A análise de crédito é tarefa bastante complexa e de fundamental importância numa instituição financeira.
Para os bancos e 'instituições de crédito em geral, cujo principal produto é o dinheiro, não há a possibilidade de venda a vista, o que toma o crédito o próprio negócio da instituição.
Neste capítulo é apresentado um levantamento sobre análise de crédito e definições conforme parâmetros da instituição financeira onde foram realizadas as pesquisas para a aquisição do conhecimento.
2.2. CRÉDITO
2.2.1. CONCEITO
Como a própria palavra já diz, crédito é confiança. Confiança em uma pessoa que hoje se compromete a cumprir uma obrigação futura. As obrigações de cunho pecuniário, por meio do crédito, agilizam as atividades econômicas
principalmente pelo fato de uma pessoa poder satisfazer hoje uma necessidade ou prazer pagando o seu preço no futuro[FILHO, 1990].
Segundo Schrickel[1994], crédito é todo ato de vontade ou disposição de alguém de destacar ou
ceder, temporariamente, parte de seu patrimônio a um terceiro, com a expectativa de que esta parcela volte a sua posse integralmente, após decorrido o tempo estipulado. Esta parte do patrimônio pode ser materializada por dinheiro (empréstimo monetário) ou bens (empréstimo para uso, ou venda com pagamento parcelado, ou a prazo).
Conforme Silva[ 1988] , numa instituição financeira bancária as operações de crédito se constituem seu próprio negócio. Dessa forma , o banco empresta dinheiro ou financia bens aos seus clientes, funcionando como uma espécie de " intermediário financeiro ", pois, os recursos que aplica são captados no mercado através dos depósitos efetuados por milhares de clientes-depositantes.
A concessão de crédito num banco consiste em emprestar dinheiro, isto é, colocar à disposição do cliente determinado valor monetário em determinado momento, mediante promessa de pagamento futuro. A taxa de juros será a retribuição por essa prestação de serviço, cujo recebimento poderá ser antecipado, periódico ou mesmo ao final do período, juntamente com o principal emprestado.
O crédito pode fazer com que as empresas aumentem seu nível de atividade; estimular o consumo influenciando na demanda; cumprir uma função social ajudando as pessoas a obterem moradia, bens e até alimentos; facilitar a execução de projetos para os quais as empresas não disponham de recursos próprios suficientes. A tudo isso, por outro lado, deve-se acrescentar que o crédito pode tomar empresas ou pessoas físicas altamente endividadas, assim como pode ser parte componente de um processo inflacionário[SILVA, 1988].
2.3. ANÁLISE DE CRÉDITO
2.3.1. DEFINIÇÃO
A análise de crédito envolve a habilidade de fazer uma decisão de crédito, dentro de um cenário de incertezas e constantes mutações e informações incompletas. Esta habilidade depende da capacidade de analisar logicamente situações, não raro, complexas, e chegar a uma conclusão clara, prática e factível de ser implementada [SCHRICKEL, 1994].
Em âmbito geral, a análise de crédito é um processo que envolve a reunião de todas as informações disponíveis a respeito de um tomador de crédito, que pode ser pessoa física ou jurídica, com o objetivo de decidir sobre a concessão ou não de crédito para o solicitante.
Basicamente, a concessão ou não de crédito se dá a partir da análise da proposta de crédito do solicitante; balancetes apresentados; faturamentos; Questionário de avaliação; resumo da situação de balanço; ramo da atividade em que atua; etc.
2.3.2. OBJETIVO
O principal objetivo da análise de crédito numa instituição financeira (como para qualquer emprestador) é o de identificar os riscos nas situações de empréstimo, evidenciar conclusões quanto à capacidade de repagamento do tomador, e fazer recomendações relativas à melhor estruturação e tipo de empréstimo a conceder.
Os instrumentos específicos de análise variam com a situação peculiar que se tem à frente, porém, o objetivo e a lógica são permanentes. Sem dúvida, não é urna tarefa fácil ou simples. Há que se tomar uma decisão, dentro de um contexto incerto, em constante mutação, e tendo em mãos um volume de informações nem sempre suficiente em nível de seu detalhamento [SCHRICKEL, 1994].
2.3.3. LIMITE DE CRÉDITO
O limite de crédito é o valor total do risco que o emprestador deseja assumir no relacionamento com determinado cliente [SILVA, 1988].
