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Na Grécia Antiga, houve várias batalhas entre gregos e persas, que nomearam de guerras Médicas.
Más porque esse nome???
algum profesor de história ai sabe me dizer?srrs

2007-03-17 07:30:54 · 5 respostas · perguntado por nyna 3 em Artes e Humanidades História

5 respostas

As guerras médicas ocorreram entre os povos gregos e os Medo-persas (prununcia-se médo-persas).

Por isso o nome médicas, porque foram contra os medo-persas.

2007-03-17 07:36:09 · answer #1 · answered by Gravitolino Nonato 6 · 3 1

Os persas eram tambem chamados de medos pelos gregos, que não chamavam seu território de Grécia e sim de Hélade(daí o termo helenos) . Medos = médicas, entendeu?

2007-03-17 14:57:45 · answer #2 · answered by Vaninha 5 · 1 0

Muito bom seu resumo

2014-10-04 02:38:46 · answer #3 · answered by Anonymous · 0 1

resposta
resumo sobre guerras médicas=Dá-se o nome de Guerras Médicas (ou Guerras Medas, Guerras Greco-Persas e Guerras Persas) aos enfrentamentos entre os antigos gregos e o Império Persa durante o século V a.C..
Guerras Médicas=As Guerras Médicas ocorreram entre os povos gregos (aqueus, jônios, dórios e eólios) e os medo-persas, pela disputa sobre a Jônia na Ásia Menor, quando as colônias gregas da região, principalmente Mileto, tentaram livrar-se do domínio persa.

Esta região da Jônia era colonizada pela Grécia, mas durante a expansão Persa em direção ao Ocidente, este poderoso Império conquistou estas diversas colônias gregas da Ásia Menor, entre elas a importante cidade de Mileto. As colônias lideradas por Mileto e contando com a ajuda de Atenas, tentaram, sem sucesso, libertar-se do domínio persa, promovendo uma revolta.

Estas revoltas provocaram o rei Dario I, da Pérsia, a lançar seu poderoso exército sobre a Grécia Continental, dando início às Guerras Médicas. O que estava em jogo era o controle marítimo-comercial no Mundo Antigo.

Nesse primeiro confronto (a primeira guerra médica), surpreendentemente, cerca de dez mil gregos, liderados pelo ateniense Milcíades, conseguiram impedir o desembarque de mais de vinte mil persas (alguns autores falam em 50 mil, outros em 250 mil, não se sabe precisamente o efetivo persa), vencendo-os na Batalha de Maratona, no ano de 490 a.C.

Para se defenderem dos persas, algumas cidades-Estado gregas organizaram a Confederação de Delos, ou Liga de Delos, (cuja sede ficava na Ilha de Delos), da qual se aproveitou Atenas para se sobrepor no mundo grego, pois era responsável pelo dinheiro da Confederação e passou a usá-lo em benefício próprio. Com isso, impulsionou sua indústria, seu comércio e modernizou-se, ingressando numa era de grande prosperidade, e impondo sua hegemonia ao mundo grego. O auge dessa época ocorreu entre 461 a 431 a.C., durante governo de Péricles, por isto o século V a.C. é também chamado o Século de Péricles.

Os persas, entretanto não desistiram. Dez anos depois voltaram a atacar as cidades gregas (2ª guerra médica). Estas, por sua vez, esqueceram as disputas internas que existiam entre elas e uniram-se, vencendo os persas na Batalha de Salamina (480 a.C.) e na de Plateias (479 a.C.)

Após as guerras médicas, os gregos voltaram a enfrentar-se internamente e, de 431 a 404 a.C., decorreu a Guerra do Peloponeso, entre a Confederação de Delos (liderada por Atenas) e a Liga do Peloponeso (liderada por Esparta). Após tantas guerras, as cidades gregas ficaram debilitadas e foram conquistadas por Felipe II da Macedônia, em 338 a.C,na batalha de Queronéia. Filipe II foi sucedido por seu filho Alexandre, que ampliou consideravelmente o domínio macedônico conquistando a Síria, a Fenícia, a Palestina, o Egito, a Pérsia e parte da Índia.

[editar] Antecedentes

Nas costas ocidentais da Ásia Menor, colônias gregas se dedicavam principalmente ao comércio, desejando substituir neste aspecto os fenícios. A prosperidade e independência destas cidades jônicas terminou quando elas caíram uma após a outra nas mãos do rei Creso de Lidia, sendo obrigadas a pagar tributos, e a situação ficou ainda pior quando o reino de Lídia caiu nas mãos do rei persa Ciro, em 546 a.C., tendo as cidades gregas o mesmo destino.

Posteriormente, o rei persa Dario I governou as cidades gregas com tato e procurando ser tolerante, seguindo a estratégia de dividir e vencer, apoiando o desenvolvimento comercial dos fenícios, que tinham sido anteriormente submetidos a seu império, e que eram rivais tradicionais dos gregos.

Além disto, os jônios sofreram mais golpes, como a conquista de seu florescente subúrbio de Naucratis no Egito, a conquista de Bizâncio, chave do Mar Negro e a queda de Sibaris, um de seus maiores mercados de tecidos e ponto de apoio vital para o comércio.

Destas acções surgiu um ressentimento contra o opressor persa, sentimento que foi aproveitado pelo ambicioso tirano de Mileto, Aristágoras, para mobilizar as cidades jônicas contra o Império Persa, em 499 a.C.

Aristágoras pediu ajuda às metrópoles de Hélade, mas somente Atenas (que enviou vinte barcos – provavelmente a metade de sua frota) e Erétria (na ilha de Eubeia – que aportou cinco navios), acudiram o pedido. Esparta não ofereceu nenhuma ajuda. O exército grego dirigiu-se a Sardes, capital da Satrapia persa de Lídia, e reduziu-a a cinzas, enquanto que a frota recuperava Bizâncio. Dario I, enfurecido, mandou seu exército, que destruiu o exército grego em Éfeso, e afundou a frota helénica na batalha naval de Lade.

Tentando sufocar a rebelião, os persas reconquistaram, uma após outra, as cidades jônias e, depois de um longo assédio, arrasaram Mileto, matando a maior parte da população na batalha e escravizando os sobreviventes, que foram deportados para a Mesopotâmia.
A Primeira Guerra Médica=Após o duro golpe dado às cidades jônias, Dario decidiu castigar aqueles que haviam auxiliado os rebeldes, encarregando a represália a seu sobrinho Artafernes e a um nobre chamado Datis.

Em Atenas alguns homens já viam os sinais do iminente perigo. O primeiro deles foi Temístocles, eleito arqueiro em 493 a.C. Temístocles acreditava que em Hélade não teria salvação em caso de um ataque persa, se Atenas não desenvolvesse antes uma poderosa marinha.

Dessa forma, fortificou o porto de Pireu, convertendo-o em uma poderosa base naval, mas logo surgiria um rival político que impediria o resto de suas reformas. Se tratava de Milcíades, membro de uma grande família ateniense das costas da Ásia Menor. Se opunha a Temístocles porque considerava que os gregos deviam defender-se primeiro por terra, acreditando na supremacia das largas lanças gregas contra os arqueiros persas. Os atenienses decidiram por em suas mãos a situação, enfrentando assim a invasão persa.

A frota persa chegou por mar no verão de 490 a.C., dirigidos por Artafernes, conquistando as ilhas Cícladas e posteriormente Eubea, como represália por sua intervenção na revolta jônia. Posteriormente, o exército persa, comandado por Datis, desembarcou na costa oriental da Ática, em Maratona, lugar recomendado por Hipias (anterior tirano de Atenas) por ser considerada o melhor lugar.
Batalha de Maratona=A batalha de Maratona ocorreu durante a Primeira Guerra Médica em Setembro de 490 a.C., no local onde hoje é a localidade de Marathónas, a leste de Atenas.

Milcíades, avisado do desembarque persa, incumbiu os atenienses a fazerem frente. Enviaram Fidípides a Esparta para solicitar ajuda, correndo 220 quilômetros em um dia a cavalo. Os espartanos prometeram enviar ajuda, mas argumentaram que, por razões religiosas (já que se encontravam no nono dia do mês lunar), não poderiam fazê-lo antes de seis dias. Milcíades não podia esperar tanto tempo, e se lançou ao ataque contra os persas com os efetivos que dispunha.O número de atenienses flutuavam provavelmente entre dez e quinze mil combatentes, e as forças persas com uns vinte mil. Heródoto diz que os persas tinham seiscentos barcos, se bem que outros autores gregos aumentam as forças inimigas até um milhão de efetivos, dado exagerado e inverossímil. Os gregos cercaram os persas, que responderam com uma chuva de flechas, levando os gregos a precipitarem contra o inimigo, e forçando a disposição em formações fechadas, impedindo o uso da cavalaria.Esta ação foi determinante, pois os persas não podiam fazer muito contra as largas lanças das forças gregas preparadas para um combate corpo a corpo, já que seus arcos não os serviam, e as espadas, punhais e espadas curtas não podiam fazer grande dano aos gregos protegidos com couraça. Os persas ofereceram grande resistência, conseguindo romper em um momento o cerco grego, mas logo foi reagrupado, e estes os fizeram recuar até o local do desembarque, onde se deu a última parte do combate.

Os atenienses capturaram sete barcos, mas eram insuficientes para impedir a retirada do exército inimigo, que foi totalmente massacrado. As tropas persas, derrotadas, regressaram à Ásia, mas isto não significava que o problema estava solucionado entre persas e gregos, pois logo ocorreria uma nova guerra.

Fidípides, segundo conta a lenda, foi mandado por Milcíades a correr os 42 quilômetros que separavam a Maratona de Atenas para anunciar a vitória grega. Após anunciá-la com a frase "Alegrai-vos, atenienses, nós vencemos!", caiu morto devido ao esforço.
A Segunda Guerra Médica=Temístocles retoma o mando em Atenas

O vitorioso Milcíades quis aproveitar o momento de glória para expandir o poder de Atenas no Mar Egeu, e logo depois da batalha em Maratona enviou uma parte da frota contra as ilhas Cícladas, submetidas pelos persas.

Atacou a ilha de Paros, exigindo aos seus habitantes um tributo de 100 talentos, que foram negados, então a cidade foi ocupada, mas a defesa foi tão árdua que os gregos tiveram que contentar-se com uns poucos saques. Este pobre resultado começou a desiludi-los com relação a Milcíades, chegando inclusive a vê-lo como um tirano que depreciava as leis.

Os inimigos de Milcíades o acusaram de ter enganado o povo e o submeteram a um processo, o qual não pode se defender por ter sido ferido em um acidente e estar prostrado em uma cama. Ele foi declarado culpado, sendo salvo da pena capital comum nestes casos pelos serviços prestados anteriormente à pátria, mas foi condenado a pagar a elevada soma de 50 talentos. Pouco depois morreu por causa de suas feridas. Seria agora Temístocles quem tomaria o comando de Atenas.

Em 481 a.C., os representantes de diferentes polis, liderados por Atenas e Esparta, firmaram um pacto militar (simmaquia) para protegerem-se de um possível ataque do Império Persa. Segundo este pacto, em caso de invasão corresponderia a Esparta a tarefa de comandar o exército helênico, em uma trégua geral, que inclusive propiciou o retorno de alguns exilados.

[editar] "Terão toda a terra e a água que quiserem"

Após a morte de Dario, seu filho Xerxes subiu ao poder na Pérsia, ocupando-se nos primeiros anos de seu reinado de reprimir revoltas no Egito e na Babilônia e continuando a preparação para atacar os gregos. Antes havia enviado à Grécia embaixadores a todas as cidades para pedir-lhes terra e água, símbolos de submissão. Muitas ilhas e cidades aceitaram, mas Atenas e Esparta não. Conta-se que os espartanos responderam aos embaixadores "Terão toda a terra e água que quiserem" e os jogaram em um poço. Era uma declaração de intenções definitiva.

Em Esparta começaram a ocorrer problemas nefastos, que seriam causados pela ira dos deuses devido a este ato de insolência. Os cidadãos espartanos foram chamados para solicitar se algum deles seria capaz de se sacrificar para satisfazer os deuses e aplacar sua ira. Dois ricos espartanos ofereceram-se para se entregar ao rei persa, e se dirigiram para Susa, onde Xerxes os recebeu. Os emissários espartanos lhe disseram: "Rei dos Medos, fomos enviados para que possas vingar a morte dada a vossos embaixadores em Esparta". Xerxes lhes respondeu que não ia cometer o mesmo crime e que nem com sua morte os libertaria da desonra.
As Termópilas=A Batalha das Termópilas, travada no contexto da II Guerra Médica, decorreu no Verão de 480 a.C., no desfiladeiro das Termópilas, na Grécia Central. Ali, de acordo com a tradição veiculada pelo historiador Heródoto de Halicarnasso, 300[1] Espartanos, sob o comando do seu rei Leónidas I, acompanhados por não mais de 7 000 aliados de outras πόλεις (cidades-Estado) helénicas, enfrentaram milhões de Persas (na verdade, talvez apenas um quarto de milhão de homens) liderados por Xerxes, filho de Dario I.

Não obstante o exagero dos números apresentados por Heródoto, a grande disparidade numérica entre os contendores levou a que a batalha terminasse com uma aparentemente retumbante vitória persa, muito embora os Gregos, antes de serem totalmente aniquilados, tenham conseguido inflingir um elevado número de baixas e retardar consideralvemente o avanço dos Persas pela Grécia. A intervenção dos Gregos, para além de os levar a morrer como homens livres, e não como escravos persas, foi de tal modo decisiva para o futuro do conflito, que bem podem ser também considerados vencedores.

