Mórmons hoje em dia é uma denominação que abrange devotos de diversas igrejas protestantes Norte Americanas, sejam devotos residentes nos EUA ou devotos e missionários residentes em países que possuem sedes destas igrejas cuja matriz encontra-se nos Estados Unidos da América.
Nem todos os adeptos Mórmons são estrangeiros nos países fora dos EUA, e a maioria dos estrangeiros talvez esteja entre missionários estranjeiros. Embora existam várias igrejas Mormons nos Estados Unidos, o mais conhecido grupo é o Grupo de Utah, e sua igreja chama-se A Igreja dos Santos dos Últimos Dias.
O outro grupo divergente, de onde originou-se uma grande quantidade de igrejas de denominações diferentes é o grupo de Michigan. A principal diferença entre os dois grupos remonta a uma questão centenária e fundamentalista, senão ortodoxa: os integrantes do Grupo de Utah, em conjunto com seus descendentes, seguiram um líder religioso chamado Brighan Young, com o propósito de estabelecerem-se na cidade de Utah, e assim o fizeram. Já o grupo de Michigan não seguiu a liderança de Brighan Young, e montou residência em Michingan. Embora também sejam de designação mórmon, a comunidade divide-se em dezenas de igrejas diferentes de denominações diferentes e não mantém relações formais com o grupo de Utah. Em termos de Brasil, os mórmons são de várias denominações religiosas, mas predominam os de Utah. Praticam uma religião que é comparável a qualquer outra religião, tendo tão somente talvez, como diferença marcante e de grupo social, sua origem religiosa em uma cultura estranjeira não européia e não católica cuja matriz situa-se na América do Norte, de onde podem vir diretrizes religiosas e um movimentado intercâmbio cultural. (algo parecido com o que ocorre com dentro da Igreja Católica)
Sua cultura foi árduamente elaborada, enraizada e gestada, durante quase dois séculos em uma forma de protestantismo diletante e messiânico durante o período de sua formação (a partir de 1830), enquanto difundiu-se largamente e rapidamente nos Estados Unidos.
Para o imaginário do brasileiro, é uma tarefa difícil compreender uma religião que teve toda uma evolução histórica tão recente, (quase dois séculos) ativamente política, e com grandes implicações sociais, em uma sociedade de leis e costumes que em geral o permitiam. Os mórmons eram pacifistas e não almejavam separatismo, o que pode explicar o não desmantelamento do movimento pelo exército Americano. Culturalmente, no Brasil, o catolicismo e as leis "entrelaçaram-se" sempre, através de séculos, suscitando épocas de dura influência proibitiva, profundamente restritiva, politicamente apoiada através de interdições diretas e indiretas na cultura e nos costumes sociais, como forma de controle. Se considerarmos a beleza presente nos sincretismos religiosos em objetos artísticos, de origens diversas, que herdamos (origem africana, origem judaica, e origem islâmica) há pouco que se pode comparar à liberdade religiosa norte americana dos mórmons nos séculos anteriores. Nossa liberdade era uma liberdade tímida, ainda dissimulada e escondida, enquanto a liberdade de associação que pareceu envolver o movimento mórmom envolvia ações não pára-militares que nos lembram movimentos políticos por reivindicação de direitos, reforma agrária, ou cidadania, por exemplo.
É curiosa a tarefa de entender historica e culturalmente os costumes e a seriedade centenária destes protestantes que, realmente, fizeram História em sua terra, pois em nosso passado isso foi algo raro de manifestar-se, e nossas poucas tentativas históricas de messianismo, assim como a A Guerra do Contestado ou o Massacre de Canudos, foram totalmente debelados.
Os protestantes dissidentes norte americanos, ainda chamados pejorativamente de " os mormons" no começo do séc. XIX, (em letras minúsculas) construíram gradualmente suas casas, cidades, templos, livros de adoração, e um futuro em seu país que, em aproximadamente 50 anos, já conquistava a atenção de um público nacional e demonstrações de respeito em rádios de todo país.
Nunca deixaram de lutar e crescer na América, desde então: chegaram a reformular suas práticas lentamente, no decorrer de décadas e séculos, subdividiram-se em vários grupos, segundo costumes ortodoxos ou não, crenças e hábitos quotidianos mais ou menos literais segundo seus livros sapienciais.
