Tudo se resume à luta por um pequeno pedaço de terra.
O confronto entre palestinos e judeus tem origens remotas. Na antigüidade, a Palestina era a terra dos hebreus, povo famoso pelo caráter monoteísta de sua religião, que influenciou o cristianismo e o islamismo. Os hebreus acabaram se dividindo em dois reinos: Israel (o qual foi conquistado por outros povos e acabou miscigenando sua população) e Judá (os atuais judeus vêm deste reino).
Mais tarde, a Palestina e os judeus caíram sob a dominação do Império Romano – época em que Cristo nasceu. Os judeus ansiavam por liberdade, mas acabaram, no século II, expulsos da região por Roma – é a chamada diáspora judaica.
Daí em diante, os judeus viram um povo errante, vagando pelo mundo, sem pátria e alvo de um profundo preconceito, o denominado anti-semitismo. Séculos depois da queda do Império Romano (476), a Palestina foi invadida pelos persas e depois pelos árabes. Em 1516, a região passou a fazer parte do Império Turco-Otomano.
Com o fim da I Guerra Mundial (1914-18), a Palestina caiu sob o jugo da Inglaterra, que passou a prometer a criação de um “lar para os judeus” na área. Já desde o final do século XIX tinha surgido o movimento sionista, pelo qual os judeus passaram espontaneamente a regressar à região com a intenção de, no futuro, criar sua pátria.
O maior ato de selvageria do anti-semitismo deu-se na II Guerra Mundial (1939-45), quando os nazistas mataram mais de 6 milhões de judeus no holocausto.
Nesse contexto, a ONU aprovou finalmente uma pátria para os judeus na região, o Estado de Israel, em 1948, bem como um estado para o povo palestino (árabes que ocupavam então a Palestina e que tinham religião islâmica). O modo como isso foi feito – sem consulta aos árabes – e a divisão – deixando para os judeus mais terras, as principais fontes de água, as terras mais férteis etc. –, contudo, desagradou aos árabes. Dessa forma, estes, ainda em 1948, declararam guerra ao recém-instalado Estado de Israel, mas acabaram sumariamente derrotados. Israel contava com forte apoio dos Estados Unidos, que têm o Estado judeu como uma ponta avançada de seus interesses numa região estratégica (desde o contexto da Guerra Fria) e por apresentar ricas jazidas de petróleo (além disso, muitos membros da elite americana são judeus).
Pior, ao fim do conflito, Israel ocupou os territórios nos quais deveriam ser criado o Estado dos palestinos, obrigando muitos a migrar como refugiados para países vizinhos. Atualmente, eles compõem o maior contingente de refugiados do mundo de um único povo, cerca de 3,5 milhões de pessoas.
Os judeus chegaram a dominar territórios de outros povos islâmicos como a península do Sinai (Egito) e as colinas de Golan (Síria). A ação sobre o Egito liga-se à aproximação do líder egípcio Gama Abdel Nasser com a URSS, e a nacionalização do Canal de Suez em 1956, construído e administrado por França e Inglaterra desde 1888. Em conseqüência, israelenses, franceses e ingleses invadiram o Egito, saindo por pressão da ONU, EUA e URSS. Para apaziguar a região, contudo, tropas da ONU foram enviadas para ali. Em 1967, Nasser conseguiu junto à ONU a retirada das tropas que garantiam a paz e a reocupação da região. Isso levou Israel à Guerra dos Seis Dias, na qual ataques relâmpagos sobre aeroportos na Síria, Jordânia e Egito foram realizados. Com o fim da Guerra, Israel já dominava Gaza, Sinai, Golan e a Cisjordânia, provocando um êxodo ainda maior de palestinos.
Em 6 de outubro de 1973, os árabes – para reaver seus territórios – atacaram Israel na Guerra do Yom Kippur (Dia do Perdão: feriado entre judeus). Mais uma vez derrotados, os Estados Árabes tomaram uma decisão histórica que iria abalar a economia capitalista: decidiram, de uma só vez, aumentar o preço do barril de petróleo de três para doze dólares. A crise atingiria todos os países importadores de petróleo do Oriente Médio – inclusive o Brasil. A OPEP – com 13 membros – tornar-se-ia um cartel poderoso, comandando a comercialização do petróleo.
