A mulher e o homem são parceiros em tudo nesta vida, cada um com as suas caracterÃsticas. Por que não na Matemática? Fico muito feliz em saber que existem mulheres que saibam e gostam de Matemática, tratando do assunto com o rigor e detalhes que são caracterÃsticas muito femininas. Viva Hipatia, a grega, considerada a primeira matemática da História e que morreu vÃtima dos preconceitos da época. Que ela ilumine a todos que se dedicam a esta ciência que tanto ajuda a evolução humana.
............................. "Hipatia de Alexandria"
Governava o império naqueles tempos Valentiniano, e as correntes filosóficas mais importantes de Alexandria eram a Judia e a Neoplatônica, consideradas pelo Patriarca Teófilo e seu sobrinho Cirilo, como altamente perigosas.
Nesse ambiente nasce Hipatia , filha de Teon, diretor do célebre Museu de Alexandria, filósofo neoplatônico, matemático, homem de grande conhecimento e sensibilidade, educou sua filha na mais excelente cultura e desenvolvimento de suas potencialidades. Segundo conta a lenda, ele esteve decidido a converter sua filha em “um ser perfeito”, e assim a iniciou na geometria, que naqueles tempos servia de introdução aos estudos filosóficos. A infância de Hipatia transcorreu sempre em ambiente propÃcio ao estudo, coÂmo o Museu e sua legendária biblioteca.
A jovem Hipatia, já reconhecida em Alexandria por sua beleza e eloquência, vai para Atenas continuar seus estudos. Na Grécia lhe deram o cognome de “A Filósofa”, e onde quer que estivesse, impressionava a todos que a conheciam pela sua inteligência. Em Atenas, fez-se discÃpula de Plutarco, o qual professava um ensinamento neoplatônico para os iniciados, baseado nos Oráculos Caldéicos e nos segredos da teurgia. Acredita-se que Hipatia foi admitida junto com Siriano a tais lições de filosofia esotérica das quais tomava parte ativa Asclepigenia, a filha de Plutarco.
Quando Hipatia regressou à sua pátria, os magistrados convidaram-na para ensinar, dando-lhe a cátedra que havia ocupado o célebre Plotino. A reputação de sua sabedoria e de sua habilidade para o ensino se estendeu por todas as partes, e rapidamente cresceu de forma assombrosa o número de seus discÃpulos.
Dedicou-se ao ensino, e apesar de Alexandria contar com escolas diferentes para pagãos, judeus e cristãos, ela ensinava a membros de todas as religiões, sem distinção. Segundo o enciclopedista bizantino Suidas, “foi oficialmente nomeada para explicar as doutrinas de Platão, Aristóteles, etc”. Chegava a Alexandria grande quantidade de estudantes procurando as aulas de Hipatia sobre matemáticas, filosofia, astronomia e mecânica. Sua casa se transformou num centro intelectual onde se reuniam os estudiosos para discutir questões cientÃficas e filosóficas. A maioria dos escritos de Hipatia eram livros de texto para seus estudantes. Fez trabalhos importantÃssimos sobre álgebra, escreveu um comentário sobre a aritmética de Diofante, em treze livros, e também trabalhou com equações quadráticas. Os comentários de Hipatia incluÃam algumas soluções alternativas e muitos problemas que logo foram incorporados aos manuscritos Diofânticos. Escreveu um tratado sobre a geometria das Cônicas de Apolônio, em oito livros. Hipatia sentia grande atração sobre as seções cônicas (figuras geométricas que se formam quando um plano passa por um cone). Depois de sua morte, as seções cônicas caÃram no esquecimento até começos do séculos XVII, quando os cientistas perceberam que muitos fenômenos naturais, como as órbitas, descreviam-se melhor por meio das curvas formadas por seções cônicas. Teón e Hipatia escreveram juntos um tratado sobre Euclides, sendo ela também autora de pelo menos um dos livros de Teón sobre Tolomeu. Este havia sistematizado todos os conhecimentos contemporâneos sobre matemáticas e astronomia que chamou modestamente de “Tratado matemático”. à possÃvel que o cânone astronômico (tabelas que Hipatia elaborou para os movimentos dos corpos celestes) tenha formado parte do comentário de Teón sobre Tolomeu. Além da filosofia e da matemática, Hipatia se interessava por mecânica e tecnologia prática. Nas cartas de Sinécio, seu discÃpulo, estão incluÃdos seus desenhos para vários instrumentos cientÃficos, incluindo um astrolábio plano. O astrolábio plano era usado para medir a posição das estrelas, dos planetas e do Sol, além de calcular o tempo e o signo ascendente do zodÃaco. Hipatia também desenvolveu um aparelho para destilação de água, um instrumento para medir o nÃvel da água e um hidrômero graduado de latão para determinar a gravidade especÃfica dos lÃquidos (densidade). Desafortunadamente suas obras se perderam no incêndio que destruiu a famosa biblioteca de Alexandria.
