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estou procurando sobre a vida do economista michael kalecki

2007-03-16 15:51:40 · 3 respostas · perguntado por Carlos C 1 em Ciências Sociais Economia

3 respostas

Espero que os links abaixo lhe ajudem.

No segundo há uma biografia deste economista. Um trabalho feito por um estudante que recebeu nota 10. Procure na lista pelo nome Michal Kalecki (nome em Polonês)

2007-03-16 18:11:10 · answer #1 · answered by ACORDE BRASIL! 5 · 0 0

Michael Kalecki, do polonês Michał Kalecki, nascido em 22/06/1899 e morto em 18/04/1970, foi um economista de origem polonesa, que ajudou na compreensão da dinâmica capitalista.

Vê se isso resolve seu problema:


A obra de Kalecki na História do Pensamento Econômico

A grande contribuição de Kalecki para o entendimento do modo como funciona e se desenvolve a economia capitalista está em sua formulação e seu aprofundamento do princípio da demanda efetiva. Para compreender a grandeza de sua contribuição, é preciso observá-la dentro da história do pensamento econômico. Em seu livro A Riqueza das Nações (1776), Adam Smith havia defendido a importância da frugalidade para o progresso econômico: quanto maior a poupança (dos capitalistas), maior seria a acumulação de capital e, portanto, o referido progresso.

Ele condicionava a acumulação à existência de uma poupança prévia e estabelecia, ou pelo menos sugeria, o princípio de que toda produção teria de ser necessariamente comprada: a parte não consumida, isto é, poupada, seria adquirida para acumulação.

Algumas décadas mais tarde, dentro dessa linha de raciocínio, James Mill na Inglaterra e Jean-Baptiste Say na França viriam a formular o que passou, posteriormente, a ser conhecido como "lei dos mercados de Say", segundo a qual toda produção criava uma demanda necessária para absorvê-la. De acordo com Mill (A Defesa do Comércio, 1808): "A produção de mercadorias cria, e é a única e universal causa que cria, um mercado para as mercadorias. (...) A demanda de uma nação é sempre igual à produção de uma nação". Segundo Say (Tratado de Economia Política, 1814): "Um produto, tão logo seja criado, nesse mesmo mo instante gera um mercado para outros produtos em toda a grandeza de seu próprio valor".

Foi David Ricardo, porém (em seus Princípios de Economia Política e Tributação, 1817), quem deu consistência teórica à "lei de Say"; mais tarde, John Stuart Mill (Princípios de Economia Política, 1848) se encarregou de transformá-la em dogma, e como tal ela foi incorporada pelos economistas neoclássicos. Tendo adotado a "lei de Say", Ricardo passou a aplicá-la coerentemente à análise de diversos problemas econômicos e com isso contribuiu decisivamente para que economistas posteriores a aceitassem sem questionamento. Graças à influência de Ricardo, a "lei de Say" assumiu uma importância fundamental na interpretação dos mais diversos problemas: a acumulação de capital e o desenvolvimento econômico, a impossibilidade de crise de superprodução, a distribuição de renda entre salários e lucros, a insignificância da exportação e dos gastos públicos para o aumento da produção. Se é a produção que cria a demanda, então esta última tem um papel passivo.

A acumulação de capital e o progresso econômico dependem apenas da produção, não encontrando qualquer obstáculo por parte da demanda. Na verdade, uma parte da renda gerada no processo produtivo deixa de ser gasta em consumo, ou seja, é poupada, e isso poderia significar que essa parte geraria um excedente de produção, um volume invendável de mercadorias. Isso, porém, não acontece, de acordo com Ricardo e seus seguidores. A parte poupada da renda de um capitalista seria usada de dois modos: diretamente para acumulação de capital (que constitui uma compra de mercadorias) e/ou para empréstimo a outros capitalistas, que a usariam para acumulação; assim, toda poupança se transformaria em acumulação de capital (investimento, na linguagem atual) e, portanto, toda a produção estaria sendo vendida: uma parte para consumo e outra para acumulação. Poderia haver circunstancialmente um excesso de produção em alguns setores específicos de atividade, mas isso seria logo corrigido: os capitais estabelecidos neles se deslocariam para os setores onde há demanda.

Como a demanda não constitui obstáculo para a produção, porque é criada por esta, então a acumulação de capital e o desenvolvimento econômico passam a ser determinados apenas pelas condições da produção. Entre estas, a taxa de lucro tem um papel essencial, porque quanto maior ela for, maior será a taxa de poupança e, conseqüentemente, a taxa de acumulação. Considerando-se que o preço é dado (isto é, determinado pelas condições da concorrência), o lucro passa a depender do salário: quanto maior este, menor aquele. A suposição fundamental dessa conclusão é a de que a renda total (composta de salários e lucros) é uma grandeza dada; daí, o aumento na parcela dos salários dá como resultado uma redução de igual magnitude na parcela dos lucros. Logo, o principal empecilho à acumulação passa a ser o aumento dos salários.

