resposta
resumo sobre Marquês de Pombal=Sebastião José de Carvalho e Melo, mais conhecido como Marquês de Pombal ou Conde de Oeiras, (Lisboa, 13 de Maio de 1699 — Leiria, 8 de Maio de 1782) foi um nobre e estadista português.
Foi secretário de Estado do Reino (primeiro-ministro) do Rei D. José I (1750-1777), sendo considerado, ainda hoje, uma das figuras mais controversas e carismáticas da História Portuguesa. Representante do Despostismo iluminado em Portugal no século XVIII, viveu num perÃodo da história marcado pelo iluminismo, tendo desempenhado um papel fulcral na aproximação de Portugal à realidade económica e social dos paÃses do Norte da Europa, mais dinâmica do que a portuguesa. Iniciou com esse intuito várias reformas administrativas, económicas e sociais. Acabou na prática com os autos de fé em Portugal e com a discriminação dos cristãos-novos, apesar de não ter extinguido oficialmente a Inquisição portuguesa, em vigor "de jure" até 1821.
Foi um dos principais responsáveis pela expulsão dos JesuÃtas de Portugal e suas colónias. A sua administração ficou marcada por duas contrariedades célebres: a primeiro foi o Terramoto de Lisboa de 1755, um desafio que lhe conferiu o papel histórico de renovador arquitectónico da cidade. Pouco depois, o Processo dos Távora, uma intriga com consequências dramáticas. Origens=Foi filho de Manuel de Carvalho e AtaÃde, fidalgo da provÃncia, com propriedade na região de Leiria e de sua mulher, Teresa LuÃsa de Mendonça e Melo. Na sua juventude estudou direito na Universidade de Coimbra e serviu no exército um curto perÃodo. Quando se mudou para a capital, Lisboa, Sebastião de Melo era um homem turbulento. A sua primeira mulher foi Teresa de Mendonça e Almada (1689-1737), sobrinha do conde de Arcos, com quem casou por arranjo da famÃlia, depois de um rapto consentido. Os pais da recém-formada famÃlia tornaram a vida do casal insustentável, pelo que se retiraram para as suas propriedades próximas de Pombal.
[editar] Carreira diplomática
Em 1738, Sebastião de Melo foi nomeado no seu primeiro cargo público, como embaixador em Londres. Em 1745 foi transferido para Viena, Ãustria. Depois da morte da sua primeira mulher, a rainha de Portugal, arquiduquesa Maria Ana de Ãustria mostrou-se amiga do embaixador ao arranjar-lhe o casamento com a filha do marechal austrÃaco Daun (Condessa Maria Leonor Ernestina Daun). O rei D. João V, no entanto, pouco satisfeito com as prestações de Sebastião de Melo, fê-lo regressar a Portugal em 1749. O rei morreu no ano seguinte e, de acordo com uma recomendação da rainha-mãe, o novo rei D. José I nomeou Sebastião como ministro dos Negócios Estrangeiros. Ao contrário do pai, D. José foi-lhe muito benévolo e confiou-lhe gradualmente o controle do Estado.
Secretário de Estado do Reino (Primeiro-Ministro)=Em 1755, Sebastião de Melo já era primeiro-ministro do reino. Governou com mão de ferro, impondo a lei a todas as classes, desde os mais pobres até à alta nobreza. Impressionado pelo sucesso económico inglês, tentou, com sucesso, implementar medidas que incutissem um sentido semelhante à economia portuguesa. A região demarcada para a produção do vinho do Porto, a primeira região a assegurar a qualidade dos seus vinhos, data da sua governação. Em sua gestão, Pombal pôs em prática um vasto programa de reformas, cujo objetivo era racionalizar a administração sem enfraquecer o poder real. Para atingir essa meta, o ministro incorporou as novas idéias divulgadas na Europa pelos iluministas, mas ao mesmo tempo conservou aspectos do absolutismo e da polÃtica mercantilista. O Marquês de Pombal foi a figura-chave do governo português entre 1750 e 1777. Sua gestão foi um perfeito exemplo de despotismo esclarecido, forma de governo que combinava a monarquia absolutista com o racionalismo iluminista. Uma notável realização de Pombal foi a fundação, em 1774, da Vila Real de Santo António, próxima à foz do rio Guadiana, no sul de Portugal.
Também aboliu a escravatura nas colónias nas Ãndias, reorganizou o exército e a marinha, reestruturou a Universidade de Coimbra e acabou com a discriminação dos "cristãos novos" (pelo menos em parte). Mas uma das mais importantes reformas foi nos campos das economias e finanças, com a criação de várias companhias e associações corporativas que regulavam a atividade comercial, bem como a reforma do sistema fiscal. Naturalmente, todas estas reformas granjearam-lhe a inimizade das altas classes sociais, em especial a nobreza, que o desprezaram, chamando-o de "novo rico".
O terramoto de 1755=O Terramoto de 1755 também conhecido por Terramoto de Lisboa, ocorreu no dia 1 de Novembro de 1755 à s 9:20 da manhã, resultando na destruição quase completa da cidade de Lisboa, e atingindo ainda grande parte do litoral do Algarve. O sismo foi seguido de um tsunami - que se crê terá atingido a altura de 20 metros - e de múltiplos incêndios, tendo feito mais de 10 mil mortos. Foi um dos sismos mais mortÃferos da História, marcando o que alguns historiadores chamam a pré-história da Europa Moderna. Os geólogos modernos estimam que o Sismo de 1755 atingiu 9 graus na escala Richter.
