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karl Marx e Emile durkheim

2007-04-03 10:39:29 · 1 respostas · perguntado por tata 1 em Ciências Sociais Sociologia

1 respostas

Identificar os modos distintos como Émile Durkheim, Karl Marx e Max Weber enxergaram as relações de dominação que os homens produzem entre si – constitui-se no propósito deste trabalho.

Destacam-se na obra de Durkheim as características atribuídas ao fato social – a externalidade, que implica a independência ( e auto suficiência ) do fato social em relação às consciências individuais, e a coercitividade, uma vez que condiciona a vida das pessoas (apesar do conflito que existe entre a individualidade e as imposições coletivas). Trata-se o homem como portador de uma pseudo-autonomia. O fato social, na sua definição, expressa a coerção que o meio exerce sobre os “indivíduos perfeitamente inofensivos na maior parte do tempo” (Durkheim, 1995: 05) .

Émile Durkheim propõe a passagem de uma sociedade mecânica – na qual o indivíduo tem sua individualidade anulada em relação a coletividade, ocasionando uma dependência que torna o homem um objeto à disposição da sociedade – para uma sociedade orgânica – onde no exercício da prática comum, resultante da especialização do trabalho, os indivíduos conscientes de seu papel (função) recebem usos e práticas legitimados pelo grupo (corporação) a que pertencem e deste modo há um jugo menor tendo em vista o espaço disponível às partes (esfera de ação própria, as personalidades). A presença da matriz positivista é claramente observada na forma idealizada como o cenário social é colocado, restando ao indivíduo adequar-se ao meio.

A moral de fato é o principal modo de controle (domínio) identificado na sociedade da perspectiva de Durkheim. Esta moral é algo bom, pois assegura o funcionamento do todo social, e obrigatório já que imprime nas consciências individuais comportamentos vitais à existência em sociedade. Sendo assim, as anomias (ausência de solidariedade) que instabilizam temporariamente a sociedade necessitam da criação de uma nova moral, resultante das corporações de ofício e que legitimada por determinado grupo de operários, por exemplo, fortalece a solidariedade comum pois vai de encontro às particularidades existentes no cenário social. As novas morais que surgem contam com a adesão dos indivíduos, independente de suas particularidades, pois demonstram-se adequadas ao desafio de manter a funcionalidade do organismo social. Trata-se de uma perspectiva autoritária uma vez que impõe condições em prol do bem comum, ou seja, condições que viabilizam a vida em sociedade apesar das individualidades identificadas entre os atores sociais.

Ao contrário de Émile Durkheim, o homem está inserido em relações contraditórias presentes na conflituosa sociedade – segundo Karl Marx. Os conflitos que permeiam a sociedade resultam do processo de produção onde aqueles que detêm os meios de produção se impõe através da ideologia.

A divisão do trabalho promove no interior da sociedade o seu aspecto heterogêneo caracterizado pelas relações estabelecidas entre grupos que submetem ou são submetidos em prol do processo de produção que visa atender à coletividade social. O modo como se desenvolve esse processo de produção material ocasiona a valorização da acumulação do produto (fonte de capital) em detrimento da qualidade de vida para todos (burgueses e proletários).

Não se restringindo mais ao atendimento das necessidades básicas (alimentação, moradia e vestuário) o processo de produção torna-se um meio de se adquirir poder numa sociedade onde aqueles que detém os meios de produção são beneficiados. Uma vez que possuem a propriedade e impõe à maioria proletária um estado de servidão exagerada que assegura uma precária sobrevivência.

Marx destaca que a mercadoria (fruto da produção), objeto necessário à vida humana, comporta um duplo valor: o “valor de uso” e o “ valor de troca”. O “valor de uso” implica a funcionalidade, o objetivo, a necessidade particular que a mercadoria visa atender. Já o “valor de troca” corresponde à quantidade de trabalho objetivado (força humana gasta na produção) bem como ao tempo de trabalho dispensado na produção da mercadoria.

