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O que foi a Devotio Moderna ocorrida nos séculos XIV e XV da História da Igreja?

2007-03-28 06:46:18 · 2 respostas · perguntado por flaviosobreiro 2 em Artes e Humanidades Filosofia

2 respostas

Por volta do século XIII a Europa entrou num período de declínio social e moral acentuado, com invasões de povos famintos e disseminação de pestes. Os monges formavam uma classe social privilegiada, abrigados em seus mosteiros e reprovados pelo povo. Sua simplicidade e piedade haviam desaparecido. Estavam mais preocupados com as suas posses e distanciados das necessidades que o povo a sua volta passava. Por volta do ano de 1370, Gerd Groote abandonou a clausura e a erudição para se tornar um pregador itinerante e viver no meio do povo. Era uma reação contra a vida segregada e privilegiada que os monges levavam em seus mosteiros. Entendeu que todo o clero deveria ser muito bem instruído e que o povo deveria ter acesso ao saber para que tivesse condições de ler e decidir por si mesmo. Por essa razão, traduziu trechos da Bíblia e alguns hinos para o vernáculo. Logo surgiram os "Irmãos e irmãs da Vida Comum", um grupo de homens e mulheres vivendo segregados e valorizando a pobreza, a humildade, a obediência e a autonegação. Seu maior propósito era reformar a igreja oficial através da educação da juventude, da instrução religiosa transmitida ao povo e da caridade ao próximo. Foram essas atitudes que deram início ao que se denominou de Devotio Moderna, que rapidamente se espalhou por toda a Europa cristã. Logo surgiu um pequeno livro, a Imitatio Christi, cuja mensagem espelhava o espírito da Devotio Moderna. O livrinho destinava-se a todos, sem exceção, mas principalmente àqueles desejosos de transformar e santificar o seu cotidiano: "Com a Imitatio Christi, a casa se torna lugar de santificação, ao lado do convento. Os oratórios domésticos se erigem em espaços de oração e espiritualidade, ao lado da ‘igreja’ conventual". Com a Devotio Moderna, surgiu um modelo de vida eclesiástica que colocou leigo e sacerdote no mesmo nível, sem as distinções hierárquicas, fato que aborrecia enormemente a igreja de Roma. Em relação à vida de devoção, todos se tornavam iguais.

2007-03-28 06:51:39 · answer #1 · answered by Alexandre 4 · 0 0

A DEVOTIO MODERNA

Os elementos místicos do cristianismo já aparecem na teologia do apóstolo Paulo, em sua aspiração a uma relação direta com o Cristo. Essa tendência mística tomou, no cristianismo oriental (como em Orígenes e outros religiosos), a forma de comunicação com o Verbo -- princípio único inteligível, organizador de todas as coisas. Alguns místicos, como são Bernardo de Claraval (1090-1153) e os religiosos do mosteiro de Saint Victor, sentiam-se como "noivas" do Redentor; outros, como são Boaventura, identificaram a própria vida com a Paixão de Cristo.
O misticismo dos dominicanos alemães medievais, sobretudo do mestre Eckhart (c.1260-1327), contém elementos teológicos e especulativos. O principal tema da mística de Eckhart é o nascimento do Cristo na alma humana, sinal da união com Deus. Segue a filosofia aristotélica tomista com influências do neoplatonismo de Plotino (século III) e do teólogo e filósofo britânico João Escoto Erígena (século IX).
Outros grandes místicos católicos foram as visionárias medievais, como a sueca santa Brígida e a italiana santa Catarina de Siena. O flamengo Jan van Ruysbroeck, cujo misticismo está relacionado ao dos dominicanos, é um dos maiores escritores holandeses medievais. Do misticismo flamengo descende a devotio moderna (devoção moderna) -- religiosidade simples e piedosa das comunidades anteriores à Reforma, avessa ao intelectualismo da escolástica, e que adaptava as altas aspirações místicas à austera vida racional da nascente cultura citadina do século XIV. A devotio moderna influenciou homens tão diferentes como Erasmo de Rotterdam e Lutero. A obra que traduz seu espírito característico é a Imitatio Christi (Imitação de Cristo), atribuída a Tomás de Kempis (c.1380-1471), um dos livros mais lidos do cristianismo ocidental.
O misticismo católico combinou experiências extra-sensoriais (visões) com uma vida ativa de trabalho. Expressou-se na Espanha do século XVI em santa Teresa de Ávila, são João da Cruz e Juan de los Ángeles (1536-1609), grandes espíritos religiosos e também grandes escritores. Na França, a tendência mística foi precedida e preparada pelo humanismo cristão de são Francisco de Sales e do cardeal Pierre de Bérulle (1575-1629), fundador da ordem dos oratorianos. Os grandes místicos franceses do século XVII são Jean-Jacques Olier, da igreja de Saint Sulpice, a carmelita Marie de L'Incarnation e o abade de Saint-Cyran, da abadia de Port-Royal. No século XX houve debates dentro do catolicismo a respeito da natureza da mística: para uns, é uma graça especial concedida por Deus aos eleitos; para outros, seria o fruto natural da vida cristã.

2007-03-28 14:00:58 · answer #2 · answered by ÍNDIO 7 · 1 0

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