Eu moro em Pernambuco e a situação aqui é extremamente revoltante. Há homens que matam e/ou violentam suas companheiras por motivos banais. Houve um caso horrível há umas três semanas: um homem mandou a esposa fazer um aborto e ela se recusou, então ele disparou um tiro na barriga dela. A sorte é que o tiro atingiu o baço, mas não o útero. Há uns três anos, três mulheres da mesma família foram pegas na rua, num bairro próximo ao meu, quando voltavam de uma festa de São João, na casa de parentes. Elas foram levadas numa Kombi e foram encontradas mortas, dois dias depois, num matagal. Uma delas era uma menina de 12 anos, outra era casada e estava grávida de cinco meses. Isso é simplesmente abominável, terrível. O fato é que esses crimes não têm divulgação nacional, enquanto que outros, não tão cruéis, são noticiados à exaustão na Tv. Sei que a violência existe em todo lugar, mas se nada é feito, como poderemos mudar essa situação? Todo final de semana se torna um martírio para milhares de mulheres, aqui, em meu estado. A única coisa que tenho ainda a dizer é que tudo isso é deplorável...
2007-03-26 17:19:16
·
answer #1
·
answered by Anonymous
·
2⤊
0⤋
Apenas 40% das mulheres denunciam o agressor
Há dois anos, o DataSenado fez a primeira pesquisa de opinião sobre Violência Doméstica contra a Mulher. Este ano, em sua 2ª versão, a pesquisa constata que em cada 100 mulheres brasileiras 15 vivem ou já viveram algum tipo de violência doméstica.
§ A violência também está dentro dos lares brasileiros
Além da violência ocorrida nas ruas, as mulheres brasileiras têm de enfrentar a violência que ocorre dentro de suas próprias casas. Essa é uma das principais conclusões da pesquisa realizada exclusivamente com mulheres pelo DataSenado a respeito da Violência Doméstica contra a Mulher. Após 6 meses de aprovada a Lei nº 11.340, de 2006, conhecida como Lei Maria da Penha, que tipifica os crimes cometidos contra a mulher no ambiente doméstico e familiar, 15% das mulheres entrevistadas declararam espontaneamente já ter sofrido algum tipo de violência. A situação é mais grave na Região Norte, onde 1 em cada 5 mulheres afirmaram que já foram vítimas de violência. Embora os índices de violência não tenham variado expressivamente em relação ao levantamento de 2005, estima-se que ele seja ainda maior devido a dificuldade das mulheres assumirem essa condição.
§ A denúncia é a melhor arma para diminuir a violência doméstica
Seguindo a mesma tendência dos outros tipos de violência, as mulheres agredidas no ambiente familiar resistem em denunciar seus agressores. Do total de vítimas, apenas 40% tomou a iniciativa de registrar uma denúncia nas delegacias comuns ou delegacias da mulher. As restantes optaram por não tomar nenhuma atitude ou procurar ajuda de familiares e amigos. Esse resultado demonstra a dificuldade da sociedade e do Estado brasileiro em lidar com questões ainda muito ligadas à esfera do privado, onde teoricamente o Estado tem pequena penetração. Os mecanismos institucionais de proteção às mulheres previstos na Lei precisam “sair do papel” e tornarem-se acessíveis a toda população. No total, o Brasil conta com 387 delegacias especiais.
Mesmo com o baixo índice de denúncias realizadas, 36% das mulheres entrevistadas indicam a prática da denúncia como o método mais eficiente que a sociedade dispõe para diminuir os casos de violência doméstica. Em segundo lugar, 21% das entrevistadas apontaram a intensificação das campanhas de divulgação dos direitos das mulheres. Definitivamente esse é um assunto que precisa extrapolar os limites da casa e assumir seu espaço na esfera pública.
§ Lei específica colabora para o sentimento de maior proteção
A aprovação da Lei Maria da Penha foi uma resposta do Congresso Nacional às expectativas da sociedade. Em 2005, a pesquisa do DataSenado revelou que 95% das entrevistadas desejavam a criação de uma lei específica para proteger as mulheres contra a violência doméstica. Em 2007, mesmo sem ter tido reflexo direto na diminuição dos casos de abuso, de acordo com 54% das entrevistadas a existência da Lei é um mecanismo institucional capaz de proteger total ou parcialmente as mulheres.
