C.G.Jung escreveu em Memories, Dreams, Reflections: "o professor pretendia que a álgebra fosse um acontecimento perfeitamente natural e um privilégio ter seu conhecimento, enquanto eu nunca soube o que os números realmente eram. Eles não são flores, animais, fósseis; eles não eram nada que eu pudesse imaginar, meras quantidades que resultavam de contagens." A visão que o psicólogo suíço tinha da matemática, como um estranho e impenetrável território, não está muito distante da usual.
O mito de que a matemática é somente possível de ser aprendida e produzida por um grupo seleto, vem de muito tempo, pode se dizer mesmo, de seus primórdios, enquanto ciência organizada.
Pitágora de Samos (580-500 A.C. aproximadamente), profeta e místico, considerado o pai da matemática, fundou em Crotona (hoje Itália, na época Magna Grécia) uma sociedade secreta que se assemelhava ao orfismo. Os membros desta sociedade, acreditavam que conseguiriam a imortalidade, através de ritos purificadores e regras de conduta moral, baseadas na matemática e na filosofia. Para eles, o valor da matemática não era sua praticidade e sim, seu amor à sabedoria. A purificação da alma dos pitagóricos era feita em parte por ritos, mas os mistérios da filosofia e da matemática também faziam parte desses rituais. Suas crenças foram espalhadas por todo o mundo grego e nunca, a matemática esteve tão associada à religião, como entre os pitagóricos.
Tudo é número, eis o lema da escola pitagórica. Os números são comparados à pureza do espírito, governam a vida e a terra e servem aos deuses. Muitas civilizações acreditavam na numerologia, mas os pitagóricos baseavam neles sua filosofia e modo de viver. Cada número tinha seu atributo, sendo o um, o gerador de todos os números, o número da razão. O dez ou o tetractys, é o número perfeito, símbolo da saúde e da harmonia, o número do universo. Filolaus (morreu em 390 A.C. aproximadamente), pitagórico posterior, escreveu que ele era
"grande, todo-poderoso e gerador de tudo, o começo e o guia da vida divina e terrestre... Todas as coisas que podem ser conhecidas têm número; pois não é possível que sem número qualquer coisa possa ser concebida ou conhecida."
Os pitagóricos provavelmente foram os primeiros a acreditar que a matemática pudesse explicar as leis da natureza. Assim, cerca de seis séculos antes de Cristo estava instaurado de maneira definitiva o processo de matematização do universo.
Mais ainda: os pitagóricos ajudaram a caracterizar a matemática como fria, distante, desumana. Tudo são números. Um homem é um número. Não há lugar para a poesia e o belo. A escola de Crotona, dotada de inúmeros regulamentos, era o paradigma da ordem que permeia até hoje o ensino de matemática: regras e mais regras, dentro de uma ciência caracterizada pelo rigor. Seus ritos, o fechamento da seita, caracterizavam uma matemática esotérica, somente para iniciados.
Platão (IV sec. A.C.) já recomendava a distinção entre a teoria e a prática. A logística (técnicas de computação, cálculo) seria adequada para o comércio ou a guerra, enquanto a aritmética (aqui, a teoria dos números) era importante para os filósofos, porque - diz Platão na República - "a aritmética tem um efeito muito grande de elevar a mente... ". Esta separação aparecia codificada na inscrição feita na entrada de sua Escola : "Não entre se não for geômetra". Platão, também desenvolveu um grande misticismo com os números, o que aparece no último livro da República, quando ele se refere a um número "senhor dos melhores e piores nascimentos". O dodecaedro, para Platão era um representante do universo, pois "Deus usou-o para o todo".
Em termos filosóficos, Platão acreditava que o papel da filosofia fosse desvendar aquilo que estaria encoberto pelo véu das aparências, da ilusão. A matemática, então, teria um papel fundamental, pois o conhecimento matemático era um exemplo de saber independente dos sentidos, representante de verdades imutáveis, universais, advindas de um reino maior, o reino da verdade absoluta.
Baseada nesta concepção, temos o platonismo matemático, segundo o qual a matemática existe independentemente dos seres humanos, está em algum lugar, o lugar da matemática, flutuando soberanamente acima dos homens. Neste sentido, a matemática é universal, naturalmente, uma criação de Deus. Mais tarde, Galileu Galilei (1564-1642) dirá que "o universo é descrito em linguagem matemática."
Por volta de 340 A.C. foi escrito um livro que é considerado um marco na produção matemática: Os Elementos, de Euclides de Alexandria, provável discípulo de Platão. Sua coletânea (eram 13 livros) traz consigo o mito de que continha as verdades do universo, porque partia de verdades evidentes e passando por demonstrações rigorosas, chegava a verdades objetivas, certas, eternas. Como "Os Elementos" versava sobre Geometria, temos até hoje (!) as demonstrações dos teoremas em geometria (vide o antigo ginásio, e as demonstrações...) como meio real de verificação de verdades. O caminho para a salvação, a estrada real que nos levará, para todo sempre, à verdade.
