2. Qual a diferença entre a moral e a ética?
Por tópicos:
- A moral tem um carácter:
o Prático imediato
o Restrito
o Histórico
o Relativo
- A ética:
o Reflexão filosófica sobre a moral
o Procura justificar a moral
o O seu objecto é o que guia a acção
o O objectivo é guiar e orientar racionalmente a vida humana
Apesar de terem um fim semelhante: ajudar o Homem a construir um bom carácter para ser humanamente íntegro; a ética e a moral são muito distintas.
A moral tem um carácter prático imediato, visto que faz parte integrante da vida quotidiana das sociedade e dos indivíduos, não só por ser um conjunto de regras e normas que regem a nossa existência, dizendo-nos o que devemos ou não fazer, mas também porque está presente no nosso discurso e influencia os nossos juízos e opiniões. A noção do imediato vem do facto de a usarmos continuamente. A ética, pelo contrário, é uma reflexão filosófica, logo puramente racional, sobre a moral. Assim, procura justificá-la e fundamentá-la, encontrando as regras que, efectivamente, são importantes e podem ser entendidas como uma boa conduta a nível mundial e aplicável a todos os sujeitos, o que faz com que a ética seja de carácter universalista, por oposto ao carácter restrito da moral, visto que esta pertence a indivíduos, comunidades e/ou sociedades, variando de pessoa para pessoa, de comunidade para comunidade, de sociedade para sociedade. O objecto de estudo da ética é, portanto, o que guia a acção: os motivos, as causas, os princípios, as máximas, as circunstâncias; mas também analisa as consequências dessas acções. A moral também se apresenta como histórica, porque evolui ao longo do tempo e difere no espaço, assim como as próprias sociedades e os costumes. No entanto, uma norma moral não pode ser considerada uma lei, apesar da semelhança, porque não está escrita, mas sim como base das leis, pois a grande maioria das leis é feita tendo em conta normas morais. Outra importante característica da moral (e esta sim a difere da lei) é o facto desta ser relativa, porque algo só é considerado moral ou imoral segundo um determinado código moral, sendo este diferente de indivíduo para indivíduo. Finalmente, a ética tem como objectivo fundamental levar a modificações na moral, com aplicação universal, guiando, orientando, racionalmente e do melhor modo a vida humana.
2007-03-19 11:34:40
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answer #1
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answered by vanessa 4
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à natural que isso aconteça na praxe cotidiana, pois ética e moral versam sobre idéias intimamente relacionadas, de difÃcil distinção, como é reconhecido pelos maiores estudiosos do assunto. Também no plano da filosofia elas não raro se confundem, chegando a ser empregadas como sinônimos, mesmo porque, do ponto de vista etimológico, tanto em grego como no latim, ambas provém da palavra costume, que indica as diretrizes de conduta a serem seguidas.
Isto não obstante, talvez se possa perceber alguma nota distintiva entre elas, pois a ética tem por fim determinar os valores fundantes do comportamento humano, ao passo que a moral se referiria mais à posição subjetiva perante esses valores, ou à maneira como eles se apresentam objetivamente como regras ou mandamentos. Sob esse ângulo, a moral representaria a realização da ética in concreto, em nossa experiência de todos os dias.
Ademais, cabe ponderar que a palavra ética veio, aos poucos, adquirindo sentido genérico, bem mais extenso do que lhe foi atribuÃdo por Aristóteles, o primeiro a estabelecer os fundamentos essenciais dessa matéria.
Parece-me que a questão, atualmente, deve ser posta em novos termos, à vista do que representou no mundo das idéias, a cavaleiro dos séculos 19 e 20, o advento da teoria dos valores, ou axiologia, com a substituição do conceito de bem, tradicionalmente apontado como finalidade da ética, pela noção de valor. Foi nos domÃnios da economia, a partir de Adam Smith, que esta palavra passou a ter aplicação mais generalizada, sem se esquecer o impacto da expressão “mais valia” concebida por Karl Marx, com repercussão em todos os campos da filosofia.