O Terramoto de Lisboa teve um enorme impacto polÃtico e socio-económico na sociedade portuguesa do Século XVIII, dando origem aos primeiros estudos cientÃficos do efeito de um terramoto numa área alargada, marcando assim o nascimento da moderna sismologia. O acontecimento foi largamente discutido pelos filósofos iluministas, como Voltaire, inspirando desenvolvimentos significativos no domÃnio da teodiceia e da filosofia do sublime.O Terramoto
O sismo fez-se sentir na manhã de 1 de Novembro, dia que coincide com o feriado do Dia de Todos-os-Santos. O epicentro não é conhecido com exactidão, havendo diversos sismólogos que propõem locais distanciados de centenas de quilómetros. No entanto, todos convergem para um epicentro no mar, entre 150 a 500 km a sudoeste de Lisboa. Devido a um forte sismo ocorrido em 1969, no Banco de Gorringe, este local tem sido apontado como tendo forte probabilidade de aà se situar o epicentro em 1755.
Relatos da época afirmam que os abalos foram sentidos, consoante o local, entre 6 minutos e 2 horas e meia, causando fissuras gigantescas de 5 metros que cortaram o centro da cidade de Lisboa. Com os vários desmoronamentos os sobreviventes procuraram refúgio na zona portuária e assistiram ao recuo das águas, revelando o fundo do mar cheio de destroços de navios e cargas perdidas. Poucas dezenas de minutos depois, um maremoto de grandes proporções, que actualmente se supõe ter atingido 20 metros de altura, fez submergir o porto e o centro da cidade. Nas áreas que não foram afectadas pelo tsunami, o fogo logo se alastrou, e os incêndios duraram pelo menos 5 dias.Lisboa não foi a única cidade portuguesa afectada pela catástrofe. Todo o sul de Portugal, nomeadamente o Algarve, foi atingido e a destruição foi generalizada. As ondas de choque do sismo foram sentidas por toda a Europa e norte da Ãfrica. Os maremotos originados pela movimentação tectónica varreram desde do norte de Ãfrica até ao norte da Europa, nomeadamente até à Finlândia e através do Atlântico, afectando locais tão longÃnquos como Martinica e Barbados.
De uma população de 275 mil habitantes em Lisboa, crê-se que 90 mil morreram[1]. Outros 10 mil foram vitimados em Marrocos. Cerca de 85% das construções de Lisboa foram destruÃdas, incluindo palácios famosos e bibliotecas, conventos e igrejas, hospitais e todas as estruturas. Várias construções que sofreram poucos danos pelo terramoto foram destruÃdas pelo fogo que se seguiu ao abalo sÃsmico.
A récem construÃda Casa da Ãpera, aberta apenas seis meses antes, foi totalmente consumida pelo fogo. O Palácio Real, que se situava na margem do Tejo, onde hoje existe o Terreiro do Paço, foi destruÃdo pelos abalos sÃsmicos e pelo tsunami. Dentro, a biblioteca de 70 mil volumes e centenas de obras de arte, incluindo pinturas de Ticiano, Rubens, e Correggio, foram perdidas. O precioso Arquivo Real com documentos relativos à exploração oceânica e outros documentos antigos também foram perdidos. O terramoto destruiu ainda as maiores igrejas de Lisboa, especialmente a Catedral de Santa Maria, e as BasÃlicas de São Paulo, Santa Catarina, São Vicente de Fora, e a da Misericórdia. As ruÃnas do Convento do Carmo ainda hoje podem ser visitadas no centro da cidade. O túmulo de Nuno Ãlvares Pereira, nesse convento, perdeu-se também. O hospital Real de Todos os Santos foi consumido pelos fogos e centenas de pacientes morreram queimados. Registos históricos das viagens de Vasco da Gama e Cristóvão Colombo foram perdidos, e incontáveis construções foram arrasadas (incluindo muitos exemplares da arquitectura do perÃodo Manuelino em Portugal).
[editar] O dia seguinte
Quase por milagre, a famÃlia real escapou ilesa à catástrofe. O Rei D. José I e a corte tinham deixado a cidade depois de assistir a uma missa ao amanhecer, encontrando-se em Santa Maria de Belém, nos arredores de Lisboa, na altura do sismo. A ausência do rei na capital deveu-se à vontade das princesas de passar o feriado fora da cidade. Depois da catástrofe, D. José I ganhou uma fobia a recintos fechados e viveu o resto da sua vida num complexo luxuoso de tendas no Alto da Ajuda, em Lisboa.
Tal como o rei, o Marquês do Pombal, Ministro da Guerra e futuro Primeiro-ministro de Portugal, sobreviveu ao terramoto. Com o pragmatismo que caracterizou a sua futura governação, ordenou ao exército a imediata reconstrução de Lisboa. Conta-se que à pergunta "E agora?" respondeu "Enterram-se os mortos e cuidam-se os vivos" mas esse diálogo é provavelmente apócrifo. A sua rápida resolução levou a organizar equipas de bombeiros para combater os incêndios e recolher os milhares de cadáveres para evitar epidemias.
O ministro e o rei contrataram arquitectos e engenheiros, e em menos de um ano depois do terramoto já não se encontravam em Lisboa ruÃnas e os trabalhos de reconstrução iam adiantados. O rei desejava uma cidade nova e ordenada e grandes praças e avenidas largas e rectilÃneas marcaram a planta da nova cidade. Na altura alguém perguntou ao Marquês de Pombal para que serviam ruas tão largas, ao que este respondeu que um dia hão-de achá-las estreitas....