As relações, provenientes da produção de mercadorias, instabilizam a sociedade devido a estrutura de classes marcadas pelas divergências através das quais o proletário se conscientizará da situação social na qual se encontra.

Nesse processo de conscientização identifica-se a ideologia dominante (disciplina de fábrica e a inderrogável necessidade de vender a força de trabalho, por exemplo) – meio através do qual a organização capitalista se impõe. Esta coerção também traz consigo a alienação, eficaz na passividade do processo de geração de lucros em função do capital mas, também, importante força propulsora da classe proletária no instante em que esta identifica a forma alienante como estava sendo conduzida e revolta-se.

A revolução social é o instante no qual as forças produtivas se rebelam contra as modernas relações de produção. O homem, na perspectiva marxista, possui a capacidade de atuar no meio transformando-o segundo as suas necessidades. Não se verifica, portanto, a valorização (positivismo funcionalista) de adequar-se ao meio, mas é proposto a transformação do cenário onde se dá a correlação de forças.

A promoção da revolução só é possível a partir do momento que o proletário consegue visualizar a ideologia latente a qual lhe impõe uma condição de vida desfavorável.

As ideologias – instrumentos de dominação – surgem da vida real, sendo construídas e desconstruídas a partir das relações sociais – instáveis, dinâmicas e vulneráveis às mudanças. Sendo assim o proletário não deve se ater (aceitar passivamente, submeter-se) às condições dadas, mas atuar na realidade de modo a construir um ambiente viável à reprodução de consciências em torno do bem comum: a abolição da propriedade privada (originadora dos males sociais).

A prática política da revolução só é possível quando as falsas consciências, engendradas pelas ideologias que visam à manutenção do sistema em vigor, são questionadas utilizando-se para isso de uma interpretação dialética da realidade na qual se inserem.

Lançando novos olhares sobre a sociedade industrial o proletário identifica a correlação de forças presente no meio e as possibilidades de mudanças que trarão um novo padrão de vida. Marx sintetiza a análise materialista na seguinte afirmação: “Na realidade para o materialista prático, isto é, para o comunista, trata-se de revolucionar o mundo existente, de atacar e de transformar praticamente o estado de coisas que ele encontrou” (Marx, 1998: 42). Portanto, as formas de dominação para Karl Marx não são legítimas, mas vulneráveis à transformação em função da coletividade.

Ao contrário de Durkheim e de Marx que restringem a análise das relações de dominação a alguns aspectos, Max Weber através de um estudo complexo sobre o assunto possibilita a compreensão do surgimento e desenvolvimento do domínio que os homens impõe e submetem-se quando em sociedade.

Weber destaca que as formas de dominação, caracterizadas pela violência considerada legítima, ocorrem através de três vertentes básicas: domínio tradicional, domínio carismático e domínio racional-legal.

O domínio tradicional é apresentado, segundo a perspectiva weberiana como sendo “a autoridade do 'ontem eterno', isto é dos mores santificados pelo reconhecimento inimaginavelmente antigo e da orientação habitual para o conformismo. É o domínio 'tradicional' exercido pelo patriarca e pelo príncipe patrimonial de outrora” (Weber, 1982: 99).

Essa forma de dominação, estabelecida a partir do controle dos bens de produção, impõe uma relação de dependência a qual os indivíduos submetem-se visando à sobrevivência como destacou Karl Marx na Crítica da Economia Política (Marx, 1982). A situação na qual um assalariado, por exemplo, se encontra assegurará ao empresário capitalista o apoio (obediência) necessário à administração exercida através da autoridade. A obediência às imposições ocorre, portanto, segundo Weber, devido a “recompensa material” (salários para o servidor público ou subsistência, ainda que precária, no caso do escravo) e a “honraria social” (a homenagem do Estado ao militar condecorado é um exemplo).

2007-04-03 10:53:33 · answer #1 · answered by Mauricio 7 · 0 0

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