A suposição adotada nesse argumento tem várias outras implicações e por isso deve ser melhor esclarecida. Segundo a "lei de Say", a produção cria sempre sua própria demanda, ou, em outros termos, toda a renda gerada na produção é necessariamente gasta na compra dessa mesma produção. Portanto, o poder de compra dessa renda não é afetado pelo modo como ela se distribui (daí por que a "lei de Say" é às vezes chamada de "lei da preservação do poder de compra" ). Se a renda for redistribuída em benefício dos salários, isso significará apenas que os trabalhadores (com seus maiores salários) comprarão mais e os capitalistas (com seus menores lucros) comprarão menos, mas o montante total da produção e da renda não será modificado. De acordo com esse mesmo princípio, se os tributos forem aumentados, isso não afetará a produção, mas apenas transferirá para o Estado uma parte do poder de compra dos indivíduos. Do mesmo modo, se as exportações forem incrementadas, a produção não será alterada, porque a parte a ser exportada, se permanecer no país, será adquirida pelo poder de compra nacional gerado pela própria produção. Ainda no tempo de Ricardo, a "lei de Say" e suas implicações foram refutadas por diversos autores, entre eles Thomas Robert Malthus - o mesmo que se tornou conhecido por sua teoria populacional.

De acordo com Malthus (em seus Princípios de Economia Política, 1820), a demanda tende a ser inferior à produção. Isso porque, se os trabalhadores gastam toda sua renda, o mesmo não acontece com os capitalistas. Dos lucros totais, os capitalistas usam uma parte para consumir e outra para acumular capital, mas uma parte restante não é gasta em coisa nenhuma, porque, em vez de gastar, os capitalistas manifestam uma "preferência pela indolência" (que, diga-se de passagem, é um conceito muito semelhante ao de "propensão a poupar" formulado por Keynes um século mais tarde). Se a demanda não é necessariamente igual à produção, então o progresso econômico depende não apenas do acréscimo da capacidade produtiva mas também dos determinantes do aumento da demanda efetiva, imprescindível para pôr em operação aquela acrescida capacidade. Entre esses determinantes, Malthus menciona a redistribuição da renda, a expansão das exportações e dos gastos improdutivos (entre os quais se incluem os gastos públicos). Também Karl Marx se opôs frontalmente à "lei de Say".

De acordo com ele, o processo de reprodução pode ser dividido em diferentes momentos. De posse de um dado montante de dinheiro (D), os capitalistas adquirem um determinado volume de mercadorias (M), de dois tipos: meios de produção (matérias-primas, equipamentos etc.) e força de trabalho. Operando com os meios de produção, a força de trabalho gera novas mercadorias (M'), de maior valor (isto é, M' > MI. A transformação de D em M e de M em M' constitui o processo de criação de valor, ou de produção stricto sensu. Mas o processo de produção latu sensu não foi concluído, porque o valor criado ainda não foi realizado; para isso, é preciso que as mercadorias produzidas (M') sejam vendidas (convertidas em D'). Assim, o processo completo pode ser expresso como D - M - M'- D'. Os momentos D - M e M - M' dependem das condições próprias da produção (existência de matérias-primas, equipamentos, força de trabalho, o nível de produtividade, etc. ); a transformação de M' em D' depende das condições da realização, e nada garante que o valor criado (M') seja necessariamente realizado, tomado real para os capitalistas. Assim, para Marx, e contrariamente à "lei de Say", a demanda não é necessariamente igual à produção.
Mais do que isso, a produção ou oferta de mercadorias tende naturalmente, no capitalismo, a ser maior do que sua demanda. Vejamos a razão disso. O valor de todas as mercadorias lançadas no mercado se decompõe em três partes: C, ou capital constante, compreendendo os insumos incorporados nas mercadorias e o desgaste (ou depreciação) dos equipamentos empregados na produção; V, ou capital variável, correspondente aos salários pagos; S, a mais-valia ou lucro que os capitalistas esperam auferir.

Em suma, o valor total da oferta é igual a W = C + V + S. Para produzir esse valor, os capitalistas gastaram um montante igual a C + V. Ou seja, para produzir mercadorias no valor de W = C + V + S, os capitalistas demandaram mercadorias no valor de C + V e, portanto, sua oferta é maior do que sua demanda. Para produzir W, os capitalistas tiveram de comprar meios de produção no valor de C; como são os próprios capitalistas que vendem essas mercadorias (uns vendem para os outros), isso significa que para produzir W os capitalistas automaticamente realizam o valor de C. Tiveram também de comprar força de trabalho no valor de V. Supondo-se que os trabalhadores não poupam, então todo o montante V de salários é gasto por eles na compra de bens de consumo. Como são os capitalistas que vendem esses bens, então, para produzir W, os capitalistas automaticamente realizam também o valor de V. Em conclusão: para produzir W = C + V + S, os capitalistas (diretamente, no caso de C, ou através dos trabalhadores, no caso de V) demandam, e vendem, mercadorias no valor de C + V. Falta, contudo, realizar o valor de S. Que significa isso? Significa que se os capitalistas realizaram apenas o valor de C + V, eles não obtiveram lucros, mas tão-somente tiveram custos.