De facto, não vence uma batalha apenas aquele que destrói o exército inimigo, mas sim aquele que cumpre seu objectivo – e os Espartanos, ao deterem durante dias, não tanto quanto esperavam (10 dias era o desejado), os Persas nas Termópilas, permitiram a salvação de Atenas e, por conseguinte, das bases da futura Civilização Ocidental. Esta foi, pois, uma batalha decisiva sob todos os aspectos.
O contexto: as Guerras Médicas=À entrada do século V a.C., a Pérsia Aqueménida tinha-se convertido no maior império que o mundo jamais vira, tanto em dimensão territorial, como étnica. Depois de subjugar os vizinhos Medos, os Persas partiram à conquista da Babilónia, da Assíria, da Arménia, do Elão, da Bactriana, da Síria-Palestina, do Egipto e da Ásia Menor, onde pela primeira vez se viriam a confrontar com as πόλεις gregas da Jónia. Devido a todas estas conquistas, o seu soberano podia-se arrogar, com propriedade, o título de Rei de Reis – em persa, Šāh-an-Šāh (literalmente, o Xá dos Xás), título que Heródoto verte para grego como βασιλεύς (basileus, «rei»).

O embate entre a Hélade (dividida em várias pequenas cidades-Estado independentes, separadas entre si por particularismos geográficos e culturais) e o poderoso império Persa (então governado por Dario) tornou-se inevitável. Em 499 a.C., rebenta a revolta de Mileto (na Jónia) contra os Persas, logo violentamente debelada; pouco depois, o imperador persa, sentindo-se numa posição de força, envia os seus embaixadores às cidades da Grécia continental, a fim de estas se submeterem pacificamente ao seu domínio. Porém, o envio destas missões diplomáticas não surtiu o efeito desejado – apenas a Macedónia e a Tessália se declararam vassalas da Pérsia (enviando-lhe, segundo Heródoto, amostras do seu solo e da sua água, em sinal de submissão), enquanto que, nas demais πόλεις, os legados imperiais foram executados.

Estala assim o conflito entre Persas e Helenos: a I Guerra Médica (também chamada I Guerra Pérsica ou Guerra Medo-Persa). Dario avança rumo à Grécia europeia, desembarca em Maratona, onde é derrotado por uma força combinada de hoplitas atenienses e plateenses (Esparta, a potência militar da Grécia, recusou-se a estar presente, invocando motivos religiosos). Dario, derrotado, regressa à Ásia.

O conflito reacender-se-ia com o seu filho, Xerxes, que subira ao trono em 485 a.C.. A derrota pesava sobre o espírito do novo monarca, e respirava-se na Corte um clima de vingança (fomentado, por exemplo, por Mardónio, o supremo comandante dos exércitos). Desta feita, porém, Xerxes procurou preparar, até ao mais ínfimo detalhe, a expedição destinada a tomar a Grécia: começou por ordenar a construção de uma ponte de barcas ligando as duas margens do Estreito dos Dardanelos (484 a.C.), permitindo uma mais fácil deslocação das suas tropas e poupando dessa forma recursos preciosos e tempo (mais tarde, os Helenos – como por exemplo Ésquilo, na sua tragédia Persas – atribuirão a Posídon, o Deus dos Mares, um papel relevante na sua vitória, pois o rei persa, ao tentar deter uma força da Natureza – manifestação do sagrado animada por aquela divindade –, despertou a ira do Olimpíco, o qual decidiu então a sorte da guerra a favor do povo grego); ao mesmo tempo, determinou que uma poderosa esquadra atravessasse o Egeu e rumasse às costas gregas, assim que se iniciasse a invasão, por forma a apoiar as operações em terra.

As cidades-Estado gregas, conhecedoras dos preparativos da nova expedição persa, decidiram, como reacção, pôr de lado as suas divergências tradicionais, e reuniram-se na conferência pan-helénica no Istmo de Corinto (481 a.C.). Das cidades do continente, apenas Argos (a maior inimiga de Esparta à época), se recusou a estar presente, o que lhe valeu a acusação de medismo, isto é, de ser simpatizante dos Medos (o nome genérico que os Gregos atribuíam então aos Persas e aos povos por eles subjugados); de igual forma, as colónias gregas (como a Cirenaica, no Norte de África, Massália, no Sul da Gália, ou Siracusa, na Sicília) também não compareceram, talvez por não se sentirem directamente ameaçadas pelos Persas, dada a sua situação geográfica.

As 31 πόλεις presentes na conferência formaram uma Liga destinada a defrontar o inimigo comum, tendo proclamado a reconciliação geral e declarado guerra à Pérsia. O comando dessa liga foi atribuído ao rei Leónidas, que governava o Estado militarista por excelência na Antiguidade grega – Esparta; com efeito, os cidadãos Espartanos eram soldados profissionais, sendo condicionados, desde o berço, para a vida militar, o que fez da cidade a potência dominante da Hélade até então.

Em finais desse ano de 481 a.C. tem finalmente início a projectada invasão da Grécia, tendo os Persas dominado a Macedónia rica em matérias-primas (como a madeira), a Calcídica com os seus excelentes portos de mar, e a fértil Tessália, na qual fixaram as suas bases, encaminhando-se de seguida, a passos largos, para o centro da Grécia, onde se virá a travar o recontro das Termópilas.

Acabava de se iniciar a II Guerra Médica, um novo conflito entre o Ocidente e o Oriente, entre Cidadãos (os habitantes das πόλεις gregas) e Bárbaros (o nome com que, depreciativamente, os Helenos se referiam aos Medo-Persas), entre Europeus e Asiáticos (pela primeira vez na História da Humanidade, há uma real consciência da distinção entre duas culturas, dois mundos distintos, separados por dois continentes) onde se viria a jogar o destino da Civilização Ocidental, tal como hoje a conhecemos. Porém, deve-se ter em conta que a própria construção narrativa de Heródoto retoma certos tópoi (lugares-comuns) literários que remontam, pelo menos, ao primeiro grande relato bélico que chegou até aos nossos dias – a Ilíada de Homero, ela também uma obra onde o Oeste (os Aqueus) e o Leste (os Troianos) chocam entre si.
A geografia=As Termópilas (do grego: Θερμοπύλαι, thermopylai, significando «portas quentes») são um desfiladeiro situado bem no centro da Hélade, encravado entre as cadeias montanhosas do Eta e do Calídromo e um braço de mar (o golfo de Mália), situando-se na fronteira entre as regiões da Fócida (a Sudoeste), da Ftiótida (a Noroeste), da Lócrida (a Nordeste) e da Beócia (a Sudeste). Devem o seu nome ao facto de no seu interior existirem fontes sulfurosas, sendo que o estreito – uma simples faixa de areia entre o mar e o desfiladeiro – era, em três dos seus troços (as famosas «portas», às quais o estreito foi buscar o seu nome), de tal forma estreito que, segundo Heródoto, apenas podia passar um carro de cada vez (Livro VII, 176).

Tratava-se de uma região relativamente estéril, apta somente para o pastoreio; por esse motivo e também pela sua intrincada orografia, bem conhecida dos Gregos, foi o local estrategicamente escolhido pelas forças da Liga para deter o ímpeto persa (por se situar relativamente longe das bases de apoio que estes tinham na Tessália, tal dificultaria – e eventualmente frustraria – a sua investida).

De facto, os Helenos compreenderam que apenas teriam possibilidade de deter o avanço persa numa região montanhosa (se tivessem decidido dar batalha aos Persas na vasta planície da Tessália, teriam sido derrotados muito mais facilmente, pois ver-se-iam de imediato rodeados pela vasta massa humana do inimigo e liquidados ante a desproporção dos números); de resto, foi questão muito discutida, entre os defensores da Grécia, saber qual a melhor localização para deter o avanço persa – se as Termópilas, se o Istmo de Corinto; porém, acabou por vingar a primeira posição, muito pela pressão que Atenas colocou: se as forças gregas se concentrassem em Corinto, Atenas ficaria desprotegida e sujeita ao embate directo com o inimigo.Os números=A batalha das Termópilas tornou-se conhecida graças à narrativa de Heródoto de Halicarnasso, na qual o historiador faz opor quatro milhões e meio de homens, arregimentados à força pelos Persas, contra Leónidas e os seus trezentos Espartanos, combatendo tão-só pela liberdade da sua Nação. Mas nem os Persas eram milhões, nem tão-pouco havia apenas Espartanos nas Termópilas. De facto, é típico dos historiadores da Antiguidade (e não só) o exagero do número, muitas vezes para forçar a criação determinadas imagens junto dos seus leitores (neste caso, e pelo confronto de números tão extremos, louvar o sacríficio dos Gregos que faleceram nas Termópilas, ao tentarem atrasar ao máximo a penetração de Xerxes em solo heleno).

Heródoto enumera, do lado grego, trezentos Espartanos, quinhentos hoplitas de Tegeia e outros quinhentos de Mantineia, cento e vinte de Orcómeno, mil da Arcádia, quatrocentos de Corinto, duzentos de Pilos e oitenta de Micenas (prefazendo estes o contingente do Peloponeso, num total de 3 100 homens); setecentos de Téspias, quatrocentos de Tebas, mil homens da Fócida, e ainda um número desconhecido (mas elevado) de Lócridos Opuntianos. Portanto, no mínimo, cinco mil e duzentos homens. É provável que a este número devamos acrescentar ainda os soldados auxiliares (muitas vezes não mencionados), o que levaria, segundo os especialistas, a fazer aumentar este contingente para cerca de 7 500 homens (ou, no máximo, 10 mil).

Heródoto, porém, não é coerente nos números que apresenta, nem tão-pouco constitui a única fonte crível para o relato dos números das Termópilas (embora não sendo testemunha coeva da batalha, é o mais antigo historiador a relatar o facto e, portanto, o mais próximo do acontecimento). Noutro passo mais adiantado das suas Histórias, alude já a 4 000 homens do Peloponeso, entrando em contradição com o que escrevera no início da narrativa. Outros autores (como Isócrates, Diodoro Sículo, ou Pausânias), escrevendo muito depois de Heródoto, falam noutros números – designadamente em mil homens oriundos da Lacedemónia (a região dominada pela cidade-Estado de Esparta, termos que eram assim frequentemente tomados por sinónimos), o que choca com o número tradicional – e mítico – dos famosos 300 Espartanos.

A fazer fé nestes relatos, talvez os setecentos Lacedemónios remanescentes fossem homens de origem servil (como os periecos e os hilotas), recrutados numa situação verdadeiramente excepcional (quando normalmente não tinham sequer direito a servir no exército), e eventualmente a contra-gosto da oligarquia dirigente de Esparta; por isso mesmo estariam ausentes da narrativa tradicional (ainda que, por exemplo, Heródoto se refira a cadáveres de hilotas nas Termópilas num passo mais adiantado da narrativa, no Livro VIII, já ao descrever as batalhas seguintes). Mais, tendo em conta que Esparta era a potência militar dominante na Grécia, seria do seu maior interesse manter esse statu quo, eliminando quaisquer referências à presença dos desprezados periecos e hilotas nas Termópilas.

Por outro lado, é provável que Heródoto, relatando os factos que narra com quarenta anos de distanciamento, tenha achado essa mítica tradição dos 300 já tão fortemente enraizada entre os Espartanos, que não a teria podido (ou querido) desmentir – afinal, o historiador era natural de Halicarnasso, cidade de fundação dória, o mesmo povo do qual os Espartanos descendiam e, por isso, é natural que tenha querido favorecer os seus companheiros de raça. Essa atitude, de resto, valeu-lhe a crítica de Plutarco no seu Da Malícia de Heródoto, opúsculo onde defende que o historiador era claramente pró-espartano, o que toldaria em muito a sua visão dos acontecimentos. Mas também Plutarco não é isento – pois sendo natural da Beócia, a região que tinha por cabeça Tebas (à qual Heródoto lança duras críticas por ser simpatizante dos Persas), é natural que quisesse recontar a história sob um ponto de vista mais favorável à sua terra-natal. Por isso mesmo, podem os modernos historiadores interrogar-se, com propriedade, se o relato da batalha das Termópilas feito por Heródoto não constitui uma mera construção historiográfica destinada a justificar a superioridade militar de Esparta no contexto da Grécia.

Apesar de tudo, não é inverosímil que estivessem presentes apenas 300 Espartanos nas Termópilas; se é certo que a cidade invocara a realização do festival religioso de Carneia para se poder eximir a enviar um maior contingente de tropas (o que poderia denotar alguma má-vontade para com os parceiros da Liga, designadamente Atenas), não é menos verdade que Esparta deveria saber que contaria com um portentoso exército pela frente e, ainda assim, destacou o escol dos seus homens a fim de se sacrificar nas Termópilas: 300 homens, todos eles (segundo o relato do historiador) «com filhos» – por forma a que se pudesse perpetuar a tradição militarista da cidade –, comandados em pessoa por um dos reis de Esparta, Leónidas I.

Mesmo o pequeno número de soldados presentes por cada uma das outras cidades gregas está também relacionado com outro facto muito importante – 480 a.C. foi ano de Olimpíadas, durante as quais se proclamava a trégua sagrada e cessavam as hostilidades entre todos os inimigos na Grécia. Embora se tratasse de um inimigo externo (não-heleno), e se tratasse de uma situação de excepção, a trégua entre os Gregos não foi levantada.

Quanto ao campo do adversário, Heródoto fala em 2,1 milhões de Medo-Persas, acompanhados por 2,6 milhões de soldados auxiliares. Estes números são claramente excessivos (isto porque os Persas não dispunham de uma logística suficientemente avançada, nem tão-pouco o estéril solo grego teria capacidade para alimentar um número de indivíduos largamente excedentário face à população autóctone), quer porque Heródoto desconhecesse o número real, quer por pretender, muito provavelmente, impressionar o leitor, e realçar, por oposição, a pequenez da coligação helénica – a qual, não obstante ter perdido a batalha, acabou por, no fim, lograr vencer a guerra contra os Persas.
O embate=Nos começos de Agosto de 480 a.C., as forças da Liga posicionaram-se no interior do estreito, com Leónidas no supremo comando, tendo este no entanto que fazer face à tentativa de deserção dos Tebanos (acusados de simpatizarem com os Medos, ter-se-ão eventualmente deslocado às Termópilas apenas para que não recaísse sobre a sua cidade a inimizade e o opróbrio dos restantes membros da Liga, e tendo já provavelmente a secreta intenção de se furtarem a meio do combate, como viria, de facto, a suceder), e aos pedidos dos seus aliados do Peloponeso, que desejavam que as forças se concentrassem no Istmo de Corinto. A tudo isto o rei espartano respondeu com mão de ferro. Colocou ainda os Fócios a guardarem a rectaguarda do estreito, por forma a evitar qualquer ataque surpresa.