Na verdade, Euclides organizou e determinou um método para demonstrar, sofisticando a arte dos pitagóricos. Seus teoremas empregam uma técnica organizada, lógica; são "cadeias de raciocínio", dirá Descartes muitos séculos depois. Sua forma de demonstrar penetrou em todos os campos e é modelo de análise incrustrado em toda sociedade. Se com Pitágoras, a matemática governava o mundo; se com Platão ela era a referência para a verdade, com Euclides alcança-se a forma de se chegar à verdade através da matemática. Eis o germe do mecanicismo.
A Europa do século XVI foi varrida por um vento que estava adormecido há muito tempo. A obra de Euclides foi revisitada e edições apareceram em praticamente todos os países europeus. A Geometria e sua lógica irreparável voltava a influenciar o pensamento e por via de conseqüência, a produção científica. Mas, o principal estava por vir.
"As múltiplas cadeias de raciocínio de que os geômetras tem o costume de se servir, para chegarem às demonstrações mais difíceis, proporcionaram-me a oportunidade de imaginar que todas as coisas que atingem o conhecimento do homem, por ele são processadas desta mesma maneira e que não se aceita nada por verdadeiro, a não ser o que resulta da ordem onde uma coisa é deduzida da outra, sem nada afastar e que por fim, nada é escondido sem que seja descoberto."
René Descartes (1596-1650), filósofo francês, publicou o texto acima no seu Discurso do Método para bem conduzir a razão e buscar a verdade nas ciências, em 1637. Marco no pensamento ocidental, Descartes explicou que seu método deveria ser utilizado sempre que se estivesse em busca do conhecimento, qualquer que fosse a ciência. Ele estava dividido em quatro fases:
- aceitar como verdadeiro somente aquilo que for evidente.
- dividir os problemas em problemas menores, tanto quanto for possível.
- partir sempre do mais simples para o mais complexo.
- observar tudo, verificar o resultado final.
Descartes propõe que o único raciocínio válido é o raciocínio da geometria; portanto, se o indivíduo quer saber a verdadeira verdade, deve seguir o caminho da matemática, da razão. Na verdade, Descartes via na produção de conhecimento à sua época uma profusão de fantasias, lendas, boatos, preconceitos, gerando procedimentos falsos, porque caóticos, anárquicos (segue os pitagóricos). Seu objetivo era desmontar essas falsidades e montar um método seguro, garantindo uma nova filosofia que pudesse levar à verdade. A matemática é o caminho, pois é um produto da mente. As verdades da matemática tem origem em hipóteses corretas, geradas a partir de pequenos raciocínios provenientes da razão humana, portanto garantidas por Deus.
Quase cinquenta anos depois, Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716), teólogo, advogado, filósofo e matemático, um dos últimos sábios a conseguir conhecimento universal, falava em características universais. Era a idealização da existência de um possível método universal, que responderia a todos os problemas humanos, fossem ligados às ciências, ao direito, ou à política. Um método que daria um tratamento sistemático e lógico, impregnado de razão. Hoje, este ideal está a se concretizar em todas as áreas. O sonho da matematização do mundo está ligado a Pitágoras, Platão, Euclides e mais fundamentalmente a Descartes.
2007-02-28 23:33:32
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answer #4
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answered by Anonymous
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A Numerologia é a ciência que estuda o significado dos números e sua influência no caráter e no destino das pessoas. Nascido na Grécia em 580 a.C., o filosofo e matemático Pitágoras foi quem descobriu o significado vibracional e metafísico dos números. Considerado o "pai da matemática", ele verificou que os algarismos de 1 a 9 representam, macrocosmicamente, princípios universais, e microcosmicamente, características, habilidades e eventos pessoais.
Ainda jovem, Pitágoras foi iniciado em doutrinas matemáticas no Egito. Estudou com Zoroastro, o sábio persa, e aprendeu Cabala na Judéia. Por isso, sua numerologia está baseada em princípios cabalísticos. Pitágoras fundou uma escola científica em Crotona, no sul da Itália. Seus discípulos estudavam quatro ciências fundamentais: aritmética, música, astronomia e geometria, antes de conhecerem a Numerologia Pitagórica.
Platão foi um dos seguidores de Pitágoras, e através dele conhecemos os sábios ensinamentos da Escola Pitagórica. Pitágoras ensinava que tudo no Universo está organizado de acordo com os números que regem um ciclo harmônico, sendo este responsável pela existência e manutenção do Cosmo.
2007-02-28 23:27:05
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answer #5
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answered by Perfil Desativado 7
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