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2 respostas

LUCÍOLA - José de Alencar ( Resumo)
23 de janeiro de 2007
por Elimar M. A. Menegotto








Conta a história romântica de Lucíola e Paulo. Lucíola é uma cortesã de luxo do RJ em 1855. E Paulo um rapaz do interior que veio para o Rio para conhecer a Corte.

Na primeira vez que Paulo viu Lúcia, julgou ela como meiga e angélica, mesmo seu amigo Couto contando barbaridades sobre ela e revelando a sua verdadeira profissão, Paulo manteve essa imagem em seu coração.

Descobrindo sua casa, Paulo foi visitá-la, e sendo as circunstâncias favoráveis, ela entregou-se a ele como no mais belo ato. Depois disto, Lúcia passou a ser vulgar e mesquinha, desprezando o amor de Paulo, bem como havia dito Couto a respeito dos modos da moça.

Paulo então viu Lúcia com outros homens, como Jacinto, e sentiu ciúmes, mas Lúcia justificou alegando ser ele apenas um negociante.

Em uma festa a que tanto Paulo quanto Lúcia estavam presentes, todos os convidados beberam e jogaram a vontade, tanto os homens quanto as mulheres. Nas paredes havia quadros de mulheres nuas, e como era Lúcia uma prostituta, a pedido e pagamento dos cavalheiros, ela ficou nua diante dos presentes.

Para Paulo aquela não era a imagem que ele havia visto na casa e na cama de Lúcia, esta era repugnante e vulgar, aquela bela e fantástica, não era Lúcia que ali estava, aquela jovem meiga que conhecera, e sim Lucíola, a prostituta mais cobiçada do Rio de Janeiro.Então Paulo retirou-se, alegando que já havia visto paisagens melhores.

Lúcia arrependeu-se do que fez e eles se reconciliaram. Paulo a amava desesperadamente de forma bela e pura, Lúcia em seus conturbados sentimentos, decidiu então dedicar-se inteiramente a esse amor para que sua alma fosse purificada por ele.

Então vendeu sua luxuosa casa e foi morar em uma menor e mais modesta. E contou a Paulo sua história:
Seu nome verdadeiro era Maria da Glória e, quando em 1850 houve um surto de febre amarela, toda sua família caiu doente, do pai à irmãzinha.

Para poder pagar os medicamentos necessários para salvá-los, Lúcia se deixou levar por Couto, quem a partir disso ela passou a desprezar profundamente. Nessa época ela tinha 14 anos, e seu pai, ao descobrir, a expulsou de casa. Ela fingiu então sua própria morte quando sua amiga Lúcia morreu, e assumiu este nome.

Agora, com o dinheiro que conseguia, pagava os estudos de Ana, sua irmã mais nova. Paulo ficou muito comovido com a historia de Lúcia. Ele sempre a visitava e numa noite de amor ela engravidou, mas adoeceu. Lúcia acreditava que a doença era devido ao fato de seu corpo não ser puro.

Confessou seu amor a Paulo e que pertencia a ele, queria que Paulo casasse com Ana, que tinha vindo morar com eles. Paulo recusou-se assim como Lúcia também recusou o aborto. E por isso ela morreu.

Após 5 anos, Ana passou a ser como uma filha para Paulo, que a amparava. E 6 anos depois da morte de Lúcia, Ana casou-se com um homem de bem e Paulo continuou triste com a morte do único amor da sua vida.

Lucíola é um romance urbano, em que Alencar transforma a cortesã em heroína, esta purifica sua alma com o amor de Paulo. Ela não se permite amar, por seu corpo ser sujo e vergonhoso, e ao fim da vida, quando admite seu amor, declara-se pertencente a Paulo. É a submissão do amor romântico, onde a castidade valorizada.

Percebe-se também uma crítica social e moral ao preconceito. O romance causou comentários na sociedade. Paulo se viu dividido entre o amor e o preconceito. A atração física superou essa barreira, mas até o final ela se sentia indigna do amor de Paulo e do sentimento de igualdade que deveria existir entre os amantes.

fonte:http://www.mundovestibular.com.br/sistemas/absolutenm/templates/livros.asp?articleid=745&zoneid=18

2007-03-18 03:40:55 · answer #1 · answered by phill 3 · 0 0

Olha o seu resumo aí: divirta-se

LUCÍOLA - José de Alencar :: Resumo ::
"A jovem prostituta que se julga indigna de um verdadeiro amor"
"Lucíola é o lampiro noturno que brilha de uma luz tão viva no seio da treva."