Na modernidade, um imenso número de mórmons adaptam-se ao mundo moderno e exercem profissões; vão a universidades, conservando apenas suas crenças religiosas e seus rígidos preceitos morais (normas rígidas de casamento, alguns aceitama poligamia, o dever de seguir as ordens da igreja mesmo para assuntos domésticos...)
Muitos mórmons deixam-se livremente levar pela sua fé, preceitos, e ordenação religiosa e seguem outras cidades de seu país ou para um dos quatro cantos do mundo, praticamente sem fronteiras, em busca de catequese e de aprendizado. (estes são os missionários, que são ordenados como tal e para seguirem a missão de estudo e de catequese - geralmente em grupos)
Talvez não seja complicada uma compreensão acertada do que seja um missionário mórmon agora com o advento da internet. Não digo com isso, entretanto, que não haja aqui quem já não tenha alcançado uma longa e agradavel conversa com um missionário Mórmon e, aproveitando para se instruir, logrou instruir-se satisfatoriamente sobre o assunto.
Mas Acabrunhado, às vezes, confesso que vislumbro exoticamente o caminhar certeiro desses seres tão brancos, aparentemente tão frágeis, que brilham sob o sol e que dispõem-se a imigrar de tão longe e de temperaturas tão amenas para uma terra tão difícil, pedaço de terra tão ao sul e um buraco tão quente do Continente Americano, só mesmo para angariar desinteressadamente algumas almas e, talvez, construir benevolentemente mais um templo?
Eu, então, tremoroso, como reação deixo ir toda a tensão das juntas do corpo, respiro fundo, olho para o céu, e lembro de estórias contadas por algum tio muito velho, um pregador reumático ( cheio de movimentos rápidos e angulosos que costumavam seguir a sua fala, e por inconveniente que seja eu dizer isso aqui, acho que era ateu - mas não me leve a mau, acredito em Deus) mas me disse ele e para outros meninos reunidos, do acaso, me surpreendendo: "toda religião traz em si alguma coisa valiosa." "É ponto notório nessa nossa questão (meu tio tinha pruma e pompa, às vezes acho que o reumatismo realçava sua fleuma) que a religião não se forma do nada, assim como se por geração expontânea, assim como comparassem vocês meninos um beija-flor que surge inesperadamente do nada diante de seus olhos vidrados, pairando sem movimento 'no ar', ( explicava ele, rabugento, e antipático) sem nenhuma intervenção humana. A religião, constrói-se é com tijolos de pau-a-pique, objetivando o caminho do céu e o auxílio mútuo em torno de um ideal altamente fi-lan-trópico, e espiritual, contribuindo da melhor maneira possível para o desenvolvimento do homem, da sociedade a que ele pertence, objetivando o progresso da Humanidade!" (mesmo considerando meu tio velho ateu, - e eu nunca tive certeza disso - nunca me esqueci dessa aula estranha de religião) Eu gostava do meu tio, morreu de ataque cardiaco, aos oitenta e poucos anos de idade, não muito depois desse discurso, estava emburrado, não triste, e eu não disse palavra no enterro. Era meu tio-avô.
Devido a motivos como o apresentado pelo meu tio-avô, creio ser injusto criticar uma comunidade religiosa. Repetiu ele uma vez: "é de lá que surjem, (da religiosidade verdadeira) a partir de ideais de solidariedade, são benefícios para a sociedade."
Estou tomado por lembranças: (prometo que é a última) Veio-me a mim a lembrança do discurso de outro tio velho da roça ( este ainda vivo, graças ao mel de abelha diário e um copinho de cachaça bem pequeno, todas as noites - e Deus, é claro) um ser humano vivaz que costumava se entusiasmar do nada, sem motivo aparente, ao disparar como uma metralhadora verborrágica alegremente sobre teorias complexas, de todos os tipos, para testar a inteligência de nós os hóspedes.