O novo centro da cidade, hoje conhecido por Baixa Pombalina é uma das zonas nobres da cidade. São os primeiros edifÃcios mundiais a serem construÃdos com protecções anti-sÃsmica, que foram testadas em modelos de madeira, utilizando-se tropas a marchar para simular as vibrações sÃsmicas.
[editar] Implicações Sociais
O dia primeiro do corrente ficará memorável a todos os séculos pelos terremotos e incêndios que arruinaram uma grande parte desta Cidade.
Gazeta de Lisboa, Novembro de 1755.
O Terramoto de Lisboa abalou muito mais que a cidade e os seus edifÃcios. Lisboa era a capital de um paÃs católico, com grande tradição de edificação de conventos e igrejas e empenhado na evangelização das suas colónias. O facto de o terramoto ocorrer num dia santo e destruir várias igrejas importantes levantou muitas questões religiosas por toda a Europa. Para a mentalidade religiosa do século XVIII, seria uma manifestação da ira divina de difÃcil explicação.
Na polÃtica, o terramoto foi também devastador. O ministro Marquês do Pombal era o favorito do rei mas não do agrado da alta nobreza, que competia pelo poder e favores do monarca. Depois de 1 de Novembro, a eficácia da resposta do Marquês do Pombal (cujo tÃtulo lhe é atribuÃdo em 1770) garante-lhe um maior poder e influência perante o rei, que também aproveita para reforçar o seu poder e consolidar o Absolutismo. Isto leva a um descontentamento da aristocracia que iria culminar na tentativa de regicÃdio e na subsequente eliminação dos Távoras. Para além do agravamento das tensões polÃticas em Portugal, a destruição da cidade de Lisboa frustrou muitas das ambições coloniais do Império Português de então.
[editar] O terramoto e a filosofia iluminista
O ano de 1755 insere-se numa era fulcral de uma grande transformação social: a Revolução Industrial, o Iluminismo, o Capitalismo lançam as bases de uma sociedade moderna em alguns paÃses da Europa Ocidental. O sismo influenciou de forma determinante muitos pensadores europeus do Iluminismo. Foram muitos os filósofos que fizeram menção ou aludiram ao terramoto nos seus escritos, dos quais se destaca Voltaire, no seu Candide e no Poème sur le désastre de Lisbonne(Poema sobre o desastre de Lisboa). A arbitrariedade da sobrevivência foi, provavelmente, o que mais marcou o autor, que satirizou a ideia, defendida por autores como Gottfried Wilhelm Leibniz e Alexander Pope, de que "este é o melhor dos mundos possÃveis"; como escreveu Theodor Adorno, o terramoto de Lisboa foi suficiente para Voltaire refutar a teodiceia de Leibniz" (Negative Dialectics, 361). Mais tarde, no século XX, também citando Adorno, o terramoto passou a ser comparado ao Holocausto - uma catástrofe de tais dimensões que só poderia ter um impacto profundo e transformador na cultura e filosofia europeias. Note-se que esta interpretação de Theodor Adorno serve de ilustração à sua interpretação da história, que é bastante crÃtica da sociedade moderna e associada a uma visão ideológica não muito distante do marxismo.
O conceito do sublime, ainda já tivesse sido formulado antes de 1755, foi desenvolvido na Filosofia e elevado a tema de maior importância por Immanuel Kant, em parte como resultado das suas tentativas para compreender a enormidade do sismo de Lisboa e do maremoto. Kant publicou três textos distintos sobre o terramoto. O jovem Kant, fascinado com o fenómeno, reuniu toda a informação que conseguiu sobre o desastre, através de notÃcias impressas, servindo-se desses dados para formular uma teoria relacionada com a origem dos sismos. A teoria de Kant, que envolvia o deslocamento de enormes cavernas subterrâneas insufladas por gases a alta temperatura, foi, ainda que mais tarde se mostrasse falsa, uma das primeiras tentativas sistematizadas a tentar explicar os sismos através de causas naturais, em vez de causas sobrenaturais. De acordo com o filósofo marxista Walter Benjamin, o pequeno caderno de Kant sobre o assunto representa, provavelmente, o inÃcio da geografia cientÃfica na Alemanha. O mesmo autor chega a afirmar: "E foi, certamente, o inÃcio da sismologia" (frase essa que é mais controversa - talvez o inÃcio da sismologia moderna tenha começado mesmo em Portugal com os estudos incentivados pelos Marquês de Pombal).
O pensador pós-moderno Werner Hamacher chega a defender a tese de que as consequências do sismo se estenderam ao vocabulário da Filosofia, transtornando as metáforas da "fundamentação" e dos "fundamentos" das teorias filosóficas, mostrando como estes podem ser facilmente "abalados" pela incerteza: "Sob a impressão exercida pelo terramoto de Lisboa, que tocou a mentalidade europeia numa das suas épocas mais sensÃveis, as metáforas da fundamentação ("ground" = chão, em inglês) e dos abalos perderam totalmente a sua inocência aparente; deixavam de ser meras figuras de estilo" (pág. 263). Hamacher defende mesmo que a certeza fundadora da filosofia de Descartes sofreu um considerável abalo após o sismo.