Um limite de crédito é uma ferramenta operacional da instituição que pode propiciar maior flexibilidade de atuação para os órgãos de linha (áreas operacionais, de execução, onde se materializa o relacionamento instituição-cliente).
Dentro da análise de crédito o chamado limite de crédito ou limite de risco é um fator importante, já que trata-se de um valor indicativo tomado como referencial para o deferimento do crédito.
Segundo Silva[1988], pode-se definir questões para orientar na determinação do limite de crédito a ser fixado para um solicitante, tais como:
Quanto o cliente merece de crédito?
Quanto podemos oferecer de crédito ao cliente?
Quanto devemos conceder de crédito ao cliente?
Quanto o cliente merece de crédito é uma variável que pode assumir diversas grandezas, dependendo da qualidade do risco apresentado e do porte do cliente. De duas empresas com idênticas características quanto ao risco e saúde financeira, porém de tamanhos diferentes, a que for maior fará jus a um limite de crédito superior, em relação à menor.
Quanto pode-se oferecer de crédito ao cliente é uma variável que decorre da capacidade de quem vai conceder o crédito. Uma boa política de crédito pode definir o limite máximo que se deve conceder como crédito a um cliente, devendo tal limite sobrepor-se, inclusive, à capacidade de crédito do cliente.
Quanto deve-se conceder de crédito ao cliente é uma variável que decorre da política de crédito adotada, com vistas na diversificação e pulverização da carteira de crédito. Pode-se analisar um cliente e concluir que o mesmo merece determinado limite, oferecendo aquele montante sem ultrapassar a fronteira estabelecida para atendimento a um cliente. Por outro lado, fatores como ramo de atuação da empresa, ou mesmo a pouca experiência com ela, podem determinar que se tenha uma atitude cautelosa na fixação do limite de crédito.
A definição do valor indicativo varia de instituição para instituição, conforme suas normas específicas.
2.3.4. TOMADA DE DECISÃO
A análise de crédito é um processo decisório bastante complexo, envolvendo experiência anterior, conhecimento sobre o que está sendo decidido, método para tomar a decisão e utilização de instrumentos e técnicas específicas. Assim, no parecer final, a tomada de decisão pode ser entendida como a escolha entre alternativas disponíveis e conhecidas.
Em cada instituição há os níveis decisórios, que no caso de uma instituição financeira bancária, dá poderes aos gerentes de agências para conceder crédito até certo limite; acima deste limite, a decisão cabe a um superintendente regional. Desta forma, as tomadas de decisão chegam até o comitê de crédito, que normalmente é o órgão máximo de decisão sobre crédito.
2.4. ANÁLISE DE CRÉDITO NO BANCO
No presente item é descrito o processo de análise de crédito dentro de uma instituição financeira bancária - Besc - Banco do Estado de Santa Catarina, no que tange os limites decisórios de uma agência com relação ao deferimento ou não de crédito à pessoas jurídicas nos seus diversos ramos de atividades.
Assim, é importante salientar alguns conceitos adotados por tal instituição[BESC, 1993], tais como:
A função da área de cadastro
A tarefa de análise de crédito
O raciocínio do especialista
As informações para análise
Os quocientes econômicos financeiros
O limite de risco
A tomada de decisão
O parecer final.
A área de cadastro e análise de crédito, tem por objetivo básico indicar, através de investigação e avaliação minuciosa de dados, uma margem referencial da capacidade econômico financeira dos possíveis tomadores de crédito e coobrigados junto ao sistema financeiro.
A tarefa de análise de crédito consiste em analisar o solicitante, a fim de
constatar se a instituição financeira aprovara ou não o crédito solicitado e, se positivo, qual o montante a ser liberado.
O raciocínio do especialista humano abrange a experiência e conhecimento, adquiridos conforme observações junto ao solicitante.
Para a análise, o especialista adiciona toda documentação que servirá como embasamento técnico para o parecer final. Dentre as informações disponíveis podemos destacar o formulário da agência com proposta de crédito e pareceres; o balanço patrimonial; o questionário de avaliação do cliente e faturamentos.
O resumo da situação do balanço da empresa é de suma importância para análise de crédito, pois é a partir daí que são feitos os cálculos dos índices dos quocientes financeiros econômicos. Tais índices e quocientes envolvem:
liquidez corrente
liquidez geral
de imobilização
de endividamento
de garantias de capitais de terceiros
lucratividade sobre vendas.
