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O velho Freud, que não me deixa mentir, tem por um lado uma visão idílica — e isto nele é raríssimo — da relação da mãe com o filho. Trata-se do único vínculo de amor em que o desprendimento, a generosidade e o altruísmo constituem a tônica da relação. Mas, por outro lado, o criador da psicanálise, com a sua cerrada — e sábia — mania de referir tudo e todas as coisas aos componentes da sexualidade, afirma que o filho, para a mulher, é o ressarcimento, ou a indenização, por ela exigidos, em virtude do fato de lhe faltar o pênis. Pela maternidade, a mulher consegue superar a invidia penis, fonte para ela segundo o supracitado Freud — de mortificantes sentimentos de inferioridade. O filho, inconscientemente, para a mãe, pode vir a representar a insígnia fálica que lhe falta. Ele será, então, pedaço e brinquedo narcísico da mãe, coisa e loisa dela, propriedade privada e inalienável, sem direito a uma vida própria.
Através da estrutura edipiana, Freud distribui as posições do pai, mãe, do filho e da filha e detalha o longo périplo através do qual cada um aprende a assumir a sua realidade sexuada ou, a resignar-se a ela, quando se trata da menina.
Para ele a lei do pai, ao proibir a posse da mãe, primeiro objeto de desejo, que deverá transferir-se para outra mulher e, no caso da filha, para outro sexo, inaugura o acesso à maturidade e à capacidade do simbólico, através da prova da castração.
A posição de cada sexo está ligada à sua configuração morfológica. A menina é diferente do rapaz, sendo inferior a este, privada como está desse pênis que lhe falta, de que tem "inveja" e de que não encontra senão um pálido sucedâneo no clitóris.
Mesmo não afirmando ser a mãe a "única" responsável pelo inconsciente do filho, considerou-a a causa imediata e primeira do equilíbrio psíquico deste.
Para que uma mulher possa ser considerada "boa mãe" pela psicanálise, é preferível que ela tenha experimentado, em sua infância, uma evolução sexual e psicológica satisfatória, junto de uma mãe também relativamente equilibrada.
Se uma mulher foi educada por uma mãe perturbada, terá grande probabilidade de que sinta dificuldade em assumir sua feminilidade e sua maternidade. Quando for mãe reproduzirá atitudes inadequadas que foram as da sua própria mãe.
A "mãe má" não é mais, pessoalmente responsável, no sentido moral da palavra, e sim uma mãe "inadequada", uma espécie de "doente". A importância atribuída à figura da mãe foi expandida pela psicanálise de tal maneira que a "mãe má" foi "medicalizada", sem que tenha sido anulada as posições moralizadoras do século anterior. Ainda hoje, os modelos criados pela psicanálise estão tão enraizados na cultura ocidental, que a "mãe má" ainda é percebida como uma mulher ao mesmo tempo malvada e doente. E conseqüentemente foram aumentados os sentimentos de angústia e culpa maternas no séc. 20.

2007-03-12 02:18:16 · answer #1 · answered by Vanyle 6 · 0 0

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