[editar] O nascimento da Sismologia
A competência do ministro não se limitou à acção de reconstrução da cidade. O Marquês do Pombal ordenou um inquérito, enviado a todas as paróquias do paÃs para apurar a ocorrência e efeitos do terramoto. O questionário incluÃa designadamente as seguintes questões:
* quanto tempo durou o terramoto?
* quantas réplicas se sentiram?
* que tipo de danos causou o terramoto?
* os animais tiveram comportamento estranho?
* que aconteceu nos poços?
As respostas estão ainda arquivadas na Torre do Tombo. Através das respostas do inquérito foi possÃvel aos cientistas actuais recolherem dados fiáveis e reconstituÃrem o fenómeno numa perspectiva cientÃfica. O inquérito do Marquês do Pombal foi a primeira iniciativa de descrição objectiva no campo da sismologia, razão pela qual é considerado um precursor da ciência da sismologia.
As causas geológicas do terramoto e da actividade sÃsmica na região de Lisboa são ainda causa de debate cientÃfico, existindo indÃcios geológicos da ocorrência de grandes abalos sÃsmicos com uma periodicidade de aproximadamente 300 anos. Lisboa encontra-se junto de uma falha tectónica, mas a grande maioria dos terramotos tão intensos como o sismo de 1755 só acontece nas zonas de fronteira entre placas. Alguns geólogos portugueses avançaram a ideia de que o sismo estaria relacionado com a zona de subducção do oceano Atlântico, entre as placas tectónicas euro-asiática e africana.
[editar] Notas
^ Há fontes que citam 30.000 vÃtimas mortais [2]. Existe também documentação possÃvel de ser consultada no IPIMAR que contém relatos e inquéritos feitos na época por parte das paróquias, por todo o paÃs, sendo possÃvel constatar com alguma exactidão todo o património e espólio perdido.O desastre abateu-se sobre Portugal na manhã do primeiro de Novembro (dia de Todos os Santos) de 1755. Nesta data, Lisboa foi abalada por um violento tremor de terra, com uma amplitude que em tempos actuais é estimadada em cerca de nove pontos na escala de Richter. A cidade foi devastada pelo tremor de terra, pelo maremoto (um tsunami) e ainda pelos incêndios que se seguiram. Sebastião de Melo sobreviveu por sorte, mas não se impressionou. Imediatamente tratou da reconstrução da cidade, de acordo com a famosa frase: "E agora? Enterram-se os mortos e alimentam-se os vivos". Apesar da calamidade, Lisboa não foi afectada por epidemias e menos de um ano depois já estava reconstruÃda. A baixa da cidade foi desenhada por um grupo de arquitectos, com a orientação expressa de resistir a terramotos subsequentes. Foram construÃdos modelos para testes, nos quais os terramotos foram simulados pelo marchar de tropas. Os edifÃcios e praças da Baixa Pombalina de Lisboa ainda prevalecem, sendo uma das atracções turÃsticas de Lisboa. Sebastião de Melo fez também uma importante contribuição para a sismologia: elaborou um inquérito enviado a todas as paróquias do paÃs. Exemplos de questões aà incluÃdas: os cães e outros animais comportaram-se de forma estranha antes do evento?; O nÃvel da água dos poços subiu ou desceu?; Quantos edifÃcios foram destruÃdos? Estas questões permitiram aos cientistas portugueses a reconstrução do evento e marcaram o nascimento da sismologia enquanto ciência.O Processo dos Távoras=Na sequência do terramoto, D. José I deu ao seu primeiro-ministro poderes acrescidos, tornando Sebastião de Melo numa espécie de ditador. à medida que o seu poder cresceu, os seus inimigos aumentaram e as disputas com a alta nobreza tornaram-se frequentes. Em 1758 D. José I é ferido numa tentativa de regicÃdio. A famÃlia de Távora e o Duque de Aveiro foram implicados no atentado e executados após um rápido julgamento. Expulsou e confiscou os bens da Companhia de Jesus (jesuÃtas), porque a sua influência na sociedade portuguesa e as suas ligações internacionais eram um entrave ao fortalecimento do poder régio.
Sebastião de Melo não mostrou misericórdia, tendo perseguido cada um dos envolvidos, incluindo mulheres e crianças. Com este golpe final, o poder da nobreza foi decisivamente contrariado, marcando uma vitória sobre os inimigos. Pela sua ação rápida, D. José I atribuiu ao seu leal ministro o tÃtulo de Conde de Oeiras em 1759.
No seguimento do caso Távora, o novo Conde de Oeiras não conheceu qualquer nova oposição. Adquirindo o tÃtulo de Marquês de Pombal em 1770, teve quase exclusivamente o poder de governar Portugal até a morte de D. José I em 1779. A sucessora, rainha Maria I de Portugal e seu marido Pedro III detestavam o Marquês. Maria nunca perdoou a impiedade mostrada para com a famÃlia Távora e retirou-lhe todos os cargos.
A rainha ordenou que o Marquês se resguardasse sempre a uma distância de pelo menos 20 milhas dela. Se passasse em viagem por uma das suas propriedades, o Marquês era obrigado por decreto a afastar-se de casa. Maria I teria alegadamente sofrido de ataques de raiva apenas ao ouvir o nome do antigo primeiro-ministro de seu pai.