Após a morte de Nasser, a presidência egípcia de Anuar Sadat firmou com Israel o acordo de Camp David (Estados Unidos), em 1979, acertando a devolução dos territórios do Sinai. Esse acordo, visto pelos árabes como traição do governo do Egito à causa Palestina, resultou no assassinato de Sadat, em 1981. No ano seguinte, Israel invadiu o sul do Líbano, onde realizou massacres em 18 anos de ocupação, findos apenas em meados de 2000.
As contradições acirravam-se. Os palestinos, estimulados pela maioria dos países árabes e URSS, escolheram o terrorismo como principal tática de luta. Em 1964, era fundada a OLP (Organização para a Libertação da Palestina) sob a chefia de Yasser Arafat, que, depois, renunciaria ao terrorismo, priorizando a frente diplomática para resolver a questão. Os judeus iriam perseguir implacavelmente os guerrilheiros palestinos. A ONU, através da resolução nº 181, defende, na Palestina, o estabelecimento de um Estado judeu e outro palestino. O governo brasileiro apóia esta tese.
A Intifada
A situação dos palestinos confinados em áreas precárias – cujos recursos hídricos estão sob controle israelense, há altos índices de desemprego e total subjugo aos judeus – resultou na eclosão da Intifada ("revolta das pedras"). Durante alguns anos, os palestinos, sobretudo os jovens, enfrentaram as forças armadas israelenses nos territórios invadidos. Situação tremendamente desigual, que chamou a atenção da "comunidade internacional" para as condições de vida da população Palestina.
Terminada a Guerra Fria e reduzido o apoio incondicional dos Estados Unidos a Israel, iniciaram-se conversações para o estabelecimento de um processo de paz. As primeiras reuniões ocorreram em Madri, em 1991. Dois anos depois, em setembro de 1993, o líder palestino Yasser Arafat e o primeiro-ministro israelense Itzhak Rabin (1922-1995) firmaram o Acordo de Oslo I, sob o patrocínio de Washington. O aperto de mãos entre os dois representou simultaneamente o reconhecimento do Estado de Israel por parte da OLP (pois na carta de fundação da organização estava prevista a destruição do Estado judeu) e a aceitação da OLP por parte de Israel, como legítima representante do povo palestino. No ano seguinte, a Autoridade Nacional Palestina passou a controlar alguns territórios da Cisjordânia e a Faixa de Gaza.
O segundo acordo de Oslo (set. 1995), ampliou as áreas em questão e estabeleceu um cronograma para a retirada das tropas israelenses de porções da Cisjordânia. Porém, o assassinato de Rabin, em novembro de 1995, abalou a política interna e repercutiu sobre o "processo de paz". Nas eleições do ano seguinte, sob uma nova onda de atentados contra alvos judeus, Benyamín Netanyahu (1996-99), do partido de direita Likud, acabou eleito e jogou um balde de água nas conversações. Além de estimular a criação de novas colônias judias em territórios palestinos, ele se referia a Arafat como terrorista. O acordo de paz não obteve os resultados esperados. As facções mais radicais do movimento palestino, como o Hamas, não aceitam a existência de Israel e insistem na revolução para conquistar seus territórios. Em contrapartida, os fundamentalistas judeus não concordaram com as decisões tomadas.
A indicação do conservador Ariel Sharon para o cargo de primeiro-ministro de Israel e a eleição de George Bush para presidente dos EUA, bem como os atentados do 11 de setembro de 2001, travaram ainda mais o processo. Os palestinos voltaram à Intifada e aos ataques terroristas, inclusive com homens-bomba suicidas.
A liderança de Arafat cada vez mais diminui, crescendo a voz dos radicais. Além do Hamas, destacam-se também – como grupos fundamentalistas que não aceitam a existência de Israel – o Hezbolah, que atua no vizinho Líbano e freqüentemente tem praticado atos de violência em alvos israelenses, e o Jihad - que significa "guerra santa" -, o que muitos árabes acreditam que estão fazendo quando combatem judeus e seus aliados americanos ou europeus.
Conforme analistas, após a guerra contra o Iraque, os EUA desejam “pacificar” a Palestina, impondo um acordo de paz, que, ainda segundo os analistas, não seria tão prejudicial aos judeus. Com a morte do líder palestino Yasser Arafat, o ex-premiê palestino Mahmoud Abbas, ligado ao Fatah, é eleito presidente da Autoridade Nacional Palestina (A.N. P). Mahmoud Abbas pretende marcar seu governo com a retomada das negociações de paz com Israel e com os grupos radicais.
