Seu chanceler Celso Amorim acalma os países latino-americanos, parceiros do FSP, abrindo as arcas da nação brasileira e ofertando generosas quantias de dinheiro como a doação feita há pouco à Bolívia, esta mesma que desrespeitou o contrato com a Petrobras aumentando em 252% o preço do gás vendido ao Brasil.
Mas verifiquem por que:
Lula da Silva aderiu ao “neo-liberalismo” (supostamente, um giro à direita), fez muito pelo Brasil em seu primeiro mandato, elevou a economia e reduziu o índice de pobreza de grande parte da população.
A realidade de quem vive aqui é completamente diferente. Imaginem que este senhor resolveu “sair de férias” momentos após a tomada de posse de seu segundo mandato, recolhendo-se numa praia reservada do Exército Brasileiro em Guarujá, estado de São Paulo, sem sequer anunciar seu novo ministério deixando o país às moscas. Hoje, passados mais de dois meses e meio de governo, este ministério ainda não foi anunciado completamente e ele continua dizendo que “não tem pressa”.
Ao encerrar as férias em 15 de janeiro, Lula vôou direto para o Equador para assistir a tomada de posse de Rafael Correa, o mais novo presidente a integrar o bloco dos neo-comunistas ungidos pelo Foro de São Paulo. E enquanto isso, o país pegava fogo, literalmente.
De volta ao Brasil, ao saber dos atos criminosos com requintes de crueldade - como o incêndio de um ônibus cheio de passageiros, inclusive um bebê -, praticados no Rio pelos narco-traficantes do Comando Vermelho (CV), o presidente Lula afirmou que aquilo era um ato de “terrorismo”, alegando que era necessário “combatê-lo”. Concomitantemente, encerrava-se o XIII Encontro do Foro de São Paulo (FSP) em El Salvador, do qual o sr. Lula é signatário e fundador e que, apesar de ter sempre negado com veemência que o bando narco-terrorista colombiano FARC pertence a esta organização, todo seu esforço caiu por terra numa prova inequívoca fornecida pelas próprias FARC, como se pode ver neste trecho da carta enviada ao encontro: “De un partido en el gobierno que inicialmente hacía parte del Foro, el Partido Comunista Cubano, hoy son ocho las fuerzas gobernantes que, además de ser fuerzas en el gobierno, fueron fundadoras de éste importante movimiento. (...) Creemos oportuno manifestar nuestra inquietud y desagrado por la posición de algunos compañeros que, en forma y bajo responsabilidad personal, públicamente dicen que las FARC no pueden participar en el Foro, por ser una organización alzada en armas”. Comisión Internacional - Fuerzas Armada Revolucionarias de Colombia-Ejército del Pueblo, FARC-EP - Montañas de Colombia, enero 7 de 2007” (http://www.farcep.org/?node=2,2513,1).
Então, cabe a pergunta: como é possível crer que o sr. Lula deseja com sinceridade combater o “terrorismo” e o narco-tráfico, se um dos mais antigos e violentos bandos armados da América Latina é seu sócio no FSP, envia-lhe saudações pela sua reeleição (v. http://www.farcep.org/?node=2,2428,1) e um de seus “embaixadores” – suposto padre Oliverio Medina - recebeu asilo político no Brasil para escapar ao julgamento da justiça colombiana? Tenho dito e repetido que toda a compreensão da política latino-americana passa necessariamente pelas determinações do Foro de São Paulo, e que não existem duas esquerdas mas apenas estratégias de ação diferentes porque as realidades e condições de luta de cada país são diferentes, como confirma a resolução final do XIII Encontro: “ (…) Es importante señalar que la correlación de fuerzas difiere de un país al otro, al igual que las estrategias y las concepciones políticas de los partidos que han llegado al gobierno central. Esto ayuda a entender por qué las metas y los ritmos de los cambios son tan diferentes”.
Recentemente o sr. Lula cedeu às exigências da Bolívia com relação à venda do gás, com nítido prejuízo brasileiro, e se comprometeu a participar do “Banco do Sul”, uma espécie de FMI do Mercosul (que já se afigura como uma sucursal do FSP). Deram seu aval a este banco a Venezuela – que lançou a “idéia” –, a Argentina, a Bolívia, o Equador e a Nicarágua, justo os países ungidos pelo Foro de São Paulo.
E com a visita do presidente George W. Bush ao Brasil, o “moderado” Lula da Silva firmou contratos de comercialização do etanol porém deixou bem claro quais são seus interesses, parceiros e estratégias, fazendo um jogo de mão dupla. Em declarações à imprensa disse que “os Estados Unidos continuam sendo nosso principal sócio individual, do ponto de vista do comércio” mas não reprovou as violentas manifestações de repúdio ao visitante ocorridas em todo o país, encabeçadas pelo seu partido (PT). Do mesmo modo, nada fez quanto às declarações do sr. José Antônio Felício, secretário de Relações Internacionais da Central Única dos Trabalhadores (CUT), braço sindical do PT, que conclamava “a militância de todos os movimentos sociais tomem as ruas no próximo dia 8 para defender o Brasil e a humanidade de seu maior inimigo” - Bush – e, quem cala, consente.
Enquanto Lula age diplomaticamente com o governo norte-americano tratando de intercâmbios comerciais, seu chanceler Celso Amorim acalma os países latino-americanos, parceiros do FSP, abrindo as arcas da nação brasileira e ofertando generosas quantias de dinheiro como a doação feita há pouco à Bolívia, esta mesma que desrespeitou o contrato com a Petrobras aumentando em 252% o preço do gás vendido ao Brasil.
Lula não é bobo, não aderiu ao “neoliberalismo” nem está traindo suas origens como se costuma afirmar na imprensa; ele sabe que precisa de dinheiro, muito dinheiro para financiar a revolução – vide as quantias milionárias repassadas sem controle ou prestação de contas ao MST, seu braço armado. Stalin sabia disso, Fidel sabe disso, Chávez sabe e Lula também, daí a razão desse acordo sobre o etanol com os Estados Unidos e, ao mesmo tempo, a oferta de transferência de tecnologia e investimentos a países latino-americanos governados pelas esquerdas como a Nicarágua, a Bolívia, a Argentina e a Venezuela. Esta afirmação deixa bem claro o seu compromisso com a formação da “Pátria Grande”, a futura URSAL (União das Repúblicas Socialistas da América Latina): “Queremos mantê-la [a relação com os Estados Unidos], queremos aprimorá-la, isso sem que nós abdiquemos do nosso compromisso maior que é todo o processo de fortalecimento do Mercosul, a constituição da Comunidade Sul-Americana de Nações e o processo de integração que estamos fazendo” (http://www.pt.org.br/site/noticias/noticias_int.asp?cod=48155).
Encerro este artigo com a citação feita por J. R. Nyquist em “O mal na política” porque ela sintetiza com clareza a síndrome de avestruz que acomete não só a mídia mas também a maioria do povo brasileiro diante do avanço do comunismo em nosso continente: “A triste verdade é que nós nos recusamos a reconhecer o mal porque não queremos a responsabilidade e o risco inerente a seu combate”.
2007-03-23
10:39:09
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sereiazinhasp
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Governo e Política
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