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2007-03-09 06:27:47 · 1 respostas · perguntado por Neide Aparecida R 5 em Entretenimento e Música Outras - Entretenimento

1 respostas

Lembro-me muito bem. Pois era a "Globo" daquela época. Na época, contrariando opiniões, a aquisição de dotes e conhecimentos artísticos e culturais não implicava necessariamente em sair viajando pelo mundo, visitando grandes exposições e apreciando conhecidas obras de arte. Tampouco se resumia em leitura de bons livros, assistir boas peças teatrais, estudar em grandes academias ou dispendiosos colégios, pois (como a Internet um dia será), acessível a qualquer classe social havia o encantamento e magia da Rádio Nacional, onde os ouvintes, através de inteligentes narrativas em programas clássicos variados, radio-novelas e mesmo em programas humorísticos, viajavam na própria fantasia, usando a imaginação e segundo o nível individual de entendimento, criavam um mundo interior de riquíssimas alternativas pessoais, resultando num inter-relacionamento social mais íntimo do que hoje, pois através das ondas da Nacional, assimilavam de maneira unipessoal as mais variadas concepções da História, da Arte e da Cultura. De fato, embora uma única imagem possa valer por mil palavras, diferente da figura vista num livro, ou a idealizada durante uma leitura ou mesmo a imaginada ao lermos um jornal, pela TV somos bombardeados pela simultaneidade de imagens que passam rapidamente por nossas retinas e não captamos importantes detalhes que não conseguimos gravar, senão superficialmente, para não sobrecarregar nossos cérebros, o que pode resultar em alguém passar dias seguidos frente a um aparelho que transmite o “máximo”, e pode lhe dizer o “mínimo”, e se for desinteressante, até não lhe dizer “nada”. Aliás, como meio de comunicação bastante em diferenciado da Televisão, onde as imagens falam por si, as audições de Rádio Nacional requeriam o máximo de atenção e concentração, o que levava os ouvintes segundo o próprio entendimento a debater com familiares e amigos todos os aspectos dentro dos respectivos pontos de vista individual, a respeito de vários assuntos. Não pretendo contar a história da Rádio, mas em breve resumo que anotei, em 1915 as piadas baseadas na má política requeriam divulgação, mas só corriam de boca em boca, como a sátira “Filomena”, crítica humorada ao Marechal Hermes da Fonseca. Em 1917, o primeiro samba gravado pelo velho Donga (apelido do compositor e violonista Ernesto Joaquim Maria dos Santos), “Pelo Telefone”, era executado em antigas vitrolas e preenchia os lares brasileiros. Antes do samba, o ritmo mais conhecido no Brasil sofria variações regionais, pois sem a Radio, não era assimilado de maneira uniforme nas diversas regiões, e se constituía numa espécie de “partido-alto”, onde os mais “inspirados” se reuniam para uma "Roda-de-batucada”, se revezando e improvisando versos. No Centenário da Independência, em 1922, o País teve uma reviravolta em todos os campos da Arte, com a famosa “Semana de Arte Moderna” que tirou do anonimato os principais talentos do País, levando-os à fama internacional e marcou a criação da Rádio por Assis Chateaubriand e que, por volta de 1930, já atingia o auge com o maior sucesso de audiência, na voz da inesquecível Carmem Miranda e seu trejeito todo especial, que culminou por elevá-la a um dos maiores fenômenos de Hollyhood, após o enorme sucesso de sua estupenda “Taí”. Aliás, naquele ano, não só a a Carmem, como sua irmã Aurora, foram escolhidas para homenagear o veículo de comunicação mais bem sucedido, e todos apreciavam as Irmãs Miranda, cantando em dupla “Cantoras do Rádio”. Nas casas de famílias pobres, um receptor de rádio era fundamental e quando nasci, o samba mais divulgado era o de Rubens Soares e David Nasser, “Nega do Cabelo Duro”, gravado pelo conjunto musical “Anjos do Inferno”, aliás, bruscamente interrompido em “Edição extraordinária” quando meus pais ouviram, preocupados, a declaração do Ministro Osvaldo Aranha, declarando estado de guerra com os Países do Eixo e a expulsão dos diplomatas da Alemanha, Itália e Japão. Sem dúvida, ninguém nasce com um “kit” pronto de suas próprias recordações, tendo de construí-las vivenciando a própria história, mas como é que o (a) jovem atual pode construir a história de sua vida se for criado (a) dentro de um apartamento e sem experimentar brincadeiras livres com outras crianças, como: brincar de roda, passar anéis, soltar pipas, rodar pião, brincar de pique, jogar bolas de gude, trocar figurinhas, viajar de num trem de uma cidade àa outra, cavalgar ao vento, passear numa em praças, etc., massificados pela mídia mentirosa que coloca depravadas “madonnas” como requinte máximo de símbolo sexual, enquanto um (a) jovem atual que não tem “asas”, nem experiência, mas também não é burro (a), constata que está sendo enganado (a) ao verificar que, numa pesquisa nacional, hoje a preferência masculina é voltada a pessoas comportadas e inocentes como a bela Sandy, filha de modestos pais sertanejos? Será que os “antigos” valores morais devem ser sepultados, sem que os os jovens os atuais os conheçam? Por ser unidirecional, a mídia tem a propriedade de tomar qualquer besteira e transformá-la em estrondoso