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O velho discurso que
rege a história da educação


ÁLVARO KASSAB

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"Pode parecer óbvio aos educadores a ampliação da oferta educacional; gostaria de destacar, entretanto, que mesmo com toda essa expansão, manteve-se vigente a oferta de educação diferente para atender situações sociais diferenciadas”. A análise é do educador José Claudinei Lombardi, docente do Departamento de Filosofia e História da Educação da Faculdade de Educação (FE) da Unicamp. Para o especialista, não há nada mais velho do que o “discurso que coloca a educação como panacéia para todos os males”.

Coordenador-executivo do HISTEDBR – Grupo de Estudos e Pesquisas “História, Sociedade e Educação no Brasil”, cujo 20º aniversário foi comemorado com um seminário que reuniu recentemente dezenas de pesquisadores na Unicamp, Lombardi tem uma vasta experiência na área. Atuou em aldeias indígenas no Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul, além de desenvolver um trabalho com ênfase em fundamentos da educação.

É autor ou organizou, entre outros livros, Globalização, pós-modernidade e educação, Ética e Educação, O Público e o Privado na Educação brasileira e A história da Educação Brasileira. Na entrevista que segue, Lombardi faz uma análise crítica da educação no Brasil – e no mundo – ao longo da história.

Jornal da Unicamp – Como senhor analisa o discurso que coloca a educação como remédio para os impasses da sociedade brasileira?
José Claudinei Lombardi - O discurso da educação como panacéia para todos os males é muito antigo. Ele nasceu com a sociedade capitalista, como parte de um discurso ideológico produzido para atribuir à escola um papel central no cuidado com a infância, com a transmissão dos saberes considerados socialmente relevantes, com a formação do cidadão e com a qualificação do trabalhador. Apareceu já com essa característica geral, abstrata, a-histórica, como se essa escola sempre tivesse existido, cumprindo um papel central no desenvolvimento e na vida dos indivíduos. No Brasil isso não foi diferente, pois desde o Império esse repetitivo discurso de que “a educação é fundamental para ...” sempre esteve presente, sendo acionado para justificar a diferença de desenvolvimento econômico e social, em comparação com os chamados países desenvolvidos.

JU – O discurso é recorrente.
Lombardi – Ele muda na aparência, mas permanece a mesma coisa na essência, obedecendo aos preceitos liberais. A educação é colocada como fundamental para o desenvolvimento econômico e social – tanto do indivíduo, como da sociedade; se isto não ocorre, a culpa ou a responsabilidade recai sobre a escola, sobre o currículo, sobre os métodos pedagógicos, sobre os professores ou sobre os indivíduos que não souberam aproveitar as oportunidades abertas pela educação. De um ponto de vista histórico, trata-se de um discurso reincidente, presente em praticamente todas as justificativas das reformas educacionais brasileiras.

JU – Em que medida ele é reducionista?
Lombardi - Ele é sempre reducionista. Reduz todas as mazelas a um único “remédio” – a educação – o que é absolutamente equivocado. Sabemos muito bem que a educação não tem todo esse poder de determinar os rumos da sociedade. Reduz tudo a um aspecto, ideologicamente escamoteando que sem uma profunda transformação econômica, política e social, pouco avançaremos na resolução dos graves problemas gestados pelo próprio desenvolvimento da sociedade burguesa – como a miséria, as guerras, a destruição do meio ambiente, o desemprego estrutural e outros.

Como não interessa desvelar as bases estruturais que provocam os desequilíbrios sociais, a culpabilidade acaba recaindo sobre a própria sociedade, entendida como somatório dos indivíduos que a compõe. A educação aparece, assim, nos mais diferentes momentos históricos, como a principal possibilidade de promover uma reforma moral e intelectual dos homens.Qual o instrumento usado pelos jesuítas para civilizar os nativos das terras recém-descobertas? Por Pombal para implementar o desenvolvimento liberal necessário a Portugal? Qual o remédio apontado pelo imperador para os males que afligiam a recém-independente nação brasileira? Ainda hoje o discurso é que só a educação possibilita um choque de desenvolvimento ao Brasil. Sob formas e aparentes discursos diferenciados, historicamente a educação é que tem sido apontada como a solução salvadora para os males da sociedade.