1. Introdução
José de Alencar, além de escrever Romances Indianistas, escreveu o Romance de Costume, no qual ele contrapunha a 'moral do homem antigo à grosseria dos novos tempos' (Alfredo Bosi).

Esse romance romântico brasileiro dirigia-se a um público mais restrito do que o atual: eram moços e moças provindos das classes altas. Os grandes focos eram a Corte e a sociedade que, nos livros, aparece múltipla.

"Lucíola é um romance que pode ser lido como uma história de um grande amor, mas é importante ressaltar que os movimentos usados para contá-la dão ao texto outra dimensão: a de recompor uma trajetória voltada para a compreensão do sentimento, do outro, do mundo que cerca as pessoas e também da literatura.

Certamente podemos ler a trajetória de Paulo e Lúcia como uma típica história de amor e como um bom exemplo da concepção romântica do amor, fundada na oposição entre alma casta e corpo demoníaco. Mas, ao escolher para narrar um ângulo que permitisse a convivência com conflitos e visões contraditórias, Alencar atenua o aspecto catártico da confissão e propõe uma reflexão sobre o modo de interpretar uma situação." (Valéria de Marco)

1.2 Heroína Romântica
Alencar reencontrou a própria convenção da realidade e projetou-a como herói ou heroína, em peripécias que não acontecem com as pessoas. Ele crê nas razões do coração e até mesmo a sina da prostituição em Lucíola, no foro íntimo, se desfaz porque a dignidade da protagonista se refaz e a heroína se estabelece.

Nada pode impedir a morte das heroínas desses dramas, porque na natureza moral de um dos amantes há sentimentos e razões da vida civilizada, incompatíveis com a vida sentimental e, portanto, com a felicidade que só essa vida poderia proporcionar ao homem. Sucumbidas, as amantes são vitimadas e os amantes, ficam martirizados pela dor e pela saudade sem consolação.

"Quando essa jovem mulher atingia o sublime do heroísmo e da abnegação."

1.3 O Romance e o Folhetim
Tanto na Europa quanto no Brasil, o romance surgiu sob a forma de folhetim, que era uma produção diária em jornais, de capítulos de d4eterminada obra. Assim, ao mesmo tempo em que ampliava o público leitor de jornais, o folhetim também ampliava o público da literatura. Quase todos os romances de Alencar, inclusive Lucíola, foram publicados primeiramente em forma de folhetins.

1.4 Narrador
O livro é narrado por Paulo, que é a personagem principal. Assim, a narrativa tem um caráter autobiográfico, pois é feita em 1ª pessoa, buscando recuperar, a partir da perspectiva do amante, a paixão vivida por Lúcia e Paulo: "A primeira vez que vim ao Rio de Janeiro foi em 1855."

"O depoimento de Paulo é feito de modo bastante diverso e tem um objetivo também diferente. Ele se destina a responder à respeitável senhora que o indagara sobre as razões de sua atitude indulgente em relação às 'criaturas infelizes', que escandalizavam a sociedade com ostentação de luxo e riqueza. Para explicar seu comportamento, Paulo conta sua vida com Lúcia. Assim, o texto se apresenta como análise da experiência vivida e não apenas um relato de uma história de amor." (idem)

O prefácio chama-se "Ao Autor" e, ali, uma pessoa que assina G. M. afirma que encontrou as cartas de Paulo e as reuniu, publicando o livro Lucíola. Percebemos que, então, cada capítulo corresponde a uma carta que Paulo escreveu à senhora que o indagou. A narrativa é detalhista.

Ex.:AO AUTOR
"Reuni suas cartas e fiz um livro.
Eis o destino que lhe dou: quanto ao título, não me foi difícil achar... G. M."

1.5 Tempo
A primeira publicação do livro ocorre em 1862.

Com ralação à narrativa, trata-se de um flash-back, uma recordação de Paulo. Pode-se considerá-lo um livro de memórias fictícias, pois a ação transcorre no passado.

O relacionamento de Paulo e Lúcia aconteceu quando ele chegou ao Rio de Janeiro, em 1855. Entretanto, as cartas foram reunidas por G. M. em novembro de 1861.