O Marquês de Pombal morreu pacificamente na sua propriedade em 15 de Maio de 1782. Os seus últimos dias de vida foram vividos em Pombal e na Quinta da Gramela, propriedade que herdara de seu tio, o arciprestre Paulo de Carvalho e AtaÃde, em 1713. Hoje, ele é relembrado numa enorme estátua colocada numa das mais importantes praças de Lisboa, que tem o seu nome. Marquês de Pombal é também o nome da estação de metropolitano mais movimentada de Lisboa.
[editar] Reformas
[editar] Reformas económicas
Apesar dos problemas, Sebastião de Melo levou a cabo um ambicioso programa de reformas. Entre outras realizações, seu governo procurou incrementar a produção nacional em relação à concorrência estrangeira, desenvolver o comércio colonial e incentivar o desenvolvimento das manufacturas. No âmbito dessa polÃtica, em 1756 foi criada a Companhia para a Agricultura das Vinhas do Alto Douro, à qual o ministro concedeu isenção de impostos nas exportações e no comércio com a colônia, estabelecendo assim a primeira zona de produção vinÃcola demarcada no mundo, colocando-se os célebres marcos pombalinos nas delimitações da região. Em 1773, surgia a Companhia Geral das Reais Pescas do Reino do Algarve, destinada a controlar a pesca no sul de Portugal.
Ao mesmo tempo, o marquês criou estÃmulos fiscais para a instalação de pequenas manufacturas voltadas para o mercado interno português, do qual também faziam parte as colónias. Essa polÃtica proteccionista englobava medidas que favoreciam a importação de matérias-primas e encareciam os produtos importados similares aos de fabricação portuguesa. Como resultado, surgiram no reino centenas de pequenas manufacturas produtoras dos mais diversos bens.
O ministro fundou também o Banco Real em 1751 e estabeleceu uma nova estrutura para administrar a cobrança dos impostos, centralizada pela Real Fazenda de Lisboa, sob seu controle directo.
[editar] Reformas religiosas
A ação reformadora de Pombal estendeu-se ainda ao âmbito da polÃtica e do Estado. Nesse campo, o Primeiro-Ministro empenhou-se no fortalecimento do absolutismo do rei e no combate a setores e instituições que poderiam enfraquecê-lo. Diminuiu o poder da Igreja, subordinando o Tribunal do Santo OfÃcio (Inquisição) ao Estado e, em 1759, expulsou os jesuÃtas da metrópole e da colônia, confiscando seus bens, sob a alegação de que a Companhia de Jesus agia como um poder autônomo dentro do Estado português.
Apesar de a Inquisição não ter sido oficialmente desmantelada, ela sofreu com o governo de Pombal um profundo abalo, com medidas que a enfraqueceriam.
* Em 5 de Outubro de 1768 obrigou por decreto os nobres portugueses anti-semitas (na altura chamados de "puritanos") que tivessem filhos em idade de casar, a organizar casamentos com famÃlias judaicas.
* Em 25 de Maio de 1773 fez promulgar uma lei que extinguia as diferenças entre cristãos-velhos (católicos sem suspeitas de antepassados judeus) e cristãos-novos, tornando inválidos todos os anteriores decretos e leis que discriminavam o s cristão-novos. Passou a ser proibido usar a palavra "cristão-novo", quer por escrito quer oralmente. As penas eram pesadas: para o povo - chicoteamento em praça pública e exÃlio em Angola; para os nobres - perda de tÃtulos, cargos, pensões ou condecorações; para o clero - expulsão de Portugal.
* Em 1 de Outubro de 1774, publicou um decreto que fazia os os veredictos do Santo OfÃcio dependerem de sanção real, o que praticamente anulava a Inquisição portuguesa. Deixariam de se organizar em Portugal os Autos-de-fé.
[editar] Reformas na educação
Na esfera da educação, introduziu importantes mudanças no sistema de ensino do reino e da colônia - que até essa época estava sob a responsabilidade da Igreja -, passando-o ao controle do Estado. A Universidade de Ãvora, por exemplo, pertencente aos jesuÃtas, foi extinta, e a Universidade de Coimbra sofreu profunda reforma, sendo totalmente modernizada.
A "reforma universitária" do Marquês de Pombal incluÃa também o fim da proibição de alunos ou professores com ascendência judaica nos quadros do estabelecimento de ensino.
[editar] Reformas no aparelho de Estado
Marquês de Pombal introduziu, de igual modo, importantes mudanças no aparelho de estado português. A criação das primeiras compilações de direito civil, que substituiu assim o direito canónico, representou o primeiro passo para a afirmação de Pombal enquanto estadista e o estado como entidade superior e autónoma face ao resto da sociedade, inclusive até à própria Igreja Católica. De facto, o estado português pronunciou-se várias vezes em desacordo com a Santa Sé, estabelecendo-se corte de relações diplomáticas até à morte de D. José e posterior subida ao trono de D. Maria I.
O clientelismo fez florescer um novo conceito na História portuguesa, o chamado pombalismo. o pombalismo não era, apenas, uma rede clientelar, sendo também, ao mesmo tempo, quando analisada a obra pombalina, uma doutrina polÃtica. Toda a feitura de Marquês de Pombal foi no sentido de racionalizar o estado e de Portugal superar atrasos vários na sua economia. Nacionalizar e proteger a economia, tornando o próprio estado ― legalmente ― gestor e tutor da sua economia. Em suma, o pombalismo é um conceito que faz referência a todas as alterações feitas por Marquês de Pombal e seus colaboradores.