Como é que os capitalistas, considerados em conjunto, conseguem realizar a mais-valia, auferir um lucro? A resposta é: comprando, uns dos outros, mais mercadorias, além daquelas correspondentes ao valor de C + V. Que mercadorias são estas? Os capitalistas, enquanto pessoas, precisam consumir; logo, eles compram bens de consumo. Os capitalistas, enquanto agentes do capital, preocupam-se em acumular; logo, eles compram bens de investimento (novos equipamentos etc.). Em conclusão: o montante do lucro auferido pelos capitalistas em conjunto vai depender do quanto eles mesmos gastam na compra de bens de consumo e de investimento. Assim, supondo-se que a capacidade produtiva total da economia é dada, o lucro é determinado pelo investimento e consumo dos capitalistas. E esse lucro só por acaso será igual ao S da equação da oferta.

Essas conclusões, que mais tarde seriam claramente explicadas por Kalecki, podem ser tiradas diretamente da teoria de Marx (ver, por exemplo, O Capital, v. II, p. I, cap. 4). Todavia, os primeiros seguidores e estudiosos de Marx não entenderam devidamente sua explicação do problema da realização no processo de acumulação de capital. Alguns simplesmente ignoraram ou minimizaram a importância do problema, e os outros deram as mais diferentes interpretações. Mas o debate que se travou, se não levou a uma conclusão geral, pelo menos serviu para assentar certos pontos específicos. Por exemplo, Tugan-Baranovski (em As Crises Industriais na Inglaterra, ed. russa de 1894 e ed. francesa, modificada, de 1913) deixou bem claro duas questões básicas: l) o desenvolvimento da economia capitalista depende não apenas da expansão das forças produtivas, mas também da ampliação dos mercados para absorver a produção; 2) contrariamente à tese dos teóricos subconsumistas, o aumento do consumo (seja dos trabalhadores ou dos capitalistas) não é imprescindível para realizar a crescente produção; esta pode ser realizada apenas no setor produtor de equipamentos - por exemplo, são produzidas máquinas para produzir mais máquinas para fazer ainda mais máquinas.

Também Rosa Luxemburg (em A Acumulação de Capital, 1913) acentuou o primeiro ponto. Mas não entendeu o segundo; para ela, era necessário haver um mercado externo (fora do sistema capitalista) para absorver a crescente produção e, assim, estimular a acumulação capitalista. Esta é uma falsa solução teórica; apesar disso, ao propô-la, Rosa Luxemburg destacou uma questão relevante para as economias capitalistas: o papel das exportações e dos gastos públicos (especialmente com armamentos) no processo de realização da produção. Fora da corrente marxista, poucos foram os economistas, até a década de 1930, que se interessaram pelo problema da demanda efetiva.

Entre esses poucos, destaca-se J. A. Hobson, cuja principal obra sobre o assunto, A Economia do Desemprego, foi publicada em 1923. Hobson era um teórico do subconsumismo; segundo ele, a capacidade produtiva da economia crescia mais rapidamente do que a capacidade de consumo da sociedade, e isso acontecia devido à má distribuição de renda: de um lado, os trabalhadores, com baixas rendas, não podiam aumentar seu consumo, e de outro lado, os capitalistas, com altas rendas, formavam grandes poupanças, acumulavam capital, ampliando cada vez mais a capacidade produtiva.

A grande crise econômica iniciada em 1929 acabada por forçar o reconhecimento da importância da, demanda efetiva no processo capitalista de produção. E verdade que, apesar da dramaticidade com que o problema se apresentava, a esmagadora maioria dos economistas de formação ortodoxa continuou a sustentar opiniões apoiadas na "lei da Say"? Mas uns poucos, menos apegados à ortodoxia, começaram a ver o problema. Isso aconteceu simultaneamente com dois grupos de economistas europeus nos primeiros anos da década de 1930. De um lado, R. Frisch, B. Ohlin e principalmente Gunnar Myrdal, mais influenciados pela obra de Knut Wicksell, puseram em discussão as relações entre poupança e investimento. Na Inglaterra, John Maynard Keynes (um declarado admirador de Malthus) e alguns discípulos - entre os quais Joan Robinson - preparavam uma revolução contra o domínio da "lei de Say", o que aconteceu com a publicação, em 1936, da Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda de Keynes.