1.6 Espaço
O Rio de Janeiro é o espaço onde se desenvolve a trama.

Segundo Valéria de Marco, "No conjunto da obra de Alencar, Lucíola pode ser considerado um ensaio para captar as feições particulares do Rio de Janeiro em que vivia seu autor, pois como em outros romances urbanos, parece ser este o objetivo que o autor deseja apreender: a capital do Império assumindo ares de progresso, com artigos importados..."

O autor retrata a sociedade de sua época, quando o Rio de Janeiro era a capital do Império (Segundo reinado), apontando alguns aspectos negativos da vida urbana e dos costumes burgueses.

Ex.: "Para um provinciano recém chegado à corte, que melhor festa do que passar-lhe pelos olhos; à doce luz da tarde, uma parte da população da grande cidade, com seus vários matizes e infinitas gradações?"

"...desde o banqueiro até o mendigo; finalmente, todos os tipos grotescos da sociedade brasileira..."

1.7 Personagens
PAULO: Jovem bacharel que chega ao Rio de Janeiro para estabelecer-se. Conhece Lúcia e passa a se relacionar com ela.
"Compreendi e corei de minha simplicidade provinciana..."

DR. SÁ: Amigo de infância de Paulo. Encarregou-se de apresentá-lo à sociedade carioca. Fazia reuniões em sua casa e convidava prostitutas para participarem. Apresentou Paulo a Lúcia e, quando soube do envolvimento dos dois, aconselhou Paulo a abandoná-la. Sempre dizia a Paulo que ele estava mal falado por andar com Lúcia e se preocupava em afastá-lo dela. Representa a sociedade hipócrita da época.
"Poucos dias depois da minha chegada, um amigo e companheiro de infância, o Dr. Sá, levou-me à festa da Glória..."

Sá habitava, num dos arrabaldes da corte, uma chácara... Com trinta anos de idade, um caráter fleumático e uma imaginação ardente, o meu amigo tinha errado sua vocação; a natureza o destinara para milionário, tal era o seu desprezo pelo dinheiro quando se tratava de realizar seu mil sonhos dourados. Gozando do conforto e mesmo da elegância que lhe permitia uma folgada abastança... "

COUTO: Ex-amante de Lúcia. É o responsável por ela ter virado prostituta, porque sua família estava em miséria e ele se ofereceu para ajudar, em troca dos serviços dela.

(Lúcia conta sua vida): "Fiquei só, uma menina de quatorze anos para cuidar de seis doentes graves, e achar recursos onde não havia... Passou um vizinho. Falei-lhe; ele me consolou e disse-me que o acompanhasse à sua casa... Esse homem era o Couto... Ele tirou do bolso algumas moedas de ouro, sobre as quais me precipitei, pedindo-lhe de joelhos que mas desse para salvar minha mãe, mas senti seus lábios que me tocavam..."

SR. ROCHINHA: Apaixonado por Lúcia.
"o Sr. Rochinha... trazia impressa na tez amarrotada, nas profundas olheiras e na aridez dos lábios, a velhice prematura. Libertino precoce, curvado pela consumação, tinha o orgulho do vício, que estampara as faces... Se fosse pobre, o Sr. Rochinha teria fumaças de byroniano; mas ainda era rico de herança que esbanjava e, portanto, não passava de um moço gasto."

CUNHA: Ex-amante de Lúcia. Ela o abandonou quando soube que ele enganava a mulher para ficar com ela.

(Lúcia conta): "Já foi meu amante: uma noite vi sua mulher, que ele abandonava por minha causa, triste e pensativa. Desde esse momento, ele deixou de existir para mim."

LÚCIA: "Almas como as de Lúcia, Deus não as dá duas vezes à mesma família, nem as cria aos pares, mas isoladas, como os grandes astros destinados a esclarecer a esfera."

Prostituta bonita e rica, com 19 anos.

Menina de origem pobre, foi obrigada a se prostituir para sobreviver, porque seus pais estava doentes. Acabou sendo expulsa de casa e se entregou á prostituição de luxo. Para não deixar seus pais envergonhados, assumiu a identidade de uma amiga que morreu e abandonou deu nome: Maria da Glória. Tinha uma vida de ostentação e era cobiçada por todos os homem ricos da corte. Porém, só saía com quem quisesse.

Depois que conheceu Paulo, descobriu o amor e decidiu abandonar essa via, mas já era tarde. Pode ser considerada a primeira personagem com aprofundamento psicológico da literatura brasileira.

