O enriquecimento de urânio é o processo pelo qual se aumenta a concentração de um de seus isótopos, o 235U, que é muito pequena no urânio natural (cerca de 0,7%). O isótopo 238U é o mais abundante na natureza (cerca de 99,3%), porém o 235U é mais adequado para produção de energia. Por isso, a maioria dos reatores térmicos atuais opera com urânio 'enriquecido'.
Para se aumentar a concentração do 235U, é preciso obter uma grande quantidade de átomos do isótopo, retirados do urânio natural. Existem alguns métodos de separação de isótopos que já vêm sendo utilizados ao redor do mundo. Um dos mais conhecidos é a ultracentrifugação, que já é utilizada há vários anos por alguns países, inclusive o Brasil, desenvolvido pela Marinha. Há também a difusão gasosa, utilizada pelos EUA, França e Rússia, que se caracteriza pelo alto consumo de energia durante a operação.
A ultracentrífuga segue o mesmo princípio das centrífugas domésticas, usadas para preparar alimentos: propicia a separação do material de maior peso, que é jogado para a parede do recipiente, daquele de menor peso, que fica mais concentrado no centro. No processo chamado de enriquecimento acontece algo semelhante.
O U235 é apenas ligeiramente mais leve que o U238, adiciona-se flúor ao metal, formando o gás hexafluoreto de urânio. Para o combustível nuclear interessa apenas o isótopo 235, que é físsil. E como no urânio natural há uma quantidade muito pequena de U235, é preciso fazer essa separação, ou aumentar a concentração do urânio físsil.
Dentro da centrífuga, o isótopo de urânio 235 tende a concentrar-se mais no centro, e o 238 fica mais próximo à parede do cilindro. Duas tubulações de saída recolhem o urânio, sendo que numa delas segue o urânio que tiver maior concentração de isótopos 235 (urânio enriquecido), e na outra, o que tiver mais 238 (chamado de subproduto).
Dessa centrífuga o urânio é repassado para outra centrífuga e assim por diante, num processo em cascata. No final dessa cascata é recolhido o urânio com maior nível de enriquecimento, enquanto que na base permanece o subproduto. Através de uma tubulação, o hexafluoreto de urânio (UF6) é aquecido em uma autoclave a 100°C, adicionam-se outras substâncias, dando origem ao tricarbonato de amônia uranila. Quando o gás passa por um filtro o pó de dióxido de urânio (UO2) fica retido e é prensado e aquecido a 1.750°C.
O aproveitamento unitário das centrífugas é muito pequeno, sendo portanto necessário uma bateria de máquinas para permitir a obtenção de maior quantidade de urânio enriquecido.
Enquanto o Brasil não dominava o processo de enriquecimento, que aumenta a porcentagem do isótopo 235, este era feito, na Alemanha e Holanda, pelo consórcio europeu URENCO.
A conversão de urânio é o processo que consiste na transformação de concentrados de urânio, o chamado "yellow cake". O material volta ao país como hexafluoreto de urânio (UF6). Com ele, as Indústrias Nucleares do Brasil fabricam, em Resende (RJ), as pastilhas de dióxido de urânio (UO2), que abastecem o reatores de Angra.
2007-02-23 02:04:42
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answered by jorge oberdan 3
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Para se obter energia nuclear é preciso enriquecer urânio. Para produzir armas nucleares, também. Mas quais são os critérios para que um país possa fazer isso e outro não? E de onde nações como o Irã ou o Brasil sabem como isso funciona?
Após várias semanas de debates, o Irã cedeu às exigências da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), comprometendo-se a desistir do processo de enriquecimento do precioso combustível. Isto já havia sido prometido numa outra ocasião, até que recentemente Teerã resolveu pedir uma permissão especial à Agência para o uso de 20 centrífugas de gás para "fins de pesquisa", o que reacendeu a discussão.
O chefe da delegação iraniana na agência das Nações Unidas para o controle nuclear, Hussein Mussavian, ressaltou, no entanto, que a desistência é voluntária e temporária. Todos os 189 países signatários do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (de 1968) têm o direito de processar urânio, desde que seja sob o controle dos inspetores da AIEA.
"Durante muito tempo, o Irã manteve parte de seu programa nuclear em segredo. A suspeita de que o país esteja investigando como produzir armas nucleares ainda paira no ar", disse Oliver Thränert, da Fundação Ciência e Política (SWP).
Tecnologia semelhante para combustível e ogivas
A preocupação da agência internacional de controle nuclear é que, no momento em que um país dispõe da tecnologia para enriquecer urânio, ele pode produzir não só combustível para suas usinas de energia, mas também está apto a fabricar o urânio altamente enriquecido (HEU), usado em ogivas nucleares. No processo de enriquecimento, a concentração de urânio é aumentada de 3% a 5% para produção de energia elétrica, 20% para combustível de submarino nuclear e 95% para a fabricação da bomba atômica.