Depois do aparecimento dessa obra, e graças também ao grande prestígio de seu autor nos meios políticos acadêmicos ocidentais, o princípio da demanda efetiva foi ganhando aceitação geral. Antes, contudo, de surgir a Teoria Geral de Keynes, Kalecki já havia publicado, em polonês, três estudos que constituíram, em conjunto, a primeira formulação precisa e sistemática do papel da demanda efetiva no processo de reprodução capitalista. Nesses estudos pode-se constatar claramente a influência de Marx, Tugan-Baranovski e Rosa Luxemburg, como o próprio Kalecki o reconhece. E a partir deles Kalecki foi ampliando e aprimorando suas concepções, que culminaram com a publicação de sua Teoria da Dinâmica Econômica em 1954 - da qual falaremos adiante. Apesar de sua formação marxista e da originalidade de suas concepções, que precederam o aparecimento da Teoria Geral de Keynes, durante muito tempo Kalecki foi identificado como um "keynesiano". Na verdade, aconteceu o contrário: foi ele quem introduziu diversas idéias que depois foram adotadas pela chamada "economia keynesiana"; como escreveu Joan Robinson: "Poucos da atual geração de 'keynesianos' param para indagar quanto eles devem a Kalecki e quanto realmente a Keynes". A partir da segunda metade da década de 1950 - e graças à divulgação feita, entre outros, por Joan Robinson, Paul Baran, Paul Sweezy e Lawrence Klein - a originalidade das idéias de Kalecki e sua formação marxista começaram a ser mais conhecidas.

Muitos economistas marxistas passaram a perceber que a obra de Kalecki sobre as economias capitalistas, embora desprovida do vocabulário marxista tradicional e com todo o estilo formal e as expressões matemáticas, constituía um desenvolvimento do velho "problema da realização". A Teoria da Dinâmica Econômica A respeito das economias capitalistas, Michal Kalecki elaborou apenas três livros: Ensaios em Teoria das Flutuações Econômicas (1939), Estudos de Dinâmica Econômica (1943) e Teoria da Dinâmica Econômica (1954); todos seus outros livros acerca dessas economias constituem coleções de artigos originalmente publicados em revistas e/ou de capítulos específicos daqueles três livros. Como o autor esclarece no prefácio da Teoria da Dinâmica Econômica, este livro substitui os dois anteriores. Ou seja, embora trate dos mesmos temas dos outros dois, constitui um novo livro. E isso em três sentidos: primeiro, porque representa um aprimoramento; segundo, porque aborda algumas novas questões; terceiro, porque se utiliza de novos dados estatísticos para verificação dos argumentos teóricos.

Em suma, o último livro constitui a versão mais completa das idéias de Kalecki sobre o problema da dinâmica das economias capitalistas. Assim, os dois livros anteriores representam versões precursoras. Mas não apenas eles; na verdade, quase todos os temas tratados na Teoria da Dinâmica Econômica foram sendo aprimorados em sucessivos trabalhos, muitos dos quais publicados como artigos de revistas. Por outro lado, alguns desses mesmos temas continuaram a ser estudados por Kalecki depois da publicação da Teoria da Dinâmica Econômica. Portanto, para o leitor interessado na evolução das idéias do autor a respeito desses temas, relacionamos, mais adiante, os trabalhos que precederam e sucederam o referido livro. De que trata a Teoria da Dinâmica Econômica ? Embora seu subtítulo seja Ensaio Sobre as Mudanças Cíclicas e a Longo Prazo da Economia Capitalista, o livro abrange também o problema da determinação do nível da renda (ou da produção) a curto prazo.

As economias capitalistas em geral se desenvolvem dentro de um padrão cíclico; ou seja, elas se expandem, mas com flutuações periódicas. Assim, a produção ao longo do tempo pode ser representada como um movimento ondulatório,. Mas, apesar das flutuações, a produção continua a crescer; isto é, o movimento ondulatório se dá em torno de uma tendência crescente, expressa por uma reta. Mais do que isso; a longo prazo trata-se de um único problema: como explicar o comportamento da produção no decorrer do tempo? A explicação geral para essa pergunta responderia simultaneamente as referidas questões: a tendência crescente da produção, seu movimento cíclico e o nível atingido em cada ano, tendo em vista que, ao longo do tempo, o comportamento da produção nada mais é do que uma sucessão de produções anuais. Metodologicamente, contudo, é possível separar o problema geral nas três questões específicas, e isso é o que tem sido feito na Ciência Econômica. A primeira questão é usualmente conhecida como "determinação do nível da renda" (ou, em termos mais gerais, "da atividade econômica") e constitui um problema de "estática econômica", pois não envolve mudanças ao longo do tempo: trata-se de explicar o nível da renda num único momento (isto é, num ano). As duas outras questões são de "dinâmica econômica": em ambas o objeto de estudo são exatamente as variações do nível de renda ao longo do tempo. Mas essas duas questões se diferenciam pelo fato de que o objeto de estudo, em uma delas, são as mudanças cíclicas e, na outra, é o crescimento da renda. Essas duas questões de dinâmica econômica têm sido estudadas separadamente. A análise dos ciclos e a do crescimento econômico raramente são integradas numa única teoria. Elas chegam mesmo a constituir dois capítulos em separado da Ciência Econômica. Sua não integração se deve a duas razões básicas.