JU – É circular...
Lombardi – Ele reaparece com a crise de 1929, com a qual se fortalece, voltando em 1932, com o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova; ressurge na Segunda Guerra, na ditadura militar e, mais recentemente, em todo o processo da Constituinte de 1988 e na nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996.

JU – É possível, numa sociedade multifacetada como a brasileira, uniformizar as linhas pedagógicas? Se sim, de que maneira? Se não, qual seria o modelo ideal?
Lombardi – Historicamente, nunca foi adotada uma só linha pedagógica. Desde a Colônia foi implantada uma educação diferenciada para o atendimento de classes sociais também diferenciadas. No passado e no presente sempre aparecem propostas de se adotar um único e ideal modelo pedagógico, como a atual proposta dos Parâmetros Curriculares Nacionais que, além de versar sobre os conteúdos curriculares, também recomenda uma única linha pedagógica como adequada ao processo de ensino-aprendizagem, chamada de sócio-interacionista, ou mais usualmente conhecida como construtivista. Isso não passa de mero discurso, já que a adoção de parâmetros únicos para toda a educação nacional esconde a histórica dualidade de nossa organização escolar.

Com relação a tratar de um “modelo ideal” de educação, estou entre os que acham que a educação, ou qualquer outro aspecto da vida, não é regido pelas idéias. Ao contrário, considero que cada formação social produz historicamente a educação que lhe é adequada.

JU – Sempre foi assim?
Lombardi – Sim. Temos uma educação diferenciada desde a Colônia e a atual organização dual da educação vem desde o Império. De um lado, uma educação de alto nível, voltada para a elite, organizadora dos conteúdos universais e científicos; de outro, uma educação mínima, somente “de primeiras letras”, para toda a população. Para a escola da elite, material pedagógico de qualidade, prédio escolar adequado, tecnologia, bibliotecas diversificadas, métodos pedagógicos condizentes e professores bem formados e pagos. Para os filhos dos trabalhadores, salas repletas de alunos, falta de material pedagógico e de livros, carteiras, professores etc.

Com exceção dos apologetas da ordem burguesa, a maioria dos estudiosos da educação brasileira apontam essa dualidade e as mazelas que acompanham a nossa escola pública. Com os Parâmetros Curriculares Nacionais tenta-se disciplinar, igualar a educação pela imposição de um conteúdo “comum”, mas liberalizando outros aspectos organizacionais do sistema educacional.

JU – Tem mais a ver com a canetada da burocracia.
Lombardi – É isso aí. É a burocracia estatal buscando exercer algum nível de controle. Ocorre que é exercido um pseudo-controle, já que o conteúdo escolar é sempre mais difícil controlar. Num território de dimensão continental como do Brasil, é óbvio que o conteúdo trabalhado pelos professores vai se adequar, de alguma forma, a essa realidade multiforme do país.

Mas com relação ao conteúdo, gostaria de fazer uma provocação: o que será que é mais interessante, um conteúdo diversificado, que muda de acordo com a região ou com classe, ou possibilitarmos a todos os saberes que a sociedade acumulou, um conteúdo científico e cultural colossal e que deveria ser acessível a todos os homens? Se a gente pensar nessa dimensão, penso que a grande reivindicação a ser feita é a de uma educação que deve estar fortemente ancorada no conteúdo, nos conhecimentos filosóficos, científicos, literários e artísticos historicamente produzidos pelos homens.

2007-03-26 04:45:20 · answer #1 · answered by Ricardão 7 · 0 0

A imprensa maximizou ou turbinou a revolução industrial. A revolução industrial veio acompanhada de outras revoluções, talvez tenha sido o período mais ilumindado da humanidade...REVOLUÇÕES: produção em massa, cultural, costumes, saúde, política, liberdade de imprensa e etc. A imprensa fez muito bem seu papel de levar o conhecimento para as massas o que despertou grande entusiasmo na população em geral, criando uma ambiente favorável para novas descobertas em todos os setores do conhecimento humano.

2007-03-26 04:47:52 · answer #2 · answered by Anonymous · 0 0

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