Ao mesmo tempo, os Persas aproximavam-se do desfiladeiro, tendo Xerxes montado o seu acampamento no topo de uma colina sobranceira, em Mália, onde instalou também o seu trono áureo, de onde observou, durante dias, o confronto armado entre os seus homens e os irredutíveis Helenos.Começa a batalha=Durante quatro dias, Xerxes esperou que fossem os Gregos a tomar a iniciativa, mas como tal não se verificasse decidiu ele mesmo atacar, na madrugada do quinto dia; os seus homens, armados somente com um pequeno escudo e uma lança de menores dimensões que a dos hoplitas gregos (cujo armamento – elmo, couraça, escudo, grevas, lança e uma pequena espada – lhes dava, nesta fase do confronto, uma superioridade decisiva), ao tentarem penetrar no desfiladeiro, viram-se completamente rechaçados, pois as falanges gregas facilmente destruíam as suas lanças e, desarmando-os dessa forma, fácil foi chaciná-los em seguida.

Xerxes, que observava o espectáculo, teria dito, segundo Heródoto, ter «muitos homens, mas poucos soldados» (VII, 210). De fato, embora Xerxes dispusesse da superioridade numérica, as condições físicas do estreito impediam-no de tirar partido dessa vantagem (designadamente, pela impossibilidade de fazer aí atacar a sua célebre cavalaria).

Mesmo quando Xerxes ordenou que os archeiros medos disparassem, os longos escudos dos Gregos protegeram-nos das flechas; é nesse contexto que Plutarco (nos seus Apótegmas dos Espartanos) atribui a Leónidas uma célebre afirmação, em resposta a um soldado que dissera que as flechas dos Medos tapavam o Sol: «Melhor, pois se os Medos taparem o Sol, combateremos à sombra» (Heródoto, porém, reporta esta afirmação a um tal Dieneces, tido como um dos mais bravos soldados de Esparta presentes neste prélio).

Plutarco afirma ainda que Xerxes procurou evitar o combate por todos os meios, tendo enviado cartas ao rei espartano, dizendo-lhe que lhe atribuiria o governo da satrapia da Grécia se este depusesse as armas e se passasse para o lado persa, ao que Leónidas teria respondido, muito laconicamente – como era característico dos Lacedemónios – «Vinde buscá-las!».

Como estas estratégias não davam resultados, Xerxes ordenou enfim que avançassem os 10 000 Imortais, comandados por Hidarnes. Tratava-se do corpo de élite da infantaria persa, o qual, de acordo com a tradição, devia o nome ao facto de, assim que morria um dos seus combatentes, este era imediatamente substituído, prefazendo dessa forma um total constante de dez mil, por isso mesmo tidos como «imortais». Embora melhor treinados e melhor equipados que o resto do exército, esta estratégia não surtiu o efeito desejado, não tendo sido capazes de amover os Gregos da sua posição no interior do estreito. Inclusivamente, o rei, sentado em seu trono no alto da colina, viu morrer um irmão seu neste confronto inútil.

[editar] A traição
Estátua de mármore do século V a.C., patente no Museu Arqueológico de Esparta. Representa um hoplita grego com o seu típico elmo, sendo que muitos historiadores querem mesmo ver neste mármore o busto do próprio Leónidas...)
Estátua de mármore do século V a.C., patente no Museu Arqueológico de Esparta. Representa um hoplita grego com o seu típico elmo, sendo que muitos historiadores querem mesmo ver neste mármore o busto do próprio Leónidas...)

Ao sexto dia, o rei persa, julgando que o cansaço tivesse domado os seus oponentes, resolveu voltar a atacar; ludibriou-se, porém, e não colheu melhores frutos que no dia anterior.

Foi então que apareceu, no acampamento persa, Efialtes, filho de Euridemo de Mális, nome que tem ecoado pelos séculos fora como sinónimo de traidor. Dirigira-se ao Rei de Reis na vã esperança de obter uma compensação pecuniária a troco de revelar um caminho secreto que conduzia à rectaguarda das Termópilas (onde se achavam os Fócios), através da montanha. Xerxes rejubilou com as novas, convocando Hidarnes e ordenando que os Imortais percorressem o dito caminho durante a noite, para poderem atacar os Gregos logo pela madrugada.

De facto, os Fócios, que guardavam a rectaguarda do estreito, só se aperceberam da progressão do inimigo quando já era tarde demais, tendo abandonado a sua posição diante do ataque dos archeiros Medos.

Entretanto, no interior do desfiladeiro, no acampamento dos Gregos, ultimavam-se os preparativos para aquele que viria a ser o derradeiro dia da batalha. Segundo Heródoto, um adivinho que se encontrava entre os soldados, Megístias, após analisar as entranhas dos animais sacrificados aos deuses, concluiu que a morte chegaria com a aurora (o que seria corroborado com o aparecimento de alguns desertores fócios no acampamento).

Leónidas reuniu o conselho de guerra, tendo as opiniões dos Helenos dividido-se: uns eram a favor da retirada pura e simples, para evitar uma inevitável chacina; outros defendiam que aí deviam permanecer até ao último homem. Leónidas resolveu o problema, declarando que todos os Aliados eram livres de partir, já que não sentia neles a coragem para combater; apenas ele e os seus trezentos homens não podiam desertar, pois a isso os obrigava a Constituição de Licurgo (que declarava constituir a deserção a suprema desonra para um Espartano); se pelo contrário ali permanecessem e morressem a pelejar, o seu nome seria cumulado de glória e jamais cairia no esquecimento.

Ao mesmo tempo, esta decisão do rei deve ter sido reforçada pela chegada de um oráculo da Pitonisa de Delfos; pouco antes do começo da batalha, Leónidas mandara inquirir de Apolo quem sairia vencedor da pugna, e agora a sacerdotisa do deus respondia-lhe que um dos reis de Esparta se deveria sacrificar para que a respectiva πόλις pudesse continuar de pé; se tal não sucedesse, a cidade seria reduzida a cinzas pelos Persas.
Detalhe da batalha das Termópilas – os Imortais Persas contornam as montanhas, após o traidor Efialtes lhes ter revelado o caminho, e surpreendem os Gregos pela rectaguarda, daí seguindo para Atenas e para a batalha naval ao largo da ilha de Salamina.
Detalhe da batalha das Termópilas – os Imortais Persas contornam as montanhas, após o traidor Efialtes lhes ter revelado o caminho, e surpreendem os Gregos pela rectaguarda, daí seguindo para Atenas e para a batalha naval ao largo da ilha de Salamina.

É evidente que, embora embelezem a narrativa, não há como provar a veracidade destas profecias, pelo que esta tradição poderia muito bem ter sido forjada já após a batalha; não obstante, há que ter em conta a franca popularidade de que o oráculo de Delfos desfrutou, ao longo dos séculos, no Mundo Antigo, para se poder supor que a tradição se baseia numa consulta real que Leónidas fez ao Templo de Apolo no «umbigo do Mundo».

Aliás, o mais provável é que Leónidas não tenha tido tempo sequer para pensar na glória futura; compreendendo a eminência do massacre, deverá ter ponderado ser preferível dispensar a maior parte do contigente estacionado nas Termópilas, incumbindo-o agora da organização da defesa da Grécia mais a Sul, no Istmo de Corinto, enquanto os poucos que restavam nas Termópilas protegiam a sua retirada.

Junto dos Trezentos, apesar de tudo, ficaram também os setecentos Téspios (comandados por Demófilo, filho de Diadromes) de livre e espontânea vontade, recusando-se a abandonar Leónidas e, como tal, tendo perecido juntamente com os Espartanos nas Termópilas (demonstra-se assim que, ao contrário do que tradicionalmente se afirma, não faleceram ali apenas os trezentos Espartanos). Segundo Heródoto, Leónidas requereu ainda que os quatrocentos Tebanos (chefiados por Leontíades), permanecessem junto de si, talvez para testar a sua fidelidade; porém, Plutarco tece fortes críticas a este passo de Heródoto, por parecer querer desprestigiar os seus compatriotas beócios; Diodoro Sículo, no seu relato da batalha, nem sequer menciona que os Tebanos tivessem permanecido na derradeira fase do confronto.

[editar] A chacina
Embora este baixo-relevo represente Dario I, o pai de Xerxes, sentado no seu trono imperial, pode-se supor que a sua aparência e os trajos reais não fossem muito diferentes dos aqui representados.
Embora este baixo-relevo represente Dario I, o pai de Xerxes, sentado no seu trono imperial, pode-se supor que a sua aparência e os trajos reais não fossem muito diferentes dos aqui representados.

Chegara finalmente a aurora do sétimo dia; os Persas haviam já contornado o desfiladeiro, ora desguarnecido pelos Fócios, e iniciam o seu ataque por ambos os lados do estreito; os Gregos, cônscios de que não havia outra saída que não fosse a morte, pareciam não a temer e, segundo as Histórias, lutavam com ainda mais afinco que nos dias anteriores, causando grandes perdas entre os invasores.

Perante este último ataque dos Bárbaros, quebradas que estavam a maior parte das lanças gregas pelos machados dos Persas, os Helenos, cercados, enfrentaram por fim o inimigo com as espadas, numa luta corpo-a-corpo, falecendo assim de modo honroso. Dessa forma caiu Leónidas, no meio dos seus soldados, os quais, de acordo com Heródoto, ao verem o seu rei perecer, logo procuraram recuperar o seu cádaver, qual troféu de guerra que importava preservar ao máximo dos ultrajes que o inimigo lhe poderia provocar.

Com efeito, quando a batalha acabou, Xerxes dirigiu-se pessoalmente ao campo onde se travara peleja, procurando pelo corpo de Leónidas – o responsável pelo seu atraso na conquista da Grécia e pelo tão elevado número de perdas entre os seus homens –, ordenando de seguida que fosse decapitado e a sua cabeça empalada (facto que ditou, de acordo com a tradição, que a alma penada de Leónidas, vagueando no Tártaro, atormentasse Xerxes nos seus sonhos para sempre, não só por não haver celebrado as suas exéquias – parte integrante do riquíssimo ritual bélico da Antiguidade – como ainda por haver profanado o seu corpo).

Mas a salvação do corpo do seu rei não foi o único problema com que os Espartanos se debateram; a sua maior dificuldade eram as deserções que continuavam a verificar-se (Heródoto cita os nomes de dois Lacedemónios que teriam sobrevivido à batalha, afirmando mesmo que um deles cometeu suicídio por não aguentar a pressão da desonra, demonstrando assim que até entre os míticos Espartanos houve deserções, e que nem todos os Trezentos teriam morrido na batalha); a maior parte delas, porém, vinha do campo dos Tebanos, os quais, a meio da batalha, se viraram para o inimigo. Se essa traição teria sido já acordada previamente, se foi fruto puro e simples das circunstâncias em que a peleja se proporcionava, ou se se trata simplesmente uma invenção de Heródoto, não se sabe. Certo é que, segundo o seu relato, Xerxes, descontente, ordenou que metade dos combatentes tebanos fosse massacrada, e a outra metade escravizada – destinando-se o castigo a punir a demora no honrar do acordo de aliança celebrado.

[editar] As consequências
Rota seguida pelos invasores persas rumo às Termópilas, Salamina e Plateias (480 a.C. – 479 a.C.).
Rota seguida pelos invasores persas rumo às Termópilas, Salamina e Plateias (480 a.C. – 479 a.C.).

O desfecho da batalha parece ser, à primeira vista, uma retumbante vitória dos Persas. Mas bem observados os factos, esta vitória teve tanto de esmagadorra como de pírrica.

Faleceram nas Termópilas cerca de dois mil Gregos (muito mais que os míticos trezentos [2]Espartanos); porém, antes de caírem mortos, os Gregos infligiram um elevado número de baixas no exércio persa (talvez entre 10 a 30 mil homens), isto para além de reterem a sua marcha durante vários dias; os homens e o tempo perdido nas Termópilas foram cruciais para o subsequente fracasso de Xerxes, pois nesse lapso temporal possibilitou-se a evacuação da população de Atenas (cidade que será saqueada e incendiada pelos homens de Xerxes – como represália por haver sido a grande responsável pelo dealbar da I Guerra Médica) para a vizinha ilha de Salamina, bem como a concentração das forças gregas remanescentes ao longo do Istmo de Corinto.

A batalha naval do cabo Artemísion, travada ao norte da Eubeia, escassos dias após as Termópilas, redundou num empate técnico, e só nos começos de Setembro se começou enfim a esboçar a derrota do Rei de Reis: o estratego ateniense Temístocles forçou a armada persa a entrar no estreito de Salamina; aí, as pesadas embarcações persas viram-se incapazes de manobrar diante das ágeis trirremes atenienses, tendo acabado aquelas por sofrer uma copiosa derrota, o que levou Xerxes a regressar à Ásia. No ano seguinte, a machadada final é dada em Plateias, nunca mais voltando a Pérsia a tentar invadir a Grécia Continental. As hostilidades prosseguiriam, no entanto, até à assinatura da Paz de Cálias, em 449 a.C., já durante o reinado de Artaxerxes I. O perigo medo, nunca completamente esquecido, só seria dominado cento e cinquenta anos mais tarde, quando Alexandre III da Macedónia, o Grande, invadiu o Próximo Oriente e conquistou o vasto império de Dario III.

[editar] Os motivos

A historiografia moderna acha-se ainda contaminada pela visão que o Romantismo oitocentista legou desta batalha: os Gregos, tradicionalmente desunidos, resolveram unir-se e lutar contra um inimigo comum, pois sentiam-se membros de uma mesma raça – afinal, partilhavam o mesmo idioma, prestavam culto aos mesmos deuses, e celebravam comummente, por exemplo, de quatro em quatro anos, os Jogos Olímpicos, o exemplo mais demonstrativo do pan-helenismo. Agora, uniam-se para lutar contra um inimigo comum, que teria vindo para os subjugar, fazer dos livres Helenos meros súbditos do Rei de Reis; mais do que isso, uniam-se para preservar, não só a sua liberdade, como também a mais original das suas criações: a democracia, que vigorava em várias das suas πόλεις. Para isso, um grupo de soldados de élite – movidos pela virtude do heroísmo, tão apreciada pelos românticos – teria preferido pagar com a vida a defesa desses ideais, tornando-se num símbolo de coragem, espírito de sacríficio, e de resistência ao invasor.