A primeira decorre de injunções históricas e mesmo do modismo. Assim, por exemplo, durante e até muitos anos depois da grande crise econômica de 1929/33, surgiu uma vasta literatura sobre os ciclos; depois, quando as economias capitalistas entraram num ritmo de firme expansão, a tônica se deslocou para a teoria do crescimento (nessa época, a elaboração de "modelos de crescimento econômico" virou moda, e alguns autores chegaram a falar do fim dos ciclos); na década de 1970, quando as economias capitalistas voltaram a apresentar acentuadas flutuações, as teorias dos ciclos foram ressuscitadas.

A segunda razão está na dificuldade de integrar consistentemente numa única formulação teórica o problema dos ciclos e o do crescimento. Essa dificuldade se torna maior quando, como no caso de Kalecki, a explicação teórica é apresentada sob a forma de um modelo matemático. O objetivo da Teoria da Dinâmica Econômica é o de explicar como, nas economias capitalistas, sendo dadas suas condições próprias de produção, a renda nacional e cada um de seus componentes (lucros e salários, pelo ângulo da renda, e consumo e investimento, pelo prisma da despesa) são determinados. Determinação de Lucros, Salários e Renda Nacional: De acordo com Kalecki, o volume total de lucros num dado ano é determinado pelo investimento, consumo dos capitalistas, déficit orçamentário do Governo e saldo de exportações. Se, para simplificar, excluímos estas duas últimas grandezas, temos: lucros = investimentos + consumo dos capitalistas. Ou seja, como já havia sido indicado por Marx, os lucros realizados pelos capitalistas como um todo são tanto maiores quanto mais eles investem e consomem. De que depende, por sua vez, o volume total de salários? Se a taxa de salário (isto é, o salário por trabalhador) não se altera, então, quanto maior a produção, maior o emprego de força de trabalho e, portanto, maior o montante de salários; logo, este último depende da produção. Esta pode ser dividida em três setores: o setor I produz bens de investimento, o II produzir bens de consumo para os capitalistas, e o III produz bens de consumo para os trabalhadores. A produção deste último setor vai depender do montante de salários; supondo-se que os trabalhadores não poupam, então, quanto maior esse montante, maior a compra e, assim, a produção de bens do setor III. Se o volume de salários depende da produção, mas, por outro lado, a produção do setor III depende daquele, isso significa que ele é determinado pela produção dos setores I e li: o aumento da produção nesses dois setores implica o crescimento de seu volume de emprego e de salários; esse acréscimo de salários, por seu turno, vai provocar o aumento da produção, do emprego e do montante de salários no setor III.

Assim, o volume total de salários é determinado também pelo investimento e consumo dos capitalistas. Se essas duas grandezas determinam tanto os lucros como os salários, e sendo a renda nacional igual à soma de lucros e salários, então elas também determinam a renda nacional. Mas, é preciso observar, essa conclusão só é válida se supomos que a distribuição da renda entre salários e lucros não se altera. Para sermos mais exatos: o montante de salários e a renda nacional dependem não apenas do investimento e consumo dos capitalistas, mas também da repartição da renda entre salários e lucros na economia como um todo. Consideremos um aumento no investimento e no consumo dos capitalistas, isto é, na produção dos setores I e II. Os lucros terão um igual acréscimo. Mas o aumento no montante de salários vai depender da distribuição da renda nos três setores. Se, ao crescer a produção dos setores I e II, a repartição da renda não se alterar, então o montante de salários crescerá na mesma proporção dos lucros; se a repartição se modificar em benefício destes últimos, então o volume de salários crescerá menos. Enfim, o montante de salários depende não só do investimento e do consumo dos capitalistas, mas também da repartição da renda. O mesmo acontece com a renda nacional.

Distribuição de Renda : Constatada a importância da distribuição da renda na determinação do produto nacional, cabe explicar a própria distribuição. É com a análise desse problema que Kalecki inicia seu livro. Na economia como um todo, a repartição da renda constitui a média ponderada da repartição nos diferentes ramos produtivos. E, em cada ramo, a distribuição é função de dois fatores: 1) o grau de monopólio e 2) a relação entre o custo dos insumos materiais e os salários. Quanto maior o grau de monopólio, maior é o preço (e, dentro dele, o lucro) que uma indústria pode cobrar por sua mercadoria em relação ao custo de sua produção (onde se incluem o custo dos insumos e os salários); logo, maiores são os lucros em relação aos salários, isto é, maior é a participação dos lucros na renda gerada. Em segundo lugar, quanto maior o custo dos insumos em relação aos salários, e como os lucros são auferidos sobre a soma de insumos e salários, então maiores são os lucros em relação aos salários.