Apresenta duas faces: "Esta mulher ou é um demônio de malícia, ou um anjo que passou pelo mundo sem roçar as suas asas brancas!"

Lúcia: "Júbilo satânico dava a essa criatura ares fantásticos e sobrenaturais entre as roupas de negro e escarlate."

Maria da Glória: "Ela me pareceu como um sonho, como uma nuvem sombria que se vai sumindo"

"Eles não sabem como tu que eu tenho outra virgindade, a virgindade do coração!" ANA: irmã de Lúcia. Para que ela tivesse uma vida diferente da sua, Lúcia a colocou em um internato para estudar. A menina volta para casa no final do livro, quando Lúcia já tinha abandonado a prostituição. Ana casou-se com um homem bom e viveu feliz.

"Ana casou-se a dois anos. Vive feliz com seu marido, que a ama como ela merece. É um anjo de bondade; e a juventude realçando-lhe as graças infantis, aumentou a sua semelhança com a irmã; porém falta-lhe aquela irradiação íntima de fogo divino."

1.7 Enredo
Paulo era um rapaz do interior, que foi para o Rio de Janeiro conhecer a corte. Poucos dias depois de sua chegada, um amigo de infância chamado Dr. Sá o leva à festa da Glória. Lá, Paulo percebeu a diferença existente entre sua vidinha provinciana e a vida luxuosa na corte. No meio da festa, porém, uma bela mulher chamou sua atenção. O que mais lhe impressionou nessa mulher foi o seu jeito de "ingênua castidade". Dr. Sá, entretanto, ao perceber o engano do amigo, explicou para ele que aquela mulher era uma prostituta de alto luxo. Mesma sabendo disso, ela não saiu de sua memória.

No dia seguinte, ele resolve visitá-la e se impressiona com a decoração da sala. Lúcia o recebeu bem e eles conversaram sobre várias coisas. Terminada a visita, ele foi embora, certo de que havia ocorrido um engano, mas Dr. Sá explicou que ela só se entregava para quem ela queria e para quem lhe desse muito dinheiro.

Outra vez, Paulo voltou em sua casa e novamente começaram a conversar. Paulo cortou o diálogo, dizendo que já estava cansado dessa brincadeirinha dela e que sabia que tipo de mulher era ela. Diante dessa colocação, Lúcia o convidou para conhecer seu quarto. Lá, ela estava totalmente desfigurada, parecia outra mulher. Ao fim de tudo, ele pegou a carteira para pagá-la, mas ela o deteve. Sem entender muito bem o porquê disso, ele foi embora.

Passado algum tempo, Paulo foi ao teatro com um amigo de Sá, chamado Cunha e Lúcia estava lá, bem vestida, galante e sentada em seu camarote. Cunha, ao perceber o interesse do rapaz por ela, passou a descrever sua personalidade. Segundo o que dizia, ela enjoava de seus amantes e então os substituía por outros, geralmente mais ricos. Paulo passou a reparar nela e achou que era prostituta por prazer. No seu camarote, uma multidão de adoradores lhe traziam presentes.

Depois da ópera, Sá deu uma recepção em sua casa. Estavam presentes Paulo, Cunha, Sr. Rochinha, Sr Couto, Lúcia e uma outra prostituta. Em um determinado momento, Lúcia cortou o dedo e mergulhou no vinha branco para estancar o sangue. Paulo correu e bebeu todo o vinho do copo, já avermelhado pelo sangue dela... fazia isso com um ar galante que a impressionou.

Porém, o melhor da festa ainda estava por vir. Sr. Rochinha propôs que naquela noite ela fosse chamada por todos de Lúcifer. Ela aceitou e logo em seguida, Sá a convidou a "começar" o de sempre. Lúcia, então, olhou bem para Paulo e disse não estar preparada. Diante dessa atitude, todos perguntaram se ela estava agora apaixonada. Paulo não esperou ela responder, e soltou uma alta gargalhada de deboche. Então, Lúcia ergueu a cabeça com um orgulho satânico e subiu na mesa da sala. Ali, passou a dançar e a tirar a roupa, balançando seus negros cabelos, enquanto todos, entusiasmados, aplaudiam. Paulo ficou revoltado com o que viu e saiu para o jardim. Logo depois, ela foi atrás dele e ele perguntou por que ela descia tão baixo. Lúcia passou a chorar convulsivamente e o rapaz viu nela uma alma nobre. Eles se beijaram e foram para a casa dela, onde passaram a noite. Depois disso, ele passou a visitá-la todos os dias e eles se apaixonaram. O amor dos dois nesse momento tem toda uma idealização romântica e é comparado a "tardes calmas". Constantemente, Paulo lia a Bíblia para ela.

