RECÔNCAVO SUL PEDE SOCORRO
A região econômica do Recôncavo Sul possui características de ocupação bastante diferenciadas, se tomarmos como base o processo histórico-econômico que gerou a atual configuração regional. Neste sentido, falar de um sistema de ocupação único e que englobe toda a região torna-se difícil, dada a diversidade das características sócio-econômicas, culturais e geoambientais inscritas no seu território.
No que tange ao plantio de culturas tradicionais, houve uma gradativa substituição e declínio das antigas culturas e o surgimento de uma pecuária extensiva que levou a uma simplificação mais drástica dos ecossistemas que anteriormente dividiam espaços com outras atividades menos exigentes em termos de espaço. Isto ocasionou uma diminuição da mão-de-obra ocupada na atividade agrícola e o "incremento" de núcleos de população de baixa renda, entre outras conseqüências. Em função da crescente alteração e destruição dos diversos habitats, bem como da caça predatória, várias espécies já foram extintas na região e outras encontram-se em vias de extinção. Alguns núcleos, como a Serra da Jibóia, do Jatobá e partes das Serras Marginais e pequenas áreas isoladas ao longo da região dos tabuleiros pré-litorâneos, ainda apresentam habitats capazes de abrigar inúmeras espécies e mananciais hídricos, mas necessitam ser protegidos.
Após uma intensa luta das entidades ambientalistas, especialmente o belo trabalho da Comissão de Defesa do Vale do Jiquiriçá (CODEVAJI), com sede em Elísio Medrado, a Câmara Municipal de Vereadores aprovou por unanimidade o projeto de criação de uma Área de Proteção Ambiental (APA) municipal na Serra da Jibóia, correspondente ao trecho do município. A APA tem como finalidade conservar as belezas cênicas, os mananciais hídricos e a biodiversidade local.
Localizada entre os municípios de Elísio Medrado, Varzedo, São Miguel das Matas, Santa Terezinha e Castro Alves (mapa 01), a Serra da Jibóia, como regionalmente é conhecida, constitui-se em geossistema de enorme beleza, constitui-se num ambiente de alto endemismo de fauna e flora.
Em um estudo preliminar realizado pelos técnicos do CRA (Centro de Recursos Ambientais), bem como por outros técnicos, uma grande quantidade de espécies animais e vegetais foi catalogada, algumas delas endêmicas. Só este fato justifica a implantação da APA, pois a biodiversidade genética, entre outros fatores, constitui e se constituirá em um dos principais alicerces do desenvolvimento sustentável, e disso as indústrias estrangeiras, que estão de olho na Amazônia, na Mata Atlântica e no Cerrado, sabem muito bem, pois os negócios com biodiversidade, leia-se biopirataria, movimentam mais de 20 bilhões de dólares anuais.
Vista em uma imagem do satélite Landsat, a área mostra-se como uma mancha de vegetação isolada entre imensas áreas de pastagem extensiva, que paulatinamente dominam a paisagem do Recôncavo Sul. A Serra da Jibóia constitui-se em refúgio para várias espécies que perderam seu habitat natural no entorno da área e, por esta ainda possuir uma densa cobertura vegetal, propicia a formação de inúmeros cursos d’água. Um deles, o Rio da Dona, abastece a cidade de Santo Antônio de Jesus. Mas este quadro já começa a dar sinais de declínio em função das pressões que a área vem sofrendo, devido ao sistema de ocupação agrícola antieconômico e impactante, que secularmente se estabeleceu na região.
Desta forma, a preservação da Serra da Jibóia torna-se imprescindível. A criação de uma APA é de fundamental importância não só pela beleza cênica que representa, mas principalmente pelo grande patrimônio genético que ainda detém. A APA é uma das categorias de manejo do sistema nacional de unidades de conservação que permite o uso da área segundo critérios técnicos. O próximo passo na concretização da APA é a formulação do plano de manejo da área que alguns docentes do Campus V já estão buscando viabilizar. Esperamos agora que os demais municípios envolvidos façam sua parte, pois a vida não pode esperar.
2007-03-25 09:55:30
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answer #1
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answered by salmo 6
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