Formação de Preços: O ponto fundamental dessa explicação da distribuição da renda é o problema do grau de monopólio, o qual implica toda uma teoria da formação dos preços. Por isso mesmo é que Kalecki, antes de formular aquela explicação, trata de estabelecer sua teoria da formação de preços. Em seus primeiros trabalhos de Economia, de 1928 a 1932, Kalecki estudou muitos casos reais de produção e comercialização de mercadorias e pôde observar a ação monopolista das empresas sobre os mercados. Por isso, ele jamais aceitou a teoria neoclássica dos preços, apoiada no princípio da concorrência perfeita, e viu-se obrigado a formular sua própria teoria, no que foi influenciado pelas obras pioneiras de Sraffa, Chamberlin e Joan Robinson sobre o tema.

Sua teoria é a seguinte: excetuando a agricultura (onde os produtos são pouco diferenciados e, a curto prazo, a oferta é rígida, e onde, portanto, os preços são determinados pela demanda), nos demais setores existe reserva de capacidade produtiva, e as empresas - seja pela concentração industrial ou seja pela propaganda, diferenciação real ou fictícia de suas mercadorias etc. - detêm poder sobre seus mercados para fixarem os preços de seus produtos. Para isso, cada empresa toma por base seu custo médio de produção (insumos e salários) e acrescenta sua margem de lucro, levando em conta o preço médio das outras firmas. Quanto maior o domínio sobre o mercado - isto é, o "grau de monopólio" - por parte de uma empresa, maior será o preço por ela fixado para seu produto em relação a seu custo médio e, portanto, maior será seu lucro. A concepção de Kalecki sobre o processo de formação dos preços foi publicada pela primeira vez em 1938 e a partir daí, em sucessivos trabalhos, foi sendo aprimorada. Mas até hoje continua sendo um dos pontos mais discutidos de toda sua obra sobre as economias capitalistas - e nem poderia deixar de ser assim, visto contrariar frontalmente a teoria neoclássica dos preços, que é o mito mais sagrado dessa corrente do pensamento econômico, dominante no mundo ocidental. De qualquer modo, aceitando-a ou não, no todo ou em parte, um fato tem de ser reconhecido: ao relacionar estreitamente a determinação do produto nacional com a distribuição de renda e com o processo de formação dos preços, Kalecki conseguiu integrar numa só teoria três problemas que na Ciência Econômica ortodoxa são usualmente tratados em separado (haja vista a tradicional separação da Macroeconomia e da Microeconomia).

Importância Fundamental do investimento : Podemos voltar agora ao problema da determinação do nível da atividade econômica. Já dissemos que os lucros dos capitalistas como um todo num ano qualquer são formados pelos gastos dos próprios capitalistas em investimento e consumo nesse mesmo ano. Além disso, sendo dada a distribuição da renda entre lucros e salários, aquelas duas grandezas determinam também o montante de salários e o produto nacional. Assim, o investimento e o consumo dos capitalistas (juntamente com o déficit orçamentário do Governo e o saldo de exportações, que temos omitido para simplificar a exposição) constituem as variáveis fundamentais na determinação do nível da atividade econômica. Todavia, como mostra Kalecki no capítulo 4, também o consumo dos capitalistas num ano qualquer depende dos investimentos efetuados em anos anteriores.

Logo, considerando a questão de modo dinâmico, isto é, ao longo do tempo, a variável realmente estratégica é o investimento. E essa variável que determina o nível da renda nacional num dado ano e suas variações (ciclos e crescimento) no decorrer do tempo. As relações entre a renda nacional (tanto seu nível como sua variação) e o investimento são examinadas no capítulo 5. Taxas de Juros: Estabelecido o papel estratégico do investimento, cabe encontrar seus determinantes. Antes, porém, de entrar nesse assunto, Kalecki faz uma parada para analisar as taxas de juros de curto prazo (capítulo 6) e de longo prazo (capítulo 7). Do modo como se encontram, sem maiores explicações acerca de suas ligações com o tema central (a não ser na última página do capítulo 7), esses dois capítulos parecem estar meio perdidos no livro. Mas não estão.

