José de Anchieta
Entre suas contribuições culturais, podemos citar as poesias em verso medieval (sobretudo o poema De Beata Virgine Dei Matre Maria, melhor conhecido como Poema à Virgem, com 4.172 versos), os autos que misturavam características religiosas e indígenas, a primeira gramática do tupi-guarani (a cartilha dos nativos).
Foi o autor de uma espécie de 'certidão de nascimento' do Rio de Janeiro, quando redigiu sua carta de 9 de julho de 1565 ao Padre Diogo Mirão, dando conta dos acontecimentos ocorridos ali "no último dia de fevereiro ou no primeiro dia de março" do ano. Nela se encontram os seguintes trechos: "...logo no dia eguinte, que foi o último de fevereiro ou primeiro de março, começaram a roçar em terra com grande fervor e cortar madeira para cerca, sem querer saber nem dos tamoios nem dos franceses." E: "... de São Sebastião, para ser favorecida do Senhor, e merecimentos do glorioso mártir."
Manoel de Nóbrega
Ainda que Nóbrega não tenha alto vôo lírico, estima-se que seu "Diálogo sobre a conversão do gentio", primeiro texto em prosa escrito no Brasil, tenha grande valor literário. O Padre Serafim Leite chega a afirmar ser a principal obra em prosa no século XVI no Brasil.
Nóbrega escreveu da Bahia carta em 9 de agosto de 1549 em que descrevia os primórdios do trabalho de catequese, contando que os índios se deliciaram com a procissão em louvor ao anjo da guarda. Diz ele, citado por Varnhagen:
«Fizemos procissão com grande música, à qual respondiam as trombetas. Ficaram os índios espantados de tal maneira que depois pediam ao padre Navarro que lhes cantasse, como na procissão o fazia.»
Ao Padre Pedro Doménech, fundador, em Lisboa, da Confraria dos Meninos Órfãos, escreveu de São Vicente em 2 de fevereiro de 1553: «Achei grande casa e muito boa igreja; ao menos em Portugal não a temos ainda tão boa. (...) Desta Capitania se deve se fazer mais fundamento que de nenhuma, porquanto por esta gentilidade nos poderemos estende pela terra dentro e, por isso, vindo irmãos, a esta Capitania deveriam vir, porque nas outras creio que se fará pouco que ensinar meninos, porque o Bispo» (era D. Pedro Fernandes Sardinha) «leva outros modos de proceder com os quais creio que não se tirarão pecados e se roubará a gente de quanto dinheiro puderem ganhar, e se destruirá a terra. Seus clérigos absolvem quantos amancebados há e dão-lhes o Senhor e o seu pregador, que é o visitador, prega que pequem e se levantem, fazendo-lhes o caminho do céu mui largo e Cristo Nosso Senhor diz que é estreito, e por outra parte leva-lhes de penas o que têm.» (citado por Serafim Leite, S.J., «Novas Cartas Jesuíticas», São Paulo 1940, página 35.
2007-03-20 07:36:09
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