A ERA DAS REVOLUÇÕES
Perto do final do século XVIII, o poder do monarca começou a ser desafiado. A reação européia frente ao absolutismo se intensificou com o sucesso da guerra de independência dos Estados Unidos e pelo auge da burguesia inglesa, o que coincidiu com a Revolução Industrial.
A Revolução Francesa compreende uma série de acontecimentos que transformaram a atmosfera política, social e econômica da Europa moderna. Estes fatos começaram quando Luis XVI tentou restabelecer os moribundos Estados Gerais em 1789. Quando a Assembléia Nacional proclamou a Declaração dos diretos do homem e do cidadão, pretendia advertir o resto da Europa que tinha descoberto princípios de governo universalmente válidos.
A monarquia constitucional surgida em 1791 era tão ineficiente que deu lugar à proclamação da República na França. Durante o seguinte período, o país foi governado por dirigentes revolucionários que tiveram que enfrentar uma série de guerras, organizadas por uma coalisão de potências européias cujo absolutismo considerava inadmissíveis os ideais revolucionários franceses. O governo do Diretório tentou assimilar os elementos menos controversos da herança revolucionária, abrindo caminho para a rápida conquista do poder por Napoleão Bonaparte. Este deu um golpe de estado em 1799, governando de forma autoritária e proclamando-se imperador em 1804. Como parte do seu plano para estender os princípios da revolução francesa, promulgou o código napoleônico, que consistia num sistema codificado de leis, colocando a educação sob controle estatal. No que tange aos assuntos exteriores, Napoleão reorganizou o mapa da maior parte do continente, anexando grandes extensões ao Império francês, pela força das armas.
Se o seu sucesso dependia do entusiasmo nacional francês, sua queda foi provocada pelo desenvolvimento da consciência nacional dos outros povos europeus. As Guerras Napoleônicas se diferenciaram das de Luis XIV, porque não ocorreram simplesmente entre estados, mas entre estados nacionais. Após uma série de desastres, Napoleão foi derrotado na batalha de Waterloo. Durante seu governo, ele incrementou o poder do estado centralizado acrescentando-lhe uma dose de nacionalismo.
Após o exílio de Napoleão, os aliados vitoriosos se reuniram, decididos a restabelecer a antiga ordem no Congresso de Viena. O austríaco Klemens von Metternich criou um acordo geral para vigiar o continente contra qualquer desordem de índole revolucionária. Porém, as idéias revolucionárias européias continuaram na surdina, contando com a ajuda das tensões criadas pelo desenvolvimento industrial. Os românticos, que rejeitavam o cálculo racional e o autocontrole clássico, deram ao liberalismo, ao socialismo e ao nacionalismo um conteúdo emotivo. Como herdeiros da Ilustração e representantes da burguesia, os liberais fizeram campanha em favor do governo constitucional, a educação secular e a economia de mercado, o que libertaria as forças produtivas do capitalismo.
Entre 1815 e 1848, Europa foi sacudida por três crises revolucionárias. Em 1848, os levantes se estenderam por toda a Europa, com a exceção de Grã-Bretanha, Rússia e da Península Ibérica. As estradas de ferro, a industrialização e o crescimento populacional estavam modificando a paisagem da Europa, ao mesmo tempo que o pensamento materialista começou a desafiar o primado romântico da poesia e a filosofia. A ciência estava-se tornando uma referência, a garantia do progresso inexorável. Charles Darwin, apesar da sua visão sobre uma natureza selvagem, predicou a "sobrevivência dos mais aptos"; por sua vez Karl Marx e o revolucionário alemão Friedrich Engels ridiculizaram as utopias e elaboraram um socialismo científico, fundamentado em propostas mais radicais de transformação da sociedade.
O liberal e pragmático Camilo Benso di Cavour unificou a Itália ao saber combinar habilmente a diplomacia com o uso de exércitos regulares. O político húngaro Ferenc Deák negociou a autonomia da Hungria dentro do contexto da monarquia dos Habsburgo. Na França, Napoleão III forjou uma ditadura que coordenou a industrialização com os programas de bem estar público, a disciplina e a ordem social. Otto von Bismark unificou a Alemanha utilizando as guerras contra a Dinamarca, Áustria e França, para converter o novo estado numa das principais potências da Europa. Na Espanha, após a perda de todas as colonias americanas e o confronto entre liberais e conservadores, o século XIX foi uma época de graves convulsões políticas.
Para a maioria dos europeus, a época entre 1871 e 1914 foi a Belle Époque. A ciência tinha tornado a vida mais cômoda e segura, o governo representativo tinha grande aceitação e se esperava confiantemente um progresso contínuo. As potências européias se orgulhavam dos seus avanços e, convencidas de que a história lhes tinha reservado uma missão civilizadora, reclamaram enormes territórios da África e da Ásia para torná-los suas colônias. As rivalidades nacionais se exacerbaram por causa da competição imperialista.
