Para falar de texto precisamos definir o que é um texto.
Podemos abraçar um conceito amplo, lato, de texto. Neste caso, incluiremos como texto, produções nas mais diversas linguagens. Seriam tratadas como textos as produções feitas com as linguagens das artes plásticas, da música, da arquitetura, do cinema, do teatro, entre outras.
Definições que se enquadram nesse caso são:
|A palavra texto provém do latim textum, que significa tecido, entrelaçamento. (...) O texto resulta de um trabalho de tecer, de entrelaçar várias partes menores a fim de se obter um todo inter-relacionado. Daà poder falar em textura ou tessitura de um texto: é a rede de relações que garantem sua coesão, sua unidade”. (INFANTE, Ulisses. Do texto ao texto. Curso prático de leitura e redação. Editora Scipione. São Paulo. 1991 cadê a página?)
“...em um sistema semiótico bem organizado, um signo já é um texto virtual, e, num processo de comunicação, um texto nada mais é que a expansão da virtualidade de um sistema de signo.” (ECO, Umberto. Conceito de texto. São Paulo : T.A. Queiroz, 1984. p.4.)
"Embora a palavra texto tenha como referente 'conjunto verbal', podemos estendê-la aos signos em geral, definindo texto como um processo de signos que tendem a iludir seus referentes, tornando-se referentes de si mesmos e criando um campo referencial próprio.” PIGNATARI, Décio. Informação, linguagem, comunicação (cadê o resto da referência pessoal!)
Nesse sentido podemos entender a “leitura do mundo” de que fala Paulo Freire. à preciso ler o mundo, compreender as diversas manifestações das muitas linguagens com as quais temos contato o tempo todo.
Esse conceito lato de texto, apesar de aceito por muitos teóricos e de ser interessante por se tratar de uma abordagem geral da compreensão (uma vez que essa depende da conjugação de várias linguagens) é adequado a algumas situações, e ineficiente em outros casos. Se consideramos um conceito amplo de letramento, queremos que os sujeitos sejam capazes de “ler” os mais diversos “textos” nas mais diversas linguagens. Aqui, vale a pena adotar a acepção de que “tudo é texto”.
No entanto, para se fazer um estudo da leitura e da escrita, por exemplo, é preciso delimitar um pouco esse conceito. Se tudo é texto, lemos o quê? Tudo? Estudaremos o quê? Tudo? O professor que vai alfabetizar tem de ensinar tudo?
O que é texto? Tudo? Então, caÃmos no nada.
Eu sou um texto? Uma janela é um texto? Um barulho é um texto? Ver então é ler? Ouvir é ler? Pensar é ler? (Qual é o limite entre ler e pensar?)
Se buscamos um objeto de estudo para fazermos ciência, a ampliação do conceito é extremamente perigosa e indesejada. Se tudo que vemos e ouvimos pode ser um texto, tudo pode ser texto, e o conceito se transforma em nada, pois é intratável, indefinÃvel e portanto, não nos serve. Para fazer ou tentar fazer ciência na área dos estudos lingüÃsticos e literários, que é o nosso caso, precisamos distinguir os conceitos de leitura, escrita e de texto. Lemos textos, escrevemos textos.
Atrevidamente, vou defender que textos são sempre verbais (dialógicos, hipertextuais também, mas vamos deixar essa conversa para depois). Na busca de uma definição para texto, acho melhor, pelo menos, por hora, e para esse exercÃcio de conceituação do texto, ficarmos apenas no verbal, lembrando que elementos não-verbais podem e normalmente se associam ao verbal. Explico: não podemos lidar com um conceito que cai no vazio por ser amplo demais. Precisamos fazer um recorte e, para isso, opto por incluir no conceito de texto aquilo que se inclui também no ato de ler e de escrever que é o verbal. Que o texto seja verbal, é quase unanimidade em todos os conceitos citados por vocês. Vejam alguns exemplos:
"Entende-se por texto todo componente verbalmente enunciado de um ato de comunicação pertinente a um jogo de atuação comunicativa, caracterizado por uma orientação temática e cumprindo uma função comunicativa identificável, isto é, realizando um potencial elocutório determinado.” (SCHMIDT, S. J. LingüÃstica e teoria do texto. São Paulo: Pioneira, 1978 cadê a página?)