"A tecnologia usada é praticamente a mesma. Mínimas alterações técnicas podem, entretanto, mudar o produto final", salienta Thränert. Atualmente, poucos países dispõem deste know-how. Segundo a Fundação Ciência e Política, são os Estados Unidos, Rússia, França, China, Japão, Paquistão e Argentina.
Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: AIEA é a agência de controle nuclear das Nações UnidasO Brasil também está neste caminho, após a primeira visita dos inspetores da AIEA, na semana passada. A Alemanha, a Holanda e a Grã-Bretanha economizam custos e trabalho ao enriquecer seu urânio em conjunto, através do consórcio Urenco. Além disso, pretende-se evitar desta forma que a Alemanha produza armas nucleares.
Aumenta demanda de energia nuclear
Nem sempre na ambição pela tecnologia do enriquecimento de urânio está implícita a intenção de produzir ogivas nucleares. Muitos países, acima de tudo os emergentes, precisam de energia nuclear apenas para cobrir sua enorme demanda de energia elétrica. No caso do Brasil, diz Thränert, que dispõe de enormes reservas de urânio, trata-se de uma questão de soberania.
O Brasil, que havia anunciado a construção de quatro usinas nucleares e de vários submarinos atômicos, até agora mandava enriquecer seu urânio no exterior.
Os Estados Unidos vêem esta busca por autonomia de forma bastante crítica. O governo Bush acredita que países que apenas usam o urânio para fins civis não devem enriquecer urânio em seu território. Para Washington, eles deveriam ser abastecidos somente pelas "nações nucleares".
Know-how no mercado negro
A reivindicação norte-americana é considerada pouco viável por Thränert. Segundo ele, os países que não enriquecem urânio dificilmente estariam dispostos a permitir esta forma de "cartel" com poder de decisão sobre os preços do urânio enriquecido no mercado internacional. Por outro lado, também é questionável até que ponto esta proibição seria respeitada, pois apesar de ser um processo altamente complexo, o know-how está à disposição em todo o mundo.
Como no caso da Líbia, que depois de revelar seu programa nuclear secreto tornou público que cientistas paquistaneses colaboraram na divulgação da tecnologia de enriquecimento ao distribuírem centrífugas ao Irã, Líbia e provavelmente Coréia do Norte.
Uma revelação que provocou inquietação em nível internacional foi o caso Abdul Khan. Nos anos 70, o "pai da bomba paquistanesa" recolheu informações para seu programa de armas nucleares enquanto trabalhava como engenheiro e intérprete na Urenco. Segundo a AIEA, atualmente pelo menos 440 países dispõem dos conhecimentos técnicos necessários para a fabricação de bombas nucleares.
Steffen Leidel/rw
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2007-02-25 03:56:41
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answer #2
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answered by Anonymous
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Enriquecer urânio significa separar os isótopos U-235 (físsil, explode) do U-238 (não físsil).
Como são quimicamente iguais e apresentam pequenas diferenças de peso eles são separados por ultracentrífugas, ou seja centrífugas que operam a velocidades incríveis. O isótopo mais pesado vai para o fundo, o mais leve fica mais na superfície da massa.
2007-02-23 10:38:17
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answer #3
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answered by Cientista 7
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Enriquecer o urânio é sinônimo de aumentar a concentração de um de seus isótopos. Como se trata da criação de bombas nucleares, de grande liberação de energia, ou seja, der grande impacto, o elemento mais viável é o urânio 235 (U235). Sua abundância na natureza é de 0,7%.
O aumento da concentração desse isótopo se dá através do uso de centrífugas que utilizam uma enorme quantidade de átomos do elemento citado.
Para uso militar, este deve ser enriquecido até aproximadamente 92%.
2007-02-23 07:13:53
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answer #4
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answered by e_mendes 5
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Para gerar energia nuclear, a principal fonte, é o mineral radioativo urânio, que é encontrado na natureza sob a forma de uma mistura de Urânio-238, e urânio-235, numa proporção de 99,3% e 0,7%, respectivamente.
Como somente o Urânio-235 é capaz de origianr uma reação em cadeia, e considerando sua pequena ocorrência na natureza, a solução encontrada foi enriquecê-lo, isto é, aumentar a porcetagem de Urânio-235 sobre o Urânio-238. É por meio desse processo, conhecido como enriquecimento do urânio, que se consegue obter misturas com até 98% de Urânio-235.
2007-02-23 02:06:52
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answer #5
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answered by K@roll S. 2
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Não entendi sua pergunta....
2007-02-23 01:58:37
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answered by *Anica* 2
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desviando dinheiro publico !esses deputados sao facil nao!
2007-02-23 06:18:10
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answer #7
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answered by chulé 2
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Confesso que não conheço esse político chamado Urânio.
2007-02-23 02:02:03
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answer #8
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answered by Paco2006 3
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é verdade,como assim??
2007-02-23 01:54:32
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answer #9
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answered by Anonymous
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