexo de instituições de pesquisa científica. São mais de duas centenas de organizações públicas (federais e estaduais, estatais e não estatais) e privadas (com e sem fins lucrativos) de pesquisa, em plena atividade e produzindo conhecimento para a melhoria das condições de vida da população. Nenhum outro país do continente latino-americano apresenta uma estrutura institucional como essa, mesmo tendo-se em conta as diferenças de tamanho e população.
Entre as principais instituições brasileiras de pesquisa científica e tecnológica estão o Instituto Agronômico de Campinas, a Embrapa, o Instituto Agronômico do Paraná, que se destacam pelo importante papel no desenvolvimento da produção agropecuária, colocando nosso País ao lado dos maiores produtores mundiais. Outro exemplo está no setor da saúde, no qual organizações como o Instituto Butantã e a Fiocruz desenvolvem vacinas, soros e outros produtos essenciais para o desenvolvimento social e econômico do Brasil. E vários outros setores como os das telecomunicações, da energia elétrica e nuclear, tecnologia espacial, petróleo, tecnologia da informação, biotecnologia, etc., estão trabalhando para demonstrar a competência científica e tecnológica brasileira e realizar os valores descritos na Constituição Federal.
2007-10-17 16:37:18
·
answer #3
·
answered by Psicanalista 4
·
0⤊
0⤋
De modo resumido:
Ciência é uma atividade do saber dirigida ao estudo de um determinado objeto (p. ex. biologia), constituindo áreas diversas segundo o objeto estudado, com a aplicação de metodologia de conhecimento específica de cada área.
As ciências são dividas em exatas, biológicas e humanas, segundo o objeto principal do estudo. Exatas são matemática, física, química. Biológicas são as que estudam os organismos animais, seres humanos, plantas, etc. Humanas dedicam-se ao estudo da humanidade, ou seja, da História, Geografia, Direito, Sociologia, etc.
Tecnologia é o conjunto de procedimentos descobertos, inventados e/ou adotados para desempenho de uma determinada atividade humana, podendo relacionar-se a uma determinada ciência específicamente ou ao conhecimento geral. Porém, a tecnologia envolve equipamentos (recursos técnicos), não podendo ser confundida com a palavra "procedimento" ou método.
Por exemplo, existe um procedimento (ou método) para investigação de paternidade através do DNA. Esse procedimento não pode ser chamado de tecnologia.
Podemos chamar de tecnologia a invenção de carros, metrô, e turbinas usadas no lugar de simples hélices dos aviões; também os computadores, fornos de microondas, telefone, etc...
2007-10-17 02:43:30
·
answer #4
·
answered by Tarãtula 7
·
0⤊
0⤋