Não é crível que os Gregos tivessem a consciência de constituírem uma Nação, no sentido que modernamente se dá ao termo (sentido esse forjado a partir do século XIX, precisamente pelos românticos). De igual modo, também parece improvável que os Helenos tenham tido a real noção de que a luta que estavam a travar era, mais que a simples defesa do seu território, um confronto de civilizações, entre valores e ideias radicalmente distintas.

Mais, a liberdade e o sistema de governo dos Gregos não estariam assim tão ameaçados pelo Império Persa (o qual, se comparado com os que o antecederam – como o assírio ou o babilónio –, era relativamente pacífico e tolerante); de facto, os Persas não foram os tiranos a que a historiografia grega alude – o desconhecimento, de parte a parte, dos costumes e tradições de cada um dos lados, levou à formação de mitos sobre ambos os povos sem qualquer fundo de verdade. Dessa forma foi fácil ao Romantismo aproveitar esses dados para fazer persistir a imagem do Persa como opressor quase até aos dias de hoje, quando na verdade, os Persas protegiam os costumes locais (foi durante o domínio persa que, por exemplo, os Judeus deportados na Babilónia regressaram a Jerusalém para reconstruir o Templo), e tinham o cuidado de não impor, nem a sua língua (usavam o aramaico, lingua franca do Próximo Oriente antigo, como idioma da administração, e não o persa), nem a sua religião (o zoroastrismo) aos seus súbditos. Provavelmente o sistema democrático iria colidir com as noções de súbdito e de império, mas é bem provável que, à parte isso, os Gregos tivessem podido integrar-se, sem qualquer problema, naquele que tentou ser o primeiro grande império universal da História.

Quanto ao sacrifício dos Espartanos, tal deve ser entendido no quadro da sua própria mentalidade – como foi dito, estavam vocacionados desde a mais tenra infância para a vida militar, de tal forma que, muito provavelmente, a perspectiva de serem chacinados em combate não os terá perturbado minimamente (ainda que, não obstante, Heródoto documente dois casos de deserções entre os Espartanos).

[editar] Importância militar

As Termópilas constituem o exemplo, em termos de estratégia militar, de como um pequeno grupo de soldados bem treinados pode ter, em circunstâncias de desigualdade numérica, um grande impacto sobre um número de inimigos muito maior (tal como sucedeu também, por exemplo, no Álamo); contudo, esta estratégia só é eficaz num terreno desfavorável ao inimigo (campo fechado), pois, como foi dito, se a batalha tivesse sido travada numa planície, facilmente os Gregos sairiam derrotados.

[editar] Inspiração
Monumento erigido a Leónidas nas Termópilas, em 1955.
Monumento erigido a Leónidas nas Termópilas, em 1955.

O desfecho das Termópilas tem causado, ao longo da História, a maior impressão a diversos homens das letras e das artes.

Deve-se citar, entre os primeiros, o poeta Simónides de Céos, que escreveu um famosíssimo epitáfio que foi colocado no local onde a batalha se travou (o qual aparece transcrito nas Histórias por Heródoto), e que rezava o seguinte:

´Ω ξεíν´, ´αγγέλλειν Λακεδαιμονíοις ´οτι τηδε
κείμεθα τοîς κείνων ρήμασι πειθόμενοι.

O que transliterado dá:

O xein', angellein Lakedaimoniois hoti tede
keimetha tois keinon rhemasi peithomenoi.

E traduzindo para língua portuguesa (seguindo a versão de Maria Helena da Rocha Pereira, helenista da Universidade de Coimbra), temos:

«Estrangeiro, vai contar aos Lacedemónios que jazemos
aqui, por obedecermos às suas normas.»
(in Hélade, 6.ª ed., Coimbra, FLUC, 1995, p. 148).

Também Cícero, nas suas TVSCVLANÆ QVÆSTIONES (I, 42), verteu este dístico para latim, do seguinte modo:

DIC HOSPES SPARTÆ NOS TE HIC VIDISSE IACENTES,
DVM SANCTIS PATRIÆ LEGIBVS OBSEQVIMVR.

Ou seja:

Estrangeiro que passas, diz a Esparta teres-nos visto aqui jacentes
obedecendo às santas leis da Pátria.

O mesmo Simónides escreveu igualmente outro dístico, não tão conhecido, que canta o seguinte:

Aqui combateram um dia, contra três milhões,
quatro mil homens do Peloponeso.

Indiferente também não lhe ficou o poeta português Luís Vaz de Camões, que alude a Leónidas no passo de Termópilas no último canto de Os Lusíadas, estância 21:

«Ou quem, com quatro mil Lacedemónios,
O passo de Termópilas defende [...]»

O poeta inglês Lord Byron (conhecido pelo seu filelenismo, que o levou à Grécia recém-liberta do jugo otomano, a fim de lutar pela sua independência – quase uma reedição do conflito entre Gregos e Persas na Antiguidade –, tendo inclusivamente encontrado a morte quando os Turcos puseram cerco à cidade de Missolonghi, em 1824) alude também às Termópilas, num excerto de um seu poema, The Islands of Greece:

«[...]
Earth! render back from out thy breast
A remnant of our Spartan dead!
Of the three hundred grant but three,
To make a new Thermopylæ!»

Uma referência à batalha das Termópilas é também feita no hino nacional da Colômbia, que reza o seguinte, na sua estância IX:
Leónidas nas Termópilas, por Jacques-Louis David (1814).
Leónidas nas Termópilas, por Jacques-Louis David (1814).

«La patria así se forma,
Termópilas brotando
constelación de cíclopes
su noche iluminó
[...]»

É ainda de destacar a conhecida banda desenhada 300, da autoria de Frank Miller (1999), bem como a obra de Steven Pressfield Gates of Fire. An Epic Novel of the Battle of Thermopylæ (1998), já traduzida em Portugal.

No que toca às artes plásticas, é de realçar o óleo de David, Leónidas nas Termópilas, datado de 1814, dos alvores do Romantismo. Está patente ao público no Louvre, em Paris.

Por fim, ao nível da sétima arte, destaque também para um filme realizado em 1962 pelo polaco Rudolp Maté, The 300 Spartans.

[editar] Fontes

* Heródoto de Halicarnasso, Histórias, Livro VII, 202-239.
* Diodoro Sículo, Livraria Histórica, Livro XI
* Ésquilo, Persas
* Estrabão, Geografia
* Isócrates de Atenas, Arquidamo; Panegírico
* Pausânias, Descrição da Hélade
* Plutarco, Apótegmas dos Espartanos; Apótegmas das Mulheres Espartanas; Antigos Costumes dos Espartanos; Da Malícia de Heródoto
O poderoso exército de Xerxes, estimado em uns sessenta a setenta mil homens (a tradição grega diz que marchavam com milhões de homens), e melhor equipados que os anteriores, partiu em 480 a.C. "Levavam na cabeça uma espécie de sombreiro chamado tiara, de feltro de lã; ao redor do corpo, túnica; cobriam suas pernas com uma espécie de calças largas; ao invés de escudos de metal levavam escudos de vime; lanças curtas, arcos grandes, flechas e punhais na cintura" (Homero).

Cruzaram o Helesponto e seguindo a rota da costa entraram na península. As tropas helenicas, que conheciam estes movimentos, decidiram detê-los ao máximo no desfiladeiro das Termópilas (que significa Portas Quentes).

Neste lugar, o rei espartano Leônidas colocou uns trezentos soldados espartanos e mais mil de outras regiões. Xerxes lhe enviou uma mensagem: "Entregue-se espartano, minhas flechas serão tão numerosas que cobrirão o sol."Leônidas então respondeu: "Ótimo, então lutaremos na sombra". Após cinco dias de espera e vendo que sua superioridade numérica não intimidava o inimigo, os persas atacaram.

Naquele desfiladeiro tão estreito os persas não podiam usar sua famosa cavalaria, e sua superioridade numérica estava bloqueada, visto que suas lanças eram mais curtas que as gregas. O estreito fazia com que o combate fosse com similaridade numérica de combatentes, e não lhes coube senão regressar depois de dois dias de batalha.

Mas ocorreu que os gregos foram traídos por Efíaltes, que conduziu Xerxes através dos bosques para chegar pela retaguarda à saída das Termópilas. A proteção do caminho havia sido encomendada a mil foceus, que tinham excelentes posições defensivas, mas se acovardaram ante o avanço persa e fugiram. Ao saber da notícia, alguns gregos viram o inútil de sua situação e para evitar uma matança, Leônidas decidiu então deixar partir quem quisesse, ficando ele e seus espartanos firmes em seus postos.

Atacados, os espartanos sucumbiram depois de derrubar muito sangue persa. Posteriormente se levantaria nesse lugar a inscrição: "Viajante, vê e diz a Esparta que morremos por cumprir com suas sagradas leis".

[editar] A Batalha de Salamina

Ver artigo principal: Batalha de Salamina.

Com o passo das Termópilas franco, toda a Grécia central estava aos pés do rei persa. Após a derrota de Leônidas, a frota grega abandonou suas posições em Eubea e evacuou Atenas, buscando refúgio para as mulheres e os filhos nos arredores da ilha de Salamina. Desse lugar presenciaram o saque e incêndio da Acrópole pelas tropas dirigidas por Mardônio. Apesar disto, Temístocles tinha um plano: atrair a frota persa e estabelecer batalha na Salamina, em uma estratégia que seria vitoriosa. Conta a lenda que Temístocles se fez passar por traidor ante o rei da Persa, incitando-o a uma vitória segura em Salamina, mas esta anedota é provavelmente falsa.

[editar] Temístocles

O certo é que Xerxes decidiu entravar o combate naval, utilizando um grande número de barcos, muitos deles de seus súditos fenícios. A frota persa não tinha coordenação ao atacar, enquanto que os gregos tinham mostrado sua estratégia: suas alas envolveriam os navios persas e os empurrariam uns contra os outros para privá-los de movimento. Seu plano resultou em um caos entre a frota persa, com terrível resultado: seus barcos se chocaram entre si, indo a pique muitos deles e contando ainda que os persas não eram bons nadadores, enquanto os gregos ao cair ao mar podiam nadar até a praia. A noite pôs fim ao combate, do qual se retirou destruída a outrora poderosa armada persa. Xerxes presenciou impotente a batalha, do alto de uma colina.

"Os helenos sabiam que quando chega a hora do combate, nem o número nem a majestade dos barcos nem os gritos de guerra dos bárbaros podem atemorizar os homens que sabem se defender corpo a corpo, e têm o valor de atacar o inimigo" (Plutarco)

[editar] Fim das Guerras Médicas – a Batalha de Platéias

Ver artigo principal: Batalha de Platéias.

Temístocles quis levar a guerra à Ásia, enviar ali a frota e sublevar as colônias jônicas contra o rei da Pérsia, mas Esparta se opôs, por temor de deixar desprotegido o Peloponeso. Por estas razões, a guerra continuou na Europa, voltando o exército persa a invadir o Ática em 479 a.C. Mardônio ofereceu a liberdade aos gregos se firmassem a paz, mas o único membro do conselho de Atenas que votou por essa causa foi condenado à morte por seus companheiros. Desta forma, os atenienses souberam buscar refúgio novamente em Salamina, sendo incendiada sua cidade pela segunda vez.

Ao saber que o exército espartano (ameaçado pelos atenienses para que lhes dessem ajuda) se dirigia contra eles, os persas se retiraram até o Oeste, em Platéias. Dirigidos por seu regente Pausânias, conhecido por seu sangue frio, os espartanos conseguiram em 479 a.C. outra estrondosa vitória sobre os persas, capturando de uma vez um grande barco que estavam esperando no acampamento persa. Junto à vitória em Platéia, ocorreu pouco tempo depois a rendição da frota persa em Micala, que foi também um sinal para o levantamento dos jônios contra seus opressores. Os persas se retiraram da Hélade, pondo assim fim aos sonhos de Xerxes de conquistar o mundo helênico. Desta forma as Guerras Médicas, em que se enfrentaram pela primeira vez o Oriente e o Ocidente, chegaram ao fim.
Batalha de Salamina=Batalha naval que opôs a frota persa, liderada por Xerxes, à grega, comandada por Temístocles.
Trirreme Grego
Trirreme Grego

O acontecimento deu-se no estreito que separa Salamina da Ática, no mês de Setembro de 480 a.C. Após as vitórias na Tessália e em Termópilas, a devastação da Beócia e da Ática, o rei persa Xerxes entrou em Atenas, destruindo inclusive os monumentos da Acrópole, desenvolvendo aquela que ficou conhecida pela Segunda Guerra Médica

Enquanto os coríntios e os espartanos defendiam uma aglomeração militar no Istmo, Temístocles concentra a frota de 200 embarcações (trirremes) na baía de Salamina, enfrentando a frota persa, que, apesar do seu maior número, tinha dificuldades evidentes de maneabilidade no espaço exíguo do estreito, pelo que é completamente derrotada pelos gregos. Xerxes é obrigado a regressar à Ásia, deixando o comando das tropas restantes ao seu lugar-tenente Mardónio, que será derrotado em 479 a. C. na batalha de Platea e Micala, nas costas da Ásia Menor.

Diante da necessidade de organizar a defesa e de equipar o exercito, Atenas liderou a formação da Confederação de Delos, uma aliança entre várias cidades-estados gregas que deveriam contribuir com navios ou dinheiro nos gastos da guerra.

2007-03-17 09:57:48 · answer #4 · answered by Anonymous · 1 3

resposta
resumo sobre guerras médicas=Dá-se o nome de Guerras Médicas (ou Guerras Medas, Guerras Greco-Persas e Guerras Persas) aos enfrentamentos entre os antigos gregos e o Império Persa durante o século V a.C
Guerras Médicas=As Guerras Médicas ocorreram entre os povos gregos (aqueus, jônios, dórios e eólios) e os medo-persas, pela disputa sobre a Jônia na Ásia Menor, quando as colônias gregas da região, principalmente Mileto, tentaram livrar-se do domínio persa.

