RICARDO BONALUME NETO, da Folha De S. Paulo
Os EUA estão desenvolvendo duas armas novas com princípios bem diferentes: uma é feita para causar dor e matar com mais precisão, outra para causar dor com precisão, mas sem matar. São dois exemplos do que produz uma burocracia de milhares de pessoas com bilhões de dólares à disposição. Ontem, segundo a agência Associated Press, os militares americanos escolheram entre dois projetos rivais de bomba nuclear --a primeira atualização desse arsenal desde os tempos da Guerra Fria com a extinta União Soviética. O projeto do Laboratório Nacional Lawrence Livermore, na Califórnia, venceu. Com isso os mísseis Trident lançados de submarino terão ainda mais precisão e eficácia. Já um outro grupo de militares e civis desenvolveu uma espécie de arma de microondas capaz de causar intensa e angustiante dor, mas sem o objetivo de matar a vítima. Ainda em fase experimental, é conhecida como Programa de Demonstração de Tecnologia do Conceito Avançado do Sistema Ativo de Negação. Ou ADS. O Sistema Ativo de Negação é uma arma que emite feixes de energia com comprimentos de onda milimétricos capazes de inflamar as terminações nervosas fazendo a pessoa sentir como se estivesse se queimando. Uma demonstração foi feita para a imprensa americana.
O soldado que apertou o botão deve ter gostado da tarefa, pois tinha na mira três coronéis e um repórter da Associated Press. O repórter, Elliot Minor, disse que parecia que seu casaco estava pegando fogo.
Armas não-letais têm aplicação variada por forças policiais e militares. Mas mesmo as mais comuns, como projéteis de borracha e granadas de gás lacrimogêneo, podem causar dano e até morte se atingirem a pessoa em pontos delicados do corpo. Segundo o Programa Conjunto de Armas Não-letais, a arma de microondas ADS levou 12 anos para ser aperfeiçoada e está agora sendo testada operacionalmente nos EUA. Ela foi desenvolvida pela empresa Raytheon, a mesma que cuidou do programa brasileiro Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia). Existe uma versão comercial. A brochura da empresa chama a arma de Guardião Silencioso e garante a eficácia do feixe de dor a mais de 250 metros de distância. A versão do Pentágono alcançaria até 500 metros. Uma antena direcionadora do feixe de energia garante cobertura em todas as direções, 360. O operador usa um joystick para apontar a arma. O feixe de energia permite, diz a Raytheon, atingir com precisão "indivíduos específicos".
2007-03-03
04:54:51
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zeca do trombone
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Governo e Política
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