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Ser cigano é saber que a maior riqueza
é ser "O Filho das Estradas"
e a maior felicidade é a
liberdade que ela proporciona...
"Nós ciganos só temos uma religião: a liberdade.
Em troca dela renunciamos à riqueza,
ao poder, à ciência e à sua glória.
Vivemos cada dia como se fosse o último.
Quando se morre, se deixa tudo:
um miserável carroção ou um grande império.
E nós cremos que naquele momento
é muito melhor termos sido Ciganos do que reis.
Não pensamos na morte.
Não a tememos, eis tudo.
O nosso segredo está em gozar a cada dia
as pequenas coisas que a vida nos oferece
e que os outros homens não sabem apreciar:
uma manhã de sol,
um banho na nascente,
o olhar de alguém que nos ama.
É difícil entender estas coisas, eu sei.
Ciganos se nascem.
Gostamos de caminhar sob as estrelas.
Contam-se coisas estranhas sobre os Ciganos.
Dizem que lêem o futuro nas estrelas
e que possuem o filtro do amor.
As pessoas não crêem
nas coisas que não sabem explicar.
Nós, ao contrário,
não procuramos explicar as coisas nas quais cremos.
A nossa é uma vida simples, primitiva.
Basta-nos ter o céu por telhado,
um fogo para nos aquecer
e as nossas canções,
quando estamos tristes."
NASCIMENTO
Uma criança sempre é bem vinda entre os ciganos. É claro que sua preferência é para os filhos homens, para dar continuidade ao nome da família. A mulher cigana é considerada impura durante os quarenta dias de resguardo após o parto.
Logo que uma criança nasce, uma pessoa mais velha, ou da família, prepara um pão feito em casa, semelhante a uma hóstia e um vinho para oferecer às três fadas do destino, que visitarão a criança no terceiro dia, para designar sua sorte. Esse pão e vinho será repartido no dia seguinte com todos as pessoas presentes, principalmente com as crianças.
Da mesma forma e com a finalidade de espantar os maus espíritos, a criança recebe um patuá assinalado com uma cruz bordada ou desenhada contendo incenso. O batismo pode ser feito por qualquer pessoa do grupo e consiste em dar o nome e benzer a criança com água, sal e um galho verde. O batismo na igreja não é obrigatório, embora a maioria opte pelo batismo católico.
CASAMENTO
Desde pequenas, as meninas ciganas costumam ser prometidas em casamento. Os acertos normalmente são feitos pelos pais dos noivos, que decidem unir suas famílias.
O casamento é uma das tradições mais preservadas entre os ciganos, representa a continuidade da raça, por isso o casamento com os não ciganos não é permitido em hipótese alguma. Quando isso acontece a pessoa é excluída do grupo.
É pelo casamento que os ciganos entram no mundo dos adultos. Os noivos não podem Ter nenhum tipo de intimidade antes do casamento. Quando o casamento acontece, durante três dias e três noites, os noivos ficam separados dando atenção aos convidados, somente na terceira noite é que podem ficar pela primeira vez a sós.
Mesmo assim, a grande maioria dos ciganos no Brasil, ainda exigem a virgindade da noiva. A noiva deve comprovar a virgindade através da mancha de sangue do lençol que é mostrada a todos no dia seguinte. Caso a noiva não seja virgem, ela pode ser devolvida para os pais e esses terão que pagar uma indenização para os pais do noivo.
No caso da noiva ser virgem, na manhã seguinte do casamento ela se veste com uma roupa tradicional colorida e um lenço na cabeça, simbolizando que é uma mulher casada. Durante a festa de casamento, os convidados homens, sentam ao redor de uma mesa no chão e com um pão grande sem miolo, recebem dos os presentes dos noivos em dinheiro ou em ouro.
Estes são colocados dentro do pão ao mesmo tempo em que os noivos são abençoados. Em troca recebem lenços e flores artificiais para a mulheres. Geralmente a noiva é paga aos pais em moedas de ouro, a quantidade é definida
pelo pai da noiva.
A Origem do Povo Cigano
Quando se estuda a origem de um povo, sua formação e desenvolvimento como estrutura social, religiosa, econômica, este estudo se baseia fundamentalmente em documentos ou registros escritos, que ao lado de outros elementos como ruínas da arquitetura da época, pinturas, armas, túmulos, recintos que sugerem ter sido usados como sacros, objetos os mais diversos, especialmente de uso doméstico, recompõem toda a narrativa histórica de um conjunto de indivíduos que habitam a mesma região, ficando subordinados às mesmas leis e partilhando dos mesmos hábitos e costumes.
A mais importante fonte de referência, é a narrativa escrita, encontrada em papéis (pergaminhos, papiros, folhas de papel de arroz), documentos, livros, poemas, mapas, inscrições em lugares santos, ou outros locais de devoção considerados sagrados, onde são encontradas marcas de rituais e altares de oferendas aos deuses.
Como o Povo Cigano não tem até os dias atuais, uma linguagem escrita, fica quase impossível definir sua verdadeira origem. Portanto, tudo o que se disser sobre a origem do Povo Cigano, será baseado em conjecturas, similaridades ou suposições.
A hipótese mais aceita é que o Povo Cigano teve seu berço na civilização da Índia antiga, num tempo que também se supõe, como muito antigo, talvez dois ou três milênios antes de Cristo. Compara-se o sânscrito, que era escrito e falado na Índia (um dos mais antigos idiomas do mundo), com o idioma falado pelos ciganos e encontraram um sem-número de palavras com o mesmo significado.