Entretanto, Sá o encontra e o comunica que ele estava mal falado na cidade, porque diziam que ele era pobre e estava sendo sustentado por ela. Indignado, Paulo passou a evitá-la. Lúcia, para se vingar, começou a sair com outros homens.

Um dia, depois de muito tempo, ele foi vê-la, mas ela estava se arrumando para ir a um baile com o Sr. Couto. Paulo também vai ao baile onde o casal foi e lá, convida, na frente de Lúcia, uma prostituta amiga dela para passar a noite com ele. Lúcia saiu do baile com Couto, mas foi para casa sozinha e passou a noite chorando. Paulo também não foi ver Nina e ficou triste, achando que Lúcia estava com Couto. Quando finalmente se encontraram, Lúcia jurou que nenhum homem a tocou depois de Paulo.

Depois de algum tempo, e vários distúrbios no relacionamento, Paulo ficou muito tempo sem ir à casa dela e eles entraram em um período de abstinência. Ele não compreendia bem porque ela havia decidido evitá-lo fisicamente, mas percebeu que ela tinha prazer em ficar ao seu lado. Nessa fase, eles se comportam como irmãos e Lúcia aparenta estar doente, desfeita e abatida. Passa a dizer constantemente, que seu corpo a condenava e que tinha a virgindade da alma, pois nunca tinha amado ninguém antes de Paulo.

Um dia, vão para São Domingos passear, Lá, ela parecia uma criança, correndo por todos os lados. Realmente, naquele lugar ela tinha nascido e ali, contou sua história verdadeira para Paulo. Seu nome era Maria da Glória e, quando em 1850, houve um surto de febre amarela no Rio, sua família caiu doente. Para ajudá-los, ela foi obrigada a se prostituir e o homem que a iniciou foi o Couto. Quando seu pai soube de tudo, a expulsou de casa. (ela tinha 14 anos apenas). Sozinha, ela fingiu sua própria morte e assumiu o nome de uma amiga que tinha morrido: Lúcia.

Depois desse dia emocionante, ela resolve mudar de vida, vende a casa e se muda para o interior porque sua irmã mais nova, Ana estava vindo morar com ela (a menina vivia em um internato que Lúcia pagava mensalmente). Nesse tempo, Paulo a visita sempre e eles têm um último envolvimento. Lúcia tinha então 19 anos e apresentava uma serenidade que nem de longe lembrava a antiga Lúcia.

Um dia, porém, ela descobriu que estava grávida e ficou desesperada, porque considerava seu corpo impuro para gerar uma vida. "meu corpo não é puro". Uma noite, ela passa muito mal e acaba abortando naturalmente a criança. Na cama, debilitada ela pede que Paulo cuide de sua irmã e confessa seu grande amor, que, segundo ela, a purificou. Depois disso, morre.

Paulo fica eternamente marcado por esse grande amor que terminou tão tragicamente. Confessa que ao se lembrar de Lúcia, fica em prantos.

Ana se casa dois anos depois, com um homem bom, e vive feliz. Paulo a trata como filha, mas sabe que ela nunca será como Lúcia, pois falta nela um "fogo divino".

Como única lembrança de seu amor, ele guarda uma mecha de cabelo que ele cortou no último adeus, antes do corpo de Lúcia ser enterrado.

LEMBRETE: Alencar cria o impossível: uma prostituta que cabe perfeitamente no modelo da heroína romântica, pois tem amor idealizado, é adolescente, fala francês, cose, é bondosa e até mesmo pura (na alma).

1.8 Características da Prosa Romântica presente em Lucíola
FLASH-BACK NARRATIVO: o narrador volta no tempo para explicar o presente. Às vezes, através do flash-back, traz revelações surpreendentes.

Lúcia tem um passado que explica sua vida presente. O leitor fica surpreendido ao saber que ela foi obrigada a se prostituir e que não se chama Lúcia.

AMOR COMO REDENÇÃO: o conflito narrativo dos romances é normalmente a oposição entre os valores da sociedade e o desejo da realização amorosa dos amantes.