Todos os governantes do Egito procuraram sua amizade, especialmente Orestes, que admirava seus talentos e freqüentemente lhe pedia conselhos. Um de seus alunos, HesÃquio o hebreu, escreveu: “Vestida com o manto dos filósofos, abrindo caminho no meio da cidade, explicava publicamente os escritos de Platão e de Aristóteles, ou de qualquer filósofo a todos os que quisessem ouvi-la... Os magistrados costumavam consultá-la em primeiro lugar para administração dos assuntos da cidade”. Senecio, bispo de Tolemaida, nos deixou algumas cartas que expressam o apreço que tinha pela sua mestra e suas grandes virtudes.
“Meu coração deseja a presença de vosso divino espÃrito que mais do que tudo poderia adoçar minha amarga sorte. Oh minha mãe, minha irmã, mestre e benfeitora minha! Minha alma está triste. Mata-me a lembrança de meus filhos perdidos... Quando receber notÃcias vossas e souber, como espero, que estás mais feliz do que eu, aliviar-se-ão pelo menos a metade de minhas dores”.
Foi uma ardente defensora do paganismo numa fase em que o triunfo do cristianismo era uma realidade. Conseguiu levantar o espÃrito decaÃdo dos poucos que restaram , mas pagou caro pela sua ousadia. Fazendo pouco caso aos pedidos de Orestes, Hipatia se negou a trair seus ideais e converter-se ao cristianismo, apesar de saber perfeitamente que era considerada altamente perigosa para os interesses da igreja, por conhecer e entender muito bem as tramas do Patriarca Cirilo e ter um profundo conhecimento dos ritos e cerimônias que a nascente religião cristã estava plagiando do paganismo. A esse respeito a Mestra Blavatsky nos diz o seguinte: “... Hipatia ensinava as doutrinas do divino Platão e Plotino, dificultando com isso o proselitismo cristão, pois descobria o fundamento dos mistérios religiosos engendrados pelos Padres da Igreja e declarava a origem platônica do idealismo do qual a nova religião se havia apropriado para seduzir um grande número de pessoas. Além disso, Hipatia era discÃpula de Plutarco, chefe da esÂcola ateniense, e conhecia os segredos da teurgia; portanto, seus ensinamentos eram um gravÃssimo obstáculo para a crença popular nos milagres, cuja causa a insÃgne mestra podia explicar satisfatoriamente. Não é de estranhar que sua sabedoria e eloquência conclamassem contra ela a animosidade de Cirilo, bispo de Alexandria, cuja autoridade se apoiava em degradantes superstições, enquanto que a de Hipatia tinha por fundamento a inamovÃvel rocha das leis naturais.” Assim, em março do ano 415, Hipatia foi assassinada, fato que nos relata o historiador cristão do século V, Sócrates, o escolástico:
“Todos os homens a reverenciavam e admiravam pela singular modéstia de sua mente. Motivo pelo qual havia grande rancor e inveja contra ela, e porque amiúde conversava com Orestes e se contava entre seus familiares, as pessoas a acusaram de ser a causa por que Orestes e o bispo não se tornaram amigos. Para dizê-lo em poucas palavras, alguns atordoados impetuosos e violentos, cujo capitão e guia era Pedro, um simpatizante da igreja, chegaram a essa mulher quando regressava à sua casa de algum lugar, arrancaram-na de sua carruagem; arrastaram -na para a igreja chamada Cesárea; deixaram-na totalmente nua; retalharam-lhe a pele e as carnes com caracóis afiados até que o alento deixasse seu corpo; levaram os pedaços a um lugar chamado Cinaron, e os queimaram até convertê-los em cinzas.”
2007-06-18 11:01:36
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answer #2
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answered by Anonymous
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