De acordo com muitos autores (tanto clássicos como neoclássicos, e também Schumpeter e Keynes, embora baseados em supostos diferentes), a taxa de juros assume grande importância na determinação do investimento: este variaria em sentido contrário ao da taxa de juros. O que Kalecki se propõe nesses dois capítulos é refutar essa concepção. Para isso, antes de tudo, ele separa as taxas de juros de curto prazo e as de longo prazo (o que raramente é feito pelos outros autores); e isso deve ser feito porque os empréstimos para investimentos são efetuados a taxas de longo prazo. A conclusão de Kalecki é a seguinte: as taxas de curto prazo apresentam grandes oscilações, mas as de longo prazo (as que efetivamente importam no problema em pauta) permanecem relativamente estáveis durante períodos de tempo razoavelmente longos (por exemplo, no decorrer de todo um ciclo econômico de oito a dez anos) e, portanto, têm muito pouca influência no processo de investimento. Capital Empresarial como Limite do Investimento: Muitas teorias tratam o investimento como se este fosse acessível a qualquer indivíduo disposto a arriscar-se num empreendimento produtivo, o que caracterizaria, nas palavras de Kalecki, "um estado de democracia econômica onde qualquer pessoa dotada de habilidade empresarial pode obter capital para iniciar um negócio".

A realidade, contudo, não é esta. A quase totalidade dos investimentos é efetuada por pessoas (físicas ou jurídicas) que já são proprietárias de capital. Logo, ao tratar dos determinantes do investimento, é preciso levar em conta esse fato, como o faz Kalecki. A propriedade de capital por parte de uma empresa - o capital empresarial - é que limita o montante de investimento que a empresa pode efetuar. E isso por dois motivos: 1) quanto maior for seu capital próprio, a empresa terá maior acesso ao mercado de crédito, isto é, poderá obter maiores empréstimos para investimento; 2) dado o grau de risco assumido pela empresa, o montante de empréstimos que ela pode tomar para investimento vai depender de seu capital próprio. Trata-se, nesse segundo caso, da aplicação daquilo que Kalecki denominou (em estudo anterior) de "princípio do risco crescente": ao tomar empréstimos para investimento, o risco assumido pela empresa, em caso de fracasso, será tanto maior quanto maior for o valor dos empréstimos em relação ao valor de seu capital próprio. Assim, com um mesmo grau de risco, as empresas maiores podem recorrer a mais empréstimos do que as empresas menores.

Determinantes do Investimento: Deixemos de lado a acumulação de estoques que, para Kalecki, pode ser considerada como uma função da variação do volume de produção. Assim, o investimento se refere apenas à acumulação de capital fixo. Seu montante, num dado momento, depende de três "fatores": a disponibilidade de recursos financeiros próprios, a variação nos lucros e a variação no estoque de capital fixo. Além dessas três variáveis, na equação dos determinantes do investimento é incluído um outro fator, considerado como relativamente constante ao longo do tempo; assim, independentemente das três variáveis, haveria sempre um certo montante de investimento decorrente desse fator, o qual refletida a soma de outras diversas influências - principalmente das inovações tecnológicas - sobre o processo de investimento. Os referidos recursos financeiros são constituídos pela poupança bruta das empresas (isto é, os lucros brutos não distribuídos) e pela poupança pessoal dos proprietários que controlam as empresas. Esses são os recursos de que elas dispõem para investimento sem precisarem recorrer ao mercado de capitais. Quanto maior o volume desses recursos, maior deve ser o montante do investimento; primeiro, porque as empresas não podem deixá-los simplesmente ociosos e, portanto, tendem a convertê-los em investimento; segundo, porque eles aumentam o capital próprio das empresas (de que falamos antes), e, assim, ampliam o acesso ao mercado de capitais.

O investimento efetuado pelas empresas num dado momento pode ser menor, igual ou maior do que o volume de seus recursos financeiros próprios, dependendo da atuação dos outros dois "fatores" no momento anterior: a elevação dos lucros influencia positivamente, mas o aumento do estoque de capital fixo tem uma influência negativa. A simples expansão dos lucros não basta para justificar o investimento; se, no momento anterior, as empresas tinham capacidade ociosa mas, apesar disso, o estoque de capital cresceu, então no momento presente elas não precisam investir apenas porque a produção e, com esta, o volume de lucros aumentaram: no momento presente elas podem continuar a produzir mais, sem ampliar seu capital fixo (isto é, sem investir), simplesmente aproveitando-se da capacidade ociosa existente. Em suma, é preciso levar em conta a variação tanto do lucro como do estoque de capital fixo. Essa teoria apresenta diversos pontos fracos, entre os quais dois merecem destaque: 1) a influência do progresso técnico não é ressaltada, permanecendo embutida numa constante adicionada à equação dos determinantes do investimento; 2) não se explica por que os capitalistas continuam a investir (a ampliar seu capital fixo) apesar da existência de considerável margem de capacidade produtiva ociosa. Kalecki está ciente das deficiências de sua teoria, e por isso mesmo continuou a estudar o problema.

