O que é Filosofia e por que vale a pena estudá-la
A. C. Ewing
SEÇÃO INTRODUTÓRIA: A ORIGEM DO TERMO FILOSOFIA
Uma definição precisa do termo "filosofia" é impraticável. Tentar formulá-la poderia, ao menos de início, gerar equívocos. Com alguma espirituosidade, alguém poderia defini-la como "tudo e nada, tudo ou nada...". Melhor dizendo, a filosofia difere das ciências especiais na medida em que procura oferecer uma imagem do pensamento humano - ou mesmo da realidade, até onde se admite que isso possa ser feito -- como um todo. Contudo, na prática, o conteúdo de informação real que a filosofia acrescenta às ciências especiais tende a desvanecer-se até parecer não deixar vestígios. Acreditamos que esse desvanecimento seja enganoso. Mas devemos admitir que até aqui a filosofia não tem conseguido realizar suas grandes pretensões. Tampouco tem logrado êxito em produzir um corpo de conhecimentos consensual comparável ao elaborado pelas diversas ciências. Isso se deve em parte, embora não integralmente, ao fato de que, quando obtemos conhecimento verdadeiro a respeito de determinada questão situamos essa questão como pertencente à ciência e não à filosofia. 0 termo "filósofo" significava originariamente "amante da sabedoria", tendo surgido com a famosa réplica de Pitágoras aos que o chamavam de "sábio". Insistia Pitágoras em que sua sabedoria consistia unicamente em reconhecer sua ignorância, não devendo portanto ser chamado de "sábio", mas apenas de "amante da sabedoria". Nessa acepção, "sabedoria" não se restringia a qualquer dos domínios particulares do pensamento e, de modo similar, "filosofia" era usualmente entendida como incluindo o que hoje denominamos "ciência". Esse uso sobrevive ainda hoje em expressões como "filosofia natural". Na medida em que uma grande produção de conhecimento especializado em um dado campo ia sendo conquistada, o estudo desse campo se desprendia da filosofia, passando a constituir uma disciplina independente. As últimas ciências que assim evoluíram foram a psicologia e a sociologia. Dessa forma, poderíamos falar de uma tendência à contração da esfera da filosofia na própria medida em que o conhecimento se expande. Recusamo-nos a considerar filosóficas as questões cujas respostas podem ser dadas empiricamente. Não desejamos com isso sugerir que a filosofia poderá acabar sendo reduzida ao nada. Os conceitos fundamentais das ciências, da figuração geral da experiência humana e da realidade (na medida em que formamos crenças justificadas a seu respeito) permanecem no âmbito da filosofia, visto que, por sua própria natureza, não podem ser determinados pelos métodos das ciências especiais. É sem dúvida desencorajador que os filósofos não tenham logrado maior concordância com respeito a esses assuntos, mas não devemos concluir que a inexistência de um resultado por todos reconhecido signifique que esforços foram realizados em vão. Dois filósofos que discordem entre si podem estar contribuindo com algo de inestimável valor, embora ambos não estejam em condição de escapar totalmente ao erro: suas abordagens rivais podem ser consideradas mutuamente complementares. O fato de filósofos distintos necessitarem dessa mútua complementação torna evidente que o ato de filosofar não é unicamente um processo individual, mas também um processo que possui uma contrapartida social. Um dos casos em que a divisão do trabalho filosófico se torna bastante proveitosa consiste na circunstância de que pessoas distintas usualmente enfatizam aspectos diferentes de uma mesma questão. Contudo, boa parte da filosofia volta-se mais para o modo pelo qual conhecemos as coisas do que propriamente para as coisas que conhecemos, sendo essa uma segunda razão pela qual a filosofia parece carecer de conteúdo. No entanto, discussões a respeito de um critério definitivo de verdade podem determinar, na medida em que recomendam a aplicação de um dado critério, quais as proposições que na prática deliberamos serem verdadeiras. As discussões filosóficas da teoria do conhecimento têm exercido, ainda que de modo indireto, importante efeito sobre as ciências.
UTILIZAÇÃO DA FILOSOFIA
Há uma questão que muita gente formula de imediato quando ouve falar de filosofia: qual a utilidade da filosofia? Não há certamente expectativa alguma de que ela contribua para a produção de riqueza material. Contudo, a menos que suponhamos que a riqueza material seja a única coisa de valor, a incapacidade da filosofia de promover esse tipo de riqueza não implica que não haja sentido prático em filosofar. Não valorizamos a riqueza material por si própria - aquela pilha de papel que chamamos de dinheiro não é boa por si mesma -, mas por contribuir para nossa felicidade. Não resta dúvida de que uma das mais importantes fontes de felicidade, ao menos para os que podem apreciá-la, consiste na busca da verdade e na contemplação da realidade; eis aí o objetivo do filósofo. Ademais, aqueles que, em nome de um ideal, não classificaram todos os prazeres como idênticos em seu valor, tendo chegado a experimentar o prazer de filosofar, consideraram essa experiência como superior em qualidade a qualquer outra. Visto que a maior parte dos bens que a indústria produz, excetuando os que suprem nossas necessidades básicas, valem apenas como fontes de prazer, torna-se a filosofia perfeitamente apta, no que se refere à utilidade, para competir com a maioria dos produtos industriais, quando poucos são os que podem dedicar-se, em tempo integral à tarefa de filosofar. Mesmo que entendêssemos a filosofia como fonte de um inocente prazer particularmente válido por si próprio (obviamente, não apenas para os filósofos, mas também para todos aqueles a quem eles ensinam e influenciam), não haveria razão para invejar tão pequeno desperdício da força humana dedicada ao filosofar.