Esta região da Jônia era colonizada pela Grécia, mas durante a expansão Persa em direção ao Ocidente, este poderoso Império conquistou estas diversas colônias gregas da Ásia Menor, entre elas a importante cidade de Mileto. As colônias lideradas por Mileto e contando com a ajuda de Atenas, tentaram, sem sucesso, libertar-se do domínio persa, promovendo uma revolta.

Estas revoltas provocaram o rei Dario I, da Pérsia, a lançar seu poderoso exército sobre a Grécia Continental, dando início às Guerras Médicas. O que estava em jogo era o controle marítimo-comercial no Mundo Antigo.

Nesse primeiro confronto (a primeira guerra médica), surpreendentemente, cerca de dez mil gregos, liderados pelo ateniense Milcíades, conseguiram impedir o desembarque de mais de vinte mil persas (alguns autores falam em 50 mil, outros em 250 mil, não se sabe precisamente o efetivo persa), vencendo-os na Batalha de Maratona, no ano de 490 a.C.

Para se defenderem dos persas, algumas cidades-Estado gregas organizaram a Confederação de Delos, ou Liga de Delos, (cuja sede ficava na Ilha de Delos), da qual se aproveitou Atenas para se sobrepor no mundo grego, pois era responsável pelo dinheiro da Confederação e passou a usá-lo em benefício próprio. Com isso, impulsionou sua indústria, seu comércio e modernizou-se, ingressando numa era de grande prosperidade, e impondo sua hegemonia ao mundo grego. O auge dessa época ocorreu entre 461 a 431 a.C., durante governo de Péricles, por isto o século V a.C. é também chamado o Século de Péricles.

Os persas, entretanto não desistiram. Dez anos depois voltaram a atacar as cidades gregas (2ª guerra médica). Estas, por sua vez, esqueceram as disputas internas que existiam entre elas e uniram-se, vencendo os persas na Batalha de Salamina (480 a.C.) e na de Plateias (479 a.C.)

Após as guerras médicas, os gregos voltaram a enfrentar-se internamente e, de 431 a 404 a.C., decorreu a Guerra do Peloponeso, entre a Confederação de Delos (liderada por Atenas) e a Liga do Peloponeso (liderada por Esparta). Após tantas guerras, as cidades gregas ficaram debilitadas e foram conquistadas por Felipe II da Macedônia, em 338 a.C,na batalha de Queronéia. Filipe II foi sucedido por seu filho Alexandre, que ampliou consideravelmente o domínio macedônico conquistando a Síria, a Fenícia, a Palestina, o Egito, a Pérsia e parte da Índia.
Antecedentes=Nas costas ocidentais da Ásia Menor, colônias gregas se dedicavam principalmente ao comércio, desejando substituir neste aspecto os fenícios. A prosperidade e independência destas cidades jônicas terminou quando elas caíram uma após a outra nas mãos do rei Creso de Lidia, sendo obrigadas a pagar tributos, e a situação ficou ainda pior quando o reino de Lídia caiu nas mãos do rei persa Ciro, em 546 a.C., tendo as cidades gregas o mesmo destino.

Posteriormente, o rei persa Dario I governou as cidades gregas com tato e procurando ser tolerante, seguindo a estratégia de dividir e vencer, apoiando o desenvolvimento comercial dos fenícios, que tinham sido anteriormente submetidos a seu império, e que eram rivais tradicionais dos gregos.

Além disto, os jônios sofreram mais golpes, como a conquista de seu florescente subúrbio de Naucratis no Egito, a conquista de Bizâncio, chave do Mar Negro e a queda de Sibaris, um de seus maiores mercados de tecidos e ponto de apoio vital para o comércio.Destas acções surgiu um ressentimento contra o opressor persa, sentimento que foi aproveitado pelo ambicioso tirano de Mileto, Aristágoras, para mobilizar as cidades jônicas contra o Império Persa, em 499 a.C.

Aristágoras pediu ajuda às metrópoles de Hélade, mas somente Atenas (que enviou vinte barcos – provavelmente a metade de sua frota) e Erétria (na ilha de Eubeia – que aportou cinco navios), acudiram o pedido. Esparta não ofereceu nenhuma ajuda. O exército grego dirigiu-se a Sardes, capital da Satrapia persa de Lídia, e reduziu-a a cinzas, enquanto que a frota recuperava Bizâncio. Dario I, enfurecido, mandou seu exército, que destruiu o exército grego em Éfeso, e afundou a frota helénica na batalha naval de Lade.

Tentando sufocar a rebelião, os persas reconquistaram, uma após outra, as cidades jônias e, depois de um longo assédio, arrasaram Mileto, matando a maior parte da população na batalha e escravizando os sobreviventes, que foram deportados para a Mesopotâmia.
A Primeira Guerra Médica=Após o duro golpe dado às cidades jônias, Dario decidiu castigar aqueles que haviam auxiliado os rebeldes, encarregando a represália a seu sobrinho Artafernes e a um nobre chamado Datis.

Em Atenas alguns homens já viam os sinais do iminente perigo. O primeiro deles foi Temístocles, eleito arqueiro em 493 a.C. Temístocles acreditava que em Hélade não teria salvação em caso de um ataque persa, se Atenas não desenvolvesse antes uma poderosa marinha.

Dessa forma, fortificou o porto de Pireu, convertendo-o em uma poderosa base naval, mas logo surgiria um rival político que impediria o resto de suas reformas. Se tratava de Milcíades, membro de uma grande família ateniense das costas da Ásia Menor. Se opunha a Temístocles porque considerava que os gregos deviam defender-se primeiro por terra, acreditando na supremacia das largas lanças gregas contra os arqueiros persas. Os atenienses decidiram por em suas mãos a situação, enfrentando assim a invasão persa.

A frota persa chegou por mar no verão de 490 a.C., dirigidos por Artafernes, conquistando as ilhas Cícladas e posteriormente Eubea, como represália por sua intervenção na revolta jônia. Posteriormente, o exército persa, comandado por Datis, desembarcou na costa oriental da Ática, em Maratona, lugar recomendado por Hipias (anterior tirano de Atenas) por ser considerada o melhor lugar.
A Segunda Guerra Médica=Temístocles retoma o mando em Atenas

O vitorioso Milcíades quis aproveitar o momento de glória para expandir o poder de Atenas no Mar Egeu, e logo depois da batalha em Maratona enviou uma parte da frota contra as ilhas Cícladas, submetidas pelos persas.

Atacou a ilha de Paros, exigindo aos seus habitantes um tributo de 100 talentos, que foram negados, então a cidade foi ocupada, mas a defesa foi tão árdua que os gregos tiveram que contentar-se com uns poucos saques. Este pobre resultado começou a desiludi-los com relação a Milcíades, chegando inclusive a vê-lo como um tirano que depreciava as leis.

Os inimigos de Milcíades o acusaram de ter enganado o povo e o submeteram a um processo, o qual não pode se defender por ter sido ferido em um acidente e estar prostrado em uma cama. Ele foi declarado culpado, sendo salvo da pena capital comum nestes casos pelos serviços prestados anteriormente à pátria, mas foi condenado a pagar a elevada soma de 50 talentos. Pouco depois morreu por causa de suas feridas. Seria agora Temístocles quem tomaria o comando de Atenas.

Em 481 a.C., os representantes de diferentes polis, liderados por Atenas e Esparta, firmaram um pacto militar (simmaquia) para protegerem-se de um possível ataque do Império Persa. Segundo este pacto, em caso de invasão corresponderia a Esparta a tarefa de comandar o exército helênico, em uma trégua geral, que inclusive propiciou o retorno de alguns exilados.

[editar] "Terão toda a terra e a água que quiserem"

Após a morte de Dario, seu filho Xerxes subiu ao poder na Pérsia, ocupando-se nos primeiros anos de seu reinado de reprimir revoltas no Egito e na Babilônia e continuando a preparação para atacar os gregos. Antes havia enviado à Grécia embaixadores a todas as cidades para pedir-lhes terra e água, símbolos de submissão. Muitas ilhas e cidades aceitaram, mas Atenas e Esparta não. Conta-se que os espartanos responderam aos embaixadores "Terão toda a terra e água que quiserem" e os jogaram em um poço. Era uma declaração de intenções definitiva.

Em Esparta começaram a ocorrer problemas nefastos, que seriam causados pela ira dos deuses devido a este ato de insolência. Os cidadãos espartanos foram chamados para solicitar se algum deles seria capaz de se sacrificar para satisfazer os deuses e aplacar sua ira. Dois ricos espartanos ofereceram-se para se entregar ao rei persa, e se dirigiram para Susa, onde Xerxes os recebeu. Os emissários espartanos lhe disseram: "Rei dos Medos, fomos enviados para que possas vingar a morte dada a vossos embaixadores em Esparta". Xerxes lhes respondeu que não ia cometer o mesmo crime e que nem com sua morte os libertaria da desonra.

[editar] As Termópilas

Ver artigo principal: Batalha das Termópilas.

O poderoso exército de Xerxes, estimado em uns sessenta a setenta mil homens (a tradição grega diz que marchavam com milhões de homens), e melhor equipados que os anteriores, partiu em 480 a.C. "Levavam na cabeça uma espécie de sombreiro chamado tiara, de feltro de lã; ao redor do corpo, túnica; cobriam suas pernas com uma espécie de calças largas; ao invés de escudos de metal levavam escudos de vime; lanças curtas, arcos grandes, flechas e punhais na cintura" (Homero).

Cruzaram o Helesponto e seguindo a rota da costa entraram na península. As tropas helenicas, que conheciam estes movimentos, decidiram detê-los ao máximo no desfiladeiro das Termópilas (que significa Portas Quentes).

Neste lugar, o rei espartano Leônidas colocou uns trezentos soldados espartanos e mais mil de outras regiões. Xerxes lhe enviou uma mensagem: "Entregue-se espartano, minhas flechas serão tão numerosas que cobrirão o sol."Leônidas então respondeu: "Ótimo, então lutaremos na sombra". Após cinco dias de espera e vendo que sua superioridade numérica não intimidava o inimigo, os persas atacaram.

Naquele desfiladeiro tão estreito os persas não podiam usar sua famosa cavalaria, e sua superioridade numérica estava bloqueada, visto que suas lanças eram mais curtas que as gregas. O estreito fazia com que o combate fosse com similaridade numérica de combatentes, e não lhes coube senão regressar depois de dois dias de batalha.

Mas ocorreu que os gregos foram traídos por Efíaltes, que conduziu Xerxes através dos bosques para chegar pela retaguarda à saída das Termópilas. A proteção do caminho havia sido encomendada a mil foceus, que tinham excelentes posições defensivas, mas se acovardaram ante o avanço persa e fugiram. Ao saber da notícia, alguns gregos viram o inútil de sua situação e para evitar uma matança, Leônidas decidiu então deixar partir quem quisesse, ficando ele e seus espartanos firmes em seus postos.

Atacados, os espartanos sucumbiram depois de derrubar muito sangue persa. Posteriormente se levantaria nesse lugar a inscrição: "Viajante, vê e diz a Esparta que morremos por cumprir com suas sagradas leis".

[editar] A Batalha de Salamina

Ver artigo principal: Batalha de Salamina.

Com o passo das Termópilas franco, toda a Grécia central estava aos pés do rei persa. Após a derrota de Leônidas, a frota grega abandonou suas posições em Eubea e evacuou Atenas, buscando refúgio para as mulheres e os filhos nos arredores da ilha de Salamina. Desse lugar presenciaram o saque e incêndio da Acrópole pelas tropas dirigidas por Mardônio. Apesar disto, Temístocles tinha um plano: atrair a frota persa e estabelecer batalha na Salamina, em uma estratégia que seria vitoriosa. Conta a lenda que Temístocles se fez passar por traidor ante o rei da Persa, incitando-o a uma vitória segura em Salamina, mas esta anedota é provavelmente falsa.

[editar] Temístocles

O certo é que Xerxes decidiu entravar o combate naval, utilizando um grande número de barcos, muitos deles de seus súditos fenícios. A frota persa não tinha coordenação ao atacar, enquanto que os gregos tinham mostrado sua estratégia: suas alas envolveriam os navios persas e os empurrariam uns contra os outros para privá-los de movimento. Seu plano resultou em um caos entre a frota persa, com terrível resultado: seus barcos se chocaram entre si, indo a pique muitos deles e contando ainda que os persas não eram bons nadadores, enquanto os gregos ao cair ao mar podiam nadar até a praia. A noite pôs fim ao combate, do qual se retirou destruída a outrora poderosa armada persa. Xerxes presenciou impotente a batalha, do alto de uma colina.

"Os helenos sabiam que quando chega a hora do combate, nem o número nem a majestade dos barcos nem os gritos de guerra dos bárbaros podem atemorizar os homens que sabem se defender corpo a corpo, e têm o valor de atacar o inimigo" (Plutarco)

[editar] Fim das Guerras Médicas – a Batalha de Platéias

Ver artigo principal: Batalha de Platéias.

Temístocles quis levar a guerra à Ásia, enviar ali a frota e sublevar as colônias jônicas contra o rei da Pérsia, mas Esparta se opôs, por temor de deixar desprotegido o Peloponeso. Por estas razões, a guerra continuou na Europa, voltando o exército persa a invadir o Ática em 479 a.C. Mardônio ofereceu a liberdade aos gregos se firmassem a paz, mas o único membro do conselho de Atenas que votou por essa causa foi condenado à morte por seus companheiros. Desta forma, os atenienses souberam buscar refúgio novamente em Salamina, sendo incendiada sua cidade pela segunda vez.