Por ser prostituta, Lúcia não merece moralmente o amor de Paulo. Porém, o amor é o único meio de uma heroína romântica se purificar. Ela percebe seu erro e a única possibilidade e salvação de sua alma é a misericórdia divina. O sofrimento e a morte são purgação.

(Fala de Lúcia): "Tu me purificaste ungindo-me com teus lábios. Tu me santificaste com o teu primeiro olhar! Nesse momento, Deus sorriu e o consórcio de nossas almas se fez no seio do Criador. Fui tua esposa no céu! E contudo essa palavra divina do amor, minha boca não a devia profanar, enquanto viva. Ela será meu último suspiro."

IDEALIZAÇÃO DO HERÓI: o herói romântico é dotado de idealismo, honra e coragem. às vezes põe em risco a própria vida para atender aos apelos do coração.

IDEALIZAÇÃO DA MULHER: a beleza física é destacada e acrescenta-se a ela a beleza moral e a pureza.

"...descobri nessa ocasião, a alguns passos de mim, uma linda moça... Admirei-lhe do primeiro olhar um talhe esbelto e de suprema elegância."

PERSONAGENS PLANAS:O Romantismo não costuma explorar o interior das personagens. Em geral, são exploradas apenas emocionalmente. Porém, em Lucíola, o autor faz um aprofundamento psicológico e mostra os conflitos interiores de Paulo e de Lúcia. Além disso, Lúcia não é linear, porque seu perfil se altera durante a obra.

"Acredite ou não, Lúcia acabava de me revelar naquela imagem simples um fenômeno psicológico que eu nunca teria suspeitado."

1.9 Comentários

CRÍTICA À SOCIEDADE
"Há aqui no Rio de Janeiro certa classe de gente que se ocupa mais com a vida dos outros, do que com a sua própria; e em particular, dou-lhes razão, de que viveriam eles sem isso, quando têm a alma oca e vazia? Essa gente já sabe quem tu és, que fortuna tens, quanto ganhas, onde moras, como vives."

"Se tivesse agora ao meu lado, o Sr. Couto, estou certo que ele me aconselharia para as ocasiões difíceis uma reticência. Com efeito, a reticência não é a hipocrisia do livro, como a hipocrisia é a reticência na sociedade?"

AMOR X MORAL
"Tu vives num mundo, Paulo, onde há condições que serás obrigado a aceitar, cedo ou tarde: um dia sentirás a necessidade de criar uma família e gozar das afeições domésticas."

NACIONALISMO DO AUTOR
"Da Europa... vinte dias embarcada! Sabes o que é isto? Tinha saudade das árvores e dos campos de minha terra."

"O novo ano tinha começado. A bonança que sucedera às grandes chuvas trouxera um dos sorrisos de primavera, como costumam desabrochar no Rio de Janeiro... As árvores cobriam-se da nova folhagem de um verde tenro; o campo aveludava a macia pelúcia da relva; e as frutas dos cajueiros se douravam aos raios de sol."

NATUREZA COMO REFLEXO DOS SENTIMENTOS DAS PERSONAGENS
"Encontram-se nas florestas do Brasil árvores preciosas, que, feridas vertem em lágrimas o bálsamos que encerram. Assim era, quando uma palavra involuntária da minha parte ofendia-lhe e banhava-lhe o rosto de pranto, que Lúcia me revelava toda a riqueza de sua alma."

AMOR IDEALIZADO
"Passava todo o tempo em sua casa e ao seu lado: conversávamos, ríamos, colhíamos as flores que a mocidade espargia em nosso caminho; e assim corriam as horas tecidas a fio de ouro e púrpura."

SENTIMENTALISMO
"Sentia profunda compaixão por essa mulher. O seu pranto me enterneceu; chorei com ela."

CRÍTICA AOS LEITORES DA ÉPOCA
"Demais, se o livro cair nas mãos de alguma das poucas mulheres que lêem neste país..."

ULTRA-ROMANTISMO (influências da 2ª geração)
"Há de ter ouvido falar na sensualidade nefanda dos coveiros de cemitério, que saciavam no cadáver das belas moças um desejo brutal..."
"Uma vez levantando o cálice, a contração muscular foi tão violenta que o cristal espedaçou-se entre as falanges delicadas. Tinha-se ferido, e para estancar o sangue, mergulhou o dedo no meu copo... o áureo licor enrubesceu, e eu esgotei-o até a última gota num assomo de galanteio romântico."