Espero ter contribuido!
Beijo...
2007-03-07 11:16:16
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answer #1
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answered by ♫♪ Mariangela ♫♪ 4
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Fui fazer filosofia um pouco contra o meu desejo, preferiria até mesmo artes plásticas. Não escolhi Filosofia, mas uma pessoa influente na minha vida me recomendou o curso e me disse que seria muito bom para mim. Também disse que não seria um bom artista, e que não passaria no curso de jornalismo em que desejava passar. Mas não vi o lado negro que me levou às salas de aula, e de fato aprendi a gostar de muitos professores e de muitas matérias que estudei. Quanto a uma expectativa pessoal que mantinha em relação ao curso de Filosofia estava compreender cultura como uma árvore, tendo as raízes lá no crescente fértil, ( e em trabalhos culturais assim como a Bíblia, o Talmud, Alcorão, os livros de Lao Tsé ou Confúcio vindos de mais longe...) passando por livros sapienciais de várias religiões e pela antigüidade clássica e autores ocidentais, (como Aristóteles e Platão) subindo pelo caule passando pela Idade Média primeiro com St Tomás de Aquino e mais acima com St Ignácio de Loyola, e subindo mais um pouco para topar com Decartes, Espinoza, e mai acima com Kant e Hegel, até que finalmente chegaria ao começo de galhos gigantescos onde estariam autores como Sartre, Saussure, Heidegger, Adorno e Wittgenstein; mais a frente, depois de me equilibrar no galho em uma caminhada, terminando o passeio nas pontinhas dos galhos, onde eu me encontraria com os pensadores e formadores de cultura do mundo atual, cuja maioria dos nomes não saberia nem citá-los. (citaria Marcuse, Jean Guitton e Umberto Ecco - e ao menos em um deles o coração ainda pulsa no peito, Ecco) Filosofia quer dizer tradição cultural também, e a árvore é uma metáfora boa. Sem a unanimidade de conceitos sapienciais hierárquicos, que começam lá na raiz, confrontados sadiamente como não deveria nunca deixar de ser frente à multiplicidade de pensamentos discordantes e pensamentos convergentes entre si, corrobora todo esse trabalho através de todo o movimento de "seiva da árvore", "vida da cultura" nos estames desse velho vegetal aqui representado, essa árvore que poderíamos muito bem denominá-la de algo como "árvore das leis culturais da diversidade do pensamento humano", não poderia nunca existir como cultura ou filosofia e em seu lugar o que você veria seria uma árvore empalhada, morta. ( metáfora dos tempos difíceis em que atravessaram os livres pensadores e você pode imaginar de que forma isso aconteceu - pane et circa! Toda cultura e filosofia é feita a partir de infinitas releituras, reciclagens de todas as partes da árvore, desde a pontinha dos galhos ao começo, passando por todo o caule, chegando à raiz e sorvendo de suas raízes profundas. Pensamento, é verdade, pura e simplesmente, é também o mesmo que é filosofar, sem pensar em metáfora de árvore de cultura. E todo mundo filosofa, pelo simples fato de que todos nós precisamos pensar, desde cedo. Mas é necessário também com o tempo contextualizar seu pensamento, procurando encontrar semelhanças nessa grande árvore metafórica das leis da cultura, seja nos pensadores clássicos gregos, religiosos cristãos, acadêmicos das mais complicadas inclinações filosóficas, ou ainda nos inúmeros filósofos ateus; para que você possa chamar o seu pensamento, propriamente, de filosofia - ou talvez até de pensamento acadêmicista. Lembra que eu mencionei que filosofar é tão somente pensar, mas que também quer dizer tradição cultural (a árvore) Ainda daria te responder falando de Filosofia Estética, Ética, de Teoria do Conhecimento, de Lógica, História da Filosofia... que são todas formas diversas de tentar dar forma ao pensamento de alguém classificando o trabalho de um pensador ou a inclinação filosófica de um pensador específico. Qualquer pessoa, filósofo formado ou não. Mas eu te confesso que acho que não encontrei ainda o meu filósofo, e gosto de um poutpourrit feito de idéias lineares advindas de todos os que eu conheci! Eu sinto que hoje em dia eu tenho um pequeno esboço da minha árvore imaginária de cultura, o que eu não tinha anteriormente. Pena que seja tão caduca de folhas e de galhos, há ainda algo que seca de seiva a pontinha dos galhos. Alguma relutância minha talvez, talvez falta total de recursos para chegar lá, mas eu já me sinto feliz em ter conseguido visualizar minha árvore, meu ipê-roxo caduco.
Um abraço.
2007-03-07 18:28:30
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answer #2
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answered by Blizzard 3
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Eu fiz Pedagogia e foi aí que me apaixonei pela Filosofia.
Tenho lido bastante, procurado me informar, e pretendo fazer Filosofia logo que possa.
A Filosofia me ensinou a ver coisas que antes nem suspeitava, me fez uma pessoa melhor.
2007-03-07 15:24:20
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answer #3
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answered by aline 4
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para manter a mente aberta, e sempre fica sabendo que nada sei,e um eterno aprendizado!!!
bjs!!!
2007-03-07 11:52:53
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answer #4
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answered by rmaraes 7
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Eu ainda não faço faculdade, mais um dia vou fazer, procuro ler livros a respeito, acho interessante sou muito curiosa.
2007-03-07 11:29:58
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answer #5
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answered by Anonymous
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