Ao saber que o exército espartano (ameaçado pelos atenienses para que lhes dessem ajuda) se dirigia contra eles, os persas se retiraram até o Oeste, em Platéias. Dirigidos por seu regente Pausânias, conhecido por seu sangue frio, os espartanos conseguiram em 479 a.C. outra estrondosa vitória sobre os persas, capturando de uma vez um grande barco que estavam esperando no acampamento persa. Junto à vitória em Platéia, ocorreu pouco tempo depois a rendição da frota persa em Micala, que foi também um sinal para o levantamento dos jônios contra seus opressores. Os persas se retiraram da Hélade, pondo assim fim aos sonhos de Xerxes de conquistar o mundo helênico. Desta forma as Guerras Médicas, em que se enfrentaram pela primeira vez o Oriente e o Ocidente, chegaram ao fim.
A batalha de Maratona ocorreu durante a Primeira Guerra Médica em Setembro de 490 a.C., no local onde hoje é a localidade de Marathónas, a leste de Atenas.

Milcíades, avisado do desembarque persa, incumbiu os atenienses a fazerem frente. Enviaram Fidípides a Esparta para solicitar ajuda, correndo 220 quilômetros em um dia a cavalo. Os espartanos prometeram enviar ajuda, mas argumentaram que, por razões religiosas (já que se encontravam no nono dia do mês lunar), não poderiam fazê-lo antes de seis dias. Milcíades não podia esperar tanto tempo, e se lançou ao ataque contra os persas com os efetivos que dispunha.
A Batalha de Maratona - posições iniciais das tropas gregas (azul) e persas (vermelho).
A Batalha de Maratona - posições iniciais das tropas gregas (azul) e persas (vermelho).

O número de atenienses flutuavam provavelmente entre dez e quinze mil combatentes, e as forças persas com uns vinte mil. Heródoto diz que os persas tinham seiscentos barcos, se bem que outros autores gregos aumentam as forças inimigas até um milhão de efetivos, dado exagerado e inverossímil. Os gregos cercaram os persas, que responderam com uma chuva de flechas, levando os gregos a precipitarem contra o inimigo, e forçando a disposição em formações fechadas, impedindo o uso da cavalaria.
Batalha de Maratona - O assédio duplo dos gregos.
Batalha de Maratona - O assédio duplo dos gregos.

Esta ação foi determinante, pois os persas não podiam fazer muito contra as largas lanças das forças gregas preparadas para um combate corpo a corpo, já que seus arcos não os serviam, e as espadas, punhais e espadas curtas não podiam fazer grande dano aos gregos protegidos com couraça. Os persas ofereceram grande resistência, conseguindo romper em um momento o cerco grego, mas logo foi reagrupado, e estes os fizeram recuar até o local do desembarque, onde se deu a última parte do combate.

Os atenienses capturaram sete barcos, mas eram insuficientes para impedir a retirada do exército inimigo, que foi totalmente massacrado. As tropas persas, derrotadas, regressaram à Ásia, mas isto não significava que o problema estava solucionado entre persas e gregos, pois logo ocorreria uma nova guerra.

Fidípides, segundo conta a lenda, foi mandado por Milcíades a correr os 42 quilômetros que separavam a Maratona de Atenas para anunciar a vitória grega. Após anunciá-la com a frase "Alegrai-vos, atenienses, nós vencemos!", caiu morto devido ao esforço.
A Batalha das Termópilas, travada no contexto da II Guerra Médica, decorreu no Verão de 480 a.C., no desfiladeiro das Termópilas, na Grécia Central. Ali, de acordo com a tradição veiculada pelo historiador Heródoto de Halicarnasso, 300[1] Espartanos, sob o comando do seu rei Leónidas I, acompanhados por não mais de 7 000 aliados de outras πόλεις (cidades-Estado) helénicas, enfrentaram milhões de Persas (na verdade, talvez apenas um quarto de milhão de homens) liderados por Xerxes, filho de Dario I.

Não obstante o exagero dos números apresentados por Heródoto, a grande disparidade numérica entre os contendores levou a que a batalha terminasse com uma aparentemente retumbante vitória persa, muito embora os Gregos, antes de serem totalmente aniquilados, tenham conseguido inflingir um elevado número de baixas e retardar consideralvemente o avanço dos Persas pela Grécia. A intervenção dos Gregos, para além de os levar a morrer como homens livres, e não como escravos persas, foi de tal modo decisiva para o futuro do conflito, que bem podem ser também considerados vencedores.

De facto, não vence uma batalha apenas aquele que destrói o exército inimigo, mas sim aquele que cumpre seu objectivo – e os Espartanos, ao deterem durante dias, não tanto quanto esperavam (10 dias era o desejado), os Persas nas Termópilas, permitiram a salvação de Atenas e, por conseguinte, das bases da futura Civilização Ocidental. Esta foi, pois, uma batalha decisiva sob todos os aspectos.
O contexto: as Guerras Médicas

Ver artigo principal: Guerras Médicas.

À entrada do século V a.C., a Pérsia Aqueménida tinha-se convertido no maior império que o mundo jamais vira, tanto em dimensão territorial, como étnica. Depois de subjugar os vizinhos Medos, os Persas partiram à conquista da Babilónia, da Assíria, da Arménia, do Elão, da Bactriana, da Síria-Palestina, do Egipto e da Ásia Menor, onde pela primeira vez se viriam a confrontar com as πόλεις gregas da Jónia. Devido a todas estas conquistas, o seu soberano podia-se arrogar, com propriedade, o título de Rei de Reis – em persa, Šāh-an-Šāh (literalmente, o Xá dos Xás), título que Heródoto verte para grego como βασιλεύς (basileus, «rei»).

O embate entre a Hélade (dividida em várias pequenas cidades-Estado independentes, separadas entre si por particularismos geográficos e culturais) e o poderoso império Persa (então governado por Dario) tornou-se inevitável. Em 499 a.C., rebenta a revolta de Mileto (na Jónia) contra os Persas, logo violentamente debelada; pouco depois, o imperador persa, sentindo-se numa posição de força, envia os seus embaixadores às cidades da Grécia continental, a fim de estas se submeterem pacificamente ao seu domínio. Porém, o envio destas missões diplomáticas não surtiu o efeito desejado – apenas a Macedónia e a Tessália se declararam vassalas da Pérsia (enviando-lhe, segundo Heródoto, amostras do seu solo e da sua água, em sinal de submissão), enquanto que, nas demais πόλεις, os legados imperiais foram executados.

Estala assim o conflito entre Persas e Helenos: a I Guerra Médica (também chamada I Guerra Pérsica ou Guerra Medo-Persa). Dario avança rumo à Grécia europeia, desembarca em Maratona, onde é derrotado por uma força combinada de hoplitas atenienses e plateenses (Esparta, a potência militar da Grécia, recusou-se a estar presente, invocando motivos religiosos). Dario, derrotado, regressa à Ásia.

O conflito reacender-se-ia com o seu filho, Xerxes, que subira ao trono em 485 a.C.. A derrota pesava sobre o espírito do novo monarca, e respirava-se na Corte um clima de vingança (fomentado, por exemplo, por Mardónio, o supremo comandante dos exércitos). Desta feita, porém, Xerxes procurou preparar, até ao mais ínfimo detalhe, a expedição destinada a tomar a Grécia: começou por ordenar a construção de uma ponte de barcas ligando as duas margens do Estreito dos Dardanelos (484 a.C.), permitindo uma mais fácil deslocação das suas tropas e poupando dessa forma recursos preciosos e tempo (mais tarde, os Helenos – como por exemplo Ésquilo, na sua tragédia Persas – atribuirão a Posídon, o Deus dos Mares, um papel relevante na sua vitória, pois o rei persa, ao tentar deter uma força da Natureza – manifestação do sagrado animada por aquela divindade –, despertou a ira do Olimpíco, o qual decidiu então a sorte da guerra a favor do povo grego); ao mesmo tempo, determinou que uma poderosa esquadra atravessasse o Egeu e rumasse às costas gregas, assim que se iniciasse a invasão, por forma a apoiar as operações em terra.

As cidades-Estado gregas, conhecedoras dos preparativos da nova expedição persa, decidiram, como reacção, pôr de lado as suas divergências tradicionais, e reuniram-se na conferência pan-helénica no Istmo de Corinto (481 a.C.). Das cidades do continente, apenas Argos (a maior inimiga de Esparta à época), se recusou a estar presente, o que lhe valeu a acusação de medismo, isto é, de ser simpatizante dos Medos (o nome genérico que os Gregos atribuíam então aos Persas e aos povos por eles subjugados); de igual forma, as colónias gregas (como a Cirenaica, no Norte de África, Massália, no Sul da Gália, ou Siracusa, na Sicília) também não compareceram, talvez por não se sentirem directamente ameaçadas pelos Persas, dada a sua situação geográfica.

As 31 πόλεις presentes na conferência formaram uma Liga destinada a defrontar o inimigo comum, tendo proclamado a reconciliação geral e declarado guerra à Pérsia. O comando dessa liga foi atribuído ao rei Leónidas, que governava o Estado militarista por excelência na Antiguidade grega – Esparta; com efeito, os cidadãos Espartanos eram soldados profissionais, sendo condicionados, desde o berço, para a vida militar, o que fez da cidade a potência dominante da Hélade até então.

Em finais desse ano de 481 a.C. tem finalmente início a projectada invasão da Grécia, tendo os Persas dominado a Macedónia rica em matérias-primas (como a madeira), a Calcídica com os seus excelentes portos de mar, e a fértil Tessália, na qual fixaram as suas bases, encaminhando-se de seguida, a passos largos, para o centro da Grécia, onde se virá a travar o recontro das Termópilas.

Acabava de se iniciar a II Guerra Médica, um novo conflito entre o Ocidente e o Oriente, entre Cidadãos (os habitantes das πόλεις gregas) e Bárbaros (o nome com que, depreciativamente, os Helenos se referiam aos Medo-Persas), entre Europeus e Asiáticos (pela primeira vez na História da Humanidade, há uma real consciência da distinção entre duas culturas, dois mundos distintos, separados por dois continentes) onde se viria a jogar o destino da Civilização Ocidental, tal como hoje a conhecemos. Porém, deve-se ter em conta que a própria construção narrativa de Heródoto retoma certos tópoi (lugares-comuns) literários que remontam, pelo menos, ao primeiro grande relato bélico que chegou até aos nossos dias – a Ilíada de Homero, ela também uma obra onde o Oeste (os Aqueus) e o Leste (os Troianos) chocam entre si.

[editar] A geografia

Ver artigo principal: Termópilas.


O desfiladeiro das Termópilas, tal como se apresentava por volta do ano 480 a.C. – uma estreita língua de terra entre o Golfo de Mália e os Montes Eta e Calídromo. Foi aí que se travou aquela que é, provavelmente, uma das mais conhecidas batalhas da Antiguidade Clássica. Surge também representada a linha costeira hodierna.
O desfiladeiro das Termópilas, tal como se apresentava por volta do ano 480 a.C. – uma estreita língua de terra entre o Golfo de Mália e os Montes Eta e Calídromo. Foi aí que se travou aquela que é, provavelmente, uma das mais conhecidas batalhas da Antiguidade Clássica. Surge também representada a linha costeira hodierna.

As Termópilas (do grego: Θερμοπύλαι, thermopylai, significando «portas quentes») são um desfiladeiro situado bem no centro da Hélade, encravado entre as cadeias montanhosas do Eta e do Calídromo e um braço de mar (o golfo de Mália), situando-se na fronteira entre as regiões da Fócida (a Sudoeste), da Ftiótida (a Noroeste), da Lócrida (a Nordeste) e da Beócia (a Sudeste). Devem o seu nome ao facto de no seu interior existirem fontes sulfurosas, sendo que o estreito – uma simples faixa de areia entre o mar e o desfiladeiro – era, em três dos seus troços (as famosas «portas», às quais o estreito foi buscar o seu nome), de tal forma estreito que, segundo Heródoto, apenas podia passar um carro de cada vez (Livro VII, 176).

Tratava-se de uma região relativamente estéril, apta somente para o pastoreio; por esse motivo e também pela sua intrincada orografia, bem conhecida dos Gregos, foi o local estrategicamente escolhido pelas forças da Liga para deter o ímpeto persa (por se situar relativamente longe das bases de apoio que estes tinham na Tessália, tal dificultaria – e eventualmente frustraria – a sua investida).

De facto, os Helenos compreenderam que apenas teriam possibilidade de deter o avanço persa numa região montanhosa (se tivessem decidido dar batalha aos Persas na vasta planície da Tessália, teriam sido derrotados muito mais facilmente, pois ver-se-iam de imediato rodeados pela vasta massa humana do inimigo e liquidados ante a desproporção dos números); de resto, foi questão muito discutida, entre os defensores da Grécia, saber qual a melhor localização para deter o avanço persa – se as Termópilas, se o Istmo de Corinto; porém, acabou por vingar a primeira posição, muito pela pressão que Atenas colocou: se as forças gregas se concentrassem em Corinto, Atenas ficaria desprotegida e sujeita ao embate directo com o inimigo.

[editar] Os números
Heródoto de Halicarnasso, chamado por Marco Túlio Cícero de Pai da História, foi o primeiro historiador da Antiguidade Clássica a descrever a batalha das Termópilas. Não obstante os seus números desproporcionados, as incoerências do seu discurso, e até a sua (por vezes declarada) parcialidade, continua a ser uma importante fonte para o conhecimento das Guerras Médicas.
Heródoto de Halicarnasso, chamado por Marco Túlio Cícero de Pai da História, foi o primeiro historiador da Antiguidade Clássica a descrever a batalha das Termópilas. Não obstante os seus números desproporcionados, as incoerências do seu discurso, e até a sua (por vezes declarada) parcialidade, continua a ser uma importante fonte para o conhecimento das Guerras Médicas.

A batalha das Termópilas tornou-se conhecida graças à narrativa de Heródoto de Halicarnasso, na qual o historiador faz opor quatro milhões e meio de homens, arregimentados à força pelos Persas, contra Leónidas e os seus trezentos Espartanos, combatendo tão-só pela liberdade da sua Nação. Mas nem os Persas eram milhões, nem tão-pouco havia apenas Espartanos nas Termópilas. De facto, é típico dos historiadores da Antiguidade (e não só) o exagero do número, muitas vezes para forçar a criação determinadas imagens junto dos seus leitores (neste caso, e pelo confronto de números tão extremos, louvar o sacríficio dos Gregos que faleceram nas Termópilas, ao tentarem atrasar ao máximo a penetração de Xerxes em solo heleno).