[editar] O Marquês de Pombal no Brasil
Existe uma grande dissonância entre a percepção popular do Marquês entre os portugueses (que o vêem como herói nacional) e entre os brasileiros (que o vêem como tirano e opressor).
Na visão do governo português, a administração da colónia devia ter sempre como meta a geração de riquezas para o reino. Esse princÃpio não mudou sob a administração do Marquês. O regime de monopólio comercial, por exemplo, não só se manteve, como foi acentuado para se obter maior eficiência na administração colonial.
Em 1755 e 1759, foram criadas, respectivamente, a Companhia Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão e a Companhia Geral de Comércio de Pernambuco e ParaÃba, empresas monopolistas destinadas a dinamizar as atividades econômicas no Norte e Nordeste da colônia. Na região mineira, instituiu a derrama em 1765, com a finalidade de obrigar os mineradores a pagarem os impostos atrasados. A derrama era uma taxa per capita, em quilos de ouro, que a colônia era obrigada a mandar para a metrópole, independente da real produção de ouro.
As maiores alterações, porém, ocorreram na esfera polÃtico-administrativa e na educação. Em 1759, o regime de capitanias hereditárias foi definitivamente extinto, com a sua incorporação aos domÃnios da Coroa portuguesa. Quatro anos depois, em 1763, a sede do governo-geral da colônia foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro, cujo crescimento sinalizava o deslocamento do eixo econômico do Nordeste para a região Centro-Sul.
Com a expulsão violenta dos jesuÃtas do império português, o Marquês determinou que a educação na colônia passasse a ser transmitida por leigos nas chamadas Aulas Régias. Até então, o ensino formal estivera a cargo da Igreja. O ministro regulamentou ainda o funcionamento das missões, afastando os padres de sua administração, e criou, em 1757, o Diretório, órgão composto por homens de confiança do governo português, cuja função era gerir os antigos aldeamentos.
Complementando esse "pacote" de medidas, o Marquês procurou dar maior uniformidade cultural à colônia, proibindo a utilização do Nheengatu, a lÃngua geral (uma mistura das lÃnguas nativas com o português, falada pelos bandeirantes) e tornando obrigatório o uso do idioma português. Alguns estudiosos da história afirmam que foi com esta medida que o Brasil deixou o rumo de ser um paÃs bilÃngue.
Ainda hoje, encontra-se uma estátua de mármore em tamanho natural do Marquês de Pombal na Santa Casa de Misericórdia da Bahia localizada no centro histórico de Salvador.O Processo dos Távoras refere-se a um escândalo polÃtico português do século XVIII. Os acontecimentos foram desencadeados pela tentativa de assassinato do Rei D. José I em 1758, e culminaram na execução pública de toda a famÃlia Távora e dos seus parentes próximos em 1759. Alguns historiadores interpretam o assunto como uma tentativa do primeiro-ministro Sebastião de Melo (Marquês de Pombal) de limitar os poderes crescentes de famÃlias da alta nobreza.Introdução
No seguimento do terramoto de Lisboa de 1 de Novembro de 1755, que destruiu o palácio real, o rei D. José I vivia num grande complexo de tendas e barracas instaladas na Ajuda, à s saÃdas da cidade. Este era o presente centro da vida polÃtica e social portuguesa.
Apesar de constituÃrem acomodações pouco espetaculares, as tendas da Ajuda eram o centro de uma corte tão glamorosa e rica como a de Versalhes de LuÃs XV de França. O rei vivia rodeado pela sua equipa administrativa, liderada pelo primeiro-ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, e pelos seus nobres. O primeiro-ministro era um homem severo, filho de um fidalgo de provÃncia, com algum rancor para com a velha nobreza, que o desprezava. Desavenças entre ele e os nobres eram frequentes e toleradas pelo rei, que confiava em Sebastião de Melo pela sua liderança competente após o terramoto.
D. José I era casado com Mariana Vitoria de Borbón, princesa espanhola, e tinha 4 filhas. Apesar de ter uma vida familiar alegre, (o rei adorava as filhas e apreciava brincar com elas e levá-las em passeio), D. José I tinha uma amante: Teresa Leonor, mulher de LuÃs Bernardo, herdeiro da famÃlia de Távora.
A Marquesa Leonor de Távora e o seu marido Francisco Assis, conde de Alvor (e antigo vice-rei da India), eram as cabeças de uma das famÃlias mais poderosas do reino, ligadas à s casas de Aveiro, Cadaval, São Vicente e de Alorna. Eram também inimigos cerrados de Sebastião de Melo. Leonor de Távora era uma mulher polÃtica, preocupada com os negócios do Reino, entregue a seu ver a um novo-rico sem educação. Ela era também uma devota católica, com forte afiliação aos jesuÃtas, tendo como confessor um deles, Gabriel Malagrida.
[editar] O caso Távora
Na noite de 3 de Setembro de 1758, D. José I seguia incógnito numa carruagem que percorria uma rua secundária nos arredores de Lisboa. O rei regressava para as tendas da Ajuda de uma noite com a amante. Pelo caminho, a carruagem foi interceptada por três homens, que dispararam sobre os ocupantes. D. José I foi ferido num braço, o seu condutor também ficou ferido gravemente, mas ambos sobreviveram e regressaram à Ajuda.