§ Raio X da violência demonstra que abusos contra a mulher começam muito cedo
A violência doméstica é uma realidade que começa muito cedo na vida das mulheres. Do total de 15% das entrevistadas que já foram vítimas da violência doméstica, 35% afirmaram que a prática da violência começou até os 19 anos. Esse índice demonstra um dos lados mais cruéis da prática da violência doméstica, além dela ocorrer no ambiente da casa e da família, espaço que naturalmente deveria ser de segurança e conforto, ela atinge as jovens e adolescentes.
Ainda de acordo com as mulheres que sofreram agressões, os maridos e companheiros foram os responsáveis por 87% dos casos de violência doméstica. Em relação ao tipo de violência sofrida, 59% apontaram a violência física, 11% sofreram violência psicológica e 17% já vivenciaram todos os tipos de violência. A Lei Maria da Penha qualifica cinco tipos de violência doméstica: a física, a moral, a psicológica, a patrimonial e a sexual.
Os motivos principais da violência, segundo as entrevistadas são o uso do álcool (45%) e o ciúme dos maridos (23%). É importante destacar, também, que para 28% das mulheres agredidas a violência doméstica é uma prática de repetição e “de vez em quando” ela volta para assombrar a tranqüilidade do lar.
Dentre as práticas da violência doméstica, a que mais se destaca é a violência física relatada por 58% das mulheres. Em segundo lugar, com 18%, as mulheres relataram que sofreram violência psicológica e moral, enquanto 17% afirmaram ter sido vítima de todas as formas de violência.
§ Mulher não se sente respeitada no Brasil
Somente 8% das mulheres brasileiras se sentem respeitadas no País, mantendo o mesmo índice da pesquisa realizada em 2005. Para 50% das entrevistadas, de forma geral, a mulher não é tratada com respeito e para 42% o respeito é apenas parcial. A baixa auto-estima das mulheres brasileiras reflete a percepção das grandes dificuldades que elas sentem sem se inserir na sociedade e no mercado de trabalho de maneira eqüitativa aos homens, com salários menores e acúmulo da jornada de trabalho acrescida dos cuidados com os filhos e afazeres domésticos.
§ Veículos de comunicação podem ajudar no combate a violência doméstica
Para 76% das entrevistadas a mídia tem papel de destaque no combate à prática da violência doméstica no País. Os conteúdos veiculados denunciam publicamente os casos de violência e colaboram para que o assunto seja mais discutido na sociedade.
§ Estudo de mídia revela que jornais abordam pouco o tema da violência doméstica
Como complemento à pesquisa de opinião realizada, o DataSenado investigou o posicionamento da mídia impressa de circulação nacional, ao longo de 2006, sobre o tema da violência doméstica. Como resultado, apurou-se que os principais jornais do País publicaram apenas 160 notícias relativas ao tema. Desse total, quase 60% das notícias tratavam o assunto violência doméstica de maneira genérica . O baixo volume de notícias veiculado causa estranheza por tratar-se do ano em que a Lei Maria da Penha foi aprovada pelo Congresso Nacional, o que naturalmente deveria ter causado uma maior cobertura da imprensa devido a seu impacto social. Do total analisado, 40% das notícias referiam-se a aprovação da Lei. Esse fato sugere que em outros anos a cobertura tende a ser menor ainda.
Dentre os veículos analisados, o Correio Braziliense foi o que mais se dedicou ao assunto, com 30% do noticiário, seguido pelo jornal O Globo, com 17%. Embora a quantidade de notícias seja pequena, o estudo revelou que a abordagem do noticiário é qualificada, com cerca de 80% das matérias apresentando propostas de soluções para a diminuição da violência ou divulgação de dados sobre a situação da violência doméstica no país.
Pesquisa DataSenado – SECS 2007
Pesquisa de OpiniãoForam realizadas 797 entrevistas, por telefone, com mulheres maiores de 16 anos, em todas as capitais brasileiras de acordo com o sistema de cotas proporcionais obedecendo a quantidade de mulheres residentes em cada capital, no período de 1 a 15 de fevereiro de 2007. A margem de erro é de 3,5% para mais ou para menos e o intervalo de confiança estimado é de 95%.Pesquisa de MídiaForam analisadas 160 notícias publicadas em 2006 nos seguintes veículos: Correio Braziliense, Folha de S. Paulo, Jornal do Brasil, O Estado de São Paulo, o Globo e Jornal do Senado.
Fonte: Senado Federal.
Informações: elgam@senado.gov.br
2007-03-27 03:44:06
·
answer #2
·
answered by Juliana 2
·
0⤊
0⤋