O termo valor, hoje em dia, é como que a palavra-chave de todas as ciências humanas, indicando algo que deve ser em virtude do significado e papel que lhe atribuem as opções ou preferência dos indivÃduos e dos grupos sociais.
No meu entender, o valor, como o demonstram as idéias sobre a verdade, a beleza, a utilidade, etc., situa-se no “mundo do dever-ser”, que corresponde ao que não pode ser apenas pensado, por implicar sempre uma necessária tomada de posição no plano de sua realização. Com efeito, se o que é considerado valioso jamais se realizasse seria apenas uma ilusão ou quimera, não merecendo um minuto sequer de nossa atenção.
Isto posto, poder-se-ia afirmar que a ética é a parte da filosofia que tem por objeto os valores que presidem o comportamento humano em todas as suas expressões existenciais. Daà a sua preeminência em relação à moral, à polÃtica e ao direito, os quais corresponderiam a momentos ou formas subordinadas de agir.
Entendem alguns pensadores que os valores éticos fundamentais seriam inatos, ou seja, inerentes à natureza espiritual do ser humano, enquanto que outros os consideram modelos alcançados pela espécie humana ao longo da experiência histórica.
No meu entender, é, efetivamente essa a origem dos valores primordiais da ética, firmando-se como conquistas definitivas do processo cultural. A tais valores básicos, reconhecidos em unÃssono pelos povos culturalmente mais desenvolvidos, eu dou o nome de invariantes axiológicas. Como se vê, não obstante sua historicidade, há valores que, uma vez atingidos, não mais desaparecem do cenário cultural, a começar pelo valor da pessoa humana, que eu qualifico como valor-fonte dos demais valores.
Não é demais salientar que a ética pode ser entendida como expressão de idéias dominantes, como a de pessoa ou a de liberdade, ou então ser vista como o resultado de motivos os mais diversos, como seriam o desejo do prazer ou do útil. Muito embora possa ela ser compreendida sob vários ângulos, o certo é que se põe sempre como uma instância superior, à qual se subsumem a moral, como teoria das normas de conduta que emergem dos usos e costumes; o direito, como ciência das relações sociais de natureza bilateral-atributiva; e a polÃtica como ciência e arte do governo dos povos à luz do princÃpio de cidadania.
Nem se deve esquecer que a experiência moral tem como conseqüência o dever de moralidade, que não se confunde com o de legalidade, a qual se contenta com a adequação da conduta à norma legal, quando é indispensável, para que haja justiça concreta, que se leve em conta, tanto na polÃtica quanto no direito, o que emerge de normas morais como exigência de boa fé, lealdade, correção ou integridade.
Como se vê, estou dando à ética um sentido lato, de tal modo que - uma vez reconhecidos os valores fundantes do comportamento humano – todos os mortais se subordinem a eles, na vivência da sociedade civil, na qual se pode ter em vista tanto a realização de regras morais, como jurÃdicas ou polÃticas, três espécies de normas éticas.
Essa colocação do problema, penso eu, é uma decorrência da compreensão da ética como a ciência axiológica ou valorativa por excelência, que vai se enriquecendo, anos após anos, de novos valores fundantes, o último dos quais é o ecológico, que, todavia, não pode prevalecer sobre o da pessoa humana e seus imperativos existenciais, o que é esquecido por certos ecologistas com grave dano para a coletividade.
à claro que essa inserção das ciências humanas no quadro geral da ética só é possÃvel se ela for conceituada, não como ciência formal de caráter puramente deontológico, do dever pelo dever, mas sim como uma teoria material de valores, a exemplo do que foi feito por Max Scheler e Nicolai Hartmann e é sustentado por todos os culturalistas que não contrapõem a cultura à natureza, vendo-as antes como entidades harmônicas e complementares.
Em conclusão, mais do que alcançar uma distinção perfeita entre ética e moral, o que importa é a compreensão integral e unitária das ciências humanas, sendo os valores éticos fundantes os elementos formadores do horizonte espiritual, em cujo âmbito se desenvolve a existência humana concebida, consoante Jackson de Fiqueiredo, como a oportunidade única que temos de aperfeiçoarmo-nos.
2007-03-19 17:46:58
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answer #4
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answered by José F 4
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