Vais pegar uma verminose isso sim.
Como pouco se vê nessa cidade, o céu limpo e azul e o dia quente eram convidativos a um belo banho de mar, pouca roupa, e muito suco natural, de qualquer uma dessas frutas suicidas que se jogam das copas das árvores para saciar nossa sede, um convite à boa vida. Porém, algo me prendia em São Paulo. O lugar era as margens do rio Tiête, e fotografava para um trabalho da universidade. O Sol estava a pino, e mesmo com o imenso calor, as águas escuras e fétidas não atraíram minha atenção para um possível mergulho. Sua calha cinza, coberta de concreto, é algo incomum, artificial e morta.
A cada instante algo novo me surpreendia: bolas, garrafas, brinquedos, móveis, objetos estranhos; tudo corre nas águas do Tiête, só não corre vida.
Com o trabalho finalizado naquele dia, já de saída, algo chamou minha atenção. Ao meu redor, na parte da margem que ainda é de terra, a vida resisti, re-surge. Avistei ao longe, pequena, singela e solitária, porém cheia de vida, com seu perfume ofuscado pelo fedor, uma flor, seguida logo adiante por outra e outra, depois outras...
A vida servindo de palco para a morte, irmãs interdependentes, solidárias, caminham lado a lado em linhas paralelas, volta e meia se cruzam, por vezes difícil de identificar uma da outra, tamanha semelhança. Como quando aquele que tem vida e não vive morto está, ou o que morreu e deixou marcas, fez história, amou e foi amado, tornou-se imortal.
E ao longo da margem do Tiête até a margem do Pinheiros, as fotografei, bravas guerreiras: flores, resistentes e ousadas, coadjuvantes esperando o momento certo para brilhar, perfumar e encantar.
Uma semana depois estive em um cemitério. Não era bonito como os das novelas, bem organizados, com gramados primorosos e lapides belíssimas. Lá o terreno é irregular, com inúmeras depressões, os túmulos esquecidos, muitos saqueados, com marcas de vandalismo, as covas amontoadas umas nas outras. Corre-se o risco de chorar para o defunto errado, o chão vive úmido, nunca se sabe se é resultado das chuvas ou das lágrimas.
No espaço reservado à morte, lá estão elas novamente, cobrindo os corpos, enfeitando as coroas e os ataúdes, fazendo companhia ao cadáver, perfumando o odor deixado pela morte, e logo morrerão também.
Sobre os jazigos surge a vida, formas de vida, a morte serve de alimento, os corpos podres, tumefactos alimentam os vermes, fertilizam a terra, fortalecem as flores. Flores que surgem formosas, como nas margens dos rios mortos, como no jardim de minha casa ou em qualquer parque da cidade.
Vida e morte: enquanto se exalta a primeira, evitamos a segunda, mas separam-se por uma linha tênue. Uma alimenta a existência da outra, solidárias e altruístas, em um circulo vicioso e duradouro.
Sonha-se com a eternidade, com tudo. O preço que se paga por não morrer é nunca ter vivido.
Que Deus abençoe as flores.
DCPneto
2007-06-20 17:27:30
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answer #4
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answered by Dcpneto 6
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Vc vai virar o bostman, com incríveis poderes, poder lançar jatos defecantes, mais rápido que a velocidade da luz, paralizando todo e qualquer ser vivo no raio de 50metros (coitada da mistica vai fica marrom);
Fara o xavier sair correndo apenas com o rugido sub-an@l fetidus;
Fará o magneto se asfixiar apenas com o bafus fetidus, outra arma secreta existente em sua boca.
2007-06-19 17:54:26
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answer #8
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answered by Lucas J 6
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