Sebastião de Melo tomou o controle imediato da situação. Mantendo em segredo o ataque e os ferimentos do rei, ele efectuou julgamento rápido. Poucos dias depois, dois homens foram presos e torturados. Os homens confessaram a culpa e que tinham tido ordens da famÃlia dos Távoras, que estavam a conspirar pôr o duque de Aveiro, José Mascarenhas, no trono. Ambos foram enforcados no dia seguinte, mesmo antes da tentativa de regicÃdio ter sido tornada pública. Nas semanas que se seguem, a marquesa Leonor de Távora, o seu marido, o conde de Alvor, todos os seus filhos, filhas e netos foram encarcerados. Os conspiradores, o duque de Aveiro e os genros dos Távoras, o marquês de Alorna e o conde de Atouguia foram presos com as suas famÃlias. Gabriel Malagrida, o jesuÃta confessor de Leonor de Távora foi igualmente preso.
Foram todos acusados de alta traição e de regicÃdio. As provas apresentadas em tribunal eram simples: a) As confissões dos assassinos executados, b) A arma do crime pertencia ao duque de Aveiro e c) O facto de apenas os Távoras poderem ter sabido dos afazeres do rei nessa noite, uma vez que ele regressava de uma ligação com Teresa de Távora, presa com os outros. Os Távoras negaram todas as acusações mas foram condenados à morte. Os seus bens foram confiscados pela coroa, o seu nome apagado da nobreza e os brasões familiares foram proibidos. A varonia Távora e morgadio foram então transferidos para a casa dos condes de São Vicente.
A sentença ordenou a execução de todos, incluindo mulheres e crianças. Apenas as intervenções da Rainha Mariana e de Maria Francisca, a herdeira do trono, salvaram a maioria deles. A marquesa, porém, não seria poupada. Ela e outros acusados que tinham sido sentenciados à morte foram torturados e executados publicamente em 13 de Janeiro de 1759 num descampado perto de Lisboa. A execução foi violenta mesmo para a época, as canas das mãos e dos pés dos condenados foram partidas com paus e as suas cabeças decapitadas e depois os restos dos corpos queimados e as cinzas deitadas ao rio Tejo. O rei esteve presente, juntamente com a sua corte, absolutamente desnorteada. Os Távoras eram seus semelhantes, mas o rei quis que a lição fosse aprendida e para que nunca mais a nobreza se rebelasse contra a autoridade régia.
O palácio do Duque de Aveiro, em Belém, Lisboa foi demolido e o terreno salgado, simbolicamente, para que nunca mais nada ali crescesse. No local, hoje chamado Beco do Chão Salgado, existe um marco alusivo ao acontecimento mandado erigir por D. José com uma lápide que pode ser lida . As armas da famÃlia Távora foram picadas e o nome Távora foi mesmo proibido de ser citado.aqui.
Gabriel Malagrida foi queimado vivo alguns dias depois e a ordem dos jesuÃtas declarada ilegal. Todos as suas propriedades foram confiscadas e os jesuÃtas expulsos do território português, na Europa e no Ultramar (o filme "A missão" retrata a expulsão de uma comunidade jesuÃta da floresta brasileira). A famÃlia Alorna e as filhas do Duque de Aveiro foram condenadas a prisão perpétua em mosteiros e conventos.
Sebastião de Melo foi feito Conde de Oeiras pelo seu tratamento competente do caso, e posteriormente, em 1770, obteve o tÃtulo de Marquês de Pombal, o nome pelo qual é conhecido hoje.
[editar] Discussão
A culpa ou inocência dos Távoras é ainda debatida hoje por historiadores portugueses. Por um lado, as más relações entre a alta nobreza e o rei estão bem documentadas. A falta de um herdeiro masculino ao trono era motivo de desagrado para muitos, e o Duque de Aveiro era de facto uma opção.
Por outro lado, alguns referem uma coincidência: com a condenação dos Távoras e dos JesuÃtas, desapareceram os inimigos de Sebastião de Melo e a nobreza foi domada. Adicionalmente, os acusados Távoras argumentaram que a tentativa de assassÃnio de D. José I teria sido um assalto comum, uma vez que o rei viajava sem guarda nem sinais de distinção numa perigosa rua de Lisboa.
Outra pista de suposta inocência é o facto de nenhum dos Távoras ou familiares terem tentado escapar de Portugal nos dias que se seguiram ao atentado.
[editar] Consequências
Culpados ou não, as execuções dos Távora foram um acontecimento devastador para Portugal. Numa altura em que a pena de morte já estava em desuso, a execução de uma famÃlia prestigiada constituiu um choque. A futura rainha Dona Maria I ficou tão afectada pelos eventos que aboliu a pena de morte (excepto em estado de guerra) tão cedo como pode, quando chegou ao trono. Portugal terá sido um dos primeiros paÃses do mundo a fazê-lo.
O desprezo da rainha pelo primeiro-ministro de seu pai foi absoluto. Ela removeu-lhe todos os poderes e expulsou-o de Lisboa. Foi emitido um decreto proibindo a sua presença a uma distância inferior a 20 milhas da capital.
2007-03-26 01:44:21
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answer #2
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answered by neto 7
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Marquês de Pombal, de seu nome Sebastião José de Carvalho e Melo, foi o mais notável estadista do seu tempo, não só de Portugal como provavelmente de toda a Europa. “à o homem das grandes reformas económicas e educacionais, que coloca Portugal na preparação para a modernidade. à o grande reformador”, destaca o professor universitário José Medeiros Ferreira.