Enquanto isso, a classe operária industrial aumentava e os partidos social-democratas marxistas pressionavam os governos europeus. O imperador Guilherme II, na Alemanha, afastou Bismark em 1890. Durante duas décadas o chanceler tinha levado adiante, com sucesso, uma surpreendente política de alianças internacionais que mantivera a paz. O perigo alemão, junto à rivalidade entre Rússia e a Áustria nos Balcãs, exigia uma atividade diplomática que representava enormes dificuldades. O assassinato do arquiduque Francisco Fernando de Habsburgo, em 28 de junho de 1914, foi o estopim que desencadeou a crise que a Europa tentava contornar.
A NOVA EUROPA
Os norte-americanos trataram os europeus como aliados na Aliança Atlântica. Alguns, no entanto, perceberam os perigos da influência dos Estados Unidos. Tal foi o caso de Charles de Gaulle, que ao se negar a conceder aos Estados Unidos uma presença permanente na Europa ocidental, interrompeu a colaboração francesa com a OTAN, e começou a desenvolver uma força de dissuasão própria. Defendeu a idéia da união entre os estados europeus. O primeiro passo nesse sentido já tinha sido dado em 1951, quando a França, a República Federal da Alemanha, a Itália e os Países Baixos, estabeleceram o Mercado Comum do Carvão e do Aço. Depois, em 1957, criou-se a Comunidade Econômica Européia (ver União Européia).
Em fins da década de 1980, as condições econômicas da Europa oriental se deterioravam tão rapidamente que os governos comunistas não puderam segurar por mais tempo a onda de protestos populares. Durante 1989 e 1990, as eleições livres levaram a governos democráticos na Polônia, Hungria e Tchecoslováquia. Em fins de 1989 caiu o Muro de Berlim, e em 1990 a Alemanha Oriental foi absorvida pela Alemanha Ocidental. Em 1991 foi reconhecida a independência das três repúblicas bálticas, Estônia, Letônia e Lituânia; a URSS também aceitou a independência do resto das repúblicas soviéticas, o que trouxe sua total desintegração.
Na Europa ocidental, o fim da Guerra Fria trouxe esperanças de cooperação total e inclusive de amizade entre Leste e Oeste. Mas estas perspectivas não tiveram muito sucesso, diante do aumento da instabilidade das antigas repúblicas soviéticas e da eclosão da guerra entre sérvios e croatas, na Croácia, e entre sérvios, croatas e muçulmanos na Bósnia-Herzegovina. Em 1993, Tchecoslováquia também se dividiu em duas repúblicas distintas, a República Tcheca e a Eslováquia. Os países membros da Comunidade Européia (hoje chamada de União Européia) tinham estabelecido, em princípio, o dia 1 de janeiro de 1993 como data limite para a integração econômica. O tratado da União Européia ou tratado de Maastricht, elaborado para intensificar a integração política e econômica da Comunidade, foi finalmente ratificado pelos doze membros da União Européia em 1993. Em 1994, Finlândia, Suécia, Áustria e Noruega solicitaram sua inclusão na União Européia, o que se tornou efetivo para os três primeiros países em janeiro de 1995.
Depois da I Guerra Mundial o mapa da Europa sofreu grandes transformações. Pelas cláusulas do Tratado de Versalhes (1919), a Alemanha cedeu territórios à Bélgica, Dinamarca, França, Tchecoslováquia e Polônia. Estes dois últimos países, como também a Romênia e a Iugoslávia, receberam também territórios do Império Austro-Húngaro, que foi dissolvido após o fim do conflito. O Império Otomano também se desintegrou, ficando reduzido à Turquia. A Sociedade das Nações transferiu a administração da maior parte das nações que o integravam para os franceses e britânicos.
Durante muito tempo, a Europa comandou as atividades econômicas do mundo. Como lugar em que nasceu a ciência moderna e a Revolução Industrial, adquiriu também uma superioridade tecnológica sobre o resto do mundo, o que lhe proporcionou um incontestável domínio durante o século XIX.
De maneira geral, a agricultura européia é de tipo misto, sendo produzidos vários tipos de cultivos em conjunto com a cria de gado. A parte européia da antiga URSS, no entanto, é uma das poucas regiões extensas onde predomina a monocultura. As nações do Mediterrâneo têm um tipo de agricultura diferente, no qual a produção de cereais, óleo, vinho e cítricos têm predomínio. Na maioria destes países, a agricultura tem mais peso na economia nacional do que nos países do norte.
Os bosques setentrionais, que se estendem desde a Noruega através do norte da Rússia européia, são a principal fonte de produtos florestais da Europa. A pesca se destaca na Noruega, Dinamarca, Espanha, Rússia, Grã-Bretanha e Polônia.
Desde a Revolução Industrial, o setor secundário transformou radicalmente as estruturas econômicas. As zonas centrais e setentrionais da Inglaterra se tornaram rapidamente centros da indústria moderna, como também as regiões do Ruhr, Saxônia, o norte da França, Silésia e Ucrânia. Em conjunto, a atividade se concentra especialmente na parte central do continente (uma área que se estende por toda a Inglaterra, o sul e o leste da França, o norte da Itália, Bélgica, Holanda, Alemanha, Polônia, República Tcheca, Eslováquia, o sul da Noruega e o sul da Suécia), bem como na Rússia européia e na Ucrânia.
2007-03-12 18:55:27
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