Suas teorias eram para ele grandes teorias científicas, como se saídas do último exemplar de "Ciência Hoje", ou "Super Interessante"; fascículos que infelizmente, na roça, um exemplar ele raramente via: era uma vez por verão. Quando se empolgava com a cachacinha noturna e adicionava algum conhecimento de seu aprendizado filosófico dos livros que lia escondido na tulha (como o meu tio morava na roça, a leitura de filosofia poderia querer dizer prestar contas a todos do que lia, e ele tinha medo de levar a pecha de maluco, havia muitos exemplos na região) discursava o meu tio com um sorriso entre os dentes desafiador e um sorriso babado no canto dos lábios que eu interpretava como ironia. Pode ser que ria para desfarçar a seriedade do que queria dizer, pode ser até que tivesse exagerado na cachacinha. Minha mãe dançava com a minha prima Gertrude, Minha tia Hilda procurava ignorar as cachacinhas do marido e cuidava de assar biscoitos. Eu era o único a realmente dar-lhe ouvidos: "os seres humanos são seres naturalmente gregários, de comunidade, e que mantiveram-se através dos séculos tão somente através do aconchego em grupos, desde os nossos ancestrais mais antigos, imemoráveis, até o tempo dos meus pais." E frisava o meu tio: "sábia é a auto-preservação, mantendo-nos todos juntinhos! Foi assim até o meu pai, hoje os filhos vão embora, não ouvem." Enérgético, levantou-se da mesa onde estávamos e entrou na casa, tinha algo a falar com a tia Hilda.( Eu achei que ele havia misturado cachaça com filosofia e algo de A Origem das Espécies, de Darwin, que também provavelmente lia escondido para que os filhos não tivessem acesso, mas nunca alguem me dissera coisa tão coerente em um sarau de 'arrasta-pé' - o meu favorito - viva o tio Manfred!)
Lukas, sobre religião, e finalizando gradualmente o assunto, (acho que já cansou) eu vejo com repulsa o preconceito mórmon, traz receio mas não os censuraria, vocês mórmons. Sou um elefante manco contemplando uma montanha grande. ( O meu temor real está na medida em que conceitos e preconceitos difundidos rua em rua na surdina, são eficientes formadores de opiniões nos bairros - e violências domésticas após anos de sementes plantadas acontecem, o homem louro deixa marca e impressão que nesse país pobre, sem esperança, não se esquece. É muitas vezes o príncipe encantado, o mais próximo que uma garota, irmão, mãe, vão chegar do homem do norte; do Cristão. Há um dizer de Jesus na bíblia que diz: "Eu não vim para unir, mas para separar." Dependendo do lar, não é difícil de imaginar o quebra-quebra, espancamentos, vidas encerradas cedo por impossibilidade de retornar à escola...mas às vezes surpreendente até o algoz ganha o prêmio cristão: ele espanca, bate, quebra portas..mas ele faz em nome de (Jesus) e de sua sabedoria. Isso tudo são relatos dos meus vizinhos, que sofrem muito com a situação por lá.
Finalizando a resposta religiosa finalmente, acredito que todas as religiões erguem-se sobre crenças, ideais de bondade e sabedoria, e como conseqüência os preconceitos trazem conseqüências violentas e imprevisíveis. ( Não importa o nome: chama-se alguém de caca por preconceito de classe social, de raça, inteligência ou ausência dela, orientação social, sexismo, feiura, deficiências, ad infinitum.) Vão parar de xingar?
Por toda a prolixidade na palavra, pelo ranger das juntas, pelo tilintar nos dentes, e pela miopia da escrita, te peço por favor que me perdoe, Lukas. ( põxa, fiz um apanhado fantástico em pesquisas sobre a sua religião, deu um trabalhão)
Por fim, a razão dessa resposta do yahoo é uma saudação sincera pelo seu sucesso e um elogio educado: é uma conquista admirável e uma graça valiosa você ter sido aceito por sua comunidade, juntando-se à congregação religiosa de sua escolha: Parabéns!
Muitas acertivas, silêncio nos teus momentos de concentração, grande congraçamento com os teus iguais, descubra uma esposa e tenha com elas filhos bonitos e que lhe retribuam todo amor que você lhes der. Inspiração sob medida para compreender o que deseja de você o grande Pai durante os momentos de introspecção da vida, e paz interior inabalável para a melhor leitura possível com concentração em seus estudos. Também Integridade, inteligência, e discernimento em sua fé!
Tomo a liberdade de citar o mitólogo e cientista da religião Joseph Campbell, do DVD O Poder do Mito, visando trazer alguma inspiração: "A religião é a melhor defesa para a experiência direta de Deus"
Um abraço, beleza, e tudo de bom..
Blizzard
2007-03-04 17:28:37
·
answer #2
·
answered by Blizzard 3
·
1⤊
0⤋