sucesso, e até em mania nacional, passando despercebido por jovens (e adultos) inexperientes o que na realidade são. Tanto que, diferente mente das boas recordações dos “meus oito anos” do brilhante Casimiro de Abreu ao lembrar de meus “oito anos” foi ver o País consternado, em 1950, em plena inauguração do Maracanã, quando era foi narrado pelo rádio o gol do Uruguaio Giggia contra as traves brasileiras ...Tristeza geral. Felizmente, havia muitos programas humorísticos divertidos ajudando a sufocar a mágoa do povo, principalmente com pilhérias em cima dos Uruguaios e da seleção canarinho, como as "Piadas do Manduca” levadas ao ar pela Rádio Nacional. Além disso, o povo estava alegre demais para se deixar abater, pois era certa a volta de Getúlio Vargas ao poder e no carnaval de 1951, um dos maiores sucessos nas rádios (e clubes) o homenageava com “O Sorriso do Velhinho”. Já no carnaval seguinte, o Brasil não já estava alegre e o maior sucesso na Rádio mostrava insatisfação social em apologia às classes menos favorecidas, como a lembrada na voz da cantora e Marlene, com sua inesquecível “Lata d’água na Cabeça”. A Televisão (nascida em 1950) mal dera nem as caras e na hora do “Repórter Esso”, cujo prefixo musical criado por Ivan Paulo da Silva, o popular maestro Carioca, era imediatamente conhecido em todo Brasil, deixando com a população em suspense, mormente em momentos de “Edições extraordinárias”, origem dos atuais “Plantões” noticiosos, e um silêncio solene chegava a tomar conta da família, na hora de ouvir as principais notícias da “Testemunha ocular da Historia”, chegadas pelas ondas da Rádio Nacional. E não foi pela TV, mas através das ondas da Rádio que o movimento da “bossa nova”, espécie de ritmo morno e preguiçoso, inventado para (e por) quem não sabia cantar, alcançava piques de audiência, em 1958, com
“Chega de Saudade”, na voz do desafinado João Gilberto. Naqueles tempos, ouvir rádio era um costume salutar e o único programa detestado pela maioria era chamado de “A Voz do Brasil”, certo que ouvir política nunca foi o forte de nossa população, mas o pernicioso culto à personalidade (iniciado com Getúlio) infelizmente alcançou a Rádio e os candidatos a cargos públicos passaram a usar a Rádio para autopromoção, com suas promessas mentirosas, o que, no entanto, valeu a Jânio Quadros a votação mais expressiva na história do País, graças a um “jingle” bem trabalhado, o conhecido “Varre, Varre Vassourinha”. Naqueles anos, a máxima popular propagada na rádio era: “uma sentença para cada cabeça”, mas o culto à personalidade, hoje oculto (não a Agneo), já era discutido como originado e propagado desde a Alemanha nazista, alcançando homens públicos e adentrando os lares brasileiros através de uma técnica muito usada pelo alto comando alemão: a “propaganda”, que tinha até Ministro junto ao “Reich”. O processo se resumia na indução ao prazer pelo “bom” (não pelo “bem”), segundo conveniências de terceiros que lucravam com isso. Com Baseada em inocentes “reclames” (anúncios de consumo), a publicidade passou a ser utilizada também para promover pessoas, usando mascaração do “bom” para que o “produto” (no caso, a pessoa) tecnicamente exposto passasse a ser fosse “idolatrado” para aceitação de pseudo-superioridade de princípios e qualidades expostas, acima e além das virtudes e méritos reais do ingênuo público-alvo: o consumidor” (aliás, nada diferindo da mídia atual). A Rádio (por enquanto) ainda não acabou, contudo, é lamentável assistir o fim da magia do veiculo “de coração a coração”, sob domínio de “seitas evangélicas” recentemente inventadas por quem não quer “pegar no pesado”. A onda de promoção pessoal que se apossou dos meios de comunicação (incluindo a TV) chegou ao extremo e, com toda atual globalização, ainda sofremos do mesmo mal, tendo de engolir um bando de “peidões” de meios influentes, como: artistas, políticos, pastores, intelectuais, sem contar uma pá de medíocres que a mídia insiste renitentemente em “enfiar-nos goela abaixo”, para prestar-lhes homenagens e honras de forma apoteótica, como se fossem nossos reis, pois a diferença é que naquela época os títulos de “Rei da Voz”, atribuídos a Francisco Alves, Nelson Gonçalves, etc. ou “Rainha do Rádio” a cantoras como Ângela Maria, Marlene, Emilinha Borba, etc. através de eleição dos seus fãs, eram apenas forma elogiosa às qualidades adjuntas aos respectivos talentos e não aos artistas em si, e eram títulos tão impessoais que até mudavam freqüentemente de “portadores” (Reparem a enorme diferença entre “Rei da Voz” ou “Rainha do Rádio”, para “Rei da Jovem Guarda” ou “Rainha dos Baixinhos”, abarcando pessoas!). O fato é que com o tempo o povo se acostuma a ser enganado na compra de “produtos-pessoas” e nem se dá conta disso. Por que homenagear a quem vive de vendas de discos, se não os recebemos “de graça”? Pudesse e muito mais teria a dizer da Rádio Nacional (Como os programas de César Ladeira, César de Alencar, etc.etc.) mas não caberia neste espaço, Neide Aparecida (cujo cognome deixou-nos saudades, como a "Garota Tonelux") e termino dizendo que tenho saudades da Rádio Nacional, e você?

2007-03-09 07:21:04 · answer #1 · answered by Origem9Ω 6 · 1 0

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