Poucos anos antes de sua morte, publicou um trabalho onde apresentou uma nova explicação dos determinantes do investimento, eliminando aqueles dois pontos fracos.
De acordo com essa explicação, o estímulo ao investimento decorre da concorrência entre os capitalistas: um capitalista é levado a introduzir inovações tecnológicas e, portanto, a investir (posto que as inovações estão embutidas nos novos equipamentos de capital), apesar da existência de capacidade ociosa, para captar lucros auferidos por seus concorrentes (ver o ensaio "Tendência e Ciclo Econômico" em Crescimento e Ciclo das Economias Capitalistas). Ciclos e Crescimento: As duas últimas partes da Teoria da Dinâmica Econômica tratam separadamente dos ciclos e do crescimento. O problema dos ciclos, relacionado ao dos determinantes do investimento, foi o que mais exigiu o esforço intelectual de Kalecki em toda sua vida. Ele publicou um grande número de trabalhos sobre o tema (relacionados mais adiante), tendo elaborado diversos modelos dos ciclos. Seu último modelo está no ensaio "Tendência e Ciclo Econômico" acima citado; seu penúltimo modelo é o que está incluído na Teoria da Dinâmica Econômica. Ao fazer e refazer seus modelos, a preocupação de Kalecki era a de encontrar uma explicação dos ciclos que fosse a mais realista possível. Assim, seus primeiros modelos adotavam a hipótese dos "ciclos puros", ou seja, ciclos desprovidos de tendência, como se as flutuações da produção se dessem ao longo de uma linha horizontal (por exemplo, na Figura 1 a reta T seria horizontal e não ascendente). Já em seu livro Studies in Economic Dynamics (1943), Kalecki leva em conta a tendência, e essa nova forma de abordagem foi aprimorada na Teoria da Dinâmica Econômica e em um artigo posterior, mas Kalecki continuou insatisfeito por não ter integrado o ciclo e o crescimento econômico num único modelo. Por isso mesmo, ele voltou a apresentar uma nova formulação, no já citado ensaio "Tendência e Ciclo Econômico" (1968), onde advertiu: "Eu mesmo abordei esse problema em minha Teoria da Dinâmica Econômica e em minhas 'Observações sobre a Teoria do Crescimento' de um modo que agora não considero inteiramente satisfatório: comecei desenvolvendo uma teoria do 'ciclo econômico puro' numa economia estacionária e depois modifiquei as respectivas equações para introduzir a tendência.

Com essa separação das influências de curto e longo prazos, deixei de levar em conta certas repercussões do progresso técnico que afetam o processo dinâmico como um todo. Tentarei agora não dividir minha análise nessas duas etapas". Ou seja, na Teoria da Dinâmica Econômica, da equação dos determinantes do investimento (da qual constam os três fatores antes mencionados: a poupança interna bruta das empresas, o aumento dos lucros e o aumento do estoque de capital fixo), seu autor deriva a equação do ciclo econômico; todavia, para obter a tendência, ele é obrigado a introduzir "de fora" um novo fator: as inovações tecnológicas. Já no referido ensaio, o progresso técnico passa a ser o principal determinante do investimento, e é daí que Kalecki obtém tanto a equação do ciclo como a da tendência.

Apesar de Kalecki ter formulado diversos modelos de ciclos, seu princípio básico é sempre o mesmo. A variável estratégica na explicação do nível da atividade econômica, seja num ano ou seja ao longo do tempo, é o investimento. E essa variável que, através do seu efeito multiplicador determina o volume geral dos gastos (isto é, da demanda efetiva) e, assim, a renda nacional num dado ano. É essa variável que, adicionada ao existente estoque de capital amplia a capacidade produtiva e permite o crescimento econômico de longo prazo. Por fim, é essa variável que com suas oscilações, gera os ciclos econômicos. E suas oscilações decorrem do caráter sul generis do investimento; como escreveu Kalecki em 1939: "Vemos que a pergunta - O que causa as crises periódicas ?" poderia ser respondida brevemente: é o fato de que o investimento não apenas é produzido mas também é produtor.

O investimento considerado como despesa é a fonte de prosperidade, e cada aumento dele melhora os negócios e estimula uma posterior elevação do investimento. Mas, ao mesmo tempo, cada investimento é uma adição ao equipamento de capital, e desde logo compete com a geração mais velha desse equipamento. A tragédia do investimento é que ele causa crise porque é útil. Sem dúvida, muitas pessoas considerarão paradoxal essa teoria. Mas não é a teoria que é paradoxal, e sim seu objeto: a economia capitalista".


Valeu?

Barbosa.

2007-03-17 05:28:25 · answer #2 · answered by BARBOSA® 7 · 0 0

Procure na Livraria Saraiva se tem algum livro sobre ele, www.saraiva.com.br ou procure no www.cade.com.br.

Boa sorte!
Beijos em seu coração!

2007-03-16 16:49:44 · answer #3 · answered by Á amizade é como uma flor 7 · 0 0

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