O “Mapa do Caminho”
Em junho de 2003, o presidente americano George Bush, o 1º ministro israelense Ariel Sharon e o premier palestino Abbas se reuniram numa cúpula de paz no Cairo, Egito, e acertaram um acordo de paz chamado “O Mapa do Caminho”. Trata-se de um processo longo, dividido em três fases, todas pontilhadas de compromissos que cada parte deve cumprir à risca até 2005. De início, Israel deve retirar-se dos territórios ocupados, desmantelar os assentamentos ilegais na Cisjordânia e Gaza e libertar prisioneiros palestinos. Os palestinos, por sua vez, devem conter os grupos terroristas e promover eleições livres. A segunda fase prevê o estabelecimento de relações entre Israel e os países árabes e a demarcação de fronteiras provisórias de um Estado palestino sob supervisão de Estados Unidos, União Européia, ONU e Rússia.
Os recentes ataques de extremistas palestinos do Hamas e da Jihad Islâmica e as retaliações por parte de Israel condenam definitivamente o "Mapa do Caminho". Mais distantes da paz, israelenses e palestinos têm ainda um novo obstáculo a superar: o muro da Cisjordânia – Israel está construindo um muro separando o país dos palestinos.
Para Israel, a construção do muro visa barrar os atentados promovidos por homens-bomba contra sua população. Para os palestinos, Israel, ao levantar mais essa barreira, pretende ampliar seu domínio e consolidar a ocupação nas áreas nas quais foram construídas colônias judaicas. A etapa inicial terá a extensão de 121km de um total previsto de 350km, ao custo estimado de US$ 1 milhão por quilômetro. Contará ainda com um sistema de vigilância monitorado por câmeras de TV.
O quadro complicou-se ainda mais com o assassinato do fundador e líder espiritual do Hamas, o xeque Ahmed Yassin, 67 anos, num ataque israelense, dia 22 de março de 2004.
Saiba mais sobre o Hamas
Principal grupo extremista islâmico, o Hamas se converteu durante a Intifada no inimigo nº 1 de Israel. Autor da grande maioria dos atentados suicidas antiisraelenses, o Hamas viu sua popularidade aumentar de maneira espetacular desde o final de setembro de 2000, em detrimento do Fatah, que controlava a Autoridade Nacional Palestina.
O Hamas – acrônimo em árabe para Movimento de Resistência Islâmica – foi criado em 14/12/1987, pouco antes da primeira Intifada, por um grupo de militantes islâmicos que diziam fazer parte dos Irmãos Muçulmanos, entre os quais se encontrava o xeque Yassin. O objetivo do Hamas era contra-atacar a influência do Jihad Islâmico, um pequeno movimento integrista de inspiração pró-iraniana, mas também a do Fatah, ao qual criticava por sua amplitude multiconfessional e pelo fato de dar prioridade à luta nacionalista e à independência, deixando de lado o aspecto social.
Ao longo dos anos, o Hamas desenvolveu uma ampla rede de ajuda social e de obras de beneficência, principalmente escolas, o que explica sua influência crescente nos territórios palestinos. Acirrado opositor aos acordos de Oslo de 1993 sobre a autonomia Palestina, que culminou na criação da Autoridade Nacional Palestina, o Hamas é partidário da criação de um Estado islâmico no conjunto do território palestino, do Mediterrâneo ao Jordão, ou seja, englobando Israel, que, segundo a formação, deve ser destruído.
O Hamas negou-se a participar das eleições organizadas em 1996 nos territórios palestinos, convertendo-se na principal oposição à Autoridade Nacional Palestina. O braço armado do Hamas, Izzedin al Qassam, é responsável pelos mais sangrentos ataques antiisraelenses, que causaram centenas de mortes desde 1994. Em setembro de 2003, a União Européia (UE) incluiu o Hamas na lista das organizações terroristas. O movimento conta com um número de entre 700 e 1.200 militantes ativos e milhares de simpatizantes, segundo os especialistas.
O grupo extremista Hamas vence em 25 de janeiro de 2005 as eleições palestinas e o líder Ismail Haniyeh é empossado 1º ministro. A eleição do Hamas põe em risco o processo de negociação de paz iniciado pelo ex-presidente Yasser Arafat e mantido pelo atual líder da A.N.P Mahmoud Abbas, porque o Hamas constitui-se na principal oposição ao Fatah, partido de Abbas, e não acredita em saída pacífica para a desocupação dos territórios reclamados pela Palestina. O Hamas defende ainda a luta armada contra Isarel e, muitas vezes, é acusado de utilizar métodos terroristas.
2007-03-02 00:30:55
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answer #1
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answered by Anonymous
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