USO DA METALINGUAGEM
"Se tivesse agora ao meu lado, o Sr. Couto, estou certo que ele me aconselharia para as ocasiões difíceis uma reticência. Com efeito, a reticência não é a hipocrisia do livro, como a hipocrisia é a reticência na sociedade?"

"Já tenho tido vezes de arrependimento depois que comecei estas páginas..."


1.10 Análise da personagem principal
DUPLA PERSONALIDADE DE LÚCIA
"Era outra mulher. O rosto cândido, que tanto me impressionou à doce claridade da lua, se transformara completamente: tinha agora uns toques ardentes e um fulgor estranho que o iluminava. Os lábios finos e delicados pareciam túmidos dos desejos que incubavam."

"A lama deste tanque é meu corpo, enquanto a deixam no fundo e em repouso, a água está pura e límpida."

LÚCIA x LÚCIFER
"Como trata-se de nomes, eu também proponho uma mudança, bocejou Rochinha. Em lugar de Lúcia - diga-se Lúcifer!"

"A Lúcia não admite que ninguém adquira direitos sobre ela. Façam-lhe as propostas mais brilhantes: sua casa é sua e somente sua: ela o recebe, sempre como hóspede, seu dono nunca. Na ocasião em que o senhor a toma como amante, ela pevine-o de que reserva-se plena liberdade de fazer o que quiser e deixá-lo quando lhe aprouver, sem explicações e sem pretextos, o que sucede invariavelmente antes de seis meses: está entendido que lhe concede o mesmo direito."

"Lúcia ergueu a cabeça com orgulho satânico, e levantando-se de um salto, agarrou uma garrafa de champanhe quase cheia."

"Se eu ainda lá estivesse, desceria agora para vir sentar-me aqui. Mas Lúcifer deixou no céu a luz que perdeu para sempre."

AMOR COMO REDENÇÃO
"O amor purifica e dá sempre um novo encanto ao prazer. "

"O amor é inexaurível e remoça como a primavera..."

LÚCIA X MARIA DA GLÓRIA
"Maria da Glória! É meu nome. Foi Nossa senhora, minha madrinha, quem mo deu..."

"O remédio que eu preciso é a religião..."

"Tudo era branco e resplandecente como a sua fronte serena"

"Dizendo estas palavras, Lúcia ajoelhou-se em face do crucifixo e recolheu-se numa breve oração mental."

"As suas idéias tinham a ingenuidade dos quinze anos; e às vezes ela me parecia mais infantil, mais inocente do que Ana, com toda a sua pureza e ignorância."

"Elas não sabem como tu, que eu tenho outra virgindade, a virgindade do coração."

"Em torno de nós só Deus que nos protege, que nos une, e envolve-nos com um único de seus olhares."

FILHO
"Oh! Um filho, se Deus mo desse, seria o perdão de minha culpa! Mas sinto que ele não poderia viver no meu seio! Eu o mataria, eu, depois de o ter concebido."

"- Um filho! Mas é um novo laço e mais forte que nos prende um ao outro. Será mãe, minha querida Maria? Terás mais esse doce sentimento da maternidade para encher-te o coração; terás mais uma criatura com quem repartir a riqueza inexaurível de tua alma!

- Cala-te, Paulo! Ele morreu! Disse-me com a voz surda. E fui eu que o matei...

Ela estava ameaçada de um aborto, resultado do choque violento que sofrera, quando conheceu que se achava grávida."

1.11 Críticas feitas ao autor
- Criava personagens tão esquisitas e excêntricas que acabou caindo no inverossímil e concebeu "monstrengos morais" como Lúcia.

- Apesar de seu empenho em criar um romance brasileiro, não soube libertar-se dos modelos franceses que tinha sempre em mente, como Dumas Filho (A Dama das Camélias).

- Não servia à literatura, mas à "musa industrial" que o levava, por interesses econômicos a fabricar romances e dramas convencionais.

- Alencar evoluiu constantemente, não apenas no sentido de uma criação cada vez mais rica de dados psicológicos, como ainda no sentido de uma permanente atualização de conhecimentos da Psicologia.

- Pôde chegar à criação de personagens com grande força impressiva e dramas intensos e emocionantes. Desenvolveu peripécias de enredo, situações dramáticas, atos das personagens, diálogos e quadros sociais com conveniente cor local.
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2007-03-19 11:37:54 · answer #2 · answered by staiger 2 · 0 0

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