Outros pontos também colaboram para que esta hipótese seja reforçada, como a tez morena comum aos hindus e ciganos, o gosto por roupas vistosas e coloridas, e princípios religiosos como a crença na reencarnação e na existência de um Deus Pai e Absoluto.
Tanto para os hindus como para os ciganos, a religiosidade é muito forte e norteia muito de seu comportamento, impondo normas e fundamentos importantes, que devem ser respeitados e obedecidos.
Outro fato que chama a atenção para a provável origem indiana do povo cigano, é a santa por quem nutrem o mais devotado amor e respeito, chamada Santa Sara Kali.
Kali é venerada pelo povo hindu como uma deusa, que consideram como a Mãe Universal, a Alma Mater, a Sombra da Morte. Sua pele é negra tal como Shiva, uma das pessoas da Trindade Divina para os indianos (Braman, Vishu e Shiva).
Para os ciganos, Sara, santa venerada, possui a pele negra, daí ser conhecida como Sara Kali, a negra. Ela distribui bênçãos ao povo, patrocina a família, os acampamentos, os alimentos e também tem força destruidora, aniquilando os poderes negativos e os malefícios que possam assolar a nação cigana.
Alguns estudiosos acham a tradução de Kali como a negra não correta, escrevendo inclusive Kali com C (Cali) e não com K e preferem Sara, a cigana, fato que de certa forma pode expressar o preconceito racial
(a verdadeira Santa Sara, tinha a pele negra), uma vez que no povo cigano não há negros, ou sob outro ângulo, desconhecimento de todo o aparato místico e de poder que envolve a deusa Kali dos indianos.
MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS E O NOMADISMO CIGANO
Ainda estudando a história dos povos, vemos com freqüência que, perseguições religiosas, ambições dos mais diversos tipos e baseadas em diferentes razões (ideo-políticas, catequético-religiosas), busca de fortuna, da descoberta de novas terras ou rotas marítimas, ou simplesmente espírito de aventura, motivaram e ainda motivam movimentos migratórios.
Baseando-se nas mesmas causas dos movimentos migratórios, podemos supor que num passado muito remoto, o povo cigano também iniciou uma caminhada em busca de novas terras onde pudessem viver com liberdade, mantendo seus hábitos e costumes originais, liberdade que lhe permitiria sua perpetuação, a sobrevivência de seus valores e a de seus direitos como seres humanos livres.
O nômade experimenta o mais amplo sentido de liberdade. Não tem apego a nenhum lugar em especial, não deita raízes que não possam ser arrancadas quando o desejo de ganhar estrada acontecer. Daí que suas moradias, as tendas de tecidos permeáveis e resistentes, e seus pertences em geral, devem ser confortáveis, mas essenciais e leves.
O nômade não se preocupa com o possuir, mas com o viver.
As populações ciganas são nômades por excelência, não têm pátria, são universais. Viajam em grupos de famílias, que possuem um profundo sentido de união, solidariedade e companheirismo. Formam núcleos comunitários compactos com normas e regras de convivência harmoniosas. Essas regras são levadas a sério, portanto respeitadas ao máximo, pois os ciganos sabem que são elas que garantem a união e a sobrevivência do próprio grupo e a defesa contra as difamações e perseguições oriundas das populações dos diversos países por onde passam.
Eles usam o ouro assim como usamos o dinheiro, suas riquezas são acumuladas em ouro.
A sabedoria, a solidariedade, o companheirismo e a lealdade do povo cigano me fascinam.
Um beijo, meu doce Anjo!
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2007-03-04 09:33:18
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answer #1
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answered by . 2
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Julga-se que os ciganos são originários do Noroeste da Índia (actual região de Punjab), de onde partiram por volta do ano 900, iniciando o seu percurso nómada.
Os “ROM” (que significa Homem) ter-se-ão dispersado pelo Egipto, Roménia, Turquia, Rússia e vários outros países.
Os ciganos possuem designações diferentes consoante os países onde acabaram por se fixar mais, assim:
“ROM” - ciganos da Europa Ocidental
“SINTI” ou “MANUSHE”- ciganos da Alemanha, Inglaterra e França
“GITANE” - ciganos da Península Ibérica
É uma mesma cultura com diversas nacionalidades
A família extensa constitui a unidade estrutural básica da organização social e cultural da etnia cigana. É através dela que os elementos mais novos acedem à cultura e identidade ciganas, ao sistema de valores, aos padrões de cultura, ao que é interdito e ao que é permitido.
O casamento comporta, por norma, três dias de festa:
●1.º dia: regras, costumes e tradições (ritual da virgindade, vestuário, gastronomia);
●2.º dia: gastronomia (mesa dos padrinhos), ofertas monetárias e amostra do enxoval do noivo e da noiva;
●3.º dia: sopas da noiva (dia em que a maioria dos convidados já foi embora e permanecem apenas os mais próximos
Eles ainda continuam nomades
As moedas decoram os pulsos, os pescoços e as testas das ciganas penduricalhos feitos de moedas, que chamam a atenção. Antigamente, esses enfeites femininos eram feitos com moedas do mais puro ouro ou, no mínimo, de prata de lei. Com o tempo, esses metais nobres foram deixando de ser utilizados nas moedas comuns, em circulação, restringindo-se aos colecionadores.
Os ciganos não tinham propriedades, não tinham terras, não tinham casas e tudo o que possuíam eram mercadorias ou verdadeiros tesouros em moedas de ouro e prata dos diversos países por onde passavam. Esses metais, conhecidos da Alquimia antiga, sempre foram poderosos instrumentos de canalização de energias positivas, fazendo parte de amuletos e talismãs por tudo o mundo.
um beijão meu querido
2007-03-04 10:57:35
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answer #2
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answered by Anonymous
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