à a coerência que faz com que uma seqüência lingüÃstica qualquer seja vista como um texto, porque é a coerência, através de vários fatores, que permite estabelecer relações (sintático-gramaticais, semânticas e pragmáticas) entre os elementos da seqüência (morfemas, palavras, expressões, frases, parágrafos, capÃtulos, etc), permitindo construÃ-la e percebê-la, na recepção, como constituindo uma unidade significativa global. Portanto é a coerência que dá textura e textualidade à seqüência lingüÃstica, entendendo-se por textura ou textualidade aquilo que converte uma seqüência lingüÃstica em texto. Assim sendo, podemos dizer que a coerência dá inÃcio à textualidade.” (KOCH, I.V. & TRAVAGLIA L. C. A coerência textual. São Paulo, Contexto, 1995. p.45)
“Um texto não é simplesmente uma seqüência de frases isoladas, mas uma unidade lingüÃstica com propriedades estruturais especÃficas”. (KOCH, Ingedore G. Villaça. A Coesão Textual. São Paulo: Contexto, 1989. p. 11)
“Em sentido amplo, a palavra texto designa um enunciado qualquer, oral ou escrito, longo ou breve, antigo ou moderno. Caracteriza-se, pois, numa cadeia sintagmática de extensão muito variável, podendo circunscrever tanto a um enunciado único ou a uma lexia quanto a um segmento de grandes proporções. (GUIMARÃES, Elisa. A articulação do texto. Série princÃpios. Editora Ãtica. São Paulo. 1985 cadê a página?)
"Os textos são seqüências de signos verbais sistematicamente ordenados." (FÃVERO, Leonor Lopes & KOCH, Ingedore G.Vilaça. LingüÃstica Textual: uma introdução. São Paulo: Cortez, 1983 cadê a página?)
O texto é, pois, uma produtividade, e isso significa que: 1) a sua relação com a lÃngua da qual faz parte é redistributiva (destrutivo-construtiva), sendo, por conseguinte, abordável através de categorias lógicas mais do que puramente lingüÃsticas; 2) é uma permutação de textos, uma intertextualidade: no espaço de um texto, vários enunciados, vindos de outros textos, cruzam-se e neutralizam-se." (KRISTEVA, Julia. O texto fechado. In: LingüÃstica e literatura. Org. BARTHES, Roland;et alii. Lisboa: Edições 70, 1970. p.143.)
"(...) tecido dos significantes que constitui a obra, o texto é o próprio aflorar da lÃngua." (BARTHES, Roland. AULA. São Paulo: Cultrix, 1977. p.17.)
“ O texto é considerado por alguns especialistas como uma unidade semântica onde os vários elementos são materializados através de categorias lexicais, sintáticas, semânticas, estruturais.” (KLEIMAN, Ãngela. Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura. Campinas: Pontes, 1995. p. 45. ed. 4.)
“Chama-se texto o conjunto dos enunciados lingüÃsticos submetidos à análise: o texto é, então, uma amostra de comportamento lingüÃstico que pode ser escrito ou falado." (Conceito de texto de L. Hjelmslev via Luana Medeiros Bonetti http://www.unisul.br/paginas/ensino/pos/linguagem/0101/14.htm)
“O texto é um evento comunicativo em que convergem as ações linguÃsticas, cognitivas e sociais, e não apenas a sequência de palavras que são faladas ou escritas”. (BEAUGRANDE, Robert de. New foundations for a science of text and discourse: cognition, communication and freedom of access to knowledge and society. Norwood, New Jersey: Ablex Publishing Corporation, 1997. Cap. 1)
“Texto não é apenas uma unidade lingüÃstica ou uma unidade contida em si mesma, mas um evento (algo que acontece quando é processado); não é um artefato lingüÃstico pronto que se mede com os critérios da textualidade; é constituÃdo quando está sendo processado; não possui regras de boa formação; é a convergência de 3 ações: lingüÃsticas, cognitivas e sociais.” (MARCUSCHI, L.A. “LingüÃstica de texto: retrospectiva e prospectiva.” Palestra proferida na FALE/UFMG. 28 out. 1998.)
"O texto será entendido como uma unidade lingüÃstica concreta (pesceptÃvel pela visão ou audição), que é tomada pelos usuários da lÃngua (falante, escritor/ouvinte, leitor), em uma situação de interação comunicativa especÃfica, como uma unidade de sentido e como preenchendo uma função comunicativa reconhecÃvel e reconhecida, independentemente da sua extensão." (TRAVAGLIA, Luiz Carlos.Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática no 1º e 2º graus. São Paulo: Cortez, 1997.p.67.)
“Texto é aquilo que faz sentido”
“é um unidade de sentido”
“é qualquer coisa que a gente entende”
“é necessário que tenha interpretações variadas”
“é aquilo que cria sentido.”
http://bbs.metalink.com.br/~lcoscarelli/oqueetexto.htm
2007-03-06 19:59:39
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answer #2
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answered by ♫♪ Mariangela ♫♪ 4
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