No reino do faz de conta.
2007-03-17 12:28:20
·
answer #1
·
answered by Branca 5
·
0⤊
1⤋
Os contos de fadas surgiram bem antes da Idade Média, e eram passados dos avós para os netos, através da tradição oral, desde os tempos mais remotos. É impossível datar a matriz primordial desses contos, mas as origens de alguns deles foram rastreadas até os primeiros séculos de nossa era. Com isso, chegou-se à conclusão de que histórias como "Branca de Neve" e "Cinderela" derivam de contos orientais, cujas versões mais antigas, provenientes da Índia e da China, foram trazidas pelos árabes para a Europa, aí se mesclando ao folclore local. Assim, os cruéis efrits e os djinns que satisfaziam desejos se transformaram nas bruxas e fadas-madrinhas que conhecemos na infância... e que até hoje nos servem de referência e inspiração.
As raízes européias desses seres mágicos podem ser encontradas em várias mitologias. Na tradição clássica, o primeiro autor a aludir às fadas foi o geógrafo Pomponius Mela (séc. I), enquanto entre os celtas sua origem seria ainda mais antiga, remontando ao século II a. C. Foi das reminiscências desse mundo mítico que, séculos depois, surgiram os romances de cavalaria, nos quais as fadas apareciam como personagens. Além da Dama do Lago, presença constante nos romances do ciclo arturiano, são famosas a Fada Morgana (o mesmo nome da criada de Ali Babá... a Fata Morgana é uma figura central dos contos árabes) e Melusina, a dama-serpente ligada à estirpe dos Lusignan.
Essas fadas, e muitas outras, se fixariam no imaginário da Idade Média e da Renascença, perpetuando-se nos contos narrados nos serões familiares, bem como nas canções e nos poemas que circulavam entre a gente do povo. Sua forma sofreu modificações relativas ao tempo e ao espaço, e vários deles adquiriram preceitos da moral vigente na época. Assim, "Os Três Desejos", uma das histórias reunidas por Perrault - os famosos "Contos da Mamãe Gansa", publicados em 1697 , encontramos um sermão sobre os perigos da cobiça desmedida, sem falar da conhecida advertência feita às mocinhas em "Chapeuzinho Vermelho".
Mais, hélas qui ne sçait que ces loups doucereux
De tous les loups sont les plus dangereux!
A racionalidade do Século das Luzes condenou os contos de fadas a um ostracismo temporário, mas eles seriam reabilitados no século XIX, através da iniciativa de pesquisadores como os irmãos Jakob e Wilhelm Grimm - cuja recolha de contos populares alemães foi publicada em 1812 - e de autores como Hans Christian Andersen, que pautaram seus próprios contos na tradição maravilhosa. Muitos outros viriam a seguir a mesma trilha, desde Collodi, Barrie e Lewis Carroll até escritores contemporâneos. Alguns destes utilizam elementos presentes nos contos de fadas na criação de seus próprios mundos - é o que fazem muitos autores do gênero conhecido como fantasy - enquanto outros propõem novas versões para as antigas histórias. Angela Carter nos brindou com uma bela coleção delas em "O Quarto do Barba Azul", e ouvi falar de alguém que decidiu contar a história da "Branca de Neve" pelo ponto de vista do caçador. Deve ser interessante... Bom, pelo menos diferente! :)
Além dos próprios autores e dos teóricos da área da Literatura, os contos de fadas vêm sendo analisados por psicólogos, como Jung e seus discípulos - que vêem nos personagens os arquétipos do inconsciente coletivo - por psicanalistas, que lhes atribuem significados ligados aos conflitos existenciais, e também por antropólogos e historiadores, que os analisam segundo o contexto em que foram produzidos e veiculados. Dessa forma, o abandono de João e Maria na floresta seria um costume dos camponeses em períodos de fome prolongada; o Ogro devorador de crianças estaria associado à figura (real) de Gilles de Rais, e assim por diante. Até as roupas da "Chapeuzinho Vermelho", cujo simbolismo é ligado ao do sangue - o da puberdade e o da virgindade - ganham outra interpretação no contexto histórico, pois o vermelho era a cor escolhida por muitas jovens para os vestidos de casamento... mas era também, em algumas regiões, a cor usada para distinguir as prostitutas.
Todas essas análises, contudo, são unânimes quando se trata de reconhecer, por trás das bruxas e das fadas, a figura universal das mulheres sábias: as curandeiras, parteiras e sacerdotisas, as anciãs temidas e veneradas, guardiãs da sabedoria da comunidade e responsáveis pela transmissão das histórias às novas gerações. Pois não importa a roupagem de que se revestiram os contos de fadas: foi a voz dessas mulheres que chegou até nossos ouvidos. E, quer estejamos ou não conscientes disso, são elas que, bem lá no fundo, vivem dentro de nós, zelando pelo pequeno e precioso tesouro que nos legaram nossos antepassados.