Nascido no seio de uma famÃlia fidalga, frequentou o 1.º ano jurÃdico na Universidade de Coimbra, mas, dotado de um génio versátil e um insaciável desejo de poder, acabou por abandonar os estudos e dedicar-se à carreira militar. Nessa fase, via na força das armas uma oportunidade para se destacar e alcançar algo positivo para Portugal. No entanto, depressa se desiludiu com a obediência que tinha de prestar à hierarquia militar e acabou por pedir a demissão. Foi a ponte para se entregar à vida ociosa: dedicou-se ao estudo da história, polÃtica e legislação. O sonho de fazer algo pelo PaÃs continuava vivo.
Assim, optou pela carreira diplomática. Em 1739 partiu para Londres e ali prestou relevantes serviços, demonstrando ter energia e inteligência. Homem de uma esperteza sem fronteiras, conseguiu “arrancar” ao ministério do duque de Newcastle muitas das isenções para os negociantes portugueses em Londres, iguais à s que os negociantes ingleses tinham em Lisboa.
De Londres seguiu para Viena como embaixador de D. João V. Vivia-se a época dos despotismos iluminados. A razão, a inteligência e os conhecimentos é que davam acesso ao poder. Todas estas viagens proveitosas conferiam ao diplomata novas experiências, sabedorias e ideias que, mais tarde, o fariam brilhar em Portugal. Ele “viu o que é viver lá fora, a perspectiva europeia, mais avançada”, explica o professor catedrático Marcelo Rebelo de Sousa.
Já de regresso a Lisboa, em 1750, o novÃssimo rei D. José nomeia-o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra. O cardeal de Richelieu, de França, era o ideal do Marquês, que desejava consolidar o poder régio com o objectivo de introduzir alterações profundas no Estado. Rapidamente se torna no mais influente dos secretários de Estado e toma medidas nas mais diversas áreas, algumas de grande alcance e visão. Sem nunca ter perdido a ligação com a Europa, faz sempre questão de se rodear dos melhores em diversas áreas, nomeadamente na educação. Foi ele quem “trouxe portugueses que estudaram nas universidades estrangeiras, reformando a Universidade de Coimbra, para adaptá-la aos novos tempos”, relembra Marcelo Rebelo de Sousa. Sempre soube acompanhar a razão.
Foi o catastrófico terramoto de 1755 que lançou definitivamente Sebastião José de Carvalho e Melo na polÃtica nacional e o fez ficar popular até aos nossos dias. No meio da destruição, do caos e do desespero, era preciso fazer algo: agora, já, ontem. Nisso foi bom! Agiu depressa - a bem ou à força. Reconstruiu Lisboa e provou a sua visão de modernidade. Felizmente, o rei não o amputou do poder de decidir. “Sem Marquês não haveria a Lisboa pombalina, não haveria a Baixa, cuja largura das ruas permite que o trânsito automóvel ainda hoje flua. E no seu tempo só havia carruagens”, constata o historiador do Museu do Chiado, Rui Afonso. “à o homem que mais marca Lisboa”, diz, por sua vez, o deputado João Soares. Com o terramoto, vem ao de cima o génio organizador e a sua assombrosa energia. Esta é a verdadeira génese do seu imenso poder. Com a introdução de novos impostos e a reconstrução da capital, a par de inúmeras iniciativas, o rei D. José dispensa-lhe confiança cega, fomentando a inveja da alta nobreza.
Contudo, também teve momentos menos populares, relacionados com a violência de algumas das suas decisões. Há um lado B em Marquês de Pombal, não tão conhecido pelas grandes massas. Ele também foi um clone do totalitarismo. Assumiu execuções públicas, como aconteceu com os Távoras, e dirigiu radicalmente a expulsão dos JesuÃtas. à esta caracterÃstica, tÃpica dos déspotas da altura, que marca a imagem do estadista e dá azo a crÃticas, especialmente no que se refere ao combate aos religiosos. “Os JesuÃtas deixaram uma marca impressionante um pouco por todo o mundo, muito ligada à formação e educação”, refere o agnóstico João Soares.
Feito conde de Oeiras em 1759 e marquês dez anos depois, por relevantes serviços ao reino, já tinha grande influência junto de todas as cortes europeias. Portugal conseguia pôr-se a par das nações mais adiantadas, a nÃvel organizacional, administrativo e jurÃdico. Sempre polémico mas decisivo, intervém também na indústria e na agricultura. “Sem ele não haveria a primeira zona de vinhos demarcada do mundo”, lembra o historiador Rui Afonso, fazendo referência à Companhia dos Vinhos do Alto Douro, que produzem o afamado vinho do Porto.
Contudo, com a morte de D. José, em Fevereiro de 1777, o poder do Marquês de Pombal caminhava a passos largos para o fim. E assim, rapidamente, foi destituÃdo e desterrado para Pombal, sendo publicamente enxovalhado. Faleceu em 1782, sem um perdão consistente da rainha.
Apenas no século XIX é reabilitada a sua memória. Os seus restos mortais foram posteriormente trasladados para Lisboa. Pode ter sido polémico e conduzido operações condenáveis a muitos olhos, mas deixou uma marca no PaÃs e fez-nos ter “a preocupação de saber se estamos atrasados ou adiantados em relação a outros paÃses”, diz Rui Tavares. Deu esperança a um povo e provou que Portugal pode acompanhar a Europa - ou, mesmo, superá-la.
2007-03-25 08:28:57
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answer #3
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answered by pijaminha79 3
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