A liquidez corrente denota a capacidade de pagamento, a curto prazo, da empresa e, teoricamente, o risco de crédito será maior na medida em que a liquidez
for menor. Entretanto, o cálculo deste índice parte de uma posição estática (data de encerramento do balanço), sendo portanto possível de distorções quanto à realidade.
Q.L.C é o quociente de liquidez corrente.
A liquidez geral indica quanto a empresa possui em dinheiro, bens e direitos realizáveis a curto e a longo prazo, para fazer face às suas dívidas totais. A interpretação do índice de liquidez geral é no sentido de quanto maior, melhor.
A liquidez geral indica quanto a empresa possui em dinheiro, bens e direitos realizáveis a curto e a longo prazo, para fazer face às suas dívidas totais. A interpretação do índice de liquidez geral é no sentido de quanto maior, melhor.
Q.L.G. é o quociente de liquidez geral.
O quociente de imobilização mostra a compatibilização das fontes e usos de recursos, ou seja, as imobilizações que normalmente proporcionam retomo lento devem ser realizadas através de fonte de recurso pouco exigível , isto é, o patrimônio líquido. Em caso do índice mostrar-se elevado, considerando-se o segmento de atuação da empresa, é necessário observar qual a fonte de recursos para imobilização, que deverá ser de exigibilidade a longo prazo.
Q.I. é o quociente de imobilização.
O quociente de endividamento indica o nível de utilização de recursos bancários comparativamente ao total de recursos de terceiros. Analisar a sazonalidade do setor de atividade da empresa, é muito importante, uma vez que produtos sazonais geralmente demandam maior volume de recursos em determinadas épocas.
Q.E. é o quociente de endividamento.
As garantias de capitais de terceiros fornecem uma indicação da utilização de recursos de terceiros relativamente aos recursos próprios. Quanto maior for esta relação, maior será o risco de crédito apresentado.
Q.G.C. é o quociente de garantia de capital de terceiros.
O índice de lucratividade sobre vendas compara o lucro líquido em relação às vendas líquidas do período, fornecendo percentual de lucro que a empresa está obtendo em relação ao seu faturamento.
C.L.V. é o quociente de lucratividade sobre vendas.
No processo de análise de crédito são associados conceitos @ que podem ser bom, satisfatório, regular ou insatisfatório conforme limites pré-estabelecidos, dentro do ramo de atividade em que a empresa é atuante.
Após este procedimento, é calculado o limite de risco. Este valor é tratado como um indicativo do patamar de crédito adequado à situação econômico financeira da empresa que pretenda atuar nas linhas operacionais da instituição.
Limite de risco é, portanto, o resultado sumário de toda a avaliação técnica do conjunto de dados contábeis da empresa, além da investigação prática do seu relacionamento com o mercado( por exemplo, idoneidade, reciprocidade e faturamento ), servindo de base para o deferimento do crédito.
As informações estão interligadas e ao final da análise o especialista chega a um diagnóstico que indicará tendências sobre níveis e valores de crédito a serem liberados para a empresa.
Essas tendências podem estar associadas aos conceitos bom, satisfatório, regular ou insatisfatório.
Se o conceito conclusivo é bom ou satisfatório, significa que o cliente tem uma tendência ao deferimento do crédito numa margem de valor proporcional àquele solicitado.
Se o conceito conclusivo é regular, então a tendência para o deferimento do crédito não será daquela solicitada, mas ainda assim a liberação do crédito pode ser efetuada.
Se conceito conclusivo é insatisfatório, então o cliente não deve obter crédito algum, ou simplesmente um valor muito abaixo do solicitado.
Assim, é perceptível que na tarefa de análise de crédito, os pareceres finais com conceitos insatisfatório e regular tomam difícil a liberação do crédito uma vez que são considerados como conceitos negativos. Já os conceitos satisfatório e bom que desempenham uma função positiva fazem com que a liberação do crédito seja facilitada.
2.5. CONCLUSÃO
No processo de análise de crédito é importante que os instrumentos envolvidos para a decisão do crédito, sejam adequados a dar agilidade (competitividade) e retomo normal (resultado) das aplicações no prazo e condições acordadas, e dentro dos padrões de qualidade delineados pela instituição.
Neste capítulo foi apresentado um levantamento sobre análise de crédito com especificações sobre a instituição financeira onde foram realizadas as aquisições de conhecimentos.
2007-03-22 08:26:29
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answer #1
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answered by Anonymous
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