2007-03-17 20:03:34
·
answer #2
·
answered by ♫ Sonia Cal ♫ 6
·
1⤊
1⤋
O nome,contos de fadas não sei.
Os contos de fadas são feitos dos sonhos das crianças....tipo: Uma grande casa casa com janelas de chocolate ou uma fadinha brilhante que sempre chega de noite em seu quarto......castelos para brincar......cavalo maravilhoso só teu.......lagos,sereias,pérolas,etc....Os escritores usam nossa imaginação e criam contos de fada.
Quem não se lembra de um conto de fadas???
Nádia M.
2007-03-17 19:44:12
·
answer #3
·
answered by Nadia M 5
·
0⤊
1⤋
A origem dos contos de fadas, segundo Marie Louise Von Franz (apud GIGLIO, 1991: 3), parece residir em uma potencialidade humana arquetÃpica (aliás, não somente os contos de fada, como todas as fantasias). Antigamente os pastores, lenhadores e caçadores, passavam bom tempo de suas vidas sozinhos nas florestas, campos e montanhas. Acontecia que repentinamente eram assaltados por uma visão interior muito forte, que os alvoroçava por inteiro. Corriam então de volta a suas aldeias e relatavam o que lhes tinha acontecido a todos que o quisessem ouvir. Daquela visão inicial, iam-se formando lendas, e mais tarde “contos maravilhosos”. O pensamento mÃtico, no caso dessas visões espontâneas, é compreendido como um pensamento essencialmente pré-lógico, elementar e arquetÃpico. Os arquetÃpicos por definição, são fatores e motivos que ordenam os elementos psÃquicos em imagens, de modo tÃpico.
Como afirma Jung (apud GIGLIO, 1991: 15), os contos de fada constituÃram através dos séculos instrumentos para a expressão do pensamento mÃtico, perpetuando-se no tempo por desempenharem uma função psÃquica importante relacionada ao processo da individuação: através deles toma-se consciência e vivencia-se arquétipos do inconsciente coletivo. Esses arquétipos, por sua vez, ao serem trazidos à consciência e dramaticamente vivenciados permitem a Psique cumprir as etapas de integração progressiva do desenvolvimento da persona, conscientização da sombra, confrontação com a anima / animus e outros arquétipos, e finalmente atingir um estado onde a comunicação Ego-Self seja fluente e criativa (apud THOMPSON, 1969: 152). Ainda a partir de uma perspectiva junguiana, (apud THOMPSON, 1969: 152) existe um lado masculino e um lado feminino em cada um de nós. Se o masculino é dominante, o feminino é recalcado. O indivÃduo bem conformado necessita desenvolver ambos os aspectos. Também existem quatro caracterÃsticas principais em cada um de nós: pensamento, sentimento, sensação e intuição. Constituem pares de oponentes. Nos homens o pensamento e a sensação constituem, habitualmente, caracterÃsticas conscientes, ao passo que o sentimento e a intuição encontram-se recalcados. Nas mulheres, sentimentos e intuição são predominantes. O lado feminino recalcado do homem é denominado anima, o lado masculino da mulher é o seu animus.
Em Franz (apud GIGLIO, 1991: 6), os contos de fada numa visão junguiana são uma representação simbólica de problemas gerais humanos e suas soluções possÃveis, ou seja, as representações da fantasia são tão primárias e originais como os próprios desejos e instintos. Nos conteúdos dos contos de fada é possÃvel ver uma projeção dos estágios originais e arquetÃpicos do desenvolvimento da consciência humana. Nos sÃmbolos do inconsciente, nos sonhos e fantasias, encontram-se os mesmos princÃpios da expressão dos mitos e contos de fada, o que, representa um recurso fundamental no processo do desenvolvimento humano.
Conforme Araújo (1980: 39), para Jung certas lendas, mitos e sÃmbolos têm origem na infância da humanidade em que faltando recursos intelectuais, o homem apresentava uma disposição natural para aceitar o sobrenatural. Seria assim uma necessidade psicológica de buscar soluções mágicas e de criar seres fantásticos para superar uma realidade que lhe impunha limitações. O inconsciente coletivo, guardaria assim, uma necessidade de retorno as origens do homem revivendo experiências anteriores da humanidade.
à luz da psicanálise, os contos de fadas revelam os conflitos de cada um e a forma de superá-los e recuperar a harmonia existencial. Assim a tão famosa dicotomia entre o bem e o mal, presta-se numa terapia, a uma análise mais contundente da personalidade, na qual se permite trabalhar com sentimentos inconscientes que revelam a verdadeira personalidade (CEZARETTI, 1989: 26).
2007-03-17 19:27:47
·
answer #4
·
answered by inka 7
·
0⤊
2⤋