Heródoto enumera, do lado grego, trezentos Espartanos, quinhentos hoplitas de Tegeia e outros quinhentos de Mantineia, cento e vinte de Orcómeno, mil da Arcádia, quatrocentos de Corinto, duzentos de Pilos e oitenta de Micenas (prefazendo estes o contingente do Peloponeso, num total de 3 100 homens); setecentos de Téspias, quatrocentos de Tebas, mil homens da Fócida, e ainda um número desconhecido (mas elevado) de Lócridos Opuntianos. Portanto, no mínimo, cinco mil e duzentos homens. É provável que a este número devamos acrescentar ainda os soldados auxiliares (muitas vezes não mencionados), o que levaria, segundo os especialistas, a fazer aumentar este contingente para cerca de 7 500 homens (ou, no máximo, 10 mil).

Heródoto, porém, não é coerente nos números que apresenta, nem tão-pouco constitui a única fonte crível para o relato dos números das Termópilas (embora não sendo testemunha coeva da batalha, é o mais antigo historiador a relatar o facto e, portanto, o mais próximo do acontecimento). Noutro passo mais adiantado das suas Histórias, alude já a 4 000 homens do Peloponeso, entrando em contradição com o que escrevera no início da narrativa. Outros autores (como Isócrates, Diodoro Sículo, ou Pausânias), escrevendo muito depois de Heródoto, falam noutros números – designadamente em mil homens oriundos da Lacedemónia (a região dominada pela cidade-Estado de Esparta, termos que eram assim frequentemente tomados por sinónimos), o que choca com o número tradicional – e mítico – dos famosos 300 Espartanos.

A fazer fé nestes relatos, talvez os setecentos Lacedemónios remanescentes fossem homens de origem servil (como os periecos e os hilotas), recrutados numa situação verdadeiramente excepcional (quando normalmente não tinham sequer direito a servir no exército), e eventualmente a contra-gosto da oligarquia dirigente de Esparta; por isso mesmo estariam ausentes da narrativa tradicional (ainda que, por exemplo, Heródoto se refira a cadáveres de hilotas nas Termópilas num passo mais adiantado da narrativa, no Livro VIII, já ao descrever as batalhas seguintes). Mais, tendo em conta que Esparta era a potência militar dominante na Grécia, seria do seu maior interesse manter esse statu quo, eliminando quaisquer referências à presença dos desprezados periecos e hilotas nas Termópilas.

Por outro lado, é provável que Heródoto, relatando os factos que narra com quarenta anos de distanciamento, tenha achado essa mítica tradição dos 300 já tão fortemente enraizada entre os Espartanos, que não a teria podido (ou querido) desmentir – afinal, o historiador era natural de Halicarnasso, cidade de fundação dória, o mesmo povo do qual os Espartanos descendiam e, por isso, é natural que tenha querido favorecer os seus companheiros de raça. Essa atitude, de resto, valeu-lhe a crítica de Plutarco no seu Da Malícia de Heródoto, opúsculo onde defende que o historiador era claramente pró-espartano, o que toldaria em muito a sua visão dos acontecimentos. Mas também Plutarco não é isento – pois sendo natural da Beócia, a região que tinha por cabeça Tebas (à qual Heródoto lança duras críticas por ser simpatizante dos Persas), é natural que quisesse recontar a história sob um ponto de vista mais favorável à sua terra-natal. Por isso mesmo, podem os modernos historiadores interrogar-se, com propriedade, se o relato da batalha das Termópilas feito por Heródoto não constitui uma mera construção historiográfica destinada a justificar a superioridade militar de Esparta no contexto da Grécia.

Apesar de tudo, não é inverosímil que estivessem presentes apenas 300 Espartanos nas Termópilas; se é certo que a cidade invocara a realização do festival religioso de Carneia para se poder eximir a enviar um maior contingente de tropas (o que poderia denotar alguma má-vontade para com os parceiros da Liga, designadamente Atenas), não é menos verdade que Esparta deveria saber que contaria com um portentoso exército pela frente e, ainda assim, destacou o escol dos seus homens a fim de se sacrificar nas Termópilas: 300 homens, todos eles (segundo o relato do historiador) «com filhos» – por forma a que se pudesse perpetuar a tradição militarista da cidade –, comandados em pessoa por um dos reis de Esparta, Leónidas I.

Mesmo o pequeno número de soldados presentes por cada uma das outras cidades gregas está também relacionado com outro facto muito importante – 480 a.C. foi ano de Olimpíadas, durante as quais se proclamava a trégua sagrada e cessavam as hostilidades entre todos os inimigos na Grécia. Embora se tratasse de um inimigo externo (não-heleno), e se tratasse de uma situação de excepção, a trégua entre os Gregos não foi levantada.

Quanto ao campo do adversário, Heródoto fala em 2,1 milhões de Medo-Persas, acompanhados por 2,6 milhões de soldados auxiliares. Estes números são claramente excessivos (isto porque os Persas não dispunham de uma logística suficientemente avançada, nem tão-pouco o estéril solo grego teria capacidade para alimentar um número de indivíduos largamente excedentário face à população autóctone), quer porque Heródoto desconhecesse o número real, quer por pretender, muito provavelmente, impressionar o leitor, e realçar, por oposição, a pequenez da coligação helénica – a qual, não obstante ter perdido a batalha, acabou por, no fim, lograr vencer a guerra contra os Persas.

[editar] O embate
Uma falange de hoplitas gregos.
Uma falange de hoplitas gregos.

Nos começos de Agosto de 480 a.C., as forças da Liga posicionaram-se no interior do estreito, com Leónidas no supremo comando, tendo este no entanto que fazer face à tentativa de deserção dos Tebanos (acusados de simpatizarem com os Medos, ter-se-ão eventualmente deslocado às Termópilas apenas para que não recaísse sobre a sua cidade a inimizade e o opróbrio dos restantes membros da Liga, e tendo já provavelmente a secreta intenção de se furtarem a meio do combate, como viria, de facto, a suceder), e aos pedidos dos seus aliados do Peloponeso, que desejavam que as forças se concentrassem no Istmo de Corinto. A tudo isto o rei espartano respondeu com mão de ferro. Colocou ainda os Fócios a guardarem a rectaguarda do estreito, por forma a evitar qualquer ataque surpresa.

Ao mesmo tempo, os Persas aproximavam-se do desfiladeiro, tendo Xerxes montado o seu acampamento no topo de uma colina sobranceira, em Mália, onde instalou também o seu trono áureo, de onde observou, durante dias, o confronto armado entre os seus homens e os irredutíveis Helenos.

[editar] Começa a batalha...
Dois archeiros medos, representados no Palácio Real de Dario I em Susa.
Dois archeiros medos, representados no Palácio Real de Dario I em Susa.

Durante quatro dias, Xerxes esperou que fossem os Gregos a tomar a iniciativa, mas como tal não se verificasse decidiu ele mesmo atacar, na madrugada do quinto dia; os seus homens, armados somente com um pequeno escudo e uma lança de menores dimensões que a dos hoplitas gregos (cujo armamento – elmo, couraça, escudo, grevas, lança e uma pequena espada – lhes dava, nesta fase do confronto, uma superioridade decisiva), ao tentarem penetrar no desfiladeiro, viram-se completamente rechaçados, pois as falanges gregas facilmente destruíam as suas lanças e, desarmando-os dessa forma, fácil foi chaciná-los em seguida.

Xerxes, que observava o espectáculo, teria dito, segundo Heródoto, ter «muitos homens, mas poucos soldados» (VII, 210). De fato, embora Xerxes dispusesse da superioridade numérica, as condições físicas do estreito impediam-no de tirar partido dessa vantagem (designadamente, pela impossibilidade de fazer aí atacar a sua célebre cavalaria).

Mesmo quando Xerxes ordenou que os archeiros medos disparassem, os longos escudos dos Gregos protegeram-nos das flechas; é nesse contexto que Plutarco (nos seus Apótegmas dos Espartanos) atribui a Leónidas uma célebre afirmação, em resposta a um soldado que dissera que as flechas dos Medos tapavam o Sol: «Melhor, pois se os Medos taparem o Sol, combateremos à sombra» (Heródoto, porém, reporta esta afirmação a um tal Dieneces, tido como um dos mais bravos soldados de Esparta presentes neste prélio).

Plutarco afirma ainda que Xerxes procurou evitar o combate por todos os meios, tendo enviado cartas ao rei espartano, dizendo-lhe que lhe atribuiria o governo da satrapia da Grécia se este depusesse as armas e se passasse para o lado persa, ao que Leónidas teria respondido, muito laconicamente – como era característico dos Lacedemónios – «Vinde buscá-las!».

Como estas estratégias não davam resultados, Xerxes ordenou enfim que avançassem os 10 000 Imortais, comandados por Hidarnes. Tratava-se do corpo de élite da infantaria persa, o qual, de acordo com a tradição, devia o nome ao facto de, assim que morria um dos seus combatentes, este era imediatamente substituído, prefazendo dessa forma um total constante de dez mil, por isso mesmo tidos como «imortais». Embora melhor treinados e melhor equipados que o resto do exército, esta estratégia não surtiu o efeito desejado, não tendo sido capazes de amover os Gregos da sua posição no interior do estreito. Inclusivamente, o rei, sentado em seu trono no alto da colina, viu morrer um irmão seu neste confronto inútil.

[editar] A traição
Estátua de mármore do século V a.C., patente no Museu Arqueológico de Esparta. Representa um hoplita grego com o seu típico elmo, sendo que muitos historiadores querem mesmo ver neste mármore o busto do próprio Leónidas...)
Estátua de mármore do século V a.C., patente no Museu Arqueológico de Esparta. Representa um hoplita grego com o seu típico elmo, sendo que muitos historiadores querem mesmo ver neste mármore o busto do próprio Leónidas...)

Ao sexto dia, o rei persa, julgando que o cansaço tivesse domado os seus oponentes, resolveu voltar a atacar; ludibriou-se, porém, e não colheu melhores frutos que no dia anterior.

Foi então que apareceu, no acampamento persa, Efialtes, filho de Euridemo de Mális, nome que tem ecoado pelos séculos fora como sinónimo de traidor. Dirigira-se ao Rei de Reis na vã esperança de obter uma compensação pecuniária a troco de revelar um caminho secreto que conduzia à rectaguarda das Termópilas (onde se achavam os Fócios), através da montanha. Xerxes rejubilou com as novas, convocando Hidarnes e ordenando que os Imortais percorressem o dito caminho durante a noite, para poderem atacar os Gregos logo pela madrugada.

De facto, os Fócios, que guardavam a rectaguarda do estreito, só se aperceberam da progressão do inimigo quando já era tarde demais, tendo abandonado a sua posição diante do ataque dos archeiros Medos.

Entretanto, no interior do desfiladeiro, no acampamento dos Gregos, ultimavam-se os preparativos para aquele que viria a ser o derradeiro dia da batalha. Segundo Heródoto, um adivinho que se encontrava entre os soldados, Megístias, após analisar as entranhas dos animais sacrificados aos deuses, concluiu que a morte chegaria com a aurora (o que seria corroborado com o aparecimento de alguns desertores fócios no acampamento).

Leónidas reuniu o conselho de guerra, tendo as opiniões dos Helenos dividido-se: uns eram a favor da retirada pura e simples, para evitar uma inevitável chacina; outros defendiam que aí deviam permanecer até ao último homem. Leónidas resolveu o problema, declarando que todos os Aliados eram livres de partir, já que não sentia neles a coragem para combater; apenas ele e os seus trezentos homens não podiam desertar, pois a isso os obrigava a Constituição de Licurgo (que declarava constituir a deserção a suprema desonra para um Espartano); se pelo contrário ali permanecessem e morressem a pelejar, o seu nome seria cumulado de glória e jamais cairia no esquecimento.

Ao mesmo tempo, esta decisão do rei deve ter sido reforçada pela chegada de um oráculo da Pitonisa de Delfos; pouco antes do começo da batalha, Leónidas mandara inquirir de Apolo quem sairia vencedor da pugna, e agora a sacerdotisa do deus respondia-lhe que um dos reis de Esparta se deveria sacrificar para que a respectiva πόλις pudesse continuar de pé; se tal não sucedesse, a cidade seria reduzida a cinzas pelos Persas.
Detalhe da batalha das Termópilas – os Imortais Persas contornam as montanhas, após o traidor Efialtes lhes ter revelado o caminho, e surpreendem os Gregos pela rectaguarda, daí seguindo para Atenas e para a batalha naval ao largo da ilha de Salamina.
Detalhe da batalha das Termópilas – os Imortais Persas contornam as montanhas, após o traidor Efialtes lhes ter revelado o caminho, e surpreendem os Gregos pela rectaguarda, daí seguindo para Atenas e para a batalha naval ao largo da ilha de Salamina.

É evidente que, embora embelezem a narrativa, não há como provar a veracidade destas profecias, pelo que esta tradição poderia muito bem ter sido forjada já após a batalha; não obstante, há que ter em conta a franca popularidade de que o oráculo de Delfos desfrutou, ao longo dos séculos, no Mundo Antigo, para se poder supor que a tradição se baseia numa consulta real que Leónidas fez ao Templo de Apolo no «umbigo do Mundo».

Aliás, o mais provável é que Leónidas não tenha tido tempo sequer para pensar na glória futura; compreendendo a eminência do massacre, deverá ter ponderado ser preferível dispensar a maior parte do contigente estacionado nas Termópilas, incumbindo-o agora da organização da defesa da Grécia mais a Sul, no Istmo de Corinto, enquanto os poucos que restavam nas Termópilas protegiam a sua retirada.

Junto dos Trezentos, apesar de tudo, ficaram também os setecentos Téspios (comandados por Demófilo, filho de Diadromes) de livre e espontânea vontade, recusando-se a abandonar Leónidas e, como tal, tendo perecido juntamente com os Espartanos nas Termópilas (demonstra-se assim que, ao contrário do que tradicionalmente se afirma, não faleceram ali apenas os trezentos Espartanos). Segundo Heródoto, Leónidas requereu ainda que os quatrocentos Tebanos (chefiados por Leontíades), permanecessem junto de si, talvez para testar a sua fidelidade; porém, Plutarco tece fortes críticas a este passo de Heródoto, por parecer querer desprestigiar os seus compatriotas beócios; Diodoro Sículo, no seu relato da batalha, nem sequer menciona que os Tebanos tivessem permanecido na derradeira fase do confronto.

[editar] A chacina
Embora este baixo-relevo represente Dario I, o pai de Xerxes, sentado no seu trono imperial, pode-se supor que a sua aparência e os trajos reais não fossem muito diferentes dos aqui representados.
Embora este baixo-relevo represente Dario I, o pai de Xerxes, sentado no seu trono imperial, pode-se supor que a sua aparência e os trajos reais não fossem muito diferentes dos aqui representados.

Chegara finalmente a aurora do sétimo dia; os Persas haviam já contornado o desfiladeiro, ora desguarnecido pelos Fócios, e iniciam o seu ataque por ambos os lados do estreito; os Gregos, cônscios de que não havia outra saída que não fosse a morte, pareciam não a temer e, segundo as Histórias, lutavam com ainda mais afinco que nos dias anteriores, causando grandes perdas entre os invasores.

Perante este último ataque dos Bárbaros, quebradas que estavam a maior parte das lanças gregas pelos machados dos Persas, os Helenos, cercados, enfrentaram por fim o inimigo com as espadas, numa luta corpo-a-corpo, falecendo assim de modo honroso. Dessa forma caiu Leónidas, no meio dos seus soldados, os quais, de acordo com Heródoto, ao verem o seu rei perecer, logo procuraram recuperar o seu cádaver, qual troféu de guerra que importava preservar ao máximo dos ultrajes que o inimigo lhe poderia provocar.

Com efeito, quando a batalha acabou, Xerxes dirigiu-se pessoalmente ao campo onde se travara peleja, procurando pelo corpo de Leónidas – o responsável pelo seu atraso na conquista da Grécia e pelo tão elevado número de perdas entre os seus homens –, ordenando de seguida que fosse decapitado e a sua cabeça empalada (facto que ditou, de acordo com a tradição, que a alma penada de Leónidas, vagueando no Tártaro, atormentasse Xerxes nos seus sonhos para sempre, não só por não haver celebrado as suas exéquias – parte integrante do riquíssimo ritual bélico da Antiguidade – como ainda por haver profanado o seu corpo).

Mas a salvação do corpo do seu rei não foi o único problema com que os Espartanos se debateram; a sua maior dificuldade eram as deserções que continuavam a verificar-se (Heródoto cita os nomes de dois Lacedemónios que teriam sobrevivido à batalha, afirmando mesmo que um deles cometeu suicídio por não aguentar a pressão da desonra, demonstrando assim que até entre os míticos Espartanos houve deserções, e que nem todos os Trezentos teriam morrido na batalha); a maior parte delas, porém, vinha do campo dos Tebanos, os quais, a meio da batalha, se viraram para o inimigo. Se essa traição teria sido já acordada previamente, se foi fruto puro e simples das circunstâncias em que a peleja se proporcionava, ou se se trata simplesmente uma invenção de Heródoto, não se sabe. Certo é que, segundo o seu relato, Xerxes, descontente, ordenou que metade dos combatentes tebanos fosse massacrada, e a outra metade escravizada – destinando-se o castigo a punir a demora no honrar do acordo de aliança celebrado.

[editar] As consequências
Rota seguida pelos invasores persas rumo às Termópilas, Salamina e Plateias (480 a.C. – 479 a.C.).
Rota seguida pelos invasores persas rumo às Termópilas, Salamina e Plateias (480 a.C. – 479 a.C.).

O desfecho da batalha parece ser, à primeira vista, uma retumbante vitória dos Persas. Mas bem observados os factos, esta vitória teve tanto de esmagadorra como de pírrica.

Faleceram nas Termópilas cerca de dois mil Gregos (muito mais que os míticos trezentos [2]Espartanos); porém, antes de caírem mortos, os Gregos infligiram um elevado número de baixas no exércio persa (talvez entre 10 a 30 mil homens), isto para além de reterem a sua marcha durante vários dias; os homens e o tempo perdido nas Termópilas foram cruciais para o subsequente fracasso de Xerxes, pois nesse lapso temporal possibilitou-se a evacuação da população de Atenas (cidade que será saqueada e incendiada pelos homens de Xerxes – como represália por haver sido a grande responsável pelo dealbar da I Guerra Médica) para a vizinha ilha de Salamina, bem como a concentração das forças gregas remanescentes ao longo do Istmo de Corinto.

A batalha naval do cabo Artemísion, travada ao norte da Eubeia, escassos dias após as Termópilas, redundou num empate técnico, e só nos começos de Setembro se começou enfim a esboçar a derrota do Rei de Reis: o estratego ateniense Temístocles forçou a armada persa a entrar no estreito de Salamina; aí, as pesadas embarcações persas viram-se incapazes de manobrar diante das ágeis trirremes atenienses, tendo acabado aquelas por sofrer uma copiosa derrota, o que levou Xerxes a regressar à Ásia. No ano seguinte, a machadada final é dada em Plateias, nunca mais voltando a Pérsia a tentar invadir a Grécia Continental. As hostilidades prosseguiriam, no entanto, até à assinatura da Paz de Cálias, em 449 a.C., já durante o reinado de Artaxerxes I. O perigo medo, nunca completamente esquecido, só seria dominado cento e cinquenta anos mais tarde, quando Alexandre III da Macedónia, o Grande, invadiu o Próximo Oriente e conquistou o vasto império de Dario III.

[editar] Os motivos

A historiografia moderna acha-se ainda contaminada pela visão que o Romantismo oitocentista legou desta batalha: os Gregos, tradicionalmente desunidos, resolveram unir-se e lutar contra um inimigo comum, pois sentiam-se membros de uma mesma raça – afinal, partilhavam o mesmo idioma, prestavam culto aos mesmos deuses, e celebravam comummente, por exemplo, de quatro em quatro anos, os Jogos Olímpicos, o exemplo mais demonstrativo do pan-helenismo. Agora, uniam-se para lutar contra um inimigo comum, que teria vindo para os subjugar, fazer dos livres Helenos meros súbditos do Rei de Reis; mais do que isso, uniam-se para preservar, não só a sua liberdade, como também a mais original das suas criações: a democracia, que vigorava em várias das suas πόλεις. Para isso, um grupo de soldados de élite – movidos pela virtude do heroísmo, tão apreciada pelos românticos – teria preferido pagar com a vida a defesa desses ideais, tornando-se num símbolo de coragem, espírito de sacríficio, e de resistência ao invasor.

Não é crível que os Gregos tivessem a consciência de constituírem uma Nação, no sentido que modernamente se dá ao termo (sentido esse forjado a partir do século XIX, precisamente pelos românticos). De igual modo, também parece improvável que os Helenos tenham tido a real noção de que a luta que estavam a travar era, mais que a simples defesa do seu território, um confronto de civilizações, entre valores e ideias radicalmente distintas.

Mais, a liberdade e o sistema de governo dos Gregos não estariam assim tão ameaçados pelo Império Persa (o qual, se comparado com os que o antecederam – como o assírio ou o babilónio –, era relativamente pacífico e tolerante); de facto, os Persas não foram os tiranos a que a historiografia grega alude – o desconhecimento, de parte a parte, dos costumes e tradições de cada um dos lados, levou à formação de mitos sobre ambos os povos sem qualquer fundo de verdade. Dessa forma foi fácil ao Romantismo aproveitar esses dados para fazer persistir a imagem do Persa como opressor quase até aos dias de hoje, quando na verdade, os Persas protegiam os costumes locais (foi durante o domínio persa que, por exemplo, os Judeus deportados na Babilónia regressaram a Jerusalém para reconstruir o Templo), e tinham o cuidado de não impor, nem a sua língua (usavam o aramaico, lingua franca do Próximo Oriente antigo, como idioma da administração, e não o persa), nem a sua religião (o zoroastrismo) aos seus súbditos. Provavelmente o sistema democrático iria colidir com as noções de súbdito e de império, mas é bem provável que, à parte isso, os Gregos tivessem podido integrar-se, sem qualquer problema, naquele que tentou ser o primeiro grande império universal da História.

Quanto ao sacrifício dos Espartanos, tal deve ser entendido no quadro da sua própria mentalidade – como foi dito, estavam vocacionados desde a mais tenra infância para a vida militar, de tal forma que, muito provavelmente, a perspectiva de serem chacinados em combate não os terá perturbado minimamente (ainda que, não obstante, Heródoto documente dois casos de deserções entre os Espartanos).

[editar] Importância militar

As Termópilas constituem o exemplo, em termos de estratégia militar, de como um pequeno grupo de soldados bem treinados pode ter, em circunstâncias de desigualdade numérica, um grande impacto sobre um número de inimigos muito maior (tal como sucedeu também, por exemplo, no Álamo); contudo, esta estratégia só é eficaz num terreno desfavorável ao inimigo (campo fechado), pois, como foi dito, se a batalha tivesse sido travada numa planície, facilmente os Gregos sairiam derrotados.

[editar] Inspiração
Monumento erigido a Leónidas nas Termópilas, em 1955.
Monumento erigido a Leónidas nas Termópilas, em 1955.

O desfecho das Termópilas tem causado, ao longo da História, a maior impressão a diversos homens das letras e das artes.

Deve-se citar, entre os primeiros, o poeta Simónides de Céos, que escreveu um famosíssimo epitáfio que foi colocado no local onde a batalha se travou (o qual aparece transcrito nas Histórias por Heródoto), e que rezava o seguinte:

´Ω ξεíν´, ´αγγέλλειν Λακεδαιμονíοις ´οτι τηδε
κείμεθα τοîς κείνων ρήμασι πειθόμενοι.

O que transliterado dá:

O xein', angellein Lakedaimoniois hoti tede
keimetha tois keinon rhemasi peithomenoi.

E traduzindo para língua portuguesa (seguindo a versão de Maria Helena da Rocha Pereira, helenista da Universidade de Coimbra), temos:

«Estrangeiro, vai contar aos Lacedemónios que jazemos
aqui, por obedecermos às suas normas.»
(in Hélade, 6.ª ed., Coimbra, FLUC, 1995, p. 148).

Também Cícero, nas suas TVSCVLANÆ QVÆSTIONES (I, 42), verteu este dístico para latim, do seguinte modo:

DIC HOSPES SPARTÆ NOS TE HIC VIDISSE IACENTES,
DVM SANCTIS PATRIÆ LEGIBVS OBSEQVIMVR.

Ou seja:

Estrangeiro que passas, diz a Esparta teres-nos visto aqui jacentes
obedecendo às santas leis da Pátria.

O mesmo Simónides escreveu igualmente outro dístico, não tão conhecido, que canta o seguinte:

Aqui combateram um dia, contra três milhões,
quatro mil homens do Peloponeso.

Indiferente também não lhe ficou o poeta português Luís Vaz de Camões, que alude a Leónidas no passo de Termópilas no último canto de Os Lusíadas, estância 21:

«Ou quem, com quatro mil Lacedemónios,
O passo de Termópilas defende [...]»

O poeta inglês Lord Byron (conhecido pelo seu filelenismo, que o levou à Grécia recém-liberta do jugo otomano, a fim de lutar pela sua independência – quase uma reedição do conflito entre Gregos e Persas na Antiguidade –, tendo inclusivamente encontrado a morte quando os Turcos puseram cerco à cidade de Missolonghi, em 1824) alude também às Termópilas, num excerto de um seu poema, The Islands of Greece:

«[...]
Earth! render back from out thy breast
A remnant of our Spartan dead!
Of the three hundred grant but three,
To make a new Thermopylæ!»

Uma referência à batalha das Termópilas é também feita no hino nacional da Colômbia, que reza o seguinte, na sua estância IX:
Leónidas nas Termópilas, por Jacques-Louis David (1814).
Leónidas nas Termópilas, por Jacques-Louis David (1814).

«La patria así se forma,
Termópilas brotando
constelación de cíclopes
su noche iluminó
[...]»

É ainda de destacar a conhecida banda desenhada 300, da autoria de Frank Miller (1999), bem como a obra de Steven Pressfield Gates of Fire. An Epic Novel of the Battle of Thermopylæ (1998), já traduzida em Portugal.

No que toca às artes plásticas, é de realçar o óleo de David, Leónidas nas Termópilas, datado de 1814, dos alvores do Romantismo. Está patente ao público no Louvre, em Paris.

Por fim, ao nível da sétima arte, destaque também para um filme realizado em 1962 pelo polaco Rudolp Maté, The 300 Spartans.

[editar] Fontes

* Heródoto de Halicarnasso, Histórias, Livro VII, 202-239.
* Diodoro Sículo, Livraria Histórica, Livro XI
* Ésquilo, Persas
* Estrabão, Geografia
* Isócrates de Atenas, Arquidamo; Panegírico
* Pausânias, Descrição da Hélade
* Plutarco, Apótegmas dos Espartanos; Apótegmas das Mulheres Espartanas; Antigos Costumes dos Espartanos; Da Malícia de Heródoto

[editar] Obras que versam sobre as Termópilas

[editar] Livros

* Frank Miller, 300, Milwaukee (Wisconsin), Dark Horse Comics, 1999.
* Steven Pressfield, Portas de Fogo. Um Épico sobre a Batalha das Termópilas, Lisboa, Editora Ulisseia, 2004 (ed. original norte-americana: Gates of Fire. An Epic Novel of the Battle of Thermopylæ, Garden City (NY), Doubleday & Company, 1998).

[editar] Filmes

* Os 300 de Esparta (The 300 Spartans), direção de Rudy Mate, 1961.
* 300 (título original), direção de Zack Snyder, 2007.

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2007-03-17 11:51:03 · answer